Melhores de Todos os Tempos: Anos 2010

Melhores de Todos os Tempos: Anos 2010

Por Mairon Machado

Com Anderson Godinho, André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Fernando Bueno, Libia Brigido, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues

Estamos encerrando nossas lista de Melhores de Todos os Tempos. Começamos lá em 2013, quando trouxemos a lista de Melhores de 1963. Desde então, viemos ano após ano, década após década, elegendo os discos que considerávamos os dez melhores, além daqueles que os consultores consideraram que faltaram entre os Melhores e os Dez Mais Nacionais de cada década. Em todas as listas, sempre houveram polêmicas, comentários ácidos e claro, muita diversão e aprendizado para os participantes, além de uma interação grandiosa com você, leitor da Consultoria. Infelizmente, o famoso Uol Incident impactou na perda dos comentários das listas até 1991, mas continuamos firmes e fortes a partir de 1992, e fizemos as nossas listas de Melhores até 2010, ano em que Blood of Nations foi eleito o melhor disco daquele ano.

O álbum do Accept também está encabeçando nossa lista dos anos 2010, a qual foi a mais complexa de se montar. O Uol Incident também levou nossas muitas listas de Melhores do Ano que elaboramos nos anos de 2013 e 2014. A partir de 2017, não fizemos mais as listas de Melhores do Ano global, apenas as individuais, e então, chegamos na conclusão que nossas opções para voto nos anos 2010 deveriam ser aqueles eleitos nas listas gerais, mais os das listas individuais dos anos em que não houveram listas gerais (com exceção de 2013 e 2014, onde conseguimos, por e-mails e buscas em sites distintos, encontrar algumas listas individuais de 2013 e 2014) e os discos da lista de Melhores Brasileiros dos Anos 2000.

Com mais de 200 discos para serem escolhidos, Blood of Nations encabeçou  a lista com vantagem sobre os demais. O pódio foi completado pelas grandes revelações da década passada, advindos da Suécia: Blues Pills e Ghost. Os Dinossauros Black Sabbath, Judas Priest, Rush e David Bowie uniram-se aos veteranos do Black Country Communion, super grupo novidade dos anos 2000, mas com gigantes do rock das décadas de 70, 80 e 90. Fecham nossa lista os brasileiros do Quaterna Réquiem e o grandioso trabalho do Foo Fighters na década. O que você achou dessa lista, e quais os seus melhores? Os comentários estão à disposição para elogiar, malhar, mas principalmente, sabermos sua opinião.

Lembrando que a pontuação é baseada no sistema da Fórmula 1, com a adição de 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça de um álbum com mais citações não entrar em detrimento de outro com menos citações. E também que infelizmente dois consultores estão com COVID-19, e infelizmente, não conseguiram enviar os comentários há tempo. Mas assim que se recuperarem, iremos colocar os comentários. Todos nós da Consultoria estimamos melhoras aos colegas, bem como os familiares, e que em breve possam estar novamente contribuindo conosco.

A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 2010 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e os álbuns individuais das listas de 2014, 2017, 2018 e 2019. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.


Accept – Blood of the Nations [2010] (55 pontos)

Anderson: Não sou um fã do Accept, muito em função dos timbres de seu vocalista. Heresia? Talvez… Em relação ao álbum, obviamente não coloquei entre os 10, se quer perto disso. Porém, acredito que é coerente ele estar por aqui (mas não em primeiro). Com um heavy metal muito sólido o disco é nivelado por cima com quase nenhum momento aquém. É um play que apesar de longo vale a pena ser ouvido de ponta a ponta. Gosto bastante da faixa título, de “Shades of Death” e “Rollin’ Thunder”.

André: Um ótimo heavy tradicional com alguns momentos hard rock é o que este excelente disco do Accept tem a oferecer. Grandes riffs, um vocal incrível de Mark Tornillo e a sempre precisa cozinha de baixo e bateria de Baltes e Schwarzmann, além de canções divertidas e empolgantes. Nada de muitas “novidades” por aqui, apenas um grande disco de heavy metal.

Daniel:

Davi: Está aí uma banda que voltou com dignidade. Não botava muita fé no Accept sem a presença de Udo Dirkschneider e lembro que quebrei a cara bonito. A voz de Mark Tornillo se encaixou como uma luva no som do grupo alemão. A sonoridade, contudo, não traz tanta inovação. Heavy metal direto, pesado, com riffs ganchudos, vocais cortantes. Aqueles backings em coro que eles amam fazer estão presentes no álbum. O repertório é bom. “Teutanic Terror” tem tudo para se tornar um clássico em um futuro próximo. “Rolling Thunder”, “New World Comin´”, “Locked and Loaded” e “Bucket Full of Hate” também fazem bonito. Não coloco ele no mesmo nível de um Restless & Wild, de um Balls To The Wall ou de um Metal Heart, mas está um pouco acima da média do que a galera vem entregando atualmente.

Fernando:

Libia: Em sua estreia, Mark Tornillo surpreendeu muitos fãs com a sua originalidade. No auge do século XXI nasceu esse clássico, que foi um divisor de águas. E assim, a banda pôde seguir em frente sem depender apenas do passado.
Desde as notas de abertura da faixa “Beat the Bastards” podemos concluir que este é um dos álbuns mais pesados da discografia do Accept. Essa fase me lembrou o Judas Priest no lançamento do Painkiller, ao mostrar que havia muita vida em suas veias. A banda manteve a sua essência de forma inovadora.

Mairon: Belo disco de Heavy Metal. Os vocais de Mark Tornillo lembram um pouco o de UDO, mas me parecem menos gritados, o que causa uma boa sensação aos ouvidos. Blood of the Nations começa lá em cima, com o pique de “Beat the Bastards”, mantendo o mesmo pique em “Locked and Loaded” e “Rolling Thunder”, faixas que me remetem muito ao Judas do início dos anos 70, principalmente pelas guitarras de Wolf Hoffmann e Herman Frank. Curti o peso de “Teutonic Terror” e “Time Machine”, e destaco como melhores faixas a sombria “Shades of Death”, a poderosa e imponente “Bucket Full of Hate” e a surpreendente balada “Kill the Pain”. “Pandemic”, “The Abyss” e “N Shelter” são faixas que ficaram num meio termo de gostar ou não. O disco peca por ser longo, e ter coisas desnecessárias como a própria faixa-título e a oitentista farofa de “New World Comin'”, cuja introdução até que é boazinha. Foi eleito o Melhor de 2010 aqui no site, o que acho um exagero, e sua presença aqui nos dez mais para mim não é justificada, ainda mais em primeiro lugar. Enfim, ócios do ofício …

Micael: O Accept é uma das várias bandas alemãs de heavy metal a qual nunca dei muita atenção. São competentes, tocam bem, tem boas músicas, mas me soam muito genéricos em relação aos demais grupos do estilo no mundo. Os vocais do baixinho Udo Dirkschneider poderiam ser um diferencial, mas nunca me atraíram o bastante para fazer eu me “ligar” ao grupo. Aí, depois de algumas idas e vindas, ele saiu de vez da turma, que achou no americano Mark Tornillo um novo frontman, lançou alguns álbuns aclamados pelos fãs, e, pelo que acompanho, hoje goza de um prestígio quase igual (ou até superior) ao da época de clássicos como Restless and Wild ou Balls to the Wall. Este disco é o começo desta retomada, e tem algumas músicas interessantes, como a faixa título, a abertura com “Beat the Bastards” e as mais cadenciadas “Teutonic Terror” e “New World Comin'” (todas, inclusive as não citadas, um pouco mais longas do que eu gostaria que fossem). Mas, para mim, soa tudo muito igual a outras dezenas (ou centenas) de álbuns de metal clássico lançados pelo mundo a cada ano, mesmo em época de pandemia mundial (até a “baladinha pesada obrigatória” aparece, na forma de “Kill the Pain”) … Se este é o melhor disco gravado nesta década abordada, então a mesma foi, musicalmente, muito fraca mesmo… e acho que realmente foi fraca, sim… infelizmente…

Ronaldo: Apesar de carregar esse nome desde os anos 70, o Accept dos anos recentes é uma banda com uma formação bem diferente. O estilo, continuou, bem fiel a identidade construída nos anos 80, com um rock pesado situado na fronteira do hard-rock com o heavy metal. O disco todo tem bons riffs e creio que retrate bem a revigoração dessa linhage, clássica do rock nos anos 2010.


Blues Pills – Blues Pills [2014] (46 pontos)

Anderson: O som do Blue Pills é sensacional, é incrível como volta e meia surgem bandas que não fazem quase nada de revolucionário mas conseguem encaixar velhas ideias em roupagens novas sem soar repetitivo ou cansativo. O Blue Pills traz um som que volta lá para as raízes do Rock e Hard Rock, trazem blues, psicodelia, rock and roll tudo muito bem orquestrado. Nesse seu debut, a banda começa forte com três músicas mais rápidas e que em determinado momento incorporam levadas instrumentais atmosféricas. Em um segundo momento apresentam mais melodia com “Black Smoke” e “No Hope Left to Me”, ambas muito bonitas. Ainda poderia falar da ótima “Devil Man” e da baladíssima “Little Sun” que também são destaques. De modo geral foi um belo trabalho de estreia!

André: Já olhei um tanto de boca torta para o hype em cima dessa banda na época do lançamento desse disco, mas a banda acabou me fisgando com o tempo. Tirando Elin Larsson como vocalista (infelizmente com poucas mulheres cantando esses blues rock psicodélico, me remetendo mais a Janis Joplin e, vagamente, Grace Slick), a sonoridade alude as bandas hipsters do ácido do final dos anos 60 com uma produção mais moderna. Embora eu não considere o disco desses suecos como “novidade’, não há como negar que a execução foi excelente e as faixas cativam tais como “Ain’t no Change” e a grooveada “Astralplane”. Eles tem bom gosto e uma qualidade que muito me fascinam nesse admirável álbum.

Daniel:

Davi: Uma das bandas mais bacanas que surgiram nos últimos tempos. Tendo à sua frente a gatinha Elin Larsson, os suecos apresentam um som calcado no rock do final dos anos 60, início dos anos 70, misturando uma dose de psicodelia em seu blues rock. A voz de Elin é espetacular, outro que se destaca é o guitarrista Dorian Sorriaux que mostra bom gosto tanto nos timbres, quanto na criação dos solos. “High Class Woman” é uma canção que daqui alguns anos deve ser vista como um clássico. Não tinha como o álbum começar melhor. Destacaria ainda “No Hope Left For Me”, “Devil Man”, “Ain´t No Change” e a releitura que fizeram de “Gypsy”, clássico que ficou conhecida na voz do rei do twist, Chubby Checker. Quem se surpreendeu com o disco, faça o favor de ouvir Lady in Gold, que é ainda melhor do que esse.

Fernando:

Libia: Não tinha conhecimento dessa banda! Então fui pesquisar mais sobre e vi que são da Suécia e com boa carga de Blues Rock. Soma de duas coisas muito positivas, pois independente de estilo, nunca ouvi algo fraco que venha da Suécia, principalmente nos dias de hoje e ainda fazendo um som que viaja lá para os anos 60 e 70 sem copiar nada, sendo autênticos. A cantora é excelente e com um poder absurdo, complementada pela impressionante musicalidade de seus companheiros de banda, incluindo um tremendo trabalho de guitarra e solos. Maravilhosa descoberta.

