Uriah Heep – Living The Dream [2018]

Uriah Heep – Living The Dream [2018]

Por Mairon Machado

Como é bom ouvir um disco novinho, de uma banda antiga que você admira, e gostar do mesmo do início ao fim. É isso que Bernie Shaw (vocais), Mick Box (guitarras), Davey Rimmer (baixo), Phil Lanzon (teclados) e Russell Gilbrook (bateria), os caras do Uriah Heep, vêm fazendo há algum tempo, e que se mantém no excelente Living The Dream, seu mais recente álbum, que chegou às lojas no último 14 de setembro.

Esse é o vigésimo quinto álbum do Heep, e já abre com uma pancadaria na bateria, um riffzão pegado de órgão, baixo e guitarra, e uma faixa veloz e sensacional chamada “Grazed By Heaven”. A performance vocal de Shaw aqui é fantástica, e o refrão, além de grudento, é para botar os pulmões para fora do corpo. Os solos de Box e Lanzon são de tirar o chapéu – o que é o mínimo de se esperar desses monstros – , e duvido que você não se surpreenda com a virada que a canção dá em sua parte central, quase Sabbhática. E puta que pariu, como esse Gilbrook adora detonar e espancar as peles de sua bateria. Um rinoceronte em formato de gente!

Phil Lanzon, Bernie Shat, Russell Gilbrook, Mick Box e Davey Rimmer. Uriah Heep 2018, no encarte de Living the Dream.

Na sequência, vem a pesada faixa-título, que dá uma boa acalmada nos ânimos perto da violência que foi a apresentação do disco. Porém, preste atenção na reta final da canção, já que é outra que dá uma guinada bem forte em direção a rumos nada a ver com o que estávamos ouvindo. “Take Away My Soul” abusa de um refrão grudento, e conta com boa participação do órgão (com um trecho que me lembra “July Morning”) e da guitarra, com outro solo fantástico, além de mais uma performance vocal soberba de Shaw.

“Knocking At My Door” tem um ar de fim dos anos oitenta em suas linhas de guitarras, lembrando Raging Silence (1989) e Different World (1991), mas com mais peso, essencialmente por conta de Gilbrook, e Box despejando wah-wah nos ouvidos. A longa “Rocks In The Road”, e suas três distintas partes, é uma canção puramente Heepiana, com um refrão forte, marcação pulsante do baixo, e um riff exuberante por órgão, guitarra e baixo. A partir dos dois minutos, a canção desencadeia para uma etapa progressiva, muito breve, somente com órgão, guitarra dedilhada e os vocais de Shaw, que leva a uma série de solos de órgão e sintetizadores por mais de quatro minutos. Prepare-se para viajar sem sair do seu quarto, e sentir a sensação de um belo Hammond invadindo seu cérebro!!!!

Foto promocional do Heep

Os momentos acústicos iniciais da delícia “Waters Flowin” nos fazem sentir no meio da mata, para cantarmos os “la-la-las” junto de Shaw. A faixa encerra com uma breve participação de cordas. Voltamos a pancadaria descomunal em “It’s All Been Said”. Mais um riff poderoso, Lanzon se destacando acima dos demais, e de repente, uma linda balada ao piano, com Shaw carregando sua voz em dramaticidade, além de uma tímida participação de baixo e sintetizadores. Então, voltamos a pancadaria, e de novo balada, e de novo pancada, e isso em apenas seis minutos. Surpreendente e típica faixa para gritarmos “SE FUDER!!”, de tanta alegria, ainda mais com o maravilhoso solo de Hammond. E o solo de Box, bah, arrepiante!!!

Estamos chegando ao final de Living The Dream. Se você é xiita-heep, e não aceita um disco da banda sem nenhuma baladinha, então esqueça. “Goodbye To Innocence” é um rock ‘n’ roll para sacudir o esqueleto, com aquela pegada bem anos 70 (parece que estamos ouvindo Lee Kerslake e Gary Thain comandando a cozinha, enquanto Ken Hensley está mandando ver no órgão). Que música ótima, e que refrão massa de cantar junto. O mesmo ocorre em “Falling Under Your Spell”, para retornar aos temas mágicos de Magician’s Birthday e Demons And Wizards (ambos de 1972).

A limitada versão DELUXE, com camiseta, CD e DVD

Para encerrar, “Dreams Of Yesteryear” grava mais um refrão em nossa cabeça, e o disco fecha com uma canção leve, mas longe de ser uma balada. Algumas versões trazem como bônus versões alternativas de “Grazed By Heaven” e “Take Away My Soul”. Lá fora, Living The Dream saiu em vinil branco (Europa), vinil transparente (exclusivo na Itália), e vinil azul (Estados Unidos). Também há uma tiragem com CD + DVD, na qual o DVD traz o documentário Making The Dream, além dos clipes de “Grazed By Heaven” e “Take Away My Soul”, e uma versão DELUXE, com CD, DVD e camiseta.

Depois do hiato de quatro anos desde Outsider, e de sete após o ótimo Into The Wild, os velhinhos mostram que ainda tem muita lenha para queimar. Box e Lanzon formam talvez a melhor dupla de guitarra e teclados da atualidade. Shaw continua com sua voz intacta, e a nova cozinha formada por Gilbrook e Rimmer deu um gás ao grupo que parece mergulhado em uma piscina com água da jovialidade. Disco para se ouvir por diversas vezes ao longo da semana, e um dos fortes candidatos a melhor de 2018.

Contra-capa do vinil

Track list

1. Grazed By Heaven

2. Living The Dream

3. Take Away My Soul

4. Knocking At My Door

5. Rocks In The Road

6. Waters Flowin

7. It’s All Been Said

8. Goodbye To Innocence

9. Falling Under Your Spell

10. Dreams Of Yesteryear

7 comentários sobre “Uriah Heep – Living The Dream [2018]

  1. Ótimo disco, com músicas de alto nível, boa produção e uma performance acima da média. Gostei demais de ver a banda tentar outro mini-épico com Rocks in the Road! Uriah Heep está faz tempo na minha lista de bandas favoritas e é fantástico ver que eles ainda conseguem tirar um disco desses da cartola. Espero que a banda volte ao Brasil na nova turnê!

  2. Gostei do texto e das fotos, Mairon. Tô curioso pra ouvir inteiro. Só sugiro correção cronológica de lançamento do “Different World” citado para 1991, quando saiu realmente. Abração!

  3. Conheci a obra este fim de semana…a emoção de descobrir algo forte, verdadeiro e realmente rock and roll, adorei todas as faixas, mas minha preferida já é sem dúvidas, Grazed by Heaven….

    bela resenha esta aqui de vocês, seguirei a página!!!

  4. Vi o documentario hoje, e como o Lanzon tá parecido com o Doc Brown do De volta para o futuro, hehhehehe

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