Test Drive: Axecuter – Surrounded By Decay [2019]

Test Drive: Axecuter – Surrounded By Decay [2019]

Com Daniel Benedetti, Fernando Bueno, Mairon Machado e Micael Machado

O trio paranaense Axecuter está na estrada desde 2010, e em 2019, lançou seu segundo full lenght (após uma série de compactos, split CDs, EPs e K7s). Formado por Danmented (guitarra, vocais), Rascal (baixo, backing vocal) e Verdani (Bateria), o Axecuter teve seu mais novo lançamento assim avaliado pelos consultores.


Daniel: Danmented (guitarras/vocais), Rascal (baixo) e Verdani (bateria) é a formação da banda Axecuter neste novo álbum, Surrounded By Decay. O primeiro destaque é para a produção do trabalho, oferecendo uma qualidade sonora muito boa. A sonoridade vai agradar em cheio os fãs de Heavy Metal “old school”, com a musicalidade sendo baseada em riffs rápidos e pesados, com clara influência Thrash Metal. Aliás, penso que o Kreator é uma referência maior para o Axecuter, pois muitas vezes até os vocais de Danmented se assemelham bastante aos de Mille Petrozza. Até mesmo quando o grupo cadencia mais o seu som, é capaz de produzir faixas boas como “Metal In Wrong Hands”, “Spend The Dollar” e a minha preferida, “Passage Back to Hell”.


Fernando: O Axecuter é daquele tipo de banda que quando eu começo ouvir acabo passando uma temporada ouvindo só o mesmo tipo de som. Uma banda vai puxando a outra e isso não tem fim. Tenho a coletânea Anthology (2014) que reúne faixas de seus lançamentos anteriores (EPs e singles). Gosto muito desses metal tradicional calcado nos anos 80. Porém não esperem inovações aqui. A proposta da banda é ser fiel àquela época e eles cumprem com maestria e honestidade. Se alguém apresentar o Axecuter para um desavisado dizendo que o disco foi lançado em 1985 é difícil da pessoa discordar. Pode-se dizer que eles seguem a fórmula oitentista com até certo radicalismo e a capa do EP Raise the Axe ajuda a consolidar essa imagem. Agora em Surrounded By Decay eles evocam novamente essa ideia de que o metal atual é uma decadência mostrando o personagem principal com uma jaqueta do Exciter rodeado de outras pessoas e uns com a camiseta do The Book of Souls do Iron Maiden e Death Magnetic do Metallica. Eu levo essas coisas pelo lado da zueira, por que, obviamente, não concordo com isso. Mas não nego que dá vontade de vestir a battle jacket toda vez que ouço essas bandas que eles tanto exaltam aí. Indicado para quem gosta de speed metal na linha do Iron Angel e Agent Steel.


Mairon: Heavy Metal de boa qualidade sendo apresentado para o Brasil. O som dos paranaenses me lembra uma mistura do Heavy clássico de bandas como Judas Priest e Venom com o Thrash de Slayer (principalmente nos vocais) e Megadeth. Várias foram as faixas que eu curti bastante, e se for para destacar algumas, cito a faixa-título, belo trabalho instrumental com um riff marcante, a pancadaria de “Collecing Enemies”, que poderia estar em um disco de faixas extras de Reign in Blood, e a épica “Passage Back To Hell”, além da sequência de solos (guitarra-baixo) em “Rise and Fall”, onde Danmented praticamente emula Tom Araya nos agudos. O vocal é muito bem feito, e o instrumental com certeza é a principal atração do grupo, bem executado e trabalhado. Para um trio que promete, em seu release, quebrar pescoços e danificar ouvidos, mesmo passando longe disso os caras agradam sim. Bom lançamento.


Micael: Confesso que não sabia da existência desta banda curitibana, apesar deste já ser seu terceiro álbum completo, e da discografia do grupo ainda contar com vários EPs e splits desde 2010. O trio diz apoiar o espírito do heavy metal old school, e isso se traduz bem neste trabalho, desde a confecção da capa (totalmente oitentista e cheia de referências àquela década, e que ficou muito legal, assim como toda a parte gráfica do registro), passando pelos riffs a la Iron Maiden da intro instrumental (outra característica oitentista) que leva o nome do disco, pelos vocais de Danmented (que me remeteram a vários nomes clássicos daquela década, Cronos e Paul Baloff um pouco à frente, porém sem soar como cópia de nenhum deles), pela timbragem dos instrumentos, pela introdução lentinha com guitarras limpas e teclados de “Dying Source” (que depois descamba na porradaria, como manda o manual do thrash oitentista), pelos refrãos com vocais em coro (e que você repete junto logo depois de escutar apenas uma vez), a presença daquela faixa mais longa e com um tom “épico” (no caso, o encerramento com “Passage Back To Hell” e seus mais de cinco minutos – além de uma vinhetinha escondida ali no final), e pelas letras falando do próprio heavy metal e de seus seguidores (neste disco, nem sempre em tom de exaltação, mas por vezes com críticas construtivas tanto a um quanto aos outros), como encontramos na veloz “Rise And Fall”, em “Dying Source” (com um solo de guitarra interessantíssimo, bem mais melódico que o restante da faixa) ou na cadenciada “Metal In Wrong Hands”. Difícil indicar alguma composição como destaque, pois todas ficam niveladas por cima dentro do proposto pela banda, mas o que posso afirmar é que, se você é daqueles que não sai de casa sem um tênis de cano alto, uma calça jeans colada e um colete cheio de patches de bandas oitentistas como Exodus, Kreator, Destruction, Venom, Metallica ou Slayer dos primórdios, ou qualquer outra banda do princípio do thrash da década de 1980, então o Axecuter certamente terá um lugar na prateleira dos seus discos favoritos. Só faltou mesmo uma versão em vinil do álbum para a festa oitentista ficar completa…

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