Ouve Isso Aqui: Discos Diamantes do Rock Raro

Ouve Isso Aqui: Discos Diamantes do Rock Raro

Por André Kaminski
Tema escolhido por Fernando Bueno
Com Daniel Benedetti, Davi Pascale, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

Fui pego de surpresa para dar o tema e cinco discos para essa edição do Ouve Isso Aí. Nesse dia tinha acabado de receber os dois volumes do ótimo livro Rock Raro escritos por Wagner Xavier e seu parceiro João Carlos Roberto. Para situar o leitor da Consultoria do Rock, eles escreveram duas edições de um livro em que apresentam mais de 700 discos do rock da segunda metade dos anos 60 até os anos 70. Alguma coisa aqui, outra acolá dos anos 80 também. Somente discos considerados raros pelos critérios da dupla entraram no livro – portanto não esperem ler sobre medalhões aqui – e classificaram com 3, 4 e 5 estrelas, além de elegerem alguns outros poucos como diamantes que nas palavras, e opiniões, deles seriam os “clássicos do rock raro”. Pincei aleatoriamente 5 desses álbuns, do primeiro volume, considerados diamante e propus essa edição.



Fairport Convention – Fairport Convention [1968]

Fernando: A grande maioria das pessoas que citam o Fairport Convention costumam lembrar dos discos Unhalfbricking (1969), Liege & Lief (1969) e o Full House (1970). Por isso nunca tive a curiosidade de ouvir esse primeiro lançamento dos britânicos e vi que perdi tempo. Aqui a psicodelia estava mais presente do que os álbuns seguintes, nos quais o folk aparece mais. A grande diferença é que aqui ainda não era Sandy Denny nos vocais, o posto era comandado por Judy Dybie, que tem uma bela voz, mas longe do que Denny conseguia fazer.

André: Conheci este disco graças ao Ronaldo Rodrigues no Recomenda de duetos vocais masculino e feminino. Pior que desde aquela vez, acabei não ouvindo mais este disco e ao invés de comentar os detalhes dele novamente, vejo o quanto a diferença de alguns anos dá em termos de apreciação. Se naquela época achei o disco muito bom, um belo nota 9, hoje digo que é um nota 10 muito fácil. Faixas de um rock empolgante misturadas com a sutileza de lindas baladas folk que me impressionam mais hoje do que há alguns anos atrás quando a matéria original saiu. Que incrível jogo de vozes. Que instrumental impecável. Um discaço.

Daniel: Este é um álbum que já tentei ouvir várias vezes. Esta foi mais uma tentativa, infelizmente com o mesmo resultado, mas, ao menos, serviu para saber que não devo mais insistir. Aos meus brutalizados ouvidos, as canções não conseguem me cativar, fica sempre faltando alguma coisa, seja ‘punch’, seja arrojo, seja lá o que for.

Davi: Esse eu já tinha escutado por conta de uma matéria nesse próprio site, mas foi bacana reescutá-lo. Álbum de estreia de responsa desse ótimo grupo de folk rock com trabalho vocal caprichado e um trabalho de guitarra extremamente criativo. O repertório é bem variado – não sei se intencional ou se ainda estavam em busca de seu som – mas as composições são muito boas, onde vale destacar a faixa de abertura “Time Will Show The Wiser”, “It´s AlRight ´Ma, It´s Only Witchcraft” (faixa bem bacaninha, mas que faltou a esperteza de subir um pouquinho o som da guitarra na mixagem), além da boa releitura de “Jack O´ Diamonds”, extraída do (ótimo) repertório de Bob Dylan.

