Discografias Comentadas: Bruce Springsteen – Parte II

Discografias Comentadas: Bruce Springsteen – Parte II


Por Diogo Bizotto

Após a “Tunnel of Love Express Tour”, a fim de promover o álbum Tunnel of Love, e de ser o headliner de uma turnê patrocinada pela Anistia Internacional, incluindo sua única passagem pelo Brasil, em outubro de 1988, a E Street Band foi dissolvida em novembro de 1989. Teve início assim uma fase distinta da carreira de Springsteen, gravando e se apresentando com outros músicos, mas sem jamais perder sua relevância e qualidade. Na primeira parte dessa discografia comentada, abordei seus álbuns lançados nos anos 70 e 80. Continuando, apresento aqui seus discos lançados nas duas décadas seguintes, desde o lançamento simultâneo dos álbuns Human Touch e Lucky Town até o mais recente, The Promise.
Human Touch [1992]
Tendo dispensado a E Street Band, exceto sua agora esposa Patti Scialfa e o pianista/tecladista Roy Bittan, Bruce começou a trabalhar com outros músicos, incluindo os super requisitados Randy Jackson (baixo – Journey, Jon Bon Jovi, Michael Bolton, Mariah Carey, etc.) e Jeff Porcaro (bateria – Toto, Michael Jackson, Steely Dan, Boz Scaggs, etc.), em sessões que deveriam resultar em um álbum a ser lançado em 1990. Contudo, o projeto foi deixado de lado e retomado apenas em meados de 1991, junto a alguns músicos diferentes. A intenção, que a princípio era de registrar apenas mais uma faixa, acabou gerando material suficiente para outro disco. Dessa maneira, em 31 março de 1992, foram lançados simultaneamente Human Touch e Lucky Town, em mais um movimento ousado em sua carreira. Apesar de bem sucedidos a princípio, os álbuns acabariam por se configurar como pontos baixos em sua carreira, tanto comercial quanto artisticamente. Em parte, concordo com isso, mas é inegável que ambos são portadores de muita qualidade. Focando primeiramente em Human Touch, sua faixa-título entra certamente para o hall de suas melhores composições, destacando o toque elegantemente característico do genial Jeff Porcaro, músico que ajudou a definir o papel da bateria na música pop. A produção cristalina e a execução mais racional emprestam um caráter AOR ao disco, fato que se permeia pela maior parte do track list. “Soul Driver” é uma de suas mais subestimadas obras, contando com a participação do antigo membro da E Street Band David Sancious no órgão hammond, que trabalha em simbiose perfeita com a guitarra de Springsteen. Contando apenas com Bruce na voz e no baixo, além de teclados e alguma percussão, “57 Channels (And Nothin’ On) é uma música totalmente atípica, com vocais quase falados. “With Every Wish” e a canção tradicional “Pony Boy” remetem ao Bruce extremamente influenciado por Bob Dylan, mas o track list é dominado por faixas como “Gloria’s Eyes”, “Real World”, “The Long Goodbye” e “Real Man”, retratando um Springsteen menos disposto a carregar o fardo do sofrimento de todo o mundo sobre seus ombros, exibindo um otimismo nunca visto antes, reflexo de sua situação à época, recém-casado e com dois filhos pequenos. Além de “Human Touch” e “Soul Driver”, também destaco “Roll of the Dice”, outra com um forte tempero AOR, conduzida pelos teclados de Roy Bittan, “Man’s Job”, que conta com os backing vocals de Sam Moore, do duo de rhythm ‘n’ blues Sam & Dave, e “I Wish I Were Blind”, remetendo um pouco à temática de Tunnel of Love, contudo mais simplista.
Lucky Town [1992]
É difícil precisar, entre Human Touch e Lucky Town, qual consiste em um ajuntamento mais coeso de músicas. Apesar das canções terem sido registradas em sessões distintas e com alguns músicos diferentes, caso da bateria, aqui empunhada por Gary Mallaber, existem muito mais pontos em comum do que discrepâncias entre os dois discos. A principal semelhança é a temática diversa retratada em ambos, mostrando Springsteen um pouco mais afastado dos personagens presentes em sua música. Quando há uma aproximação, ocorre de maneira mais otimista, caso de “Better Days”, excelente faixa de abertura, dona de uma pegada hardeira e de backing vocals femininos. Talvez a diferença mais perceptível em relação a Human Touch, e mesmo assim para quem está muito habituado a prestar atenção em sua voz, é a performance vocal um pouco mais agressiva de Bruce, característica presente em um dos grandes destaques do álbum, “Living Proof”, afastando um pouco a aura AOR de Human Touch. Mesmo assim, é inegável que faixas como a ótima “Leap of Faith”, além de “Local Hero” e da faixa título, possuem muito em comum com o disco “gêmeo”. As baladas “If I Should Fall Behind” e “My Beautiful Reward” são outros testamentos de que essa fase da carreira do Boss é sim recheada de bons momentos.