Mairon: Esse disco marcou época, e pior que já fazem sete anos. Como o tempo passa … O vozeirão de Elin Larsson assombrou aos roqueiros com suas pitadas de Janis Joplin, que rasga a garganta como as grandes do estilo, uma cozinha maravilhosa e um guitarrista de mão cheia, esse quarteto sueco ficou apelidado de O Novo Led Zeppelin, o que acho um exagero, já que o som dos caras é bem diferente. Confira por exemplo as baladaças “Little Sun” e “River”, e diga se não parece algo advindo da Califórnia sessentista? Mas no geral, o que eles fazem nesse fantástico álbum de estreia, com uma das capas mais belas deste século, é fantástico. “High Class Woman” e “”Ain’t No Change” são os aperitivos para um discão, reproduzidos posteriormente na paulada “Devil Man”. Cara, o que essa mulher canta é fora de série. Blues Pills passeia pelo final dos anos 60 e início dos anos 70 como as grandes (e obscuras) bandas do hard rock daquela época, trazendo aquele riff grudento da guitarra (“Astralplane”), viajantes canções (“Gypsy (Ernest Evans)” e “Jupiter”), e linhas blues encantadoras (“No Hope Left For Me”). Se você não sentir um frio na espinha com a introdução de “Black Smoke”, e conseguir segurar as pernas para não pular pela casa com a evolução da canção, você não é um ser humano. Discaço!

Micael: Este primeiro disco completo do Blues Pills, lançado em 2014, não trouxe nenhuma reinvenção nem uma nova “guinada” na música mundial. Mas o blues rock setentista dos suecos era extremamente bem tocado, composto e cativante, além de contar com o diferencial da voz de Elin Larsson, uma loiraça que canta pacas e coloca soul e emoção em cada frase que exprime. Todas as faixas (que variam entre mais velozes e mais calmas, mais diretas ou mais emotivas, mais trabalhadas ou mais simples) são recomendáveis para audição, mas, inegavelmente, “High Class Woman”, “River”, a cover para “Gypsy” (originalmente gravada pelo cantor Chubby Checker) e “Devil Man” (o trabalho vocal de Elin nas versões ao vivo desta faixa lançadas posteriormente pela banda é impressionante) acabam se destacando. Extremamente recomendável, bem como o restante da discografia da banda! Ouça!

Ronaldo: No movimento de resgate de algumas vertentes do rock de décadas passadas – no caso o hard/blues-rock setentista – o Blues Pills pode ser eleito com justiça um de seus mais icônicos representantes. Além das qualidades esperadas para o estilo – bons solos de guitarra e uma cozinha capaz de oferecer groove, o Blues Pills se distingue pela sensacional vocalista Elin Larsson, que rouba a cena. As músicas são empolgantes e não são meras sequências de riffs – são um encadeamento de boas ideias com início, meio e fim.


Ghost – Opus Eponymous [2012] (44 pontos)

Anderson: Lembro bem quando começaram os comentários referentes a banda e ao Opus Eponymous. Demorei alguns anos para ouvir, mas foi na hora certa. Na minha primeira escuta já senti uma boa influência de Blue Öyster Cult e de cara peguei simpatia pela banda. Ghost parece ser uma mistura de rock psicodélico, blues, rock ‘n roll tradicional e heavy metal. Nesse lançamento a banda mostra toda a sua diversidade musical, principalmente na “Ritual”, onde versos têm um propósito musical e o refrão é bastante memorável. Álbum sólido e com uma qualidade que não soa artificial.

André: Sem me alongar, tenho a mesma opinião de sempre em relação a eles: banda superestimada. Não fosse o marketing em cima do visual e das temáticas, duvido muito que a banda sairia das profundezas obscuras do underground, que possui muitas outras bandas com uma sonoridade parecida, mas muito melhores. Anotem aí: Merlin e King Buffalo, para ficar só em duas.

Daniel:

Davi: A primeira vez que ouvi algo dessa banda foi em um daqueles CDs que acompanham a Classic Rock Magazine. Me surpreendeu o auê que começaram a fazer em cima do grupo e acabei comprando o CD, assim que foi lançado por aqui. Lembro de um depoimento, acho que do Kerry King (o guitarrista do Slayer) dizendo que a imagem era mais legal do que o som. E essa foi a sensação de muitos ouvintes, na época. Por conta do visual, muitos esperavam um som porrada, agressivo e não é muito por aí. O som deles usa bastante referência de anos 70 e por trás das vocalizações fantasmagóricas de Papa Emeritus há um enorme acento pop. Não há como negar, contudo, que fizeram algo diferente daquilo que estava acontecendo naquele momento. Musicalmente, o disco é bom. Para mim, os melhores momentos estão no início do disco. Mais precisamente em “Clave Con Dio”, “Ritual” e “Elizabeth”. Agora, que poderia ter um pouco mais de peso nessas guitarras e nessa bateria, poderia. De todo modo, foi um trabalho marcante na ocasião e essa foi a razão que me levou a inclui-lo na lista.

Fernando:

Libia: Mais um debut na lista, dessa vez o Ghost com sua proposta teatral e espalhafatosa retomando grandes momentos do rock. Com um hard rock/heavy metal a banda abraça o doom para fazer um som muito gostoso de ouvir. Acredito que não é o melhor álbum da banda e contesto sua presença por aqui, outros trabalhos como Kreator ou Testament poderiam entrar no seu lugar, quem sabe. Porém está longe de ser um trabalho ruim ou mesmo regular. É com certeza acima da média e o seu significado e reconhecimento o fazem entrar para essa lista.

Mairon: Quando do seu lançamento, eu fui o responsável pela resenha de Opus Eponymous aqui no site. Os suecos ainda eram uns desconhecidos por aqui. Pouco se sabia sobre a banda, e eu confesso que esperava muito mais da audição, mas acabei curtindo. Tive o CD por um bom tempo, mas quase nunca o ouvia, e acabei me desfazendo. Ouvindo para essa edição, fica a sensação de que a propaganda realmente é a alma do negócio. Quando o melhor de tudo é a vinheta inicial do álbum, alguma coisa está com problemas. Vejo no vocal de Papa Emeritus o principal. Falta potência, falta um K de King Diamond por detrás de um instrumental até interessante. Gosto do baixo de “Con Clavi Con Dio”, da rifferama de “Elizabeth” e da reta final, com a pesada “Death Knell”, que lembra muito Black Sabbath, e a sensacional “Genesis”, não por acaso a melhor do disco, já que é toda instrumental, e com um trecho de violão flamenco lindíssimo ao final. É um bom disco analisando hoje, que tem sua importância por trazer uma banda que muitos acabaram seguindo, mas acho que é muito superestimado.

Micael: Em termos de marketing, poucas bandas foram tão bem-sucedidas neste século quanto o Ghost. Se musicalmente a sonoridade dos suecos não é nada tão inovador assim (para mim, sempre soou como uma mistura de Mercyful Fate com Blue Öyster Cult e um pouco de ABBA e pop oitentista), o fato de não se saber (pelo menos no começo) quem eram os componentes da formação, os uniformes iguais dos músicos, a caracterização de “papa malvado” do vocalista (e sua performance de palco), tudo isto contribuiu para explodir o nome do grupo no mundo do heavy metal. Se com o tempo a música do Ghost foi ficando cada vez mais pop (e popular, ganhando inclusive um grammy), esta estreia ainda é para mim o melhor registro dos caras, adotando um estilo denominado pela imprensa como “occult rock”, com letras satânicas para assustar criancinhas e composições que caem muito bem aos meus ouvidos, ainda hoje em dia. Faixas como “Con Clavi Con Dio”, “Ritual”, “Elizabeth” ou a instrumental “Genesis” viraram “clássicos” para quem curte o Ghost, e, mesmo com muitos detratores ao longo do caminho, Tobias Forge e seus contratados só fizeram crescer desde então, ao meu ver, merecidamente, pois é uma das poucas bandas desta nova geração que ainda não deu nenhuma bola fora, musicalmente ao menos. Uma das presenças obrigatórias nesta lista, fico feliz que entrou!

Ronaldo: Além das qualidades advindas do aspecto musical, o Ghost investiu em algo que as bandas no geral tem deixado um pouco de lado, que é o lado “espetáculo” da coisa toda, algo que o pop e o rap investem maciçamente. A linguagem da cultura nos últimos anos é excessivamente visual – logo, uma boa banda que sabe trazer algo inusitado nesse sentido, como foi o caso do Ghost, suas máscaras e pseudônimos, chamou a atenção do público roqueiro. No aspecto musical, o Ghost se situa também como um representante bastante respeitável dos movimentos de resgate do rock de décadas passadas, tratando do filão do heavy metal tradicional com temática ocultista. Ainda que seu som não soe original, as composições são boas e os vocais cativantes, trazendo até algum acento “pop” em certos momentos.


Foo Fighters – Wasting Light [2011] (39 pontos)

Anderson: Primeiro de tudo, vamos pensar em quantas bandas de rock surgidas nos anos 90 (mas que se consolida mundialmente nos anos 2000) são capazes de encher um estádio atualmente? Esse fato coloca o Foo Fighters em evidência. Obviamente que falamos de uma banda do mainstream que possui uma articulação midiática enorme, mas não é só isso, pelo contrário, os caras são bons. O play em questão, por exemplo, é algo memorável na discografia da banda, a quantidade de músicas que alcançaram patamares elevados e ganharam prêmios por aí é bem representativa. Particularmente não consigo encontrar um ponto baixo que descredencie o material. Primeiríssima qualidade que, reza lenda, fora gravado com equipamentos analógicos. Merece estar aqui com certeza!

André: Também sem me alongar muito, nunca gostei desse rock insosso de Grohl e companhia sempre com o pé enfiado naquele comercialismo xaropento comum nos anos 90. E aqui é a mesma coisa de sempre. Não vou negar que ele sabe fisgar quem gosta desse estilo, mas se isso nunca me agradou quando eu era adolescente, muito menos isso ocorrerá agora depois dos trinta.

Daniel:

Davi: Uma das bandas mais bacanas da atualidade. A galera pode até reclamar e tentar diminuir os caras dizendo que é banda de FM, modinha, aquele velho discurso clichê, demodê, pau molenga, mas a realidade é que os caras sabem compor. Está tudo na dose certa. Refrão pegajoso, sem ser pasteurizado, bons riffs, bom trabalho de bateria, melodias vocais bacanas, gravação de ótima qualidade. Wasting Light é certamente um dos álbuns mais fortes de sua (boa) discografia. Apenas uma música dispensável (na minha opinião, “A Matter of Time”). “White Limo” resgata a pegada alternativa do debut e agrada os fãs das antigas, mas os grandes momentos mesmo ficam por conta de “Rope”, “Dear Rosemary”, “Arlandria”, “These Days” e “Walk”, que contam com melodias contagiantes. “Burning Bridges” também tem um riff bem bacana. Já prevejo chororô, mas é um belo disco, sim.

