Melhores de 2018 – por Mairon Machado

Melhores de 2018 – por Mairon Machado

O ano de 2018 foi bastante atrativo em termos de lançamentos. Não consegui ouvir muitos álbuns esse ano (pouco mais de 50), mas a maioria do que ouvi é de ótima qualidade. Fechar os 10 não foi uma tarefa fácil, mas depois de muitas audições, e considerações daqueles finaleiras, eis aqui minha lista de 2018, e que 2019 seja um ano de muitos lançamentos e paz à todos!

Greta Van Fleet – Anthem of the Peaceful Army

Um disco de inéditas do Led Zeppelin é covardia perto de outros tantos lançamentos desse ano. Ok que o Greta Van Fleet não é o Zeppelin de chumbo, mas seu álbum de estreia é um marco nas produções sonoras desse século. Os guris conseguiram sugar tudo o que podiam do D. N. A. de Page e Plant (principalmente), e nos colocaram diretamente nos anos 70. Que tesão me dá em escutar “Lover, Leaver”, puta merda. Uma pegada meio “Whole Lotta Love”, som foda do caralho! O mesmo acontece com “Brave New World”, com seu cheirão de imponência, muito bem construída e de fácil agrado. Ouvir “Mountain of the Sun” e “The Cold Wind” é ter certeza de que estamos com sobras de estúdio de Physical Graffitti ou Houses of the Holy, assim como a baladaça “Watching Over”, linda! “You’re The One” possui D. N. A. da cruza de “Your Time Is Gonna Come” e “Thank You”. “When the Curtain Falls” traz aquele sabor de jovialidade que Led Zeppelin II nos faz sentir em cada audição. “Age of Man” já é mais representativa da fase In Through The Outdoor. “Anthem” e “The New Day” brotam das sessões acústicas de III ou IV. Por trás de tudo isso, há um toque de modernidade e uma clara percepção que John Bonham e John Paul Jones são seres sobrenaturais impossíveis de serem copiados, mas cara, o que sobra é de altíssimo nível. Várias bandas já foram comparadas com gigantes. Até o Aerosmith era acusado de chupar as músicas dos Stones, e hoje, não há quem não reconheça a qualidade dos caras. Quando o GVF encontrar seus próprios caminhos, será uma banda a ser reverenciada por anos como seus ídolos zeppelianos. E viva esse grandioso disco.


Saxon – Thunderbolt

Outra grande covardia de 2018 é mais um lançamento do Saxon. Os britânicos, mesmo com a idade avançada, estão mandando ver. Thunderbolt tem homenagem à Lemmy Kilminster (“They Played Rock ‘n’ Roll”), aos carros “(“Speed Merchants”) e aos roadies (“Roadie’s Song”), peso em demasia durante “Predator”, “Nosferatu (The Vampires Waltz)” e na faixa-título, referências das mitologias nórdicas (“Sons of Odin) e celtas (“A Wizard’s of Tale”), solos de guitarra para delirar (“Sniper” e “The Secret of Flight”) e uma banda afiadíssima. Não consegui ver a apresentação do grupo em São Paulo nesse ano, mas já estou com o ingresso para o show de Porto Alegre em março, que com certeza, é o mais aguardo por mim para 2019, pelo menos por enquanto.Comentei mais sobre a edição DELUXE de Thunderbolt aqui, e longa vida para os velhinhos.


El Efecto – Memórias do Fogo

O grupo carioca fez um dos grandes shows que tive oportunidade de ver esse ano, e comprovou para mim aquilo que eu já imaginava: o talento desses caras é imensurável. Seu novo álbum, Memórias do Fogo, traz uma evolução inacreditável para uma banda que parece ser um camaleão a cada disco. Se em Pedras e Sonhos os fãs acharam que o grupo havia chegado no ápice de criatividade, e com A Cantiga É Uma Arma o grupo mudou para um lado totalmente acústico, a surpresa ao ouvir canções como “Café”, “O Monge E O Executivo”, e principalmente, “O Drama da Humana Manada”, é digna de uma estrela azul, a mais gigante do espaço. É uma mistura de elementos musicais, sejam eles da América Latina, África, samba, rap, hard rock e muito rock pesado. As letras são um tapa na cara da sociedade hipócrita e imbecil que permeia nosso país – quiçá o mundo – nos dias de hoje, com fortes cunhos sociais e políticos. Os melhores exemplos são “Chama Negra” e “Carlos e Tereza”, que retratam as lutas dos oprimidos perante a arrogância e soberania da classe alta. Para completar, “Incêndios” é tão violenta que no show citado acima, muitos foram os que fecharam a roda punk e não aguentaram a pressão da faixa. Sete canções, sete petardos, sete aulas de composição, sete espetáculos da Música Popular Brasileira, para serem reverenciados eternamente.


