Jethro Tull – Stand Up [1969]

Jethro Tull – Stand Up [1969]

Hoje é a vez de conferirmos a primeira postagem por José Leonardo Aronna (Publicada originalmente em 20 de junho de 2012)

Stand Up é, na minha humilde opinião, o melhor disco do Jethro Tull. Alguns leitores poderão pensar que escrevi uma tremenda heresia, pois Aqualung tornou-se o disco mais celebrado da banda. Essa minha preferência é fundamentada em parte por ter sido o primeiro LP do grupo que comprei: uma versão importada em um sebo poeirento, no longínquo ano de 1979.
Já conhecia alguns sons da banda, principalmente o já citado Aqualung, por influência de primos mais velhos, mas nunca tinha tido o prazer de comprar e ouvir atentamente um disco inteiro do Jethro Tull. Na época eu não conhecia quase nada da história da banda, coisa que só fui ficar sabendo com o passar dos anos.
Glenn Cornick, Clive Bunker, Martin Barre e Ian Anderson
Stand Up, segundo LP do grupo, foi lançado originalmente em julho de 1969. É o primeiro a contar com o guitarrista Martin Lancelot Barre, que substituiu Mick Abrahams, o qual tinha decido abandonar o grupo pouco depois do lançamento do LP de estreia devido a diferenças musicais com líder, vocalista, flautista, violonista e faz-tudo Ian Anderson. A partir de Stand Up, Martin viria a se tornar o braço direito de Anderson.
David O’List (ex The Nice) chegou a participar de ensaios, mas não foi aprovado. Através de anúncios, recrutaram vários músicos finalizando com dois selecionados: Tony Iommi, que na época pertencia a uma banda chamada Earth, e Martin Barre. Segundo a lenda, quando foi fazer o teste, Martin ficou tão nervoso que nem conseguia tocar direito. Assim acabaram por contratar Iommi.
Com ele, o Jethro participou do especial de TV The Rolling Stones Rock’n’Roll Circus fazendo playback de “A Song From Jeffrey”. Logo depois, Tony decidiu abandonar o grupo e reformular o Earth que viria se tornar o Black Sabbath. Assim, Ian Anderson deu uma segunda chance a Barre levando em conta seu nervosismo. Deu tudo certo e Martin foi contratado. Completavam o time: Glenn Cornick (baixo, vocais) e Clive Bunker (bateria), além do maestro David Palmer colaborando com arranjos orquestrais.
Tony Iommi, empunhando as seis cordas do Jethro Tull
Pouco antes do lançamento de Stand Up chegou às lojas o primeiro single da banda: a clássica “Living In The Past”. A música alcançou a terceira posição nas paradas.
Stand Up é um disco extremamente diferente de seu antecessor, This Was (1968). Enquanto o primeiro é dominado por blues e jazz, Stand Up é mais direcionado ao folk, música étnica e hard rock. Mas o Jethro Tull não abandonou totalmente o lado blues  como pode ser observado na ótima faixa de abertura “A New Day Yesterday”, presente em praticamente todos os shows da banda.
Jeffrey Hammond, amigo e futuro baixista da banda, seria novamente homenageado (como fora em “A Song For Jeffrey” de This Was) na contagiante e alegre “Jeffrey Goes To Leicester Square” que mistura bandolim e congas. A seguir, uma das músicas mais conhecidas do grupo, o tema instrumental “Bourée”. Baseado em uma peça de J.S. Bach e adaptada para um formato jazzistico, conta com uma linda linha de flauta. “Back To The Family” combina várias intensidades trazendo um momento hard até então ausente na sonoridade da banda. O lado A se encerra com a bela balada folk “Look Into The Sun” com distorção de voz e guitarra.
Capa dupla na versão original do LP
O peso volta com tudo na ótima “Nothing Is Easy”, na qual temos um mini-duelo entre Ian e Martin. A humorada “Fat Man” com percussões, balalaicas e bandolins tem um toque meio indiano, antecipando a chamada world-music.
Na sequência, “We Used To Know“, um folk rock com um belo trabalho de violões e guitarra. Os arranjos orquestrais do colaborador David Palmer, que viria a se tornar integrante fixo em 1976, se fazem presente na acachapante “Reasons For Waiting”. Outra linda balada folk! O disco se encerra magistralmente com “For A Thousand Mothers“, mais uma pérola da banda, novamente flertando com o hard rock.
Stand Up chegou ao topo das paradas do Reino Unido, ocupando o primeiro lugar durante várias semanas.
O Pop-Up da versão original de Stand Up
Vale a pena lembrar da belíssima versão original do LP. Na sua parte interna apresenta um Pop-up (dobradura em alto-relevo que surge quando a capa é aberta). A imagem desse Pop-up é justamente os integrantes da banda. Quando a embalagem é aberta, os músicos acabam levantando-se como sugere o título do álbum. Criada pelo artista James Grashow, esta capa recebeu o prêmio de Melhor Capa pela revista New Musical Express em 1969 e hoje é uma grande peça de busca por colecionadores.
Faixas:
1. A New Day Yesterday
2. Jeffrey Goes to Leicester Square
3. Bourée
4. Back to the Family
5. Look into the Sun
6. Nothing Is Easy
7. Fat Man
8. We Used to Know
9. Reasons for Waiting
10. For a Thousand Mothers

2 comentários sobre “Jethro Tull – Stand Up [1969]

  1. Ótima resenha, José Leonardo Aronna; eu confesso que, no caso do Jethro Tull, o melhor disco muda a cada época da vida – já fui ferrenho defensor xiita do “Aqualung” até o diferentão de achar o “The Jethro Tull Christmas Album” o melhor (você sabe quando uma pessoa é fã do Jethro Tull se ela conhece o Christmas Album deles, fica a dica…).

    No entanto, eu sempre, sempre achei o “Stand Up” uma das coisas mais primorosas deles, e atualmente é um disco que sempre coloco, ao menos uma vez por mês, para rodar no toca-disco (infelizmente, minha versão não é essa premiada que citou no texto). Talvez isso seja uma categoria hours-concours para mim, nem consigo tabulá-lo de tão sublime… A história de Tony Iommi não ter seguido com Ian Anderson é digna de resenha também, revela muito da personalidade de ambos os gênios.

    E o que dizer de uma sequência de faixas com os hinos “A New Day Yesterday”, “Bourée”, “Nothing Is Easy”, “Fat Man” e “We Used to Know”?! O que tem de banda contemporânea que daria tudo para compor ao menos metade de qualquer uma dessas (Blood Ceremony e afins que o digam…). Digam o que quiserem, mas Ian Anderson, tal qual Paul McCartney, Paul Weller, Glen Hughes e alguns outros, são gênios com lenha ainda para queimar, feitos de alguma matéria-prima estranha e maravilhosa que os permite continuarem em alto e instigante nível.

    Obrigado pela repostagem do texto, que ainda não havia lido.

  2. Nesse álbum, estão três das músicas que mais gosto do Jethro Tull: “Reasons for waiting”, “A new day yesterday” e “We used to know”.

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