Fernando:

Libia: Banda bem comentada e conhecida para muitos, mas não fazia parte do meu repertório habitual. Porém, sempre tive uma curiosidade de ouvir algum álbum inteiro. Não me pegou muito inicialmente, mas depois fui entendendo melhor o som da banda. Achei interessante o fato do Butch Vig estar presente, pois produziu uns clássicos do Nirvana e Sonic Youth! E o fato do álbum ter sido gravado na garagem do Dave Grohl, claro que a garagem dele é de um nível que nem consigo imaginar, está fora da minha realidade. Sinto que preciso ouvir mais, porém de cara podemos notar que é um álbum empolgante. Os riffs já chamam atenção logo nas primeiras faixas.

Mairon: Quando esse disco foi eleito em 2011, eu não o ouvi, e nem me animei a ouvir. Hoje, mais responsável perante o site, ouvi o sétimo álbum do Foo Fighter, e me surpreendi até. Conheço o Foo Fighters ali do fim dos anos 90, mais precisamente o disco There Is Nothing Left to Lose, que tocou bastante nas rádios, e acabei enjoando pacas. E Wasting Light até que não é tão ruim. Gostei da balada punk “Dear Rosemary” e da pegada de “Back & Forth”. Também curti “Better Off”, que é uma bônus da versão deluxe, principalmente pelos seus riffs anos 60 mesclados com bastante peso. Dave Grohl continua mandando refrãos grudentos (“Arlandria”, “Bridge Burning” e “These Days”) e trazendo modernidades nos riffs e nos vocais (“A Matter of Time”, “Rope”,”Miss the Misery” e “White Limo”). Já conhecia “Walk”, famosíssima, e muito fraquinha na minha opinião, assim como não curti mesmo a choradeira de “I Should Have Known”. O disco me soou bem anos 90, e acho que está longe de ser um dos melhores da década passada, mas é bem interessante sim.

Micael: Em 2018, fui em um show do Foo Fighters em Porto Alegre, com abertura do Queens of the Stone Age (banda que já teve Dave Grohl, líder do FF, na bateria). Não porque eu gostasse da banda, mas em respeito à história de Dave, não só com o Nirvana, mas com o Scream, o Them Crooked Vultures, ou o seu excelente “projeto-de-um-disco-só-infelizmente” Probot, todos grupos muito mais legais que sua banda principal. Quando olhei o track list deste Wasting Light na internet, o único nome que reconheci foi o da faixa “These Days” (que, no final, nem lembrava de já ter ouvido – devo ter confundido com a faixa homônima do Bon Jovi, não sei), e, após quase 50 minutos de audição (segundo a wikipedia), descobri que tinha perdido quase uma hora do meu tempo. Não é o tipo de som para mim, este popzinho sem vergonha, semi-pesado e infanto-juvenil, tentando soar meio punk/meio metalzinho, mas feito por tiozões que ainda se acham adolescentes, e que me faz ter um pouco de vergonha alheia dos caras, além de pensar como Dave pode ser tão genial em seus outros projetos, e fazer este sonzinho tão inofensivo e mequetrefe com sua banda principal (e ainda ser um dos maiores grupos de rock da atualidade, vejam vocês) … talvez alguma das músicas deste disco tenha rolado naquele show de 2018, mas não tenho certeza, e, honestamente, nem me importo. Não foi um show tão marcante assim na minha vida, e o mesmo pode ser dito deste disco. Próximo…

Ronaldo: Não entendo a necessidade de três guitarras para esse tipo de som executado pelo Foo Fighters, que em suma é um pop-punk esquentado. É inegável que existem boas melodias em Wasting Lights – Dave Grohl é um compositor de mérito – bem como arranjos que visam extrair boas ideias do conjunto das três guitarras. Mas ainda sim soa como muita energia e empolgação para pouca música e o Foo Fighters, mesmo passado muitos anos de seu estouro, ainda soa adolescente. Uma coisa reconheço: no estilo que praticam, o reinado do Foo Fighters é absoluto.


Rush – Clockwork Angels [2012] (39 pontos)

Anderson: Esse disco para mim é emocionante, acredito que daqui a algum tempo ele vai galgar posições dentre a discografia da banda quando os resenhistas resolverem ouvi-lo novamente com mais carinho. O disco e sua história, que inclusive virou livro, começa muito bem com “Caravan”, “BU2B” e “Clockwork Angels”, sendo esta última algo maravilhoso que vem numa crescente muito empolgante. Uma vez introduzida a ideia, surge o quarto e vibrante som “The Anarchist” que mantém o álbum onde “Clockwork Angels” terminou, para depois começar uma fase mais cadenciada e melódica que tem seu ápice em “Halo Effect”, uma baita balada, e com a lindíssima “The Wreckers” com um ritmo mais intenso. Na parte final temos uma acelerada, mas, que termina com, em minha opinião, a música mais bonita do disco e quiçá da década: “The Garden”. Esse som fecha o álbum e a carreira do Rush com uma harmonia maravilhosa e com uma letra muito bonita! Acredito que de modo geral as músicas são mais objetivas e melódicas reduzindo aquela atmosfera típica da fase mais prog da banda. Pra mim esse foi o álbum mais completo que ouvi nesse período que estamos avaliando e acabou se tornando mais significativo com o falecimento de Neil Peart.

André: Mais um disco que na época encheram a bola e eu nunca vi razões para isso. Talvez seja o disco de mais peso deles. Mas é justamente esse aspecto que considero como um defeito. A banda fica muito ali numa espécie de “proto-metal” que para mim soa até maçante. Pelo jeito pegaram um pedal overdrive e aumentaram até quase no fim mas que não soasse “metal o suficiente”. Porra, pegasse então um pedal distortion e uma afinação mais baixa e fincasse o pé de uma vez. Sei lá, eu gosto de um Rush melódico com momentos de grande técnica e não essas músicas “feijão com arroz” que não se decidem se são rock ou metal. A meu ver, um disco mediano em seus melhores momentos.

Daniel:

Davi: Rush não tem erro. Até quando é ruim, é bom. Banda formada somente por músicos de ponta e que criou álbuns antológicos. Sério, um roqueiro que nunca ouviu um Fly By Night, um Moving Pictures, um Hemispheres, precisa rever seus conceitos urgente. Clockwork Angels é um álbum conceitual, mas não tem uma música tão longa quanto (a genial) “2112”, por exemplo. Fator celebrado por alguns e lamentado por outros. As canções estão tudo girando ali entre 3 e 7 minutos. As guitarras estão bem na cara e com um overdrive um pouco acentuado, o que faz com que as pessoas comparem à trabalhos como Snakes & Arrows ou Counterparts. Geddy Lee estava com a voz em dia, os músicos continuavam extremamente criativos e nos brindam aqui com canções belíssimas como “Seven Cities of Gold”, “Headlong Flight”, “BU2B”, “Wish Them Well”, além da excelente faixa de abertura “Caravan”. Belíssima lembrança e justíssima aparição.

Fernando:

Libia: Esse álbum foi uma despedida que nem imaginávamos em seu lançamento. Mas Clockwork Angels é maravilhoso, sendo um dos melhores da sua carreira, a banda encerrou com estilo. “The Wreckers” tem um refrão forte e uma linda melodia. “The Garden” finaliza o álbum de forma emocionante, nela temos um dos melhores solos do Alex Lifeson. São as minhas favoritas. RUSH nos faz ir longe, além da música. Para apreciar um álbum do Rush, você tem que ouvi-lo. E ouça muito. Esse álbum é daqueles que fica, assim como seus outros lançamentos, cada vez que você tira da prateleira ele lhe mostra algo diferente, uma nova perspectiva.

Mairon: Confesso que depois de ver Rush o em 2010, me decepcionei tanto com Geddy Lee e Neil Peart que não dei muita bola para Clockwork Angels em 2012. Como disse na lista de Melhores daquele ano, as primeiras audições são difícieis, mas depois entendemos o quanto a obra que o Rush entregou para o fã é boa. Esse álbum conceitual segue o que o Rush vinha apresentando em álbuns como Test For Echo e Vapor Trails, e sem os acústicos momentos de Snakes & Arrows, relegadas apenas a pequenos trechos de “The Garden” e “Halo Effect”, que apresentam bonitas orquestrações. Gosto muito dos momentos instrumentais, principalmente em “Caravan”, “Seven Cities of Gold” e “Headlong Flight” (essa o solo é quase um “By-Tor & Snow Dog”), minhas favoritas, onde Alex Lifeson (para o mim o guitarrista mais subestimado da história, junto com Rik Emmett), e Geddy Lee fazem suas habituais estripulias que dão nó no cérebro de qualquer apreciador de música. Neil Peart ainda mostra que em estúdio tinha o domínio do seu kit como poucos, principalmente na faixa-título e em “Wish Them Well”. Orquestrações surgem na bonita “The Wreckers” Faixas como “BU2B” e “The Anarchist”, caíram rápido no gosto da gurizada, enquanto outras como “Carnies” e “BU2B2” quase nem são lembradas pelos fãs. O livro que saiu meses depois é muito bom, mas peca em seu fim (ao menos para mim). É um bom disco, e além de ser uma homenagem para uma das maiores bandas da história, fica a sensação estranha de que seus melhores álbuns não apareceram por essas listas dos Melhores dos Melhores, mas que mesmo com quase 40 anos de carreira, os caras ainda tinham lenha para queimar em estúdio, por que ao vivo, tava complicado.

Micael: Curioso que discos melhores do Rush não entraram nestas listas, mas pelo menos seu último registro deixou o nome da banda em pelo uma de nossas publicações de “melhores”. Clockwork Angels é um disco conceitual com uma história que quase ninguém entendeu, e que não ficou tão mais clara assim quando saiu o livro de mesmo nome um tempo depois (sobre o qual até já cheguei a escrever aqui no site), mas, musicalmente, é um álbum muito bom, sendo o melhor registro dos canadenses, pelo menos para mim, desde Counterparts, de 1993. Precedido por um single excelente, com as faixas “Caravan” e “BU2B”, a expectativa para ouvir o disco inteiro foi grande de minha parte, e o álbum não me decepcionou. A faixa título, “The Anarchist”, “Wish Them Well” e o encerramento com “The Garden” possuíam potencial para se tornar, com o tempo, clássicos da banda, mas, infelizmente, o grupo encerrou as atividades pouco depois da turnê de promoção, e o falecimento de Neil Peart ano passado tirou para sempre a esperança dos fãs de um retorno do trio. Ao menos ficou a história e a longa carreira do Rush, que encerrou (em estúdio) com este álbum, em um final, ao meu ver, bastante digno. Mais uma presença merecida nesta lista!

Ronaldo: O Rush é um grupo de músicos muito inteligentes e criativos. Clockwork Angels traz um conjunto de boas ideias e situam o Rush na contemporaneidade. É interesse ouví-los ao longo das décadas, nas quais seu estilo foi aplicado com diferentes graus de sucesso, ao espírito das épocas e esse álbum acerta nesse quesito. Seja pela sonoridade, pela construção dos riffs ou pela forma como Neil Peart conduz suas levadas, é possível ouvir o Rush tendo algum elo de ligação com o prog-metal (ainda que sem o peso deste), o post-rock e o math-rock. Rush bem aplicado aos anos 2010.


