War Room: UFO – The Salentino Tapes [2017]

War Room: UFO – The Salentino Tapes [2017]

Convidados: Adrian Dragassakis e André Kaminski

O que leva uma grande banda a gravar um álbum de covers, já com sua carreira consagrada, cheia de álbuns de sucesso, mais de 40 anos de estrada, muitas mudanças de formação, e fãs estabelecidos mundialmente? Foi o que pensei quando ouvi o mais recente álbum do UFO, e o resultado dessa audição quis compartilhar com alguns amigos consultores. Vamos ver o que eles acham de The Salentino Cuts, vigésimo segundo álbum dos britânicos, lançado ano passado.!


1. Heartful of Soul

André: Adoro o UFO mesmo alguns de seus discos mais malhados, curioso para um álbum de covers de uma banda tão consagrada.

Mairon: Como me é estranho ouvir um clássico dos Yardbirds com teclados. Apesar do esforço, acho que a voz do Mogg não casou com o que tínhamos originalmente. Prefiro muito mais a versão original, afinal, é a minha banda favorita de todos os tempos …

André: Ah, é complicado coverizar os Yardbirds e soar com a mesma qualidade.

Mairon: O que mostra que mesmo uma banda de gabarito ainda está longe do que foram os caras.

Adrian: Acho válido álbuns de covers, quando bem feitos. Claro, com a intenção de homenagear suas influências, se torna até um álbum mais leve e você acaba sentindo isso ao ouvir. Mas há quem torça o nariz mesmo, quando a original parece intocável.

André: O Mogg mesmo velhão ainda canta com alguma propriedade, se adaptou bem ao fato de que os anos deixaram sua voz mais grave, mas ele se sai bem no estúdio.

Mairon: E ao vivo ele tem mandado bem também André. Vi o UFO duas vezes nessa década, e os dois shows foram ótimos.


2. Break on Through (To The Other Side)

Mairon: Essa já curti mais. Apesar da bateria não trazer \ “ginga brazuca”, ficou pesadona, e Mogg consegue dar uma boa malícia para a faixa. Legal que o Vinnie Moore mesmo sendo um guitarrista de mão cheia, abre espaço para Paul Raymond brilhar nos teclados.

Adrian: Acho que já ouvi uma centena de covers dessa música, mas aqui parece bem divertida, com os teclados mandando ver.

André: O pessoal é muito chato em querer que caras de 60 anos cantem como se estivessem com 20.


3. River of Deceit

Mairon: Essa para mim é surpreendente. Uma banda de renome trazer algo tão novo quanto o sucesso do Mad Season, é incrível. E melhor que a original. Lembra para mim um pouco de Led Zeppelin, mas com um toque grunge no fundo.

André: Por enquanto uma audição bacana, não é lá de encher os ouvidos, mas essas faixas tem me agradado o suficiente para curtir aqui

Adrian: Olha, quem critica o vocalista está meio ruim de ouvido. O cara tem um timbre excelente pela idade. E como é o UFO tocando, dá a sensação que a música é mais antiga do que foi lançada. Não sei se me expressei bem, mas acho que vocês entenderam hahaha.

Mairon: Claro Adrian, claro. Mas dá para sentir um cheiro de grunge na faixa, apesar desse ar anos 70.

André: É, uma coisa meio noventista mesmo

Adrian: Mad Season foi um baita grupo. É meio a cara dos anos 90 mesmo no estilo, tem tudo aí

Mairon: O que me impressiona é uma banda dos anos 70 homenageando os anos 90.


4. The Pusher

Mairon: Super clássico do Steppenwolf. Banda que ficou marcada por “Born to Be Wild”, mas que tem muito mais do que isso em sua vasta discografia. Essa versão do UFO está do mesmo porte da original.

André: Essa é do Steppenwolf, porra, tá muito boa. Por enquanto o melhor cover das que pintaram.

