Discografias Comentadas: Days of the New

Discografias Comentadas: Days of the New
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Por Micael Machado

Cria da mente perturbada do vocalista e guitarrista Travis Meeks (que, dizem, na adolescência chegou a ser internado em uma instituição para doentes mentais), o Days Of The New surgiu em 1995 no estado americano do Kentucky. Inicialmente formado por Meeks ao lado de Todd Whitener (violões), Jesse Vest (baixo) e Matt Taul (bateria e percussão), o grupo conseguiu um número 1 na parada rock da Billboard logo na sua estreia, e, mesmo tendo apenas três discos lançados, marcou o seu nome dentre as principais bandas da segunda metade da década de 1990.

Com vocês, a discografia dos Dias da Novidade!


Days Of The New [1997] O primeiro disco do grupo se destaca pelo seu caráter acústico, em composições na sua maioria tristes e melancólicas. Não se ouve uma nota sequer de guitarra elétrica ao longo de sua duração, o que não diminui o peso de suas composições, que se assemelham em muito ao estilo acústico que por vezes aparece na obra do Alice In Chains (como nos EPs SAPe Jar Of Flies). “Touch, Peel and Stand” é o grande destaque de Yellow (como o disco é frequentemente chamado pelos fãs), tendo ficado por 17 semanas no primeiro posto da rock chart da Billboard. A canção mais animada é “The Down Town“, outro destaque ao lado da tristonha “Shelf in the Room“. De resto, muita melancolia, como é o caso de “Face of the Earth“, “Solitude” e “What’s Left for Me?”. A “estranha” “Freak” e a bela “How Do You Know You?” também merecem atenção, em um álbum singular no universo do rock pesado. O grupo ainda participaria em 1998 da trilha sonora do filme “Godzilla”, com a inédita “Running Knees”. Durante a turnê de promoção, divergências entre os músicos fizeram com que apenas Travis restasse na formação oficial, com os demais instrumentistas indo formar a banda Tantric. Mas o vocalista e compositor não deixou a bola cair, e o Days Of The New seguiu em frente!


Days Of The New [1999]Com vários músicos contratados, dentre os quais quatro bateristas diferentes (sem contar o próprio Travis, que também se arriscou nas baquetas) e uma então novata Nicole Scherzinger nos backing vocals (ela que depois faria sucesso no grupo Pussycat Dolls, além de ter namorado o piloto de fórmula um Lewis Hamilton), Green (como é conhecido) deu continuidade à saga do Days Of The New, trazendo muitas inovações, como músicas mais longas, o uso de orquestrações, backings femininos, diversas vinhetas instrumentais que servem como introdução ou coda para muitas das canções e algumas discretas notas de guitarra elétrica aqui e ali. “Enemy“, com seu toque étnico e batida quase dançante, acabou sendo o maior destaque do disco em termos de paradas de sucesso (seguida pelo segundo single, dedicado à faixa “Weapon & the Wound“), mas as melhores composições encontram-se no meio do track list, na avassaladora sequência “Take Me Back Then“, “Bring Yourself” e “I Think”. A característica melancólica do primeiro disco ficou um pouco de lado, como se nota na abertura com “Flight Response”, mas ainda aparece com força em outras faixas, como nas citadas acima. O Days Of The New ainda participaria em 2000 do tributo ao Doors intitulado Stoned Immaculate, com as covers para “L.A. Woman” e “The End“, em uma versão especialmente viajante. Green teve vendas muito menores que o primeiro disco, e marcou a saída da banda do selo Outpost. Mas ainda não seria o final da carreira de Travis.


Days Of The New [2001]Novamente usando diversos músicos contratados, Red(como ficou conhecido) acabou sendo o último lançamento de inéditas do Days Of The New. Mantendo aspectos dos dois primeiros discos (como as levadas acústicas e as orquestrações), é um disco bem mais animado que os anteriores (vide canções como “Best of Life“, uma das coisas mais alegres que Travis já compôs), além de ter pela primeira vez a guitarra elétrica comandando boa parte das canções. As que mantém o formato acústico conseguem destaque, como “Days in Our Life” (que parece saída do primeiro disco), “Once Again” e os toques orientais de “Giving In“. O único single foi para a faixa de abertura, a excelente “Hang on to This“, que se destaca dentre as faixas “elétricas”, ao lado de “Fighting w/ Clay” e “Words”. O álbum fecha com uma viagem orquestral de mais de dez minutos chamada “Dancing with the Wind”, que pode ser uma tortura para muitos neófitos na sonoridade do grupo. Com pouca divulgação por parte da gravadora Interscope, Red vendeu ainda menos que Green, o que levou a companhia a não renovar o contrato com a banda. Além disso, o crescente envolvimento de Travis com as drogas tornou a turnê de promoção um verdadeiro caos, e o grupo acabou se dissolvendo mais uma vez.

 

Travis Meeks, a mente por trás do Days Of The New
Desde 2002, Travis Meeks vem mantendo o nome do grupo em atividade, seja em turnês onde se apresenta sozinho ao violão, ou com músicos convidados formando a banda de apoio (da qual chegou a fazer parte o saudoso baixista Mike Starr, ex-Alice in Chains). Uma coletânea intitulada The Definitive Collection foi lançada em 2008, e um quarto álbum (supostamente intitulado Days of the New Presents Tree Colors, ou ainda Purple) vem sendo prometido desde 2005, com algumas das canções que o integrariam tendo sido interpretadas ao vivo ao longo dos anos. Mas, até agora, nada foi anunciado, sendo que a própria existência da banda não pode ser confirmada hoje em dia, visto a ausência de Travis dos holofotes já há alguns anos. Resta-nos esperar que este talentoso músico supere seus problemas pessoais e volte a nos brindar com a música que já provou ser capaz de compor para sua banda.

Um comentário em “Discografias Comentadas: Days of the New

  1. Bacana, Micael. Tenho os dois primeiro álbuns. O de capa amarela acho excelente. O terceiro, infelizmente, vi uma vez na Galeria do Rock e quando voltei para comprar, já tinha ido. Nunca mais vi…

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