Black Country Communion – Black Country Communion [2010] (36 pontos)

Anderson: Uma superbanda como essa fala por si só e merece destaque. Um line-up com Glenn Hughes, Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian é de ficar boquiaberto. O projeto, encabeçado por Hughes e Bonamassa, é realmente algo para degustar com calma e atenção. Você encontrará o melhor dos anos 70 com momentos mais agressivos, mais cadenciados, um toque de progressivo, boas doses de blues… Trata-se de um Hard Rock da melhor qualidade.

André: Fiquei feliz após o anúncio de retorno do grupo após alguns poucos anos de encerramento. São quatro caras de grande reconhecimento no mundo da música que criaram discos muito bons em resgatar aquele hard rock bem do início dos anos 70 com grande influência do blues. Deveriam parar de se estranhar e prepararem mais discos para esta década de 20. Destaques deste disco são “The Great Divide” (baixo e guitarras na intro são excelentes) e “Song of Yesterday” (com uma mistura de peso e delicadeza maravilhosa).

Daniel:

Davi: Black Country Communion é um supergroup formado por Glenn Hughes (baixo, voz), Joe Bonamassa (guitarra, voz), Derek Sherinian (teclados) e Jason Bonham (bateria). Não vou perder meu tempo dizendo da qualidade dos músicos e do trabalho vocal porque isso é chover no molhado. Todo mundo aqui já é macaco velho, sabe exatamente o que está fazendo. Logo, os arranjos são donos de uma excelência fora do comum. A sonoridade do grupo é um hard rock setentista com grande influências de blues e soul. Quem curte a carreira solo do Glenn Hughes, certamente vai amar o álbum, não é muito distante. O repertório é forte e traz pérolas (no melhor sentido da expressão) como “One Last Soul”, “The Great Divide”, “Beggarman”, “Stand (At The The Burning Free)” e “Sista Jane”. Belo disco…

Fernando:

Libia: Esse álbum é tão impressionante que é difícil comentar sobre. Temos aqui um dos melhores times de músicos, dessa forma, as expectativas de sair algo fenomenal foi atendida em 2010. Glenn Hughes está pegando fogo, com a voz melhor do que nunca (sou suspeita em falar isso). Joe Bonamassa botou a mão na massa (não resisti ao trocadilho!). “Song of Yesterday” é uma das músicas que mais escutei na vida, até a evito as vezes, porque é certo escutar a semana inteira. O disco é longo, mas na minha opinião é fácil de escutar inteiro sem grandes incômodos.

Mairon: Esse disco quando surgiu, foi revolucionário. Um supergrupo que uniu Glenn Hughes, Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian, e que deu certo. Ouvir de cara a paulada “Black Country” criava expectativas diversas. Glenn Hughes nunca tinha tocado algo tão pesado e veloz assim. Com o decorrer do álbum, vemos que a expectativa por um disco pesado cai por terra, mas o que temos é um ótimo disco que une os talentos incomparáveis de Hughes e Bonamassa. Canções como “Sista Jane”, a setentista “Down Again” e “One Last Soul”, trazem o ar da carreira solo de Hughes nos anos 2000, com um refrão grudento e um ótimo ritmo para se dançar e cantar junto. Por outro lado, o clima bluesy de “The Great Divide” (que baita solo) e “The Revolution in Me”, ou a delicadeza de “Song of Yesterday” (baladaça repleta de luz e sombra, no melhor estilo Zep, cantada por Joe) retrata o que conhecemos da carreira solo de Bonamassa. Mas não eles que aparecem com destaque em BCC. O que Bonham está tocando nesse disco é animalesco, vide “Beggarman” e “No Time”. E claro, a participação de Sherinian dá um tempero a mais para todo esse grande álbum, principalmente no grandioso solo da longa, intrincada, e viajante “Too Late Fort The Sun”, e no veloz solo com escalas orientais de “Stand (At The Burning Tree)”. A revisão de “Medusa” ficou ótima, mas ainda prefiro a original. Entrou na minha lista na parte debaixo, mas reouvindo hoje, penso que talvez ele até merecesse posições acima.

Micael: Depois de anos em uma consolidada e bem sucedida carreira solo, foi estranho para mim saber que Glenn Hughes havia se juntado a um novo projeto musical, ainda mais ao lado de músicos que, para mim, não tinham nenhuma relação com seu estilo musical, como Derek Sherinian, que eu conhecia do mundo do prog metal, por causa do Dream Theater, e Jason Bonham, eternamente lembrado como “o filho do homem”, além do até então completamente desconhecido (para mim) guitarrista Joe Bonamassa. Este primeiro álbum foi surpreendente, sem fugir totalmente do funk que Hughes sempre teve na alma, mas mais próximo do hard rock e em alguns momentos até com certo peso. Não virou uma das minhas audições obrigatórias (até hoje o único álbum da banda que tenho é o CD duplo ao vivo lançado anos depois), mas tem excelentes composições (o single “One Last Soul”, com a quantidade certa de “tempero pop” no refrão é bem agradável, a faixa título é demais, com todos detonando seus instrumentos, e uma performance brilhante tanto vocal quanto instrumental por parte de Hughes, e o cover para “Medusa”, do Trapeze, ficou muito bom também, embora me soe estranho um músico regravar algo de seu passado em um novo projeto…), e merece ser mais ouvido. Além de tudo, acabou, aparentemente, abrindo novas possibilidades para “a voz do rock”, que depois ainda se envolveu com os também recomendáveis California Breed e The Dead Daisies, e sem abandonar sua carreira solo! Ouçam!

Ronaldo: Músicos de alto quilate que juntaram umas boas ideias e fizeram um belo disco. Parece uma receita simples, mas quem é do meio sabe que não é fácil chegar lá. Um detalhe que faz a diferença é que a produção do álbum conseguiu capturar com fidelidade a pegada nervosa dos quatros músicos e o disco todo soa como aquela sensação de “pé na porta”. Os músicos estão em ótima forma e, cada um com seu ego domado, trabalharam em prol do conjunto. O maior valor do BCC é mostrar para a garotada que antes da pose e da atitude, rock é música e não é com qualquer riffzinho que se chega no topo.


Quaterna Réquiem – O Arquiteto [2012] (28 pontos)

Anderson: Os aficionados por rock progressivo irão comemorar esse material por aqui. Entre um hiato e outro passaram mais de 30 anos de fundação da banda e, com poucos materiais lançados, esse álbum se destaca. Porém, o destaque é em relação, não apenas ao material do grupo, mas sim como um dos mais importantes do gênero produzido em nosso país. Com músicas longas à ‘longuíssimas’ apresenta uma variação no protagonismo entre violino, sintetizador, guitarra, teclado e tudo isso muito bem pensado… Trata-se, ainda, de uma homenagem a diferentes arquitetos pelo mundo, e quem sabe até ao grande Arquiteto, como diriam os maçons e nos induz a capa. É um álbum de primeira qualidade. Particularmente não me atrai, gerando alguns momentos de sonolência. Sabe aquele time mediano que quer ser o Barcelona F.C., roda a bola de um lado para o outro, mas chuta a primeira bola com 40 do segundo tempo!?… Então…

André: Obra prima, Discaço com D maiúsculo em meio de frase. Instrumental brilhante, divino, Elisa Wiermann possui os dedos de um anjo. E esse violino do Vogel? O problema maior deles, do Violeta de Outono e do Bacamarte é que são brasileiros e por isso possuem uma divulgação muito menor mundialmente. Tivessem nascido na Europa e o mundo arreganharia suas pernas assim como fazem com os outros gigantes progs. A técnica dessa banda é simplesmente absurda. Amo esse prog sinfônico, exagerado, cheio de teclado. Um Melhor da Década mais do que merecido.

Daniel:

Davi: O Quaterna Requiem aposta em um rock progressivo sinfônico. Os arranjos são bem eruditos, o álbum é todo instrumental e, para mim, é um trabalho que, apesar de suas inúmeras qualidades, me soa cansativo. A qualidade técnica dos músicos é inquestionável, todos mestres, mas esse não é definitivamente o tipo de álbum prog que eu compraria. Já tinha escutado quando elaboramos a lista dos álbuns brasileiros, voltei a escutá-lo e novamente não me encantou. Sorry, folks!

Fernando:

Libia: Outra ótima surpresa para mim, agora se tratando de um Rock Progressivo de qualidade do nosso querido país. Temos músicas e músicos de altíssimo nível. As composições são profundamente pensadas, acompanhandas do violino, piano, sintetizadores e guitarra que devem ser ouvidos de forma atenta, e assim ele poderá ser plenamente apreciado. Grande banda.

Mairon: O que eu tinha para falar desse disco já disse aqui  e aqui. Mas para não acrescentar nada, fiquei em muitas dúvidas sobre o primeiro colocado. Pedras e Sonhos é um disco fantástico, a maior descoberta do rock nacional que fiz neste século, tanto que ficou em primeiro quando da lista de Melhores Nacionais da década 10. Só que nesse inesperado retorno do Quaterna Réquiem, os caras se puxaram, e nas audições para as escolhas dessa lista, o lado progressivo sinfônico ganhou mais espaço. Os trabalhos de Kleber Vogel e Elisa Wiermann deveriam ser muito mais reconhecidos em nosso país, já que o Quaterna é venerado lá fora (o mesmo acontece com o Bacamarte por exemplo), e fico muito feliz de ver O Arquiteto entre os dez mais. Justíssimo, já que o melhor disco do rock progressivo do século, Comfort Zone + 4626 (Beardfish) não pôde ser votado.

Micael: Como fiquei com preguiça de ouvir este (bom) registro novamente, vou repetir aqui algo que escrevi quando este álbum, por algum motivo desconhecido para mim, foi escolhido um dos melhores discos nacionais da década em questão (e agora apareceu de novo como um dos melhores discos dentre TODOS os lançados no MUNDO naquela década, vá saber-se como): “Excelentes músicos, lindas composições (destaques para a abertura com ‘Preludium’, para o trabalho do violino em ‘Fantasia Urbana’, e, claro, para a suíte que dá nome ao registro – um pouco cansativa em alguns de seus longos 40 minutos, mas perto do sublime em outros, especialmente na parte inicial), em um álbum de rock progressivo que não deixa nada a dever aos gigantes do gênero (e que é totalmente instrumental, ainda por cima, coisa que poucos outros grupos se arriscaram a fazer na história).” Como escrevi na época, sem dúvidas um bom disco, mas sua presença nesta lista é totalmente exagerada…

Ronaldo: O disco é bom, mas vou me ater as limitações dele para justificar a distorção que é ter esse disco em uma lista de apenas de 10 discos de todo o mundo. Primeiramente, o Quaterna Réquiem parece que não saiu da década de 90, com uma produção muito aquém da tecnologia de gravação, captação e timbres disponíveis de forma acessível nos anos mais recentes. O conceito é interessante e as composições tem boas variações, mas a sonoridade magra joga o resultado para baixo. Outra questão complicada é que a banda investe todas as suas fichas na abordagem sinfônica do prog, o que ao mesmo tempo que agrada os que veneram essa linha, também torna o resultado muito previsível. É completamente equivocado ter apenas esse disco representando o rock progressivo (quer sejam as linguagens mais contemporâneas ou as retrô) nessa pequena lista de melhores. Há dezenas de trabalhos que superam O Arquiteto dentro do estilo sob qualquer ótica que se analise.


