Foo Fighters – There Is Nothing Left To Lose [1999]

Foo Fighters – There Is Nothing Left To Lose [1999]

 

Por Davi Pascale

Em 2 de Novembro de 1999, o terceiro álbum do Foo Fighters chegou às lojas. Esse disco ajudou a consolidar o nome do grupo. A banda recebeu seu primeiro grammy, 3 hits foram criados, a popularidade crescia a cada instante. No entanto, nem tudo são flores. A história por trás desse álbum é bem conturbada. Vamos lá…

A confusão toda tem start já nos ensaios que os músicos marcaram para começar a criar o material do CD. “Não tínhamos nenhuma música, por isso conseguimos um espaço para ensaiar em Virginia, então todo mundo ia lá para tocar por uma ou duas semanas e para escrever, depois parava por um mês e voltávamos”, relembra Dave Grohl no livro This Is a Call. “Nesses ensaios, Taylor, Nate e eu, começamos a nos dar bem, começamos a tocar juntos, foi a primeira vez que nossa banda começou a parecer uma banda, com todos contribuindo (…). Mas Franz teve muita dificuldade para se encaixar no grupo. Estava com problemas para tocar e não conseguia se lembrar muito bem do que já tinha feito. Ele é um guitarrista muito bom, mas por algum motivo não estava se adaptando a nós”.

A banda tentou uma segunda, uma terceira vez, mas Franz Stahl não despontava. Depois de uma conversa entre os três, os músicos decidiram que deveriam gravar o álbum como um trio e depois ver alguém para sair em turnê. Franz era amigo de longa data de Dave Grohl, o conhecia desde antes da explosão do Nirvana e acabou não aceitando bem a demissão. Após receber um telefonema de Dave explicando sua decisão, o guitarrista ficou indignado, pegou um avião e foi bater na porta do cantor pedindo uma satisfação.

 

Banda no estúdio como trio.

 

A confusão não parou por aí. Antes mesmo de iniciarem as gravações do disco, o baixista Nate Mendel foi procurado por sua antiga banda, o Sunny Day Real State. Os músicos haviam resolvido os problemas do passado e estavam retornando à ativa. Os rapazes chamaram Nate de volta, mas impuseram uma condição: ele tinha que largar o Foo Fighters. E, para a surpresa geral da nação, ele o fez. “Fiquei puto! Acho que disse à ele: ‘Beleza, sabe de uma coisa? Você deve ligar para todo mundo para contar que está saindo. Eu vou encher a cara…’.”, relembrou Dave.

O arrependimento, contudo, veio rápido. No dia seguinte, Nate telefonou à Grohl pedindo desculpas e dizendo que queria voltar. O cantor o aceitou de volta e os trabalhos começaram. Para que as coisas fluíssem melhor, Dave decidiu que queria se manter longe dos badalos de Los Angeles e decidiu que iria gravar o disco no porão de sua casa, em Virginia. O músico comprou uma mesa de mixagem, uma máquina de 24 pistas, compressores, dez microfones, encheu as paredes de saco de dormir (para abafar o som) e começou o processo.

Em entrevista ao The Guardian, Dave relembrou dessa época com empolgação. “O modo que gravamos foi tão verdadeiro. Não usamos computadores, nada digital, nenhuma merda de auto-tuning. Tudo que é necessário são músicas que valham a pena serem escutadas, alguns amigos e uma direção”. Em um bate papo com a Kerrang, o músico relembrou do clima das gravações. “Tudo que fizemos foi comer chilli, beber whisky, cerveja e gravar quando achávamos que deveríamos. Quando escuto aquele disco, ele me leva de volta ao porão. Me lembro do cheiro… Lembro que era primavera, as janelas ficavam abertas e gravávamos os vocais até que o som dos pássaros começasse a reverberar nos microfones”.

The Colour And The Shape, o álbum anterior, havia sido um trabalho pesado. Dessa vez, os músicos quiseram fazer diferente e foram buscar inspiração nas músicas que escutavam quando saíam de carro, com seus pais, na década de 70. Foram buscar referências em artistas como Fleetwood Mac, Peter Frampton, Wings e Eagles. Ou seja, queriam fazer algo mais comercial e mais melódico. Essa era a direção do álbum e deu certo.

“Learn to Fly”, a primeira música de trabalho, foi lançada um mês antes do álbum e logo foi ao topo das paradas. Ainda hoje é uma das preferidas dos fãs. Aliás, ontem mesmo li uma notícia de que 4 músicas do Foo Fighters haviam retornado às paradas essa semana (muito, provavelmente, influenciado pelo show tributo ao Taylor Hawkins) e essa canção estava entre elas. Contudo, vale comentar que seu significado não é tão profundo quanto seus admiradores pensam. Em recente entrevista ao televisivo Kelly Clarkson Show, o compositor explicou que a letra não é uma metáfora, ela é literal. “Na época, queria ser piloto. Queria aprender a voar. É sobre isso que estou falando”.

 

Single de Learn to Fly.

 

Outras músicas que causaram barulho na época, foram o rock “Breakout”, onde é abordado, de modo bem-humorado, um relacionamento problemático, e a balada “Next Year”. “Generator” configura entre as favoritas dos fãs e costuma aparecer nos set lists. Contudo, uma de minhas favoritas, é a faixa de abertura, o lado b “Stacked Actors”, que conta com baixos distorcidos, mudanças de andamento e uma letra onde o cantor ataca pessoas falsas e pretensiosas. Em diversas ocasiões, Dave Grohl disse que essa música abordava sua visão sobre as celebridades de Hollywood e também sobre o modo que enxergava Courtney Love.

“M.IA.”, Gimme Stitches” e “Aurora” também se destacam. Em There Is Nothing Left To Lose, o músico demonstrou que tinha o dom para compor e que tinha confiança suficiente para enfrentar, como um trator, qualquer obstáculo que encontrasse pelo caminho. A ideia da capa do disco carregava um pouco desse simbolismo. Para quem não sabe, o pescoço que aparece na imagem com o logo do Foo Fighters é do próprio Dave Grohl. Era o modo dele dizer que haviam chegado para ficar. O disco que marcou a estreia de Taylor Hawkins não poderia ter sido melhor. Rock n roll com pegada comercial na dose certa, com repertório forte e marcante. Agora é torcer para que Dave encontre forças, mais uma vez, e retome as atividades em breve, iniciando um novo capítulo nessa história.

Faixas:

01) Stacked Actors

02) Breakout

03) Learn To Fly

04) Gimme Stitches

05) Generator

06) Aurora

07) Live-In Skin

08) Next Year

09) Headwires

10) Ain´t It The Life

11) M.I.A.

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