The Ghost of Tom Joad [1995]

Após uma breve reunião com a E Street Band a fim de registrar algumas faixas novas para o lançamento da coletânea Greatest Hits (1995), repercutindo o sucesso de “Streets of Philadelphia”, trilha do filme “Philadelphia” (1993) e ganhadora de um prêmio Oscar e quatro prêmios Grammy, Bruce resolveu dar o mesmo passo que dera 13 anos antes em Nebraska, com a diferença que, dessa vez, houve premeditação. Apesar de algumas participações externas, pode-se considerar The Ghost of Tom Joad um álbum totalmente solo. Mesmo que algumas músicas aqui sejam um pouco mais encorpadas que em Nebraska, o clima passado é ainda mais soturno, especialmente pois a capacidade de Springsteen em contar histórias está mais aperfeiçoada aqui. O fato das narrativas se desenvolverem quase que totalmente em primeira pessoa empresta nuances de realidade jamais observadas previamente em sua carreira, em especial pois os temas abordados aqui são cruamente reais. The Ghost of Tom Joad é um disco político, amargo. A brilhante faixa-título, inspirada no livro “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck, lembra que a próspera era Bill Clinton não era tão próspera assim, manifestando o grito dos imigrantes e desempregados, principais personagens incorporados por Springsteen no álbum. Minha favorita é “Youngstown”, que versa sobre a decadência da industrialização na cidade que dá título à faixa. Em turnês posteriores, já com a E Street Band, essa música seria executada em uma diferente e poderosa versão, configurando-se como um dos destaques dos concertos. Apesar do formato adotado no álbum, predominantemente com voz e violão, além de ocasionais linhas de baixo, teclados, violino, harmônica e acordeão ter sido bem recebido em 1982, quando do lançamento de Nebraska, dessa vez ele suscitou algumas críticas devido à rara presença de melodias vocais memoráveis, resultado da adoção de uma linha folk quase falada em diversos momentos, em outros, sussurrada. Apontar mais destaques é quase inútil, dado que se trata de um disco bastante equilibrado, apesar de extremamente hermético, de dificílima digestão. Ouça com o encarte na mão, acompanhando as letras.

Tracks [1998]

Para que não tornemos maçantes e tão longas nossas discografias comentadas, optamos por não abordar álbuns ao vivo e coletâneas. Mas tive que abrir uma exceção para Tracks, devido à atitude exemplar demonstrada por Bruce ao lançar esse material, que reúne 66 faixas em quatro discos. Desde as sessões para Darkness on the Edge of Town, a quantidade de músicas compostas passou a superar em muito as necessárias para completar um álbum, resultando em um excesso de canções muitas vezes totalmente trabalhadas junto à banda, mas que nunca veriam a luz do dia. Ao invés de, ao relançar seus álbuns antigos, incluí-las como bônus, obrigando os fãs a comprarem novamente discos que já possuíam, Springsteen juntou parte (veja bem, eu disse PARTE) dessas músicas em uma coletânea e disponibilizou uma grande quantidade de material que transborda qualidade. Engana-se quem pensa que essas gravações não entraram em discos anteriores por serem mais fracas que as que foram registradas oficialmente. Mesmo não lançando discos essencialmente conceituais, ao menos da maneira com a qual estamos acostumados, desde os anos 70 Bruce sempre teve muito presente a ideia de um tema central, um tom, um clima para cada um de seus álbuns. Não importava quão boa a canção fosse, se ela não se encaixasse, não entrava. Tendo isso em mente, é mais fácil entender o porquê de músicas como a triste balada “Iceman” não terem entrado em disco algum. “Restless Nights”, “Roulette”, “Doll House” e “Where the Bands Are” são diretos e energéticos rocks que só não fizeram parte do já longo track list de The River devido ao eterno perfeccionismo do artista e sua obsessão por criar um fundo temático pelo qual a sequência de seus discos se desvela. Não à toa muitas das canções presentes em Tracks já faziam parte dos shows de Springsteen no decorrer dos anos e ainda ocupariam posição importante em turnês posteriores, como “My Love Will Not Let You Down”, que seria abertura de muitos shows na reunião da E Street Band ocorrida em 1999. E por aí vai, em um track list formado especialmente por sobras das sessões para os álbuns Darkness on the Edge of Town, The River, Born in the USA e Human Touch. A omissão mais criminosa presente em Tracks provavelmente é a tocante balada “Sad Eyes”, registrada em 1990. Tanto que ela acabou sendo lançada como single em 1999, inclusive com direito a um videoclipe, que infelizmente teve pouquíssima divulgação. Tracks é um exemplo de respeito aos fãs e seus bolsos!