Judas Priest – Firepower [2018] (27 pontos)

Anderson: Com certeza o melhor álbum do Judas após o retorno do Halford e, sinceramente, é um dos que mais gosto da banda, não a toa faturou alguns prêmios por ai. Confesso que quando lançaram o material uma sombra pairou em minha cabeça: será que o Rob da conta ao vivo? E a resposta é sim, e não parece fazer esforço pra isso. O material soa moderno e atual frente à outras bandas de Heavy Metal, ao mesmo tempo o bom e velho Judas está presente com canções que tem muito apelo ao público como “Never The Heroes”, “Lightning Strike” ou em “Traitors Gate”, e mesmo a uma roupagem mais clássica como em “Flame Thrower”. Vale ressaltar ainda o ótimo trabalho de Richie Faulkner em seu segundo trabalho substituindo K.K. Downing. Enfim trata-se de uma pérola muito bem polida.

André: Na época, o pessoal encheu a bola em relação ao disco. Eu não achei aquela coca-cola toda, mas sim, é um bom trabalho do Judas. É veloz, é ótimo de se ouvir, mas ainda prefiro o Accept nesta década. A principal influência deste disco é o amado Painkiller [1990] e não a toa, os fãs regozijaram-se. Gostei principalmente do ótimo trabalho de guitarras de “Evil Never Dies” e de “Rising From Ruins”, com Tipton e Faulkner tocando muito bem. Talvez se tirassem as duas faixas mais fracas e dessem uma encurtada no disco (leia-se “Lone Wolf” e “Spectre”, essa última surpreendentemente fizeram até vídeo), soaria ainda melhor para mim. O que realmente surpreende é o carecão Halford ainda manter esta voz aguda e mandando ver nos drives mesmo com os 67 anos que tinha na época deste lançamento. Esse é uma lenda.

Daniel:

Davi: Esse é aquele tipo de álbum que é extremamente cultuado, mas que eu ouço e não compreendo o porque de tanta balburdia. Sim, o Judas Priest é uma excelente banda, grupo que faz parte da nata do heavy metal. Sim, os caras têm álbuns que marcaram, para sempre ,o gênero. Sim, Rob Halford é uma referência para milhares de cantores e ainda manda bem. Sim, o álbum é bem produzido, bem gravado, bem tocado e pesado. O problema que eu vejo é que ele não possui nenhuma música que fique na sua cabeça. Nenhum riff marcante, nenhum refrão que vá fazer o público cantar em coro nos shows. É aquele típico álbum que não decepciona, mas também não surpreende. Os destaques, para mim, ficam por conta de “Evil Never Dies”, “Traitor´s Gate” e “Lone Wolf”. É um disco bacana, mas não consigo considerá-lo um dos melhores álbuns da década.

Fernando:

Libia: Judas Priest para mim sempre foi uma banda a frente do seu tempo. Eu já falei “Judas Priest é o Heavy Metal” e esse lançamento que nasceu clássico confirma isso. Álbum consistente, com qualidade de escrita, performance em alto nível e uma produção extraordinária. Pode ficar de frente com os álbuns mais clássicos e não senti nenhuma vergonha. Cada música é incrível e única. Difícil um fã de Judas Priest não se emocionar com o Firepower.

Mairon: É inegável que desde que Rob Halford voltou ao Judas Priest, não há nenhum disco se quer irregular. A banda voltou aos trilhos e fez lançamentos excelentes, como Firepower. O álbum começa com uma pancada atrás da outra (“Firepower”, “Lightning Strike”) que se mantém em “Traitor’s Gate” mas também há o peso de “Children of the Sun”, “Evil Never Dies”, com um cheirinho de anos 90, a sabbáthica “Lone Wolf” e “Spectre”, piano (!) na linda vinheta “Guardians”, épico grandioso em “Sea of Red” e lembranças do período Power / Ram it Down em “Never The Heroes”. As que mais aprecio são a faixa-título, “Necromancer” e “Rising From Ruins”, essas últimas faixas que poderiam fácil estar em Nostradamus. Os únicos deslizes são “Flame Thrower” e “No Surrender”, que para mim não acrescentam em nada ao disco. Halford está em excelente forma, Scott Travis comanda o ritmo como poucos, e as guitarras de Richie Faulkner e Glen Tipton casaram muito bem. Enfim, Firepower e Redeemer of Souls andaram beirando entrar na minha lista, e fico feliz de ver Firepower por aqui, o que mostra que sim, é possível envelhecer com dignidade.

Micael: Ouvi este disco pela primeira vez logo após ouvir o disco do Accept que ficou em primeiro lugar nesta lista (ao qual também fui apresentado por causa dela). Não consegui notar diferença alguma entre eles, a não ser os vocais de Rob Halford, que, para mim, soam mais agradáveis que os de Mark Tornillo. No mais, se colocassem só os instrumentais de um ou de outro alternadamente para eu ouvir, não saberia distinguir qual é de qual disco. Como escrevi na resenha do Accept, é tudo muito genérico, muito igual, sem aquele diferencial que faça a gente expressar um “uau” gostoso de surpresa e satisfação por ouvir algo especial. É bem tocado, bem composto, bem produzido, agradável e serve para a gente bater cabeça alucinadamente? Sim! Mas outros trocentos discos a cada ano tem as mesmas características, então, o que faz deste (ou de Blood of the Nations) tão especiais a ponto de figurarem nesta lista? Sinceramente, eu não sei..

Ronaldo: Outro trabalho que resgatou a moral com antigos fãs, ao adotar uma posição confortável em termos de construção musical. Ou seja, é a banda se dedicando a fazer aquilo que sabe fazer melhor, sem grandes invencionices, afinal a maré não está pra peixe. Não vejo muito como criticar esse tipo de postura e creio já ser a hora de abandonar a expectativa de que as bandas (especialmente as veteranas) tragam grandes mudanças de paradigmas a cada disco (o que é diferente de entrar em piloto automático e virar cover de si mesmo). Isso está relacionado a um ápice criativo coletivo e um contexto favorável. Para uma banda como uma longa discografia, acho mais digno um trabalho como Firepower – empolgante, repleto de classe e poderoso em termos sonoros – do que uma aposta pretensiosa em um território que não se domina.


David Bowie – The Next Day [2014] (26 pontos) *

Anderson: Não sou a melhor pessoa para falar do Bowie, não sou um fã incondicional e se quer ouvi toda a sua extensa obra, porém é inegável que o cara foi um gênio, uma entidade da cultura pop. Nesse trabalho acredito que ele repassa alguns dos seus melhores momentos, algo como uma homenagem a si mesmo e um presente para os fãs. É um disco longo mas bem diversificado, é uma música melhor que a outra. Elementos melódicos e momentos ‘indie’ que colocam muita banda glamorosa no bolso, outras mais típicas: agitadas e dançantes. Pra quem quer começar a curtir o mestre esse álbum pode ser uma boa introdução.

André: Goste-se ou não de alguns discos que o Camaleão lança, mas é impossível chamá-lo de previsível. Em toda sua carreira, Bowie sempre teve como regra própria não se repetir e ele sempre buscou criar arranjos, que independente de serem simples ou complexos, nunca soaram daquela forma “convencional” e facilmente encontrados em discos de milhares de outras bandas. Não sei muito o que falar de The Next Day. É um álbum meio soturno e melancólico mas que te impacta. Convenhamos, “The Next Day” é aquela música que provoca e que critica atitudes de religiosos com uma classe que não tem como não se impressionar. E o restante das músicas mantém a alta qualidade que é característica do capricho do gênio quanto às suas composições.

Daniel:

Davi: O camaleão do rock foi um dos caras mais criativos que já tivemos. Nunca se sabia o que se esperar de um álbum dele. No entanto, minha fase preferida é a que vai do Ziggy Stardust até o Young Americans. Esse trabalho que foi escolhido pelos colegas, acho bacaninha. Em alguns momentos, resgata um pouco da sonoridade dessa época. A (ótima) “Dirty Boys”, por exemplo, tem um ‘q’ de “Fame” por trás do arranjo. Também gosto muito de quando resolvia fazer um rock mais direto. E é justamente por isso que a faixa-título é uma de minhas favoritas. Além dessas, sempre me chamaram atenção “Valentines Day”, “The Stars (Are Out Tonight)”, “I´d Rather Be High” e “Love Is Lost”. A única coisa que não curti foi a capa, onde eles pegaram a imagem de Heroes, atacaram um quadrado em cima e riscaram o nome do clássico LP (que agonia). A capa poderia ser mais legal, mas o disco é bom, sim…

Fernando:

Libia: Aqui temos David Bowie mais uma vez mostrando a sua genialidade. Álbum em parte é melancólico, em outras rock e uma grande aula de voz com Bowie. Há um tom reflexivo do passado, presente e futuro. “The stars (are out tonight)” é um dos pontos altos do disco. Uma vez vi uma entrevista que ele diz que o questionamento dos espectadores que completam a arte. Décadas se passam e muitos dos seus álbuns continuam abrindo várias portas para várias interpretações, e com The Next Day não é diferente. Uma verdadeira obra-prima.

Mairon: O tempo demorou para passar. Foram quase 10 anos até que David Bowie voltasse à ativa, e com um disco fenomenal. Em The Next Day, temos 14 canções inéditas, mas que revisitam todo o passado do Camaleão. Podemos encontrar citações a fase Scary Monsters (“The Next Day”, “I’d Rather Be High”), aos sombrios dias de Berlin (a estranha “How Does the Grass Grow?”, a complexa “Heat”, que lembra muito “Warszawa”, e a lindíssima “Where We Are Now?”), o Thin White Duck de “You Feel So Lonely You Could Die”, que se encerra citando as batidas de “Five Years”, a adrenalina de Earthling (“If You Can See Me”), aos dançantes anos 80 (“Dancing Out in Space”), aos anos de Tin Machine (“Boss of Me e “”Love is Lost”) e até a fase Ziggy (“Valentine’s Day”). Em todas as citadas, dá de se encontrar algo anterior da carreira de Bowie, ou na linha das guitarras, ou na harmonia, ou na melodia, porém tudo com um ar novo, cheirando a limpeza. Sensacional! Há também novidades como a Crimsoniana fase Lizard “Dirty Boys”, com citações a linhas de guitarra de “China Girl” e “Fame”, destacando o saxofone, e as pancadas, que são as melhores inclusive. Estou falando de “(You Wil) Set the World on Fire” e “The Stars (Are Out Tonight)”, faixa que virou trilha de novela na Globo, e que é de uma qualidade inquestionável. O ritmo fulminante, os vocais de Bowie, a letra fantástica, tudo encaixado perfeitamente para uma das melhores canções deste século. Bowie ainda lançou Blackstar anos depois, pouco antes de falecer, outro grande disco, mas bastante depressivo. Curto muito o segundo, mas prefiro a vitalidade e a alegria de The Next Day, não só o melhor disco da década, como o melhor disco deste século.