Adrian: A produção também é ótima, pelo menos aqui o som tá limpíssimo.

Mairon: Cara, como admiro o Moore. O cara toca pra caralho, mas consegue se conter. E é gente fina e humilde pacas!

André: Grande Vinnie Moore, nunca me decepciona em seus riffs e timbres de guitarra

Adrian: Que baita feeling nesse solo!

André: Concordo, feeling fantástico.


5. Paper in Fire

Mairon: Como fazer de um hit número um dos anos 80 uma canção sensacional para a década atual. Essa é para apresentar aos jovens o poder e a força de um injustiçado, John Mellencamp. Que baita música, uma de minhas favoritas de The Salentino Cuts. E mais uma surpresa. Nunca imaginaria o UFO gravando Mellencamp.

André: Não conheço a autoria original dessa faixa, mas gostei do que ouvi.

Mairon: André, essa música foi número 1 na Billboard em 1987. Sinta o cheiro anos 80 dela, mas com toda a categoria setentista que o UFO consegue criar em suas músicas!!

Adrian: Versão criativa e pesada, confesso que não dava muita bola para a original.

André: Cara, essa me passou batido, mas a verdade é que realmente não conheço nada de Mellencamp. Mas bem que me interessou ouvir a original.

Mairon: Ouça, e se assuste!!

Adrian: Do Mellencamp, acredito só conhecer essa mesmo.

Mairon: Eu conheço os discos até os anos 90. Depois é brabo. Mas o cara antes era bem legal. Um Bruce Springsteen da vida (em termos musicais, claro). Diogo vai me matar, hauhauaha

Adrian: Um Springsteen meio country? haha.

Mairon: Isso, isso, isso.


6. Rock Candy

André: Já ouvi isso em algum lugar. E é um hardão daqueles ardidos.

Mairon: Mais um grande clássico, dessa vez, bandaça dos anos 70, para quebrar pescoço e balançar a perna. Dá-lhe Monstrose. E mais uma versão poderosa do UFO. Me impressiona como mesmo com o passar dos anos, Andy Parker ainda soca o bumbo como ninguém!!

André: Ah, eu sabia! Não me é estranho! Grande Montrose!

Adrian: Também já ouvi em algum lugar. Moore tá inspiradaço aqui, hein

Mairon: Vinnie Morre aqui emulando Hendrix. O cara sabe tocar como poucos, e todos os estilos!

André: Ele tem uns discos solos muito bons, por sinal.

Mairon: Fiz um cinco discos para conhecer ele, mas a Uol nos tomou na mão grande …

Adrian: Sacanagem!

André: Nem me lembre desse período negro.

Mairon: O Rob de Luca no lugar do Pete Way é a única coisa que ainda não consigo engolir.

André: Ah isso eu concordo, Pete Way sempre foi um destaque no UFO, Luca infelizmente só faz o básico

Versão em vinil branco

7. Mississippi Queen

André: Não conheço essa, mas logo curti também. Mogg e Moore são os grandes destaques desse disco.

Mairon: Mais um clássico. Mountain é outra banda que podia ser mais referenciada. Essa versão em particular, não me agrada perto da original. Mas de qualquer forma, não é ruim. Principalmente pelo peso da guitarra de Moore.

Adrian: Não digeri muito bem essa versão… Parece meio desconexa haha

Mairon: Pois é, faltou algo nela né? Acho que são os vocais do Mogg.

Adrian: Acho que quiseram fazer uma versão mais obscura

André: Como eu não conheço essa canção, a mim soou muito boa. De vez em quando é vantajoso ser um ignorante.

Adrian: Conheci essa música assistindo Simpsons. Salve Homer

Mairon: Cara, tu não conheces “Mississippi Queen”?? Mesmo?? Até o Ozzy gravou

André: Cara, posso ter ouvido, mas não estou reconhecendo a original


8. Ain’t Sunshine

Mairon: Linda versão para a baladaça do Bill Withers. Outra faixa que me surpreendeu a gravação e a escolha, e que ficou muito, mas muito melhor do que o que o negão fez, que já é sensual pacas!!