The Rising [2002]

É inegável o impacto que os atentados terroristas ocorridos em 11 de setembro de 2001 acarretaram em uma porção gigantesca da população, não apenas a norte-americana. Na classe artística isso não foi diferente, resultando em trabalhos de diferentes níveis de qualidade. Em Bruce Springsteen, a repercussão que isso teve funcionou como um catalisador para registrar o primeiro álbum com a E Street Band desde 1984. Não apenas isso, trata-se de seu melhor disco desde então, época de Born in the USA. Engana-se quem pensa que encontrará aqui demonstrações de patriotismo barato e apoio a causas políticas. Mesmo o mais xenófobo e/ou anti-americano tem chances de se emocionar com as canções de The Rising, que focam, mais que na tragédia, nas relações humanas decorrentes ou atingidas pelas consequências dos atentados. Cada canção estabelece um estado de espírito que é refletido nas letras, enquanto Bruce incorpora como nunca os personagens aqui presentes. Cidadãos comuns: bombeiros que perderam sua vida salvando outras pessoas, gente que perdeu entes queridos… Comuns, mas únicos em suas demonstrações de coragem e afeto. A música em The Rising injeta ânimo (“Countin’ on a Miracle”, “The Rising”), reflete a tragédia (“Lonesome Day”, “Into the Fire”, “My City of Ruins”) e suas implicações nas relações humanas (“Empty Sky”, “You’re Missing”), mas também oferece alento através do amor e da amizade (“Mary’s Place”, “Let’s Be Friends”), antevendo um futuro mais promissor (“Waitin’ on a Sunny Day”). A E Street band está azeitada como nunca, tocando sem excessos, incorporando toda a garra que um disco desses pede. Quem quer saber o porquê de Springsteen suscitar uma adoração por vezes tão apaixonada tem em The Rising a melhor amostra. Para mim, trata-se do melhor disco produzido na década passada, recheado de verdade e humanidade.

Devils & Dust [2005]

Parece que, em cada década, Springsteen sente a necessidade de escancarar em forma de música as mazelas que nem o país mais poderoso do mundo consegue apagar, como se isso fosse uma resposta não apenas a seus fãs, predominantemente da classe trabalhadora, mas a um chamado moral de sua própria consciência. Formado em parte por material que já havia sido composto e inclusive apresentado ao vivo anteriormente, Devils & Dust segue uma fórmula semelhante à de Nebraska e The Ghost of Tom Joad, mostrando uma sensibilidade melódica mais identificada com o primeiro e letras mais próximas da realidade como no segundo. As histórias aqui apresentadas passam pela Guerra do Iraque (“Devils & Dust”), pela temática rural (“Black Cowboys”, “Silver Palomino”), questões relacionadas a imigrantes (“Matamoros Banks”), até uma reflexão sobre a paternidade através da figura de Cristo (“Jesus Was an Only Son”). Uma de suas letras mais gráficas está presente aqui, na forma de “Reno”, que descreve o ato sexual de um angustiado homem com uma prostituta. Algumas das faixas presentes em Devils & Dust contam com a presença mais forte de instrumentação em relação aos outros dois discos que adotaram esse formato, caso de “All the Way Home”, “Long Time Comin'” e “Maria’s Bed”. No entanto, isso não torna o álbum mais facilmente palatável, requerendo ouvidos bastante dedicados. Você não encontrará Devils & Dust no shuffle de iPod algum, isso eu garanto.