Micael: Há de se respeitar a carreira, a criatividade e a importância de um artista como David Bowie, no mínimo pela imensa quantidade de músicas boas que o cara gerou ao longo das décadas! Dito isto, o cantor é um dos poucos (nem tão poucos assim) artistas de primeiro escalão do qual não tenho sequer um disco em casa, uma mísera coletânea ao menos. E, se tivesse de ter um, não seria este. Por qual motivo este disco está aqui? Cadê a faísca de criatividade, de inovação, o “hit” absoluto, um motivo, qualquer que seja, que faça com que este álbum seja considerado um dos melhores discos da década? Aos meus ouvidos, soou como uma mistura requentada da obra de Bowie ao longo da década de 1980, com alguns poucos toques da produção setentista do músico, mas longe da criatividade e genialidade de outras peças musicais de sua longa jornada (embora eu tenha gostado um pouco de “Heat”, que me lembrou um pouco a “fase Berlin” do músico, a qual, inclusive, é lembrada na capa deste álbum – e já posso ouvir os xingamentos do Mairon, legítima “viúva” do cara e que deve ter sido um dos principais responsáveis por este disco estar nesta lista, dizendo que esta comparação não tem “nada a ver” e que eu deveria “abrir meus ouvidos para a obra de Bowie para aprender o que é música boa, ao invés das porcarias que eu costumo ouvir”)! Assim como o Sabbath, o Rush e tantos outros, é muito estranho que os melhores discos de um determinado artista não tenham aparecido nas listas anteriores, mas obras menores (e, neste caso específico, bota menor nisto) venham a aparecer relacionadas em listas de anos mais recentes. Deve ser mais um indicativo da evidente piora da música nos últimos trinta anos… ou de que nossos votantes estão com o juízo um pouquinho abalado, vá saber…

Ronaldo: Eu não sou exatamente grato aos meus colegas de site por me fazerem ouvir David Bowie com uma frequência maior do que eu gostaria. Não nego seu valor dentro do pop, mas se algo como esse trabalho é tão incensado pela crítica e pelos fãs exaltados eu entendo a dimensão do problema que existe com ambos. Algumas tintas experimentais aqui, umas guitarras dissonantes ali, uma estrutura de canção menos rigorosa acolá. O disco é bom, é inegável, mas sua presença nessa lista diz mais sobre o retrospecto de David Bowie em décadas passadas do que sobre este trabalho em específico. Aliás, a presença de tantos veteranos nessa lista ao invés de retratar algum problema com os músicos da atual geração, retrata o quanto tem pesado nos dias de hoje já ser um nome consolidado desde os tempos dourados da indústria fonográfica.


Black Sabbath – 13 [2013] (26 pontos)

Anderson: Não coloquei este disco no meu top 10 em função do show da turnê que apesar de ter sido a realização de um sonho acabou sendo curto e um tanto quanto burocrático. Obviamente que considerando a idade dos membros e o histórico ‘saudável’ dos integrantes originais não se pode exigir muito, além do mais a execução das músicas foi muito boa. Em relação ao álbum em si os destaques são vários tanto as letras quanto as músicas são muito boas e remetem a essência do Sabbath. Curto bastante a primeira metade do play, mas o projeto todo é ótimo. Será o do fim!?

André: Já fui mais condescendente em relação a este disco, mas agora o tempo me fez ver que é apenas um trabalho razoável e com alguns poucos bons momentos. Há muitos auto-plágios como o início de “End of the Beginning” tirado diretamente de “Black Sabbath” do primeiro disco. Os bons momentos são por exemplo os riffs de “Loner”, um plágio bem bacana e divertido de “N.I.B.” e “Zeitgeist”, outro plágio também legal de “Planet Caravan”. O restante fica ali no mediano, não me incomoda mas não se destaca. Haviam muitas opções melhores para o slot deste disco e infelizmente o Violeta de Outono não entrou no desempate.

Daniel:

Davi: 13 foi um álbum muito aguardado por toda a comunidade rocker. Afinal, esse álbum era o primeiro trabalho de inéditas que faziam com o Ozzy, desde o Never Say Die. E a sonoridade clássica do Sabbath é justamente a sonoridade da fase Ozzy. As baquetas aqui ficaram a cargo de Brad Wilk, baterista do Rage Against The Machine, o resto é a banda da época. Ou seja; Tony Iommi, Geezer Butler e Ozzy Osbourne. Muitos criticaram a escolha por Brad, mas o rapaz se saiu bem. Embora não faça tantas quebradas quanto Bill Ward, as levadas foram bem ao estilo do grupo. O único senão é que em algumas partes, as referências ficaram escancaradas. Para ser mais exato, a bateria da canção “Black Sabbath” é sentida em “End Of The Beginning” e a de “Fairies Wear Boots” em “Live Forever”. Mas, ok, afinal o Tony Iommi também recorreu ao clássico “N.I.B” para criar o riff de “Loner”. O disco é a sonoridade clássica do Sabbath. Ou seja, canções longas, arrastadas, densas, sombrias. Os vocais do Ozzy estão melhores aqui do que em álbuns como Black Rain, Scream ou Down to Earth. O disco, embora não chegue aos pés de álbuns como Masters of Reality, Vol 4 ou Paranoid, agrada e mata as saudades. Sabbath encerrou a discografia com muita dignidade. Feliz com sua aparição por aqui. Faixa preferida fica por conta do single “God Is Dead?”.

Fernando:

Libia: Quando 13 foi lançando ouvi muitas críticas dos fãs mais próximos a mim, eu fui uma das poucas que curti o som dentro daquele ciclo de pessoas, e foi uma ótima surpresa para mim ele estar nessa lista, pois apenas escutei sem ler as críticas negativas ou positivas mais distantes. Eu ganhei esse álbum de presente de aniversário em 2013, então pude ouvir com atenção plena. O fato de ter a formação original quase inteira foi algo que me deixou extremamente curiosa. Ao ouvir fiquei realmente orgulhosa da banda, pois não havia músicas ruins, todas com ótimas composições, que eram bem trabalhadas e dinâmicas. O baixo do Butler sempre foi uma das coisas que mais me impressionaram na banda, e aqui temos ele presente a todo instante, deixando as músicas mais carregadas. A assinatura Iommi nas guitarras sempre será o essencial da banda, e aqui ele deu tudo de si resultando em uma performance fantástica e surpreendente. Uma das coisas mais marcantes da minha vida foi acompanhar esse lançamento e a tour da banda em 2013 lá no RJ.

Mairon: Um dos discos mais aguardados deste século, 13 causou muito estardalhaço. Afinal, era o retorno de Ozzy Osbourne aos vocais do Black Sabbath em um disco de estúdio, e com inéditas. O álbum até começa super bem, com “End of the Beginning”, que nos remete aos grandes clássicos dos anos 70, fica legal com “God is Dead” mas daí começa a entrar numa mesmice muito monótona. E diferente de Bowie, o Sabbath não se reinventa. Acho exagero demais o que enalteceram o álbum. Apesar da rifferama de Iommi e do incansável Butler mandar ver, 13 está muito aquém de clássicos como Paranoid e Master of Reality, e muito longe dos inovadores (e melhores discos da banda), Technical Ecstasy e Never Say Die!. O único trecho que me fez levantar e dizer: “PQP, é Sabbath que está tocando” foi “Damaged Soul”, que som fantástico, baseado sobre o mesmo riff do baixo, e com Iommi voltando no tempo em seu solo. O resto são variações sobre os mesmos temas, o tradicional “mais do mesmo”, como “Live Forever” sendo o mesmo riff de “Black Sabbath” na segunda parte, “Loner” sendo uma cópia de “Sweet Leaf”, “Zeitgeist” uma “Solitude” renovada … Até canções como “Age of Reason” e “Dear Father” lembram o Sabbath, mas agora da fase Dio, ou até Tony Martin. Todo o disco é bem construído, bem tocado, muito bom mesmo, mas para o nome Black Sabbath, eu esperava muito mais. Mas até que me surpreendeu este não ser o primeiro colocado. Acho que não sou o único que não acha 13 tudo isso.

Micael: Este disco foi precedido de muita expectativa, e, quando saiu, muita gente se decepcionou com o mesmo, visto que parecia uma coletânea de sobras dos quatro primeiros álbuns da banda. Praticamente todas as músicas podem ser associadas a algum disco daquela que eu considero como a fase clássica da banda, seja pelos riffs, pelo andamento das composições, pelo uso da harmônica por parte de Ozzy (ao menos é o que diz o encarte) … nem mesmo o toque mais “moderno” dado pelo baterista Brad Wilk (outra escolha polêmica entre os fãs) conseguiu afastar a impressão de um disco “requentado” da banda… mas, querem saber? Era exatamente isto que eu estava esperando do retorno do Poderoso Sabbath! Este é, para mim, o melhor disco do grupo desde Born Again, e acabou ficando no topo da minha lista particular para esta escolha (não é para tanto, mas, dentre as opções, foi sem dúvidas o melhor). Mesmo hoje, mais de sete anos depois, ainda ouço com relativa frequência músicas como “End of the Beginning”, “God Is Dead?” ou “Age of Reason”, e, se pode parecer contraditório eu ter reclamado da falta de criatividade e originalidade em outros discos desta lista, e exaltar um álbum que também apresenta a ausência destas características, me defendo dizendo que, ao menos aqui, o resultado foi bastante coerente com a história e o passado da banda, e, aos meus ouvidos, ao menos, soa excelente! Assim como o EP The End, com outras quatro faixas que sobraram do track list deste disco (e que são tão boas quanto ele). Talvez tenha sido o último registro de inéditas da banda, mas, vá saber, certo? Afinal, eles mesmos já avisaram: “never say die”!

Ronaldo: Um disco que animou os fãs old-school do Black Sabbath, essencialmente por mostrar a banda em seu habitat natural, com riffs tétricos embalados densamente por um grande trabalho de bateria e baixo. Ainda que algumas músicas se assemelhem demasiadamente com clássicos do passado, é bom ver que o som do Black Sabbath é forte e abrasador também nos tempos mais recentes, o que é atestado pela profusão de bandas que os tem como influência principal. As músicas buscaram manter Ozzy Osbourne em uma zona vocal confortável, uma ideia bastante sensata visando o melhor resultado. Também é louvável a presença de trechos com guitarra limpa, violões e percussões, o que dá um excelente tempero para 13.

