Selos Lendários – Harvest
![Selos Lendários – Harvest](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/Harvest0.jpg)
Por Ronaldo Rodrigues
Aproveitando o gancho da seção de matérias especiais aqui da Consultoria do Rock – Clássicos da Harvest – é uma boa escolha começarmos a mergulhar no universo dos selos contando um pouco da história da Harvest. A Harvest é um dos selos mais colecionáveis do universo dos LP’s e tem um logotipo bastante emblemático.
![harvest1](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/harvest1.bmp)
Integra o conglomerado da EMI, uma das quatro “majors” e a mais antiga das quatro (em um grupo que inclui a Warner, a Universal e a Sony).
Foi fundada em 1969 com o foco no rock progressivo, estilo emergente na época e em uma denominação muito mais aberta do que o termo soa hoje em dia. Basicamente, seria o mesmo que dizer que a Harvest tratava do rock moderno e contemporâneo e de toda aquela geração que estava inovando e criando novas linguagens, que depois receberam cada uma seu respectivo rótulo.
Mas àquela época, rock progressivo era uma grande teia de tendências, que estava desvencilhada daquela escola do som beat e do rock adolescente que dominava a música jovem até meados de 1966.
![Harvest6](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/Harvest6-300x297.jpg)
Sua criação foi sugestão de um executivo chamado Malcom Jones, para concorrer especialmente com outros dois selos também lendários (e que serão abordados nesta série) a Deram (pertencente a Decca, hoje dentro da Universal) e a Vertigo (nascida dentro da Philips e depois adquirida pela Polygram, ambas hoje pertencentes também a Universal).
Na mesma época, pipocaram outros dois selos com menor expressão e este mesmo foco – a Dawn, criada pela Pye, e a Neon, criada pela RCA. Ambos duraram alguns lançamentos, que tornaram-se itens raros e desejados de colecionadores ao redor do mundo, e que talvez devam pintar por aqui em alguns meses, já que suas histórias são bastante complicadas em termos de fontes.
![harvest2](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/harvest2-300x300.jpg)
Voltando ao selo de hoje, os primeiros discos lançados sob a alcunha da Harvest foram os compactos da Edgar Broughton Band (“Evil”/”Death of Electric Citizen”), do cantor Michael Chapman (“It didn’t Work Out”/”Mozart Lives Upstairs”) e da Barclay James Harvest (“Brother Thrush”/”Poor Wages”) em junho de 1969, e quatro álbuns em julho de 1969 – Deep Purple (Deep Purple), Pete Brown and His Battered Ornament (A Meal You Can Shake Hands With in the Dark), Shirley & Dolly Collins (Anthems in Eden), e Michael Chapman (Rainmaker).
Também em julho de 1969 foi lançado, conjuntamente com outros selos como distribuidores, o álbum More do Pink Floyd, que na época era uma banda com um já adquirido status de “cult”, mas ainda não detentora da fama e das grandes vendagens que vieram com o lançamento do multi-platinado Dark Side of the Moon.
![harvest5](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/harvest5-300x300.jpg)
Os três primeiros compactos possuem o número de catálogo da série HAR500 (HAR5001, HAR5002, HAR5003), porém o quarto compacto, da banda Tea and Symphony, tem o número de catálogo HAR5005, já que o que viria a ser o HAR5004 foi um compacto da banda Bakerloo que não chegou a ser lançado. Porém, as canções que viriam a preencher esse compacto (“Drivin’ Backwards” / “Once Upon a Time”) foram lançadas pela Harvest no álbum auto-intitulado da banda, em dezembro de 1969.
A Harvest teria como braço nos EUA a Capitol Records, que estaria encarregada de lançar por lá o que o selo lançaria na Europa. Mas como de princípio as vendas sob a alcunha da Harvest foram modestas, a Capitol optou por lançar alguns artistas sob seu próprio selo, numa tentativa de impulsionar as vendas.
A estratégia da EMI com a Harvest se mostrou inteligente após algum tempo, pois foram escolhidos como primeiros lançamentos artistas emergentes e razoavelmente conhecidos, como o Deep Purple, o Pink Floyd e a Edgar Broughton Band, o que acabou favorecendo o selo também nos relançamentos. Ela obteve alguns outros grandes sucessos em nível mundial com esse próprios citados e outras bandas incorporadas posteriormente, como Electric Light Orchestra, Scorpions, Be Bop Deluxe e Duran Duran. Porém, muitos artistas e bandas nas quais apostou ficaram perdidos no limbo, especialmente no início de suas atividades.
![harvest4](http://d2q9lgeqx691v0.cloudfront.net/content/2015/07/harvest4.jpg)
Alguns bastante experimentais e pouco comerciais, como Third Ear Band, Tea and Symphony, Kevin Ayers, o próprio Syd Barret, East of Eden, etc. Porém, outros com potencial grande de terem maior êxito, por uma sonoridade bastante ajustada ao mercado da época, como o Quatermass, Spontaneous Combustion, Climax Blues Band e o Nine Days Wonder, entre outros. A Harvest investiu não só em bandas e artistas britânicos, que eram o foco inicial, como também em alemães (Eloy, Triumvirat, Scorpions, Can), americanos (Love, Sweet Smoke), australianos (Spectrum, Pirana, Carson, Ariel, Little River Band) e holandeses (Solution, Jan Akkerman, Kayak).
Também existem algumas bandas que tiveram apenas a distribuição em alguns países pela Harvest, em acordos de parceria com outros selos, como é o caso de Renaissance, Queen e Iron Maiden.
![Harvest0](https://arquivos.consultoriadorock.com/content/2015/07/Harvest0.jpg)
Ao longo dos anos, os lançamentos foram diminuindo em quantidade e se focando mais nas apostas do selo, em artistas já consolidados e seus relançamentos. Também com o declínio comercial do rock progressivo, a Harvest passou a investir nos estilos emergentes no fim dos anos 70 e anos 80 – o pós-punk, o AOR, a new wave e o synth pop. Interessante notar que o logo da Harvest continuou o mesmo desde sua fundação.
O selo Harvest e as bandas integrantes de seu cast, especialmente no início dos anos 70, são bastante cultuados pelos colecionadores de LP e CD’s ao redor do mundo, valendo grandes somas em dinheiro os títulos nas prensagens originais.
Apesar de eclético, o catálogo da Harvest é fértil em bandas que tentaram equilibrar a abordagem art-rock com algum apelo mais pop, mas ainda sim dando espaço a propostas mais radicais e menos comerciais.
Parabéns! Mas permita-me uma correção? O primeiro Lp lançado pela Harvest foi o The Book Of Taliesyn, do Deep Purple, em junho de 1969 (meses depois da edição americana). O terceiro álbum da banda foi lançado pela Harvest em setembro de 1969, também meses depois do álbim americano
Legal recuperar a história do selo Harvest. Acho que, nos meus tempos de colecionador de vinil, era o selo do qual mais tinha discos!
Boa pergunta para eu tentar responder (e não sei a resposta) kkkk. Qual é o selo que tenho mais discos … Acho que é a Atlantic. Vou ver se o Discogs me responde