We Shall Overcome: The Seeger Sessions [2006]

Em 1997, Bruce havia gravado uma versão para “We Shall Overcome”, canção de protesto de origem gospel popularizada pelo músico folk Pete Seeger, a fim de fazer parte de um tributo ao artista. Em 2005 a ideia de homenagear Seeger renasceu, levando à convocação de diversos músicos pouco conhecidos da área de New Jersey para registrar, em apenas duas sessões, diversas músicas folclóricas compostas ou popularizadas por Pete Seeger. Gravado totalmente ao vivo, com pouco ou nenhum ensaio, o disco traz uma vibração completamente diferente de qualquer coisa que Bruce havia feito em sua carreira. We Shall Overcome soa fresco, displicente e espontâneo, usando as composições aqui presentes não como uma cartilha a ser seguida à risca, mas como ferramentas para explorar essa nova faceta de sua musicalidade. O projeto deu tão certo que Springsteen colocou na estrada a banda que gravou o disco, mesmo com a grande quantidade de músicos (podia chegar a 20), algo que normalmente inviabilizaria uma turnê. De folks que remetem ao século XIX, caso da animada “Old Dan Tucker” e de “Shenandoah”, até canções gospel com caráter de protesto, como a faixa-título e “Jacob’s Ladder”, o único disco de covers do Boss é um vencedor. Mesmo quem não possui interesse algum pela música tradicional norte-americana, seja folk, country ou bluegrass, tem grande chance de se empolgar com uma faixa como “John Henry”, que esbanja muito mais energia que a grande maioria dos discos de rock feitos hoje em dia. We Shall Overcome reforça a ideia de que não existe território pelo qual Springsteen não possa passear com facilidade.

Magic [2007]

Dessa vez a separação da E Street Band nos estúdios durou muito menos, e, cinco anos após The Rising, Bruce voltou com um álbum no formato elétrico, o mais eclético desde a época de Human Touch/Lucky Town. Isso se reflete nas letras, que trazem menos referências em comum se comparadas com discos anteriores. Isso acabou por trazer uma ênfase na construção em separado de cada faixa, tornando Magic um álbum bastante variado. Aqui se encontra desde um hard rock moderno como “Radio Nowhere” até a vibração intimista da faixa-título e sua delicada instrumentação, passando pelo irresistível pop de “Girls in Their Summer Clothes”. “Long Walk Home”, que já havia sido executada ao vivo na turnê para We Shall Overcome, é o grande destaque do disco, digna de figurar ao lado das melancólicas canções presentes em Darkness on the Edge of Town, mas com um elemento reflexivo que só a maturidade pode trazer. “Last to Die” e “Gypsy Biker” revolvem ao redor da várias vezes explorada mas sempre atual temática de guerra. Springsteen não cansa de nos surpreender, sempre apresentando algo novo mesmo em seus álbuns ditos “tradicionais”; aqui temos “Devil’s Arcade” e seu andamento baseado em arranjos de violoncelo, seguindo as belas linhas vocais de Bruce. Certamente uma canção única em seu catálogo. Magic pode não mostrar o mesmo tesão de tocar presente em The Rising, mas manteve em alta o trabalho de Bruce em sua década mais prolífica.

Working on a Dream [2009]

Esse verdadeiro dínamo de músicas que é Bruce Springsteen não descansou após a turnê para Magic, registrando, novamente com a E Street Band, um álbum variado, na mesma veia  do antecessor, mas com um feeling muito mais positivo em quase todo seu track list. “Outlaw Pete” abre o disco marcando a presença do primeiro épico produzido em décadas, formato que estava deixado de lado desde The River. Apesar das fortes influências country, também presentes na letra, “Outlaw Pete” passa longe de ser uma canção em formato arcaico, soando fresca e atual. O clima de empolgação presente no grupo na época é algo que Bruce queria captar durante as sessões de gravação, algo que foi transposto com fidelidade e se reflete em músicas como a rocker “My Lucky Day”, na balada que dá nome ao disco e em “What Love Can Do”. “Queen of the Supermarket” remete ao Springsteen de The River, mas com os dois pés fincados no presente, constituindo um destaque óbvio, enquanto “Tomorrow Never Knows” revisita as influências explicitadas em We Shall Overcome. Assim como em Magic, o pop mais simples e grudento tem espaço, caso da alegre e excelente “Surprise, Surprise” e da muito bem arranjada “This Life”. O organista Danny Federici, membro da E Street Band desde 1973, oferece aqui sua última performance antes de sua morte, ocorrida em abril de 2008, e recebe uma justa homenagem em “The Last Carnival”, faixa que remete a “Wild Billy’s Circus Story”, presente em The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle. A faixa-bônus, “The Wrestler”, merece menção pois, como música-tema do filme de mesmo nome (“O Lutador” no Brasil), ganhou um prêmio Globo de Ouro e gerou um grande choque ao ser ignorada na lista das indicadas para o Oscar 2009.

