Exodus – Shovel Headed Kill Machine [2005]

Exodus – Shovel Headed Kill Machine [2005]
Por Mairon Machado
O sétimo álbum de estúdio do grupo americano Exodus é um dos grandes álbuns lançados na última década. Depois de uma ausência sentida no mundo musical durante a década de 90, o famoso grupo de thrash, que abalou o mundo na década de 80 com o fantástico Bonded by Blood (1985), retornou no ano de 2004, lançando o bom álbum Tempo of the Damned, que também poderia carregar o título de grande álbum da década passada. 
Porém, alterações na formação do grupo levaram ao Exodus, em 2005, a ter aquela que foi a melhor união de músicos da carreira da banda desde os tempos de Bonded by Blood. Nela, estavam o líder Gary Holt (guitarra),  Jack Gibson (baixo) e os estreantes Lee Altus (guitarra), Rob Dukes (voz) e Paul Bostaph (bateria). O talento individual de cada integrante unido com a experiência musical de alguns (Bostaph havia participado do Slayer e Altus tocou no Heathen) foram mescladas e fundidas em um álbum coeso, denso, e que destrói pescoços não preparados para a brutalidade sonora que está contida nos 52 minutos de Shovel Headed Kill Machine.
Paul Bostaph, Gary Holt, Rob Dukes, Jack Gibson e Lee Altus

O disco abre com os pesados riffs de “Raze”, com Bostaph já trazendo a técnica que o levou a substituir o genial Dave Lombardo no Slayer. Os vocais de Dukes não são guturais, e tampouco se comparam ao imortal Paul Baloff (vocalista original do Exodus, falecido em 2 de fevereiro de 2002), sendo apenas gritados, quase cuspindo as palavras, mas é possível entender o que está sendo cantado, e claro, os solos de guitarra são recheados de alavancadas e notas rápidas tradicionais no thrash. Destaque também para o baixo, com uma mixagem muito boa que permite ouvi-lo em toda a canção.

Paul Bostaph

Então vem a pérola “Deathamphetamine”, a melhor canção do álbum,  com o baixão e as viradas de Bostaph entre as microfonias de guitarra fazendo a introdução dessa longa e pesadíssima faixa. O riff à la Slayer aparece, assim como o andamento balança-cabeça após a repetição do refrão que entoa o nome da canção. As estrofes se repetem, e assim surgem os solos de Holt e Altus, com uma ótima pegada de Bostaph e muitos bends rasgadíssimos, chegando ao pesado tema central, onde Bostaph acompanha lentamente os acordes pesados que fazem um sinistro tema. Então, apenas a guitarra de Holt fica sozinha, fazendo o riff da canção, e a pauleira, com palhetadas velozes e escalas furiosas que acompanham os vocais de Dukes, e um excelente trabalho dos bumbos de Bostaph, encerra a canção com a repetição do riff inicial e com a sequência da letra, em 8 minutos e 30 segundos de muita quebração de pescoço.

Gary Holt

“Karma’s Messenger” é a próxima, mantendo o nível do álbum lá em cima, com o pesado riff inicial onde a distorção das guitarras penetra a pele do ouvinte como um vírus que irá permanecer balançando a cabeça durante todo o CD, em uma linha diferente de “Deathamphetamine”, com mais melodia no refrão e nos solos, e com Bostaph em ótima performance. Aliás, acho que esse é o disco onde Bostaph faz seu melhor trabalho na carreira. 

As duas próximas canções já não são tão velozes quanto as três primeiras. Com um riff pesado, mas sem pique, “Shudder to Think” é uma canção cujo destaque é apenas o solo de Holt e Altus. “I Am Abomination” retorna aos riffs velozes, com Bostaph detonando nos dois bumbos, e com um trabalhado riff das guitarras durante toda a canção, contando ainda com outro excelente solo de Altus e Holt. 
A épica “Altered Boy” vêm na sequência, em uma introdução para levantar estádio, com Holt mandando ver nas palhetadas, assim como o baixo de Gibson, que está novamente com um bom volume. O riff quebrado da canção dá mais pontos para a mesma, trazendo os vocais de Dukes, que mantém o mesmo estilo vocal das canções anteriores, cuspindo a letra sem ser gutural. O solo de Holt e Altus possui escalas orientais e notas velozes, com o solo de Altus um pouco baixo na mixagem final. É uma boa canção, mas sem tanta velocidade.
“Going Going Gone” começa com o riff veloz e muitas viradas marcadas entre guitarra e bateria, com a pauleira pegando novamente em uma faixa veloz, onde as palhetadas e o ritmo de Bostaph são alterados para o refrão, muito similar ao de muitas bandas grunge do início da década de 90, e com o solo recheado de notas velozes e alavancadas, onde novamente a mixagem da guitarra de Altus não ficou boa.
Rob Dukes

A estranha introdução de baixo, guitarra e bateria de “Now Thy Death Day Come” apresenta outra paulada com ótima participação de Bostaph. Os riffs sujos e quebrados das guitarras e a entrada dos vocais de Dukes nos levam a pensar que estamos ouvindo um álbum do Slayer, já que a forma de cantar está diferente em relação as canções anteriores. Gibson merece destaque no tema central da canção, onde temos uma boa sequência de riffs sujos e palhetadas excelentes. Destaque para o uso novamente das escalas orientais nos solos de Altus e Holt.

A pesadíssima “44 Magnum Opus” é a pedrada seguinte, com um riff muito sujo, e dessa vez com Bostaph fazendo as batidas mais tradicionais (bumbo-caixa), soltando os dois bumbos durante o refrão. Outra canção com um belíssimo trabalho instrumental, destacando várias sequências onde os riffs e a bateria fazem as viradas juntos.
A faixa-título é uma pedrada com pouco menos de 3 minutos. Veloz e com riffs muito pegados, possui uma sinistra sessão onde o pesado riff das guitarras  e do baixo acompanha os diversos rolos de Bostaph, que passa a fazer um andamento magistral, com muito peso e que retorna à letra da melhor canção de Shovel Headed Kill Machine, ao lado de “Deathamphetamine, encerrando esse bom álbum do Exodus, e que ao lado de Death Magnetic (Metallica, lançado em 2008) marcou a volta de um gigante do thrash ao posto de destaque entre as principais bandas do gênero.
Shovel Headed Kill Machine ainda saiu em um edição limitada em digipack contendo a canção “Purge the World”, a qual surge com mais peso e velocidade, em outra excelente faixa em que Bostaph, Gibson, Altus e Holt fazem um excepcional acompanhamento para os vocais de Dukes, com destaque para outra pesada sessão instrumental. A versão japonesa do álbum contém ainda mais um bônus, o cover para “Problems”, dos Sex Pistols. Uma versão limitada em vinil duplo também foi lançada.

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