Mairon: Esse álbum apareceu em um Consultoria Recomenda de Rock com Duetos Vocais. A Fairport Convention é muito conhecida por conta de Sandy Denny, a vocalista que fez a bela “The Battle of Evermore” do Led Zeppelin, ao lado de Robert Plant. Porém, antes de Denny entrar na banda, havia Judy Dyble, que faz a Fairport Convention soar como se fosse o Jefferson Airplane inglês. O ar flower power de gigantes como Jefferson Airplane está presente com destaque em faixas como “t’s Alright Ma, It’s Only Witchcraft”, “Time Will Show the Wiser”, “Sun Shade” e na pegada country de “If (Stomp)” (se me dissessem que era o Moby Grape que a gravou, eu caia como um patinho). Curto os duetos vocais de Dyble e Ian McDonald em “Chelsea Morning” e “Decameron”, o dedilhado e o solo psicodélico de “I Don’t Know Where I Stand. E falando em psicodelia, o instrumental de “Portfolio” e “The Lobster” é a referências para lembrarmos que é uma banda britânica que está nas caixas de som. Um discaço de uma banda que é muito mais do que uma excelente participação em um disco de um gigante.

Ronaldo: Um grupo inglês soando como norte-americano. Psicodelia tipicamente californiana, com vocais divididos entre vozes masculinas e feminina (da elegante e recém-falecida Judy Dyble). Essa emulação sonora durou apenas um disco, no qual o Fairport Convention trocou a neblina britânica pelo litoral semi-árido da Califórnia. O mais bacana dessa história toda é que o grupo soa bastante autêntico, e em nenhum quesito fica devendo aos psicodélicos californianos. Guitarras tão bem colocadas quanto os melhores exemplares americanos (Quicksilver Messenger Service, Jefferson Airplane, Byrds) e harmonias vocais de primeira linha, embalando ótimas composições. Baladas como “I Don’t Know Where I Stand” e “Decameron” valem o disco. Depois desse trabalho, Judy Dyble se manda e Sandy Denny assume as rédeas, transformando o Fairport Convention em um ícone do folk-rock britânico.



Hairy Chapter – Eyes [1970]

Fernando: Um pouco confusa a discografia dessa banda alemã, apesar de poucos discos. Eyes mesmo foi lançado, regravado e relançado de novo e depois que o segundo saiu os dois foram lançados juntos de novo. Mas vamos nos ater somente ao primeiro álbum, que é o citado Eyes. Todo o peso e distorção de “Bad Dreams” desaparece na faixa seguinte, “Pretty Talking Girl”  para retornar com a blueseira “Pauline”. Destaque total para a guitarra de Harry Titlbach, que, inclusive, parece estar gravada mais alta que os outros instrumentos. Voltarei certamente pra esse disco.

André: Não conhecia esta banda e gostei muito do que ouvi. Um hard/blues pesado na guitarra e na cozinha de baixo e bateria, com a gaita de boca (nem sempre tocada com maestria) e tudo mais que o velho blues dá direito, e toda aquela energia se apresenta em ótimas composições. Minha favorita aqui é “Illusions” com uma guitarra e um baixo estupendos e um contraste muito interessante entre o vocal calmo de Harry Unte e o instrumental mais rápido e pesado. Tirando algumas passagens desafinadas de gaita, todo o restante aqui é de ótima qualidade.

Daniel: Não conhecia este disco, mas curti bastante. Aquela sonoridade Hard, com um pezinho no Blues, e que eu curto muito. Destaco a potente abertura do álbum, “There’s a Kind of Nothing” e a ótima “You’ve Got to Follow this Masquerade”. Certeza que o ouvirei muitas outras vezes. Em tempo: em diversas passagens a voz do vocalista me lembrou a do grande Phil Mogg, do UFO… será que viajei?

Davi: Essa indicação do Rock Raro, na verdade, é em cima da edição em CD onde a gravadora reuniu 2 álbuns do conjunto no mesmo pacote. Parei para ouvir os dois discos. Comecei pelo Eyes, o mais antigo, e a impressão que tive foi de um conjunto com um som calcado no blues rock, com um peso até que interessante, mas que carecia de um produtor. Havia bons momentos como “Pauline”, que tem um riff de guitarra bem Hendrix ou “Life 69” que é simplória, porém redondinha. Já em outras como “Illusions” e “Looking For a Decent Freedom”, a banda parecia embolada e sem direção. Em Can´t Get Through, a banda continuava tirando um som pesado, já mais focado, mais bem elaborado. Agora, eu percebi o plágio de Led Zeppelin no final da faixa-título. Coisa feia, hein senhores… Disco mediano.