The Promise [2010]

O disco mais recente de Bruce Springsteen pouco tem de novo. Se em Tracks muitas excelentes gravações deixadas de lado em nome da unidade dos álbuns viram a luz do dia, em The Promise esse conceito foi expandido. Resultado de um projeto que resgatou a história das múltiplas e longas sessões de gravação para o álbum Darkness on the Edge of Town, aqui estão presentes 21 canções que, ou não acabaram fazendo parte do lançamento em questão por não se encaixarem no contexto temático ou apareceriam posteriormente em versões diferentes. Também há o caso de “Fire” e “Because the Night”, que foram passadas adiante, respectivamente, para o grupo vocal feminino The Pointer Sisters e para a cantora Patti Smith. Ambas foram grandes sucessos na época, antes mesmo de Springsteen ter um hit em sua própria carreira. Muitas das canções que constam de The Promise já haviam sido executadas ao vivo em diversas turnês ao longo dos anos, em diferentes formatos, caso das supracitadas e de várias outras, como a excelente faixa-título, que, se presente em Darkness on the Edge of Town, deixaria o álbum ainda mais brilhante, especialmente por não fugir da temática nele explorada. Musicalmente, o material aqui apresentado não destoa daquele que foi oficialmente lançado na época, mostrando que a escolha por deixá-las de lado não ocorreu devido a uma possível qualidade inferior. “Racing in the Street” e “Candy’s Room” (aqui ainda com seu título provisório, “Candy’s Boy”) aparecem em versões substancialmente diferentes das que entraram em Darkness on the Edge of Town, exemplificando o fato de Bruce sempre ter em mente letras e instrumentações distintas para a mesma canção. The Promise é prova irrefutável do compromisso de um artista para com a honestidade que brota de sua música, muito mais importante que qualquer sucesso comercial.

10 comentários sobre “Discografias Comentadas: Bruce Springsteen – Parte II

  1. Legal. Dessa "nova safra", acho que vou conferir ao menos o The Ghost of Tom Joad, obviamente, e o We Shall Overcome (que eu já tinha pensado em pegar antes). Além de ter a atmosfera que mais me atrai, o Ghost of Tom Joad teve a faixa-título regravada pelo Rage Against the Fucking Machine, no álbum Renegades, o que é um mérito imenso! 😀
    P.S.: Curiosamente, o Renegades traz também uma versão pra "Street Fighting Man"! HAUAHUAHUHAUHAUHAUHA

  2. Dessa fase eu adquiri a trilogia "Magic/Working a Dream/The Promise" através de uma indicação e aproveitando o preço da saraiva, mas não agradou. em compensação, a fase Filadelfia é muito boa. Não da para negar que "Streets of Philadelphia" é uma das melhores canções de um filme, e creio da carreira de Bruce, ao lado de War. Curioso que as duas não estão em um álbum oficial do Bruce, estou certo Diogo?

    Dos citados, The Ghost … é para mim o melhor disco, sendo também o melhor da carreira do Bruce. Mas sou aprendiz dos discos dele, pois o Tracks, a caixa de 5 LPs, e tantos outros materiais/coletâneas retratados muito bem pelo Diogo (ou que não aparecem por aqui) ainda não rolaram na minha vitrola.

    Enfim, uma lenda do rock, com certeza, que tem muito trabalho para ser descoberto pelos apreciadores de música, e que esse texto serve como um ótimo guia.

  3. "Streets of Philadelphia" foi lançada em single e está presente na trilha sonora do filme "Philadelphia". Tirando isso, só em coletâneas. "War" está na caixa "Live: 1975-85" e foi lançada como single, na mesma versão.

    Eu curto "The Ghost of Tom Joad", mas trata-se do último disco que eu indicaria para alguém que quer se iniciar na carreira de Bruce, tirando "We Shall Overcome", que não possui material original. É um álbum difícil, denso, precisa-se prestar muita atenção no conteúdo, não é algo para se ouvir fazendo outra coisa. Não à toa, na turnê para esse disco, insistia-se para que o público mantivesse o silêncio enquanto Bruce executava o set.

  4. Bom, mas ouvir com as letras à mão faz diferença, as considero essenciais para captar o espírito do disco. "Youngstown" é uma obra prima. Não conheço outra música que verse tão bem a respeito de quanto o trabalho pode nos sugar física e mentalmente. A última estrofe é coisa absurda, e ao vivo ganha um vigor impressionante:

    When I die I don't want no part of heaven
    I would not do heaven's work well
    I pray the devil comes and takes me
    To stand in the fiery furnaces of hell

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