* 13, The Next Day, Espectro, Feral Roots, New e From Silence to Somewhere ficaram empatados com 26 pontos cada. Em uma nova votação, na qual cada participante deveria escolher dois dentre eles, The Next Day recebeu 6 votos, enquanto 13 recebeu 5 votos, entrando assim na 9a e 10a posição respectivamente


Listas individuais

ANDERSON

1. Rush – Clockwork Angels
2. Kreator – Gods Of Violence
3. Noturnall – 9
4. El Efecto – Memórias do Fogo
5. Metallica – Hardwired … To Self-Destruct
6. Foo Fighters – Wasting Light
7. Testament – Dark Roots Of Earth
8. Greta Van Fleet – Anthem Of The Peaceful Army
9. Sepultura – Machine Messiah
10. Machine Head – Unto the Locust


ANDRÉ

1. Violeta de Outono – Espectro
2. Megadeth – Dystopia
3. Toxic Holocaust – Primal Future: 2019
4. Tuomas Holopainen – The Life and Times of Scrooge
5. Blues Pills – Blues Pills
6. Quaterna Réquiem – O Arquiteto
7. King Tuff – Black Moon Spell
8. Carcass – Surgical Steel
9. Tésis Ársis – Sinos da Eternidade
10. Accept – Blood of the Nations


DANIEL

1. Rival Sons – Feral Roots
2. Baroness – Yellow & Green
3. David Bowie – ? [Blackstar]
4. Mastodon – Once More ‘Round the Sun
5. Foo Fighters – Wasting Light
6. Accept – Blood of the Nations
7. Opeth – In Cauda Venenum
8. The Winery Dogs – The Winery Dogs
9. Elza Soares – A Mulher do Fim do Mundo
10. Blues Pills – Blues Pills


DAVI

1. Paul McCartney – New
2. Foo Fighters – Wasting Light
3. Kiss – Monster
4. Avenged Sevenfold – Nightmare
5. Greta Van Fleet – From The Fires
6. Accept – Blood Of The Nations
7. Metallica – Hardwired… To Self-Destruct
8. Iron Maiden – The Book of Souls
9. Blues Pills – Blues Pills
10. Ghost – Opus Eponymous


FERNANDO

1. Ghost – Opus Eponymous
2. Behemoth – The Satanist
3. Accept – Blood of the Nations
4. Machine Head – IUnto the Locust
5. Judas Priest – Firepower
6. Flying Colors – Flying Colors
7. Iron Maiden – The Book of Souls
8. Baroness – Yellow & Green
9. Soufly – Enslaved
10. Night Flight Orchestra – Sometimes the World Ain’t Enough


LIBIA

1. Black Country Communion – Black Country Communion
2. Accept – Blood of the Nations
3. Judas Priest – Firepower
4. Saxon – Thunderbolt
5. Styx – The Mission
6. Opeth – In Cauda Venenum
7. Europe – Walk The Earth
8. Carcass – Surgical Steel
9. Sanctuary – The Year the Sun Died
10. Slayer – Repentless


MAIRON

1. David Bowie – The Next Day
2. Quaterna Réquiem – O Arquiteto
3. El Efecto – Pedras e Sonhos
4. Greta Van Fleet – Anthem Of The Peaceful Army
5. Church of the Cosmic Skull – Is Satan Real?
6. Blues Pills – Blues Pills
7. Black Country Communion – Black Country Communion
8. Uriah Heep – Living the Dream
9. Roger Waters – Is This The Life We Really Want
10. Rikard Sjöblom’s Gungfly – On Her Journey to the Sun


MICAEL

1. Black Sabbath – 13
2. Alice in Chains – The Devil Put Dinosaurs Here
3. Ghost – Opus Eponymous
4. Rush – Clockwork Angels
5. Wander Wildner – Existe Alguém Aí?
6. Titãs – Nheengatu
7. Sepultura – Messiah Machine
8. Blues Pills – Blues Pills
9. Pink Floyd – The Endless River
10. The Winery Dogs – The Winery Dogs


RONALDO

1. Wobbler – From Silence to Somewhere
2. Motorpsycho – The Crucible
3. Blues Pills – Blues Pills
4. Fleet Foxes – Crack-Up
5. Kamasi Washington – Harmony of Difference
6. Rikard Sjoblom’s Gungfly – Friendship
7. Heavy Feather – Débris & Rubble
8. Earthless – Black Heaven
9. Black Country Communion – Black Country Communion
10. Siena Root – A Dream of Lasting Peace


DISCOS ELEITOS ENTRE 2010 E 2019

7!! – Setsuna Emotion
A Sound of Thunder – The Lesser Key of Solomon
A Sound Of Thunder – Time’s Arrow
Accept – Blind Rage
Accept – Blood of the Nations
Accept – The Rise of Chaos
Ace Frehley – Space Invader
Alice Cooper – Welcome 2 My Nightmare
Alice In Chains – Rainier Fog
Alice in Chains – The Devil Put Dinosaurs Here
Amon Amarth – Berseker
Amorphis – Queen of Time
Angra – Omni
Anthrax – For All the Kings
Anthrax – Worship Music
Animal Drive – Bite!
Anthem – Nucleus
Avenged Sevenfold – Nightmare
Ayreon – The Source
Bad Religion – Age of Unreason
Baroness – Cold & Grey
Baroness – Yellow & Green
Behemoth – I Loved You as Your Darkest
Behemoth – The Satanist
Bell Witch – Mirror Reaper
Big Big Train – Grand Tour
Birth of Joy – Hyper Focus
Black Country Communion – Black Country Communion
Black Country Communion – IV
Black Pussy – Power
Black Sabbath – 13
Black Star Riders – Heavy Fire
Black Star Riders – The Killer Instinct
Blackfield – V
Blazon Stone – Down in the Dark
Blitzkrieg – Judge Not!
Blood Incantation –  Hidden History of Human Race
Blues Pills – Blues Pills
Body Count – Bloodlust
Boo Boo Davis – Tree Man
Bonfire – Temple of Lies
Brand New – Science Fiction
Bruce Springsteen – Western Stars
Burning Gates – New Moon
California Breed – California Breed
Car Seat Headrest – Twin Fantasy (Face to Face)
Carcass – Surgical Steel
Chickenfoot – III
Church of the Cosmic Skull – Is Satan Real?
Cloak – The Burning Down
Colour Haze – In Her Garden
Creye – Creye
Crowbar – Symmetry in Black
Danko Jones – Wild Cat
David Bowie – ? [Blackstar]
David Bowie – The Next Day
Daughters – You Won’t Get What You Want
Dead Daisies – Burn It Down
Deathspell Omega – Paracletus
Denzel Curry – TA13OO
Derby Motoreta’s Burrito Kachimba – Derby Motoreta’s Burrito Kachimba
Destrage – Are You Kidding Me? No.
DeWolff – Thrust
Diagonal – Arc
DOLL$BOXX – High $pec
Dominia – Stabat Mater
Dream Theater – Distance Over Time
Duel – Valley of Shadows
Durand Jones & The Indications – American Love Call
Earl Sweatshirt – Some Rap Songs
Earthless – Black Heaven
Edguy – Space Police: Defenders of the Crown
El Efecto – Memórias do Fogo
El Efecto – Pedras e Sonhos
Electric Octopus – Driving Under The Influence Of Jams
Elza Soares – A Mulher do Fim do Mundo
Epica – The Quantum Enigma
Esoctrilihum – Inhüma
Esoctrilihum – Pandaemorthium (Forbidden Formulas to Awaken the Blind Sovereigns of Nothingness)
Europe – Bag of Bones
Europe – Walk The Earth
Europe – War of Kings
Evadne – A Mother Named Death
Evergrey – The Storm Within
Ex Deo – The Immortal Wars
Exhorder – Mourn the Southern Skies
Falena – Una Seconda Strana Sensazione
Fire Strike – Slaves of Fate
Fleet Foxes – Crack-Up
Flotsam & Jetsam – The End of Chaos
Flying Colors – Flying Colors
Flying Colors – Third Degree
Frank Carter & The Rattlesnakes – End of Suffering
Friendship – Ain’t No Shame
Foo Fighters – Concrete And Gold
Foo Fighters – Wasting Light
Forming the Void – Relic
Gamma Ray – Empire of the Undead
Ghost – Infestissuman
Ghost – Meliora
Ghost – Opus Eponymous
Ghost – Prequelle
God Dethroned – The World Ablaze
Greta Van Fleet – Anthem Of The Peaceful Army
Greta Van Fleet – From The Fires
Grizzly Bear – Painted Ruins
Groundbreaker – Groundbreaker
Gryphon – ReInvention
Hadal Sherpa – Hadal Sherpa
Hallas – Excerpts from a Future Past
Helloween – My God Given Right
Heavy Feather – Débris & Rubble
Howlin’ Sun – Howlin’ Sun
Ibridoma – Goodbye Nation
Idle Hands – Mana
Idles – Joy as an Act of Resistance
Iron Maiden – The Book os Souls
Iron Maiden – The Final Frontier
Jack White – Lazaretto
Jess and the Ancient Ones – The Horse and Other Weird Tales
Joanna Newsom – Have One on Me
Johnny Lima – My Revolution
Jordsjø – Nattfiolen
Journey – Eclipse
Judas Priest – Firepower
Judas Priest – Redeemer of Souls
Kamasi Washington – Harmony of Difference
Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy
Killer Be Killed – Killer Be Killed
King Kobra – King Kobra
King Tuff – Black Moon Spell
Kiss – Monster
Kreator – Gods of Violence
Last In Line – Heavy Crow
Lazarus Taxon – The Dragonfly Effect
Le_Mol – Heads Heads Heads
Logan Richardson – Blues People
Lovebites – Awakening from Abyss
Lynch Mob – The Brotherhood
Machine Head – Bloodstone & Diamonds
Machine Head – Unto the Locust
Malady – Toinen Toista
Mars Red Sky – Stranded in Arcadia
Mastodon – Once More ‘Round the Sun
Megadeth – Dystopia
Megadeth – Th1rt3en
Metallica – Hardwired… to Self-Destruct
Merlin – The Wizard
Metá Metá – MetaL MetaL
Michael Kiwanuka – Kiwanuka
Michael Kiwanuka – Love & Hate
Migos – Culture
Motorpsycho – Here be Monsters
Motorpsycho – The Crucible
Motorpsycho – The Tower
Mount Eerie – A Crow Looked at Me
Naxatras – III
Necro – Necro
Nervosa – Downfall of Mankind
Night Flight Orchestra – Sometimes the Wordl Ain´t Enough
Nightwish – Endless Forms Most Beautiful
Noturnall – 9
Noturnall – Noturnall
O Terno – O Terno
Oh Sees – Orc
Opeth – In Cauda Venenum
Operation: Mindcrime – The New Reality
Orange Goblin – Back From The Abyss
Orphaned Land – Unsung Prophets & Dead Messiahs
Pagan Altar – The Room of Shadows
Paradise Lost – Medusa
Paul McCartney – Egypt Station
Paul Mccartney – New
Pharlee – Pharlee
Pink Floyd – The Endless River
Portal – ION
Possessed – Revelations of Oblivion
Prayers of Sanity – Face of the Unknown
Primordial – Exile Amongst the Ruins
Prophets of Rage – Prophets of Rage
Protector – Summon the Hordes
Pusha T – DAYTONA
Quaterna Réquiem – O Arquiteto
Queens Of The Stone Age – …Like Clockwork
Queensryche – The Verdict
Ratos de Porão – Século Sinistro
Ratt – Infestation
Red Death – Sickness Divine
Red Dragon Cartel – Patina
Revolution Saints – Revolution Saints
Richie Kotzen – 24 Hours
Rikard Sjoblom’s Gungfly – Friendship
Rikard Sjöblom’s Gungfly – On Her Journey to the Sun
Rival Sons – Feral Roots
Rival Sons – Great Western Valkyrie
Riverside – Wasteland
Robert Plant – Lullaby … and the Ceaseless Roar
Rodrigo y Gabriela – 9 Dead Alive
Roger Waters – Is This The Life We Really Want
Rotting Christ – The Heretics
Royal Blood – How Did We Get So Dark?
Rush – Clockwork Angels
Sacred Reich – Awakening
Samsara Blues Experiment – One with the Universe
Sanctuary – The Year the Sun Died
Satan – Cruel Magic
Saxon – Sacrifice
Saxon – Thunderbolt
Sepultura – Messiah Machine
Shadowside – Shades of Humanity
Siena Root – A Dream of Lasting Peace
Slash featuring Miles Kennedy And The Conspirators– Living The Dream
Slayer – Repentless
Sleep – The Sciences
Slipknot – .5: The Gray Chapter
Spirit Adrift – Divided by Darkness
Spock’s Beard – Noise Floor
Soen – Lotus
Soen – Lykaia
Soen – Tellurian
Soilwork – Verkligheten
Soulfly – Archangel
Soulfly – Enslaved
Stew – People
Stone Sour – House of Gold & Bones Part 1
Styx – The Mission
Stryper – Fallen
Stryper – God Damn Evil
Supersoul – Faith Bender
Swans – To Be Kind
Tandra – Time and Eternity
Tésis Ársis – Sinos da Eternidade
Testament – Dark Roots of Earth
Thank You Scientist – Terraformer
The 69 Eyes – West End
The Allman Betts Band – Down to the River
The Defiants – The Defiants
The Mystery Lights – Too Much Tension!
The New Roses – Nothing But Wild
The Night Flight Orchestra – Amber Galactic
The Record Company – All of This Life
The Rods – Brotherhood of Metal
The Ruins of Beverast – Exuvia
The Toy Dolls – The Album After the Last One
The Winery Dogs – The Winery Dogs
Thee Oh Shees – Drop
Titãs – Nheengatu
Tool – Fear Inoculum
Toxic Holocaust – Primal Future 2019
Tribulation – Down Below
Triosphere – The Heart of the Matter
Triptykon – Eparistera Daimones
Truckfighters – Universe
Tuber – Out Of The Blue
Tuomas Holopainen – The Life and Times of Scrooge
Ty Segall – Manipulator
Tygers of a Pan Tang – Ritual
Tyler, the Creator – Flower Boy
Uriah Heep – Living the Dream
Uriah Heep – Outsider
U2 – Songs of Innocence
U2 – Songs of the Experience
Unisonic – Light of Dawn
Universal Hippies – Dead Hippie’s Revolution
Urn – Iron Will of Power
Van Halen – A Different Kind of Truth
Vince Staples – Big Fish Theory
Violeta de Outono – Espectro
Vltimas – Something Wicked Marches In
Wander Wildner – Existe Alguém Aí?
Warfield – Wrecking Command
Warrant – Louder Harder Faster
Waveshaper – Artifact
Whitesnake – Forevermore
Whoopie Cat – Illusion of Choice
William Basinski – A Shadow in Time
Wobbler – From Silence to Somewhere
Wolf – Devil Seed
World Trade – Unify
Xentrix – Bury the Pain