Mairon: Essa banda chegou até a mim justamente com uma compilação que une os dois únicos discos do grupo, de 1970 e 1971. Hardzão raiz, sem frescuras, com bons licks de guitarra, boas vocalizações, boa cozinha, tudo do bom e do melhor, esse primeiro disco é bem diferente do segundo, que já mergulha um pouco no krautrock, e por que não, no progressivo. Faixas como “Bad Dreams”, “Big Fat Woman Blues”, “Illusion” e “Life 69” trazem aquele velho mas sempre bem vindo cheiro de blues que as bandas dos anos 70 carregavam com forte exalação, algumas inclusive com gaitinha e tudo mais. Outras vem carregadas de lisergia, sejam no wah-wah de “Cry For Relief”, no peso e solos sobrepostos de “Looking For A Decent Freedom” ou nas ácidas notas de “Pauline”. E até as vinhetinhas “Pretty Talking Girl” e “Thought After” casam bem no conjunto total da obra. Hardeira, quem curte o estilo vai curtir muito esse disco.

Ronaldo: Aqui é testerona e distorção! Contando com aquele groovezinho malandro do começo dos anos 70, riffs de orientação blueseira são jogados de um lado para o outro e cantados com uma voz rouca-rasgada que acompanha muito bem as guitarras. Ainda que alguns lampejos psicodélicos (e folk) também se façam presentes, o disco é um belo espécime do hard rock dos anos 70, com aquela atmosfera selvagem e descompromissada. O disco seguinte do grupo traz a mesma fórmula, com uma maturidade instrumental um pouco maior e um som ainda mais potente. Mas o conteúdo todo da música do Hairy Chapter já estava presente desde esse disco de estréia.



Boulder Damn – Mourning [1971]

Fernando: Os americanos do Bolder Dawn atacavam em seu único álbum lançado com um hard rock bastante festeiro e divertido. Algumas passagens lembram bastante o Grand Funk Railroad, outras o Mountain. Destaque para a faixa que fecha o disco, Dead Meat”, com seus 16 minutos e funcionando como uma amálgama do que acontece em todo o resto do álbum. Uma pena a banda não ter tido sequência. O mais incrível é saber que o álbum foi gravado em apenas quatro (QUATRO!!!) horas.

André: Um bom disco da época dos primórdios do heavy metal, mas com alguns pequenos defeitos. O vocalista John Anderson não tem lá vocais marcantes, apesar de segurar a onda e o som da caixa de bateria me incomoda um pouco nas duas primeiras músicas (me lembrou levemente a bateria do disco mal fadado do Metallica, mas a do St. Anger é muito pior obviamente). Todavia, o estilo das composições me agrada. As guitarras de “Got that Feeling” me agradam muito, assim como o grooveado de baixo de “Portfolio” também é de alto nível. Não sei o que houve com a banda que só possui este disco, mas se tivessem um vocalista melhor e dessem uma arrumada nessa caixa de bateria (curiosamente, em algumas canções ela está OK) de algumas faixas, é bem possível que a banda alçasse vôos maiores.

Daniel: Um daqueles casos de bandas com duração efêmera e apenas um disco lançado. Mourning é uma fúria inconteste, com aquela sonoridade Hard/Heavy do começo dos anos 70, em faixas calcadas no peso e na agressividade das guitarras. Baita disco, ótima indicação.

Davi: Não conhecia essa banda, mas gostei do álbum. A primeira faixa não me empolgou tanto, mas a partir de “Got That Feeling” o disco toma um rumo bem interessante. Um hard rock bem sacana construído com riffs que não são complexos, mas são bem elaborados, trabalho vocal eficiente e bom trabalho de bateria. O meu momento favorito, contudo, fica com “Find a Way”, canção onde peguei uma boa referência de Grand Funk Railroad. Boa indicação. Esse, provavelmente, irei correr atrás para minha coleção.