Merlin – The Wizard

Disco fantástico desses americanos, que unem heavy metal, progressivo, new wave, pop eletrônico, e elementos musicais que irão confundir seu cérebro. Guitarras pesadas e ácidas, vozes distorcidas e um saxofone surpreendente, entre sintetizadores e uma bateria avassaladora, devoram qualquer conceito de novidade que você possa conhecer. Dentre as faixas de destaque, “Abyss” é a que aparece de cara, com a guitarra e o saxofone mandando ver, ao lado do espetáculo sonoro de mais de dez minutos, batizado “The Wizard Suite”, com certeza uma das melhores músicas que ouvi em 2018.  Arrepiante de ouvir o saxofone e as viagens maluquetes de “Sage’s Crystal Staff “, fazendo nos lembrar dos bons tempos do King Crimson de Lizard, mas com temperos muito mais rebuscados. Delicie-se com os sintetizadores e as notas de saxofone na sensacional “Iron Borne” e pule pela casa ao som do ritmo cavalgante de “Tarantula Hawk”. Os admiradores de um som no estilo Ghost irão prestigiar “Golem” e “Gravelord”. Para quem quer ser surpreendido com muita música boa, The Wizard é o álbum do ano entre as bandas novas do exterior.


Whoopie Cat – Illusion of Choice

Os australianos já haviam me conquistado em 2016 com o seu belíssimo EP de estreia. Quando finalmente lançaram Illusion of Choice, podemos comprovar que o amadurecimento do grupo é fantástico. Logo de cara, os onze minutos de “Ophidian” nos traz uma balada bluesy para deixar desde Rober Plant até David Coverdale com inveja, sendo a presença da flauta a grande atração da mesma. Os solos rasgados (“Sweet Jane” com certeza vai te fazer cair o queixo) e melódicos (“Gentle Goodbye”) de Jesse Juzwin ainda estão lá, assim como a voz apaixonada de Dan Smoo (no bluesaço “Tell Me You’ll Stay” e na tocante “Cicada”) e a presença mais constante dos teclados (“Dissolution” e “Fear Is Blind”) e vocalizações (“Sun Don’t Shine II”) de Jo Eileen. Porém, o grupo resolveu ampliar sua sonoridade, e como é ótimo quando banda novata explora mais do que já fazia. Discuto perfeito, que só não ficou em posições mais acima por que realmente, os que estão aí em cima são foda.


Uriah Heep – Living The Dream

O Uriah Heep é uma das raras bandas do final da década de 60 que conseguiu sobreviver ao turbilhão de lançamos pífios nos anos 80 e se renovou totalmente. Depois da entrada do vocalista Bernie Shaw, especialmente, cada novo lançamento é uma obra de arte para os fãs. Não é diferente com Living the Dream. Mick Box mantendo seu padrão de alta qualidade nas guitarras, Phil Lanzon mandando ver nos teclados, e uma cozinha impecável formam toda a cama sonora necessária para o vocalista soltar sua bela voz, e fazer o fã contente. Todas as músicas são sensacionais, mas não há como não destacar a genial “Grazed by Heaven”, pancada que abre o disco com um riff violento de órgão e guitarra, e a mágica “Rocks in the Road”, com mais de oito minutos hipnotizantes. Outro álbum que resenhei aqui, e que o Heep continue em ação por muitos anos.



Judas Priest – Firepower

Creio que esse é o arroz de festa nas listas aqui dos Consultores, e é justo. Mesmo com o abalo psicológico causado pela doença de Glen Tipton, o Judas manteve-se na ativa, e entregou um álbum expepcional, como tem sido desde o retorno de Halford aos vocais. Considero esse álbum melhor que Redeemer of Souls, que já era incrível, por conta de haver a jovialidade na guitarra de Richie Faulkner. O que precisei falar sobre ele,  resenhei aqui, e só torço para que não seja a despedida da banda, apesar que se for, é uma despedida gloriosa.