14 comentários sobre “Melhores de Todos os Tempos: Anos 2010

  1. Nessa lista eu que fiquei de mal humorado e do contra que criticou um monte de banda grande. 😛

    1. Não me importo muito com isso, não. Aliás, é esse tipo de artista que me deixa realmente ansioso quando lança um novo álbum.

  2. Fiquei extremamente feliz pela inclusão do Rush, Accept e do Judas Priest nessa lista. Acrescentaria também o “Shockwave Supernova” do Joe Satriani, “Santana IV” do Santana, “Spirit” do Depeche Mode, “High Hopes” do Bruce Springsteen, “The Endless River” do Pink Floyd, “The Serenity of Suffering” do Korn, “The Book of Souls” do Iron Maiden, “Aftershock” do Motörhead, “The Magic Whip” do Blur e “Random Access Memories” do Daft Punk.

    1. Bacana, Gabriel. Ótimas escolhas. O Daft Punk, por algum motivo, nunca me liguei, mas reconheço que “Get Lucky” é bem bacana. Do mais, só discão.

  3. Eu achei que a Consultoria não iria focar os melhores discos da década de 2010 e que a lista dos melhores dos anos 2000 seria mesmo a última, mas como eu inesperadamente descobri isso, não posso deixar de comentar aqui. Falarei um pouco sobre apenas dois discos que eu aprecio bastante e que apareceram nesta lista:

    BLOOD OF THE NATIONS (Accept) = Primeiro colocado da lista de 2010, representando o maior retorno da história do heavy metal, ainda mais vindo de uma banda que ficou 14 anos sem produzir nada (eu diria que foram 24 anos sem produzir nada, pois Russian Roulette foi o último disco realmente relevante do Accept), e que retornou fazendo o que sabia fazer de melhor na década de 1980, mesmo não trazendo nas costas Udo Dirkschneider novamente (já que o baixinho vocalista não queria deixar sua carreira solo por nada). A volta dos alemães com o norte-americano Mark Tornillo ao microfone com certeza atendeu a todas as expectativas dos fãs mais antigos ao mesmo tempo em que conquistaram uma geração de novos seguidores a partir deste primoroso álbum, que trouxe canções realmente matadoras, uma melhor que a outra. Blood of the Nations marca o início daquela que para mim foi A MELHOR formação do Accept em todos os tempos, com o já citado Tornillo nos vocais, Wolf Hoffmann na guitarra líder, Herman Frank na segunda guitarra, Peter Baltes no baixo, Stefan Schwarzmann na bateria e Andy Sneap na produção (a citação de um produtor como “sexto membro” de um grupo é sempre importante). Com isso, este disco abriu o caminho para mais outros dois excelentes álbuns – Stalingrad (2012) e Blind Rage (2014), este último o meu favorito do Accept até hoje – e inúmeras turnês de shows ao redor do mundo, sempre com ingressos esgotados e muito sucesso. Tudo isso era a coroação do que esse retorno triunfal ofereceu aos fãs e amantes do metal em todo o mundo: o Accept estava realmente de volta para ocupar seu lugar entre os grandes. O triste é que depois disso começaram as reformulações no line-up (incluindo a saída de Peter Baltes) e também na sonoridade da banda, com o nível caindo a partir de The Rise of Chaos (2017), e mais ainda em Too Mean to Die (álbum mais recente deles lançado agorinha). Mas isso não vem ao caso, o que importa agora é relembrar esta pérola que marcou a volta de uma das bandas mais importantes que o heavy metal revelou para o mundo. Apesar das mudanças ocorridas, desejo longa vida ao Accept, e que sigam sempre firmes e fortes!

    FIREPOWER (Judas Priest) = Bom, não vou mentir. Após “enganarem” o mundo com aquela que seria a turnê de despedida dos Metal Gods (a “Epitaph World Tour”, 2011-2012), e terem lançado o bom Redeemer of Souls em 2014 (trazendo o novato Richie Faulkner para o lugar de K. K. Downing, e unindo-se aos veteranos Rob Halford, Ian Hill, Glenn Tipton e Scott Travis), o Judas Priest retornou em 2018 com um discaço muito aguardado por todos os fãs, que condiz muito bem com toda a história desta banda que é a minha favorita do heavy metal desde quando os ouvi pela primeira vez em 2010. Contradizendo aos fãs que afirmam que Firepower é o melhor trabalho do JP desde Painkiller (de 1990), e aos que ainda afirmam que é o melhor disco desde a volta de Halford ocorrida em 2003 (sendo que Angel of Retribution veio em 2005), afirmo que Firepower é o grande disco do Judas Priest desde, sem exageros, Defenders of the Faith (1984), que até hoje é o meu preferido na discografia deles. Em Firepower a banda acertou a mão não apenas no repertório, mas também na produção (trazendo novamente Tom Allom – sim, o cara que produziu a década de 1980 inteira do Priest – e Andy Sneap, já mencionado no meu comentário sobre o Accept acima), ao contrário do que ocorrem em Redeemer of Souls. Destaco “Flame Thrower” como a minha faixa favorita (e a desfavorita do patrão Mairon) deste disco que infelizmente marcou a despedida de Tipton na banda, devido o aumento do Mal de Parkinson com o qual vinha lutando durante toda esta década (Sneap está substituindo-o nas turnês recentes do JP). Mal sabemos o que o futuro reservará para a banda neste momento, mas desejamos boa sorte ao Tipton e esperamos que ele se recupere logo para voltar a trabalhar com o Priest!

    Sem mais o que acrescentar nestas linhas.

      1. Primeiro, a minha correção no meu comentários sobre Firepower: “…ao contrário do que OCORREU em Redeemer of Souls.”

        Segundo, o meu top 5 da década de 2010:
        1. Accept – Blind Rage (2014)
        2. Judas Priest – Firepower (2018)
        3. Accept – Blood of the Nations (2010)
        4. Saxon – Battering Ram (2015)
        5. Accept – Stalingrad (2012).

        Menções honrosas:
        Iron Maiden – The Final Frontier (2010)
        U.D.O. – Steelhammer (2013)
        Judas Priest – Redeemer of Souls (2014).

  4. Qnt brabeza dos consultores!!!😂🤣 Mas n sei… Qnt mais recente parece que mais difícil fica de escolher…

    1. Isso é verdade. Mas que tem uns discos que entraram em todas as listas que é bizarro, isso é kkkkk

  5. Eu colocaria a minha lista assim:

    1- Iron Maiden – Book of Souls (2015)
    2- Motörhead – Bad Magic (2015)
    3 – Triptykon – Eparistera Daimones (2010)
    4 – Electric Wizard – Time to Die (2014)
    5 – Kreator – Gods of Violence (2017)
    6 – Blackberry Smoke – Whippoorwhill (2012)
    7 – Lucifer – Lucifer II (2018)
    8 – Metallica – Hardwired… To Self-Destruct (2016)
    9 – Slash and Myles Kennedy – Apocalyptic Love (2012)
    10 – Midnight – No Mercy for Mayhem (2014)

    Essa época de 2010 a 2019 realmente muita coisa boa foi lançada. Vou citar algumas menções honrosas, mas poderia citar muito mais.
    Menções honrosas ao brasileirissimo “Matanza- Pior Cenário Possível (2015)”; Ao ótimo doom metal do “Abysmal Grief – Feretri (2013)”; Ao som setentista do “Uncle Acid and Deadbeats – Mind Control (2013)”; E ao southern rock da nova geração do “Whiskey Myers – Early Morning Shakes (2014)”.

    E das bandas que já coloquei na lista, também citaria o “Kreator – Phantom Antichrist (2012)”, mas optei por colocar apenas um disco de cada banda.

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