André: O teclado deu uma aura muito boa a essa canção.  Está lá discretinho, mas bem colocado.

Adrian: Gostei da versão, a original eu conhecia, mas não dava muita bola também. Adaptaram bem e fizeram um hardão bordel muito bom.

Mairon: Perdeu toda a qualidade soul, mas ganhou muito pela interpretação.


9. Honey-Bee

Adrian: Gostei dos harmônicos, Zakk Wylde deve estar enciumado haha

André: Achei essa mais ou menos, particularmente.

Adrian: Não conheço a original, não tenho como comparar. Não é tão divertida quanto as outras versões. Essa é mais arrastada.

Mairon: Quem diria que essa música seria lançada três dias antes da morte de Tom Petty, e se tornaria uma despedida para outro grande gênio da música mundial? Versão pesada, melhor que a original, com uma cara bluesística, mas com todas as qualidades e características do UFO atual.

André: Sei lá Mairon, essa “Honey Bee” é pesada e tal, mas a própria canção me parece comum, o Moore dá uma levantada nela com os solos, mas acho que é mais gosto meu mesmo.


10. Too Rolling Stoned

André: Ah essa eu conheço, um clássico do Trower.

Mairon: Quando vi o track list, essa foi a que mais quis ouvir, para ver o que Morre iria fazer e se chegaria aos pés do Trower. Ouçam e me digam o que acham. Depois comento.

Adrian: Nessa eu que sou o ignorante, preciso ouvir a banda original.

André: É um músico, Robin Trower.

Adrian: Baita pegada legal, um blues pesadão.

André: Ah Mairon, não sei a sua opinião, mas eu fico mesmo com a original

Mairon: Então André, fico com a original também. A malemolência do Trower é insuperável, e Mogg não consegue cantar que nem ele. Só a virada para a segunda metade da canção é que me conquista (o solo do Moore é fodástico)

André: Também acho, Mairon. Mogg é Mogg, Trower é Trower, ambos de grande qualidade em seus estilos. Como não acho que o Trower faria algo lá tão bom se coverizasse um “Doctor Doctor” do UFO.

Mairon: Ótimo André, boa ideia.

Adrian: O solo da original também é esse absurdo?

Mairon: Talvez melhor Adrian, talvez melhor ..


11. Just Got Paid

Mairon: Cara, Billy Gibbons deve ter aberto um belo sorriso entre seu barbão, ao ouvir esse boogie malandro e sensacional que o UFO recriou para sua música!! E o Moore mostrando seus dotes no slide.

Adrian: Achei legal, tem uma pegada até mais moderna nessa versão, ao meu ver. Mas a essência da época também está ai.

André: Essa está muito boa, do ZZ Top. E se o Alisson achar que a banda estragou a música, azar o dele!

Mairon: Alisson é o Nilo Fake, ou Nilo é o Alisson Fake??

André: Ambos fakes do Bernardo.

Adrian: O El comentarista?


12. It’s My Life

André: Epa epa, é o The Animals! Para compensar o fato de eu não saber a “Mississipi Queen”.

Mairon: Cara, para quem ouviu isso com o Animals e ouve essa versão do UFO, jamais vai dizer que é a mesma música. Mesmo o teclado do Raymond tentando emular o órgão da original, não se compara. Começou com um gigante dos anos 60, e termina com outro grande nome dos 60. Amo Animals, e assim como o Yardbirds, o UFO está longe de conseguir fazer algo tão bom quanto o original daquela época.

André: O The Animals é de Newcastle Upon Tyne, eu amo aquela região da Inglaterra, até o time da cidade é foda, eu tento ouvir tudo o que sai daquela cidade.

Adrian: Achei válida a homenagem, mas também acho que não ornou, assim como a Mississipi.

