Review Exclusivo: Grave Digger (Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2011)

Review Exclusivo: Grave Digger (Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2011)
Leonardo Castro
Após algumas passagens pelo Brasil, nas quais o Rio de Janeiro não foi incluído nos itinerários, os fãs cariocas da banda alemã Grave Digger finalmente tiveram a oportunidade de vê-los ao vivo na última sexta-feira, 22 de julho. O lugar escolhido para o show foi a Ilha dos Pescadores, que tem se tornado uma ótima opção para shows de médio porte na cidade, uma vez que o acesso até o lugar não é difícil e a casa conta com um bom sistema de som e boa visibilidade de toda a pista.
Divulgando seu novo disco, The Clans Will Rise Again, primeiro trabalho de estúdio com seu novo guitarrista Axel Ritt, o Grave Digger entrou no palco às 22:30, com o tecladista HP Katzenburg com sua tradicional máscara de morte e empunhando uma gaita de foles, enquanto a introdução do último disco era tocada em playback. Após se posicionar atrás do teclado, toda a banda entrou em ação, atacando com “Paid in Blood”, a faixa de abertura de The Clans Will Rise Again. A primeira parte do show seria toda baseada nos dois discos que a banda fez contando a história da Escócia, o clássico Tunes of War, de 1996, e o seu mais recente lançamento, e por isso o vocalista Chris Boltendhal vestia um traje tipicamente escocês, com direito a um kilt e tudo mais. O novo guitarrista, Axel Ritt, tem um visual 100% oitentista, e parece ter saído diretamente de uma banda da NWOBHM, com colete e calça de couro e uma guitarra com listras pretas e brancas, além de fazer várias caras e bocas durante todo o show.
Chris Boltendhal
Dando sequência ao set escocês, a banda tocou o primeiro clássico da noite, “Dark of the Sun”. A música, que tem um riff espetacular, levantou a platéia, que cantou seu refrão a plenos pulmões. Entretanto, ficou claro durante a sua execução que enquanto a cozinha formada por Stefan Arnold (bateria) e Jens Becker (baixo) é uma das mais sólidas do heavy metal mundial, o novo guitarrista Axel Ritt deixa um pouco a desejar, tentando encaixar algumas firulas desnecessárias durante as músicas sem ter a pegada e a segurança que seu antecessor, o excelente Manni Schmidt, tinha de sobra.
A primeira parte do show ainda contou com as novas “Hammer of the Scots”, “Whom the Gods Love Die Young” e “Highland Farewell”, que foi muito bem recebida pelo público e provavelmente será uma das músicas que permanecerá no set da banda mesmo ao fim desta turnê. Mas os grandes destaques deste primeiro ato foram as músicas de Tunes of War, provavelmente o disco mais aclamado da carreira dos alemães. A lenta “The Bruce” foi um dos destaques do show, assim como a climática e triste “The Ballad of Mary (Queen of Scots)”, e a principal surpresa da noite, “Killing Time”, dona de um dos melhores riffs da banda. Mas a Ilha dos Pescadores explodiu mesmo aos primeiros acordes de “Rebellion (The Clans Are Marching)”, uma das principais músicas da carreira do grupo, que teve o seu refrão cantado por todos os presentes, encerrando a primeira parte do show em grande estilo.
HP Katzenburg
Após um pequeno intervalo, a banda voltou ao palco, agora decorado com uma corda de enforcamento. Era um sinal de que a segunda parte do show, que  cobriria toda a carreira da banda, teria início com um clássico recente do grupo: a faixa-título do seu disco de 2009, Ballads of a Hangman. Muito bem recebida pelo público, que gritava o seu refrão “Hangman!” com toda a força, a música preparou o terreno para uma das músicas obrigatórias em um show do Grave Digger: “Morgan Le Fay”, do seminal Excalibur.
Com uma longa discografia, seria praticamente impossível revisitar todos os discos em um show com duas horas de duração, então a banda fez um belo medley com as canções “Twilight of the Gods”, “Circle of the Witches” e “The Grave Dancer”, a primeira de Rheinghold e as duas últimas de Heart of Darkness. Após o medley, a banda executou uma das músicas mais épicas da sua carreira, a emotiva “The Last Supper”, do disco homônimo que narra os últimos momentos da vida de Jesus Cristo. Depois deste momento mais calmo, o peso voltou com força total na rápida “Excalibur”, outra favorita dos fãs, que se divertiam com uma espada inflável na pista e foram ao delírio quando a mesma foi empunhada pelo vocalista Chris Boltendhal e depois devolvida ao público. Anunciando o fim do show, a banda tocou “Knights of the Cross”, outro clássico acompanhado por todos os presentes, que entoavam “Murder! Murder!” a cada refrão, e enfim se despediu e se retirou do palco.
Jens Becker e Axel Ritt
Entretanto, se enganou quem realmente pensou que o show havia acabado. Após insistentes gritos de “Olé, olé, Digger, Digger!”, a banda voltou ao palco anunciando uma música mais antiga, do seu primeiro disco, Heavy Metal Breakdown. Enquanto muitos esperavam a faixa-título, que costuma encerrar os shows da banda, HP Katzenburg começou os primeiros acordes da balada “Yesterday”, que teve uma bela interpretação de Chris e o melhor solo de Axel na noite. Na sequência, mais dois clássicos, “Lionheart” e “Valhalla”, e a banda saiu do palco mais uma vez.
Contudo, nenhum show do Grave Digger estaria completo sem a faixa-título de seu primeiro disco. Assim, a banda voltou ao palco mais uma vez, e antes da música mais esperada da noite ainda, tocou mais uma, a épica “The Round Table”, de Excalibur. Ao fim desta, o guitarrista Axel Ritt começou um dos riffs mais conhecidos do heavy metal alemão (ainda que similar a diversos riffs de diversas bandas…) e a platéia explodiu mais uma vez ao som de “Heavy Metal Breakdown”. Com o fim da música, a banda agradeceu a presença de todos e se despediu, desta vez para valer.
Jens Becker e Chris Boltendhal
Em geral, a estreia do Grave Digger em solo carioca foi extremamente positiva, e mesmo que alguns álbuns fundamentais na discografia da banda não tenham sido incluídos no setlist (Witchunter, The Reaper, e, principalmente, o excelente The Grave Digger, de 2001), é muito improvável que algum fã tenha saído insatisfeito do show. Ainda que o novo guitarrista não seja uma unanimidade e que muitos tenham sentido falta de Manni Schmidt, a banda fez uma ótima apresentação, empolgando os presentes e deixando todos na expectativa de que ela volte a se apresentar por aqui no futuro.

