Mortal Ways – Mortal Ways [2020]

Mortal Ways – Mortal Ways [2020]

Por Thiago Reis

Em projeto idealizado por Gustavo Camargo (guitarra) e Flávio Diniz (vocal), nasceu o Mortal Ways. Para as gravações ainda contaram com a participação de Ronaldo Alves (guitarra solo). No estúdio, além das guitarras base, Gustavo Camargo ainda foi responsável pelo baixo e pela bateria programada. O som do Mortal Ways é calcado no Death Metal, que já faz parte do background dos músicos. A temática abordada nas letras envolvem assuntos ligados à vida em outros planetas e OVNIS, inclusive algumas letras baseadas em fatos reais, o que torna ainda mais interessante a audição.

Para o lançamento do álbum auto-intitulado, juntaram-se o programa de Rádio Metal Mania, a Kaotic Records, IHells productions e a Tales from the Pit Records. O material saiu em prensagem nacional limitada a 500 cópias, em caixa de acrílico, com um encarte bem interessante (projetado por Gustavo Camargo), contando não somente com as letras de cada música, mas também alguns eventos que inspiraram as composições. Ao longo das próximas linhas abordaremos com mais detalhes as oito faixas que compõem o trabalho.

Iniciamos com “Cumulonimbus” que de forma resumida são grandes nuvens, consideradas pelos especialistas como muito perigosas. Produzem granizo, raios, neve, chuva e tornados. Sobre a música, temos uma introdução bem enigmática, que já é substituída por riffs bem elaborados e pesados. A letra aborda o Universo, afirmando que não estamos sozinhos na imensidão, entre bilhões de estrelas e tantos outros planetas, inclusive nos alertando de que a milhares de anos luz de distância, uma população avançada está a nosso encontro. O instrumental segue na linha do death metal, porém sem tanto destaque para a bateria, a qual já citamos que foi programada.

“Uninvited Visitors” já trata de visitantes indesejados em nosso planeta vindo para realizar experimentos científicos com humanos, simulando dor, depressão, arrependimento, todos enviados através de telepatia. Instrumentalmente os riffs agradam inclusive com um clima de suspense e o solo de guitarra complementa bem a atmosfera da música.
“Death from the Sky” apresenta uma introdução de bateria, com riffs criativos e a manutenção de uma estrutura que funciona bem com a temática abordada nas letras. Na presente música, apresenta-se em destaque uma descoberta que poderá mudar o mundo, com um meteoro que colidiu com a Terra. Tal meteoro era infestado de bactérias e micróbios. A letra destaca que essa inofensiva colisão com a Terra foi ignorada pelos humanos, um erro que pode destruir a população. E realmente alguns dos riffs nos remetem a algum acontecimento apocalíptico. “Mortal Ways” tem uma bateria bem interessante, mesmo levando-se em consideração que é programada, riffs rápidos e pesados e uma letra que nos remete a algum acontecimento apocalíptico que está prestes a ocorrer na Terra, cortesia da presença de seres de outros planetas por aqui. O solo também apresenta suas qualidades, sem firulas desnecessárias, mas cumprindo bem o seu papel. De volta aos riffs, Gustavo Camargo acertou em cheio, com uma sucessão de passagens interessantes e inspiradas.

“Operation Saucer” destaca evento ocorrido em 1977 no Brasil, mais precisamente no Norte e Nordeste, com a confirmação de militares e civis a respeito de presença hostil de atividades extraterrestres. Para acompanhar tal tema, a música se inicia com riffs um pouco mais cadenciados, mas que vão crescendo ao longo da faixa. A letra ainda aborda que décadas após os acontecimentos de 1977, um capitão do exército quebrou o silêncio, ao revelar alguns dos acontecimentos nas ilhas remotas do Norte e Nordeste. Tal fato ocasionou em destaque mundial nos portais de notícias. Tudo isso, dois meses antes do capitão cometer suicídio. A profundidade das letras e a forma como os eventos são contados é um dos pontos altos do trabalho e no caso de “Operation Saucer” isso fica evidente.
“Official UFOS Night” é a próxima e começa com sons estranhos, nos remetendo a frequências de ondas de rádio sendo interceptadas. A seguir apresentam-se riffs bem pesados e vocais muito bem colocados. A bateria também foi programada de forma a acompanhar muito bem o restante dos instrumentos.

“Extreme Home” apresenta riffs que nos remetem à fase inicial do Slayer, principalmente em discos como Show no Mercy e Hell Awaits. Em outras passagens já se mostra com uma característica bem diferente das outras faixas, com vocais que chegam a lembrar black metal. “The Fermi-Hart Paradox” encerra o disco em grande estilo. De forma bem simplista, o paradoxo de Fermi apresenta o questionamento acerca das civilizações inteligentes e a sua não comunicação com o planeta Terra. Uma das frentes que pesquisam o tema, afirma que não há vida inteligente no Universo e a outra afirma que existem vidas inteligentes, porém ainda não se comunicaram conosco. E é justamente disso que a letra fala, como um paradoxo que ainda não foi resolvido, como um segredo em uma caixa, nós enfrentamos o desconhecido. Além disso, a letra destaca o ceticismo do ser humano, ao duvidar da existência de aliens, colocando a si mesmos em pedestais, ou seja, com o egocentrismo em sua face mais plena.

O projeto Mortal Ways tem tudo para se consolidar como banda, já que existe uma temática abordada de forma muito inteligente nas letras e um direcionamento definido. De maneira geral, é um álbum que pode agradar aos fãs de Death Metal e apenas como sugestão, seria interessante para Gustavo Camargo, Ronaldo Alves e Flavio Diniz encontrarem um baterista que se encaixe no estilo Death Metal, para que o som da bateria se torne mais orgânico e destacado nas faixas.

Track list

1. Cumulonimbus
2. Uninvited Visitors
3. Death From The Sky
4. Mortal Ways
5. Operation Saucer
7. Official Ufos Night
8. Extreme Home
9. The Fermi-Hart Paradox

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