André: Também não se compara a original Mairon, mas acho que ficou um pouco melhor do que a do Yardbirds.

Mairon: Para mim, a mais fraca do álbum.

Adrian: Parece que foi gravada sem muita expressão, meio que na obrigação de ter uma bônus.


Contra-capa do CD

Considerações Finais

Mairon: Um disco bastante surpreendente em termos de escolha do track list. Acho que o UFO pecou em trazer alguns clássicos aqui, mas fez bem em resgatar obras novas. Deu uma cara melhor para várias faixas, e só capengou mesmo na primeira e na última canção.

André: Um ótimo disco de covers, acima da média do que se ouve comumente por aí, ainda mais sendo de uma banda clássica como o UFO. Alguns deslizes o que é normal, mas dá para considerar que o UFO fez bem em lançá-lo

Adrian: Álbuns de covers podem ser uma boa sacada ou um tiro no pé. Acho que esse álbum fica no meio termo, criando boas versões e até surpreendendo na escolha da música do Mad Season, que ficou excelente. Apesar de não gostar de algumas das tentativas, é um bom lançamento e vale a pena conferir.

Mairon: Acho que como um disco de brincadeira do UFO, está ok. Mas seria legal ver The Salentino Cuts talvez como um bônus do The Visitor ou do A Conspiracy of Stars do que como um álbum oficial.

André: Gostei principalmente é que não foram covers manjados, pensei que viria Led Zeppelin, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, as de sempre.

Adrian: O Stryper mesmo fez um álbum de covers de 50% manjadas e acabei gostando. Tem o negócio de ser comercial também.

Mairon: O disco de covers do Stryper é muito bom. Bom gurizada, valeu por ajudarem a tirar a virgindade do Adrian, e que venham outros War Rooms para ele participar.

André: Valeu pessoal, vou jantar que a fome apertou.

Mairon: Tb vou jantar aqui. Abraços e obrigado gurizada!! Valeu, até mais!

Adrian: Valeu galera não sou mais cabaço. Vou chegar na casa do André por que ouvi falar que tem pizza.

Mairon: auheuaheua. Bora pra casa do André.

André: Quase acertou, é lasanha! hahaha

12 comentários sobre “War Room: UFO – The Salentino Tapes [2017]

  1. Ué, eu pensei que o War Room de hoje seria aquele eu tanto venho pedindo aqui na Consultoria, desde não sei quando…

    1. Ninguém do site é teu empregado pra ficar atendendo aos teus pedidos insistentes e inconvenientes. Toma vergonha na cara e valoriza o trabalho do pessoal ao invés de ficar batendo nas mesmas teclas o tempo todo.

  2. Um Bruce Springsteen da vida (em termos musicais, claro). Diogo vai me matar, hauhauaha

    Pode ficar tranquilo, Mairon, eu gosto do Mellencamp. Ele fez muita coisa boa nos anos 1980 e essa música é ótima. Ele é mesmo mais rural que o Springsteen, mas a comparação faz sentido. Não à toa, é um dos fundadores do festival anual Farm Aid. A versão do UFO ficou boa e a escolha foi surpreendente.

  3. “Então pensa na tua casa e poupa o pessoal desse tipo de comentário que nada acrescenta.”

    Pode deixar, patrão!

  4. Quando vi pela primeira vez fiquei meio surpreso com as escolhas para o repertório, e quando ouvi, gostei de cara. Covers são um problema sério: se mudar muito em relação ao original, ninguém reconhece a música (e nem sempre fica bom); se ficar muito parecida com o original, qual é o sentido de fazer? Acho que o UFO conseguiu dar o seu toque pessoal ao mesmo tempo que manteve fidelidade. É pena que tudo indica que seja o último disco de estúdio da banda.

      1. Let us pray… Mas li numa entrevista o Phil Mogg dizendo que, com 70 anos, chegou a hora de parar. Espero que ele mude de ideia!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.