Mairon: Quarteto americano que faz um hard típico da época, com a guitarra recheada de wah-wah, uma cozinha foderosa e um vocal poderoso. Uma banda que musicalmente está em um nível muito alto, assim como todas as outras citadas aqui, mas talvez essa seja a mais rara apresentação que o Fernando nos indicou. O vinil de Mourning é praticamente impossível de se encontrar na versão original. Todas as faixas são ótimas, algumas lembrando um Grand Funk na fase inicial (“B.R.T.C.D.”, “Breakthrough” e “Rock On”), outras com as vocalizações beatle (“Find A Way” e “Monday Mourning”), e outra com aquele clima blues que conhecemos bastante das bandas da época (“Got That Feeling”). Claro, como toda banda do estilo, é necessário um épico longo para explorações de solos, e isso é entregue em “Dead Meat”, mais de dezesseis minutos que talvez mostrem o por que da banda não ter vingado, já que eu acho um tanto prepotente e sem rumo. Mas o resto do disco é muito bom. Vale conferir!

Ronaldo: Uma pena que este grupo da Flórida não conseguiu um contrato para gravar seu álbum. Mourning chegou ao mundo por uma pequena prensagem particular e contando com uma estrutura modesta de gravação. O disco mostra uma banda com ótimas ideias e muito gás, trazendo riffs pesados e músicas cativantes tal como o Grand Funk Railroad, privilegiando bastante destaque para o baixo e boas linhas vocais. O maior destaque do disco vai para a sinistra e longa faixa “Dead Meat”, que apesar dos excessos, poderia tranquilamente estar no repertório do Black Sabbath.



Analogy – Analogy [1972]

Fernando: O disco já começa surpreendente pela capa, que apesar de ser um disco de 72, tem um clima totalmente anos 60. E já nas primeiras participações da vocalista Jutta Taylor sabemos que vem coisa boa pela frente, apesar de algumas resenhas que eu li dizerem que ela talvez estivesse um pouco deslocada ali. Com uma formação ítalo-germânica a banda empresta elementos do krautrock (um pouquinho), do prog italiano (em mais quantidade) e da psicodelia americana (muito). Em “Weeping My Endure” a voz bastante aguda de Jutta se contrapõe ao peso dos instrumentos baixo. No geral só “Tin’s Song” que não caiu muito bem aos meus ouvidos, mas por ser curtinha não incomodou. O lado B inicia com a faixa título em um clima totalmente progressivo. Já “The Year’s At the Spring” me lembrou passagens de músicas do Doors.

André: Fui ver a localização e dizia que era da Itália. Mas daí percebi uns sobrenomes estranhos para o italiano e daí soube que os integrantes eram alemães que se mudaram para lá. Pois olha, esse disco é um caso curioso. Percebe-se claramente que o ácido e outras “dorgas” rolava solto porque impossível alguém sóbrio gravar estes instrumentais e letras. Não que isso fosse incomum naqueles tempos, mas acho que o negócio aqui era mais hardcore. A capa hiponga também passa esta impressão. Agora não tem como não comentar o esquisitíssimos vocais de Jutta Nienhaus. Apesar de não estar nem na faixa dos 20 anos na época, seus vocais limpos quando tentam dar um ar “jazzístico” parecem mais os de alguma velha que consumiu diariamente duas carteiras de cigarro por uns 30 anos. Curiosamente ela também faz o uso de vocais líricos que até que são razoáveis, embora cansem após um tempo. Em relação ao instrumental, gosto do fato da banda usar muito hammond, dando aquela tradicional aura setentista que tanto gosto. Um álbum para mim razoável, outros podem se incomodar com as coisas que falei mas não me marcará em me empolgar para futuras audições.

Daniel: Este eu não conhecia. Um álbum bem interessante, com uma veia artística aguçada e um ótimo trabalho vocal. A sonoridade oscila entre o progressivo e o psicodélico, com o trabalho dos teclados me chamando a atenção pelo protagonismo, especialmente na ótima “Weeping My Endure”. Outra canção que merece destaque é “Analogy”. Enfim, ótima indicação.