Set List:

1. Days of Revenge (Intro)
2. Paid in Blood
3. The Dark of the Sun
4. Hammer of the Scots
5. The Bruce (The Lion King)
6. The Ballad of Mary (Queen of Scots)
7. Highland Farewell
8. Killing Time
9. Whom the Gods Love Die Young
10. Rebellion (The Clans Are Marching)
11. Ballad of a Hangman
12. Morgan Le Fay
13. Twilight of the Gods / Circle of the Witches / The Grave Dancer
14. The Last Supper
15. Excalibur
16. Knights of the Cross

17. Yesterday
18. Lionheart
19. Valhalla

20. The Round Table
21. Heavy Metal Breakdown

5 comentários sobre “Review Exclusivo: Grave Digger (Rio de Janeiro, 22 de Julho de 2011)

  1. Eu sei que vocês vão ficar putos da cara comigo, mas eu não consigo ficar sem estabelecer aquela velha comparação entre Grave Digger e Running Wild, pendendo sempre com grande força pro lado do Running Wild, especialmente por esse último sempre me soar mais divertido, mesmo quando tem pretensões mais épicas, algo que tem me afastado de muitas bandas de heavy metal. Mas não nego que o Grave Digger é sim bem legal, e a menção à falta de canções do álbum "The Grave Digger" foi pontual, especialmente a faixa-título, que justamente deixa de lado esse lado épico, e é diretaça!

  2. Infelizmente não fui a nenhuma show da tour, apesar de gostar bastante da banda…Mas gosto bastante do estilo do Axell, acho ele mais carismatico, mas as vezes ele ainda dá umas escorregadas, o manni era mais bem mais técnico.

  3. Sobre o último parágrafo da resenha, eu fui um dos retardados que saíram com a impressão de que poderia ter sido melhor hahuauhaaa.

    Digo, foi um show tecnicamente excelente, o repertório foi bem escolhido, mas, para nós cariocas que nunca havíamos tido a oportunidade de conferir o show dos caras, não ouvir clássicos de álbuns como os citados Witchhunter e The Ripper foi um duro golpe.

    Na saída ouvi alguns comentários de que pessoas que esperavam algo parecido com o 25 To Live. Não precisava chegar a tanto, só uma mudança aqui e outra acolá já seriam muito bem vindas.

    Mas no geral foi uma noite histórica pro Rio de Janeiro. Banda empolgada, som bom, evento organizado (algo raro por aqui) fizeram a alegria da rapaziada.

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