Direto do Forno: David Crosby – For Free [2021]

Direto do Forno: David Crosby – For Free [2021]

Por Daniel Benedetti

For Free é o oitavo álbum solo do lendário músico norte-americano David Crosby, lançado em julho de 2021 pelo selo Three Blind Mice/BMG e com produção de James Raymond. A capa, muito bonita, é obra de Joan Baez.

Aos 81 anos de idade, David Crosby não precisa provar mais nada a ninguém. Seu nome já se encontra imortalizado pelo trabalho que realizou nos Byrds e no incrível Crosby, Stills & Nash, só para início de conversa. No entanto, o veterano músico vem lançando seguidos bons trabalhos em carreira solo, sendo 5 deles apenas nos últimos 7 anos.

For Free é o mais recente. “River Rise” conta com a participação de Michael McDonald (Steely Dan e Doobie Brothers) enquanto “For Free” traz a cantora Sarah Jarosz. A musicalidade não traz nenhuma inovação – e nem precisaria – já que se trata de um músico octogenário e, conforme dito, com extensa contribuição musical. A sonoridade oscila por um Rock simples e melodioso, regado da sempre presente (e inquietante) levada Folk.

Talvez pela idade do músico, o maior apelo de For Free está em suas letras, que por várias faixas refletem sobre a impermanência da vida e sua temporariedade. A faixa “River Rise” traz versos como (‘Cause I could fall/ Like a tear/ Well, there’s nothing else I can do). Em “I Think I”, Crosby diz (All the thing you need to stay alive/ There’s no instructions and no map/ No secret way past the trap/ It’s so confusing, we keep losing our way). Claro, a referência mais óbvia é a bela “I Won’t Stay for Long”, a qual traz letras como (I don’t know if I’m dying or about to be born/ But I’d like to be with you today/ Yes, I’d like to be with you today).

Não se trata de um álbum conceitual, mas, independentemente do compositor, a temática da finitude da vida permeia todo trabalho. Este conteúdo semântico se casa perfeitamente com o senso melódico das canções, por vezes calmas e contemplativas, mas também dotadas de um profundo senso de melancolia. Tudo é construído de maneira muito simples, mas essencialmente tocante.

Entre as preferidas está a bela “I Think I”, com um refrão grudento e com um bom ‘jogo’ de vocais. A levada suave de “The Other Side of Midnight” também encanta e, claro, há a emocionante interpretação de Sarah Jarosz em “For Free”.

Portanto, recomenda-se que o leitor ouça For Free acompanhando as letras, tranquilamente, pois é um disco que pede para que seja não apenas ouvido, mas também ‘sentido’. Não há nada que aponte para que este seja o trabalho final de Crosby – e espera-se que não, claro – mas, se o for, é um final muito digno.

Faixas:

  1. River Rise (featuring Michael McDonald)
  2. I Think I
  3. The Other Side of Midnight
  4. Rodriguez for a Night
  5. Secret Dancer
  6. Ships in the Night
  7. For Free (featuring Sarah Jarosz)
  8. Boxes
  9. Shot at Me
  10. I Won’t Stay for Long

4 comentários sobre “Direto do Forno: David Crosby – For Free [2021]

  1. É impressionante o vigor de David Crosby nos últimos dez anos, considerando que ele tinha lançado apenas dois discos solo em 18 anos. E a voz dele continua impressionando pela clareza e potência. Tive o privilégio de assistir Crosby Stills & Nash ao vivo em 2012, e a voz dele reinava soberana sobre a dos demais – isso que a banda contava com bons cantores de apoio, como o baterista Steve DiStanislao e o próprio James Raymond.

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