Davi: Analogy é uma banda de rock progressivo, porém aqui, nesse álbum, os arranjos ainda contavam com uma grande influência da cena psicodélica do final dos anos 60. Embora eu goste tanto de rock progressivo quanto de psicodelia, o disco não me encantou. O vocal de Jutta Nienhaus costuma ser bastante elogiado pelos admiradores do grupo, mas não é um estilo que eu curta, acho a voz dela bem cansativa. Também achei o trabalho de guitarra de Martin Thurn bem mediano e as composições fracas. Para não dizer que não gostei de nada, achei o baterista H.J. Nienhaus bem competente e a capa do álbum muito bonita. Em termos de composição, a melhorzinha foi  “Pan-Am Flight 249”, mas ainda assim longe de ser uma grande canção.

Mairon: A Analogy quando chegou até a mim foi por uma indicação de um amigo que curte muito Curved Air. Essa banda alemã tem nos vocais hipnotizantes de Jutta Nienhaus um ponto muito forte, mas é o instrumental com guitarras, órgão e uma bela cozinha que nos faz pensar como os anos 70 paria música boa em tudo que é canto do mundo. “Indian Meditation”, “The Year’s At The Spring” e “Weeping May Endure” são pequenas delícias do hard setenta em 5 minutos. Mas a banda investia forte no progressivo viajandão, bem próximo ao que o Curved Air fazia, mas claro, com grandes temperos chucrutes. A faixa título, com seus nove minutos, é o auge de um disco impecável. Outros bons momentos progressivos vão para “Dark Reflections” e “Pan-Am Flight 249”, a última com uma introdução flower power rasgante no solo da guitarra, lembrando a Big Brother dos tempos de Janis Joplin. Curto muito The Suite, lançado bem depois, com outra vibe, muito mais viajante, mas essa estreia aqui é para desbundar muito gigante.

Ronaldo: Ainda que o disco seja bem intencionado, a pouca perícia dos músicos e uma qualidade de gravação pouco esmerada joga o resultado para baixo. Os vocais de Jutta Taylor-Nienhauss tem alguns maneirismos irritantes, mesmo quando sua voz busca soar “sexy”. As mesmas composições em um disco do Frumpy, por exemplo, tornariam o disco bem mais apreciável, já que os mesmos elementos estão presentes – boa divisão entre guitarra e órgão, um certo ar psicodélico que se cruza com tons sinfônicos e os vocais agudos. A faixa título tem uma seção instrumental bastante viajante. É um trabalho que tem status de “cult” e agrada os iniciados, mas se analisado com mais critério mostra claras deficiências.



Armageddon – Armageddon [1975]

Fernando: Timaço que se juntou para gravar esse único álbum autointitulado (gente de Renaissance, Yardbirds, Captain Beyong, Steamhammer e Iron Butterfly. Quem conhecia o Keith Relf só do Renaissance pode estranhar a pancada que os caras fizeram. A faixa que abre o disco, “Buzzard”, por exemplo, é quase metal. Alias, o que o Armageddon gravou aqui talvez não seria adequado, ou não se assemelharia a nada que qualquer uma dessas bandas citadas acima faria. O peso quase que some em “Silver Tightrope” para voltar com tudo de novo em “Paths and Planes And Future Gains”. Destaque para o baixo em “Last Stand Before”. No ano seguinte a trágica morte de Keith Relf abreviou a carreira da banda e nos primou de uma grande banda.    

André: Conheço este disco há muitos anos. Daqueles supergrupos formado por membros de grandes bandas que lançaram este belo disco, um daqueles hards setentistas excelentes com algumas pitadas de prog e psicodelia. “Buzzard” inicia de forma frenética e tirando “Last Stand Before” (a mais fraquinha), as outras faixas são todas de um belíssimo bom gosto. É um disco que meio que resume tudo de bom que havia no hard setentista condensado em um trabalho só. Então, fica fácil amar uma pérola dessas.

Daniel: Este álbum é excelente e uma espécie de ‘clássico cult’. Uma fusão bem estruturada entre Hard & Heavy, mas com inegável viés Progressivo.  A contagiante “Paths and Planes and Future Gains” é uma verdadeira ‘porrada’ e é uma amostra do trabalho incrível do guitarrista Martin Pugh.  Outra faixa que precisa ser destacada é “Last Stand Before”, mas todas são inegavelmente muito acima da média.