Naxatras – III

Em 2015, a  estreia desses gregos foi eleita por mim como o melhor álbum daquele ano. Agora, em seu terceiro full lenght, o trio continua mandando ver em seu som psicodélico e carregado de inspirações sabbháticas, porém tirando as distorções dos vocais em algumas faixas (vide “You Won’t Be Left Alone” e “Spring Song”), flertando com outros ritmos (reggae em “Land of Infinite Time”, violões acústicos e slide guitar na baladaça “White Morning”) e caprichando em linhas melódicas e chapadas (a doentia “Machine” em principal), deixando o baixão de John Vagenas brilhar mais, como na dançante instrumental “On the Silver Line”. Com isso, temos um desbunde sonoro, em faixas longas e muito inspiradas, sendo “Prophet” a única canção que ainda nos remete aquela anda ainda sem tanta maturidade, mas com muita categoria e competência, lá de 2015. O Naxatras para mim é a banda da década, e torço muito para que eles possam se apresentar aqui no Brasil um dia.


Orphaned Land – Unsung Prophets & Dead Messiahs

Um dos primeiros discos lançados em 2018 foi obviamente uma de minhas primeiras e agradáveis audições. Conheci o Orphaned Land numa lista de Consultoria Recomenda, e logo virei fã da banda. A mistura de elementos orientais com o peso ocidental é de fácil assimilação para meus ouvidos, e sendo assim, fico chapado quando o grupo resolve unir os instrumentos e vocalizações orientais (“Yedidi”) com guitarras pesadas e uma bateria destroçante. Unsung Prophets & Dead Messiahs , aguardado depois do fracasso de All is One (será esse um daqueles Discos Que Parece Que Só Eu Gosto?) há cinco anos atrás, está longe de ser um The Neverending Way of ORwarriOR, quiçá um Mabool, mas tem seus momentos. As inspirações death floydianas em “The Cave” e “Only the Dead Have seen the End of War”, a presença de Steve Hackett na sensacional “Chains Fall to Gravity”, e as maluquices “All Knowing Eye” são os grandes momentos. Um som épico com grande tempero de antiguidade, que deve ser ouvido com atenção e dedicação.



Le_Mol – Heads Heads Heads

Conheço pouco do gênero post rock, e confesso que o pouco que conheço não é muito do meu agrado. Porém, e sempre há um porém, ouvir e conhecer o grupo austríaco Le_Mol foi uma das grandes alegrias sonoras de 2018. É difícil descrever o som da banda, mas se fosse para resumir em uma única palavra, diria experimentalismo. Piano, guitarras distorcidas, ritmos robóticos, sintetizadores malucos, peso misturado com delicadeza, passam por nossos ouvidos ao longo de pouco mais de 40 minutos, deixando-nos em uma sensação de embriaguez e dormência que dura por algumas horas. Uma segunda audição causa ainda mais chapação, acompanhada agora da necessidade urgente de tentar entender o que realmente sai das caixas de som. Nos momentos de sanidade, “Temperatures Will Drop – Pekoppa” brilha com sobras nos ouvidos. Enfim, com diversas audições, você já está viciado na música dos austríacos, mas ainda assim, entender o que eles criam é complexo demais para uma simples resenha de Melhores do Ano. Acredito que Heads Heads Heads ainda vai crescer muito em meu conceito, mas nesse momento, ele sendo responsável por fechar minha lista de 2018 é uma surpresa até para mim.


10 Menções honrosas

Dave Matthews Band – Come Tomorrow

Rikard Sjoblom’s Gungfly – Friendship

Alice in Chains – Rainier Fog

Electric Octopus – Pipe Dream Train

The Smashing Pumpkins – Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun.

Lady Gaga and Bradley Cooper – A Star Is Born

Wolftooth – Wolftooth

Mulamba – Mulamba

Roger Daltrey – As Long as I Have You

Birth of Joy – Hyper Focus

 

12 comentários sobre “Melhores de 2018 – por Mairon Machado

  1. Na lista do comunista tem só três bandas de antes dos anos 80. Milagre ele ter se reinventado e descoberto os novos bons sons que eu e meu amante tanto apreciamos juntinhos aqui em SC. Saudades xuxu!

    1. Todo dia o Igor Maxwell pedindo a mesma coisa de anos atrás num post diferente mesmo depois de ser avisado que não vai rolar disse:

      Então pode ir embora já. Do site e pra sempre, de preferência

      1. Já fizeram a resenha do Firepower, seu bobo! Só estou passando aqui para agradecer ao site por atenderem meu pedido. E só sairei daqui quando EU quiser!

  2. Gostei do Greta Van Fleet, achei bem empolgante pra ser sincero, mas não coube no meu critério! vou buscar conhecer os outros citados. Abraço!

  3. esses moleques da primeira posição fazem um puta som. no mais, só ouvi o Uriah Heep depois de ler uma resenha aqui no site. Escutei poucos lançamentos esse ano que foi muito corrido. vou esperar sair a lista final pra dar uma pesquisada rs

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