Davi: Bah, esse eu já conheço. Tenho o LP em casa, bandaça com Keith Relf (Yardbirds) e Bobby Caldwell (Captain Beyond). Para quem nunca ouviu os caras, a sonoridade da banda é basicamente um hard rock com pitadas de prog. Já na empolgante faixa de abertura, “Buzzard”, é possível perceber com clareza essa mistura. A soturna “Silver Tighrope” quebra um pouco o clima trazendo um pouco de leveza numa canção super bonita e super bem construída, uma de minhas favoritas. Em “Paths and Planes and Future Gains” a guitarra volta a falar alto e segue assim até o término do disco com a longa suíte “Basking In The White of Midnight Sun” que, inclusive, traz um solo inspiradíssimo do guitarrista Martin Pugh. Ótima lembrança!

Mairon: Sou um grande fã dos Yardbirds, e um grande fã da Captain Beyond. Quando o vocalista do primeiro se uniu ao batera da segunda, e ainda mais dois virtuoses na guitarra e baixo, o resultado só poderia ser uma paulada absurda como essa. Armageddon é o último projeto do vocalista Keith Relf, ao lado de Bobby Caldwell, Martin Pugh e Louis Cennamo. Armageddon, o disco, é um dos meus preferidos de todos os tempos, seja pela violência de “Buzzard”, pela rifferama de “Paths and Planes and Future Gains”,  pela elegância de “Silver Tightrope”, pelo clima safado de “Last Stand Before” ou pelos delírios progressivos de “Basking in the White of the Midnight Sun”. As fusões de guitarra pesada, bateria incandescente, baixo galopante e a harmônica é exclusiva, e perfeita para se chapar sem drogas. Um disco fantástico! Creio que Armageddon foi o encerramento de uma tríade de bandas que tinha, tudo para ser a Santíssima Trindade do Hard Setentista, ao nível de Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple, mas que ficaram relegadas a bandas de poucos discos (as outras são Warhorse e a já citada Captain Beyond). Comentei mais sobre a banda e o álbum nesse link e obrigado Bueno por trazer a dica de uma preciosidade!!

Ronaldo: Uma super banda que poderia ter sido, mas não foi! Talvez o timing para o lançamento desse repertório não foi o ideal (soaria mais apropriado em 1972-1973 do que em 1975) e as circunstâncias não favoreceram o estouro do grupo, mas o fato é que o disco é icônico a começar por sua capa e pelos segundos iniciais da introdução de sua faixa de abertura “Buzzard”, que reciclou um riff do Steamhammer (antiga banda do guitarrista Martin Pough). A levada de bateria de Bobby Caldwell é simplesmente soberba e essa faixa como um todo é um épico. Ainda que nenhuma das outras faixas tenham tamanha envergadura, o disco todo é bem legal e os músicos envolvidos eram capazes de produzir muita música de qualidade juntos, como se fosse uma retomada do som chocante que o Captain Beyond produzira alguns anos antes – um hard rock pra lá de sofisticado e explosivo.

11 comentários sobre “Ouve Isso Aqui: Discos Diamantes do Rock Raro

  1. Nossa…preciso comprar esse volume 2…mas já deve ter esgotado. Da lista já tinha ouvido o Armageddon. Bom demais !!!

  2. O tempo só fez bem ao Fairport Convention. Como melhorou a audição dele de 5 anos para cá.

    1. Não lembrava de já ter recomendado esse álbum. Enfim, ele é maravilhoso! ouço frequentemente…tive épocas de ouvir essa faixa “I Don’t Know Where I Stand” no repeat.

    1. Olha, nunca pensei nisso. Apesar desse ser disco ser bem legal, acho o outro disco deles bem superior e mais bem tocado, e não hesitaria em indicá-lo.

  3. “Em diversas passagens a voz do vocalista me lembrou a do grande Phil Mogg, do UFO… será que viajei?”

    Não percebi isso, e olha q ouço hairy chapter há tempos. Mas vou ouvir de novo

  4. Não sei o que é isso que vocês fizeram, …. Bela seção, bela matéria.
    Vou dar um manjo pra ver se ouço tudo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.