War Room: The Archies – Everything’s Archie [1969]

War Room: The Archies – Everything’s Archie [1969]

Por André Kaminski

Participações de Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues

Tudo começou no longínquo ano de 1941 quando a Archie Comics lançou seus quadrinhos de maior sucesso que é a série Archie. O gibi conta a história do protagonista Archie Andrews em uma fictícia cidade chamada de Riverdale onde vive sua adolescência e seu cotidiano escolar ao lado de vários amigos. Basicamente são histórias envolvendo Archie, Jughead, Betty, Veronica e seu rival Reggie em várias situações típicas de humor adolescente, focado na faixa etária ali entre os 10 e 14 anos.

Ron Dante (vocais)

O gibi fez muito sucesso, vendeu horrores e ainda se mantém até hoje. É como se eles fossem a Turma da Mônica lá dos Estados Unidos, apenas se focando em um público-alvo um pouco maior.

Ali pelo fim dos anos 60, o gibi virou desenho animado chamado The Archie Show. Além das histórias baseadas nos gibis, Archie também tem uma banda de garagem chamada The Archies junto com os seus amigos e os produtores resolveram envolver muita música nesse desenho. Resolveram gravar alguns discos usando este desenho como base e inclusive conseguiram emplacar grandes sucessos nas paradas ali pelo final dos anos 60. Eles foram a primeira banda fictícia da história a atingir um hit número 1 em 1969 com o single “Sugar, Sugar”, muito antes de bandas como o Gorillaz sequer pensarem em existir.

Toni Wine (vocais)

A banda fictícia é formada por Archie Andrews (vocais, guitarras), Betty Cooper (pandeiro e percussões), Veronica Lodge (órgão hammond), Reggie Mantle (baixo) e Jughead Jones (bateria). Todos também fazem backing vocals. Já quem gravou de verdade foram os vocalistas Ron Dante e Toni Wine e o instrumental foi feito por vários músicos de estúdio. As canções foram escritas por Jeff Barry, Andy Kim e Mark Barkan.

Vejamos o que os nossos consultores acharam deste disco!


01 – Feelin’ So Good (S.K.O.O.B.Y.-D.O.O.)

Mairon: Vou começar perguntando: A turma do Scooby Doo tem algo a ver com isso?

Ronaldo: Minhas definições de pop ensolarado foram atualizadas com sucesso!

André: Scooby Doo foi criado no mesmo ano. Mas foi baseado numa música de Frank Sinatra, talvez foi uma coincidência, não encontrei a resposta definitiva. O estilo é o chamado bubblegun pop, podendo traduzir para o português como “Pop Chicletinho”.

Mairon: Anos 60 legitimamente!!

Ronaldo: Essa convenção no meio da música, só com bateria, é muito esperta!

André: Épocas em que o pop tinha até orgão hammond.

Ronaldo: Guitarrinhas ardidas e tecladinhos dos bons! As palmas eram um recurso muito bem usado por essas bandas sessentistas. Pura diversão!


02 – Melody Hill

Mairon: Cara, bem coisa de desenho. Beach Boys com Xuxa.

Ronaldo: Me remeteu a Beach Boys de imediato!

André: Ah com certeza, eu adoro essa musicalidade pop recheada daquela leveza e alto astral daquele período.

Ronaldo: Um capricho de música, melodia leve e instrumental vigoroso.

André: Harmonias vocais incríveis e mesmo uma pegada rock da bateria excepcional.

Ronaldo: Impressionante como os norte-americanos são bons em encaixar vocais e instrumental.

Mairon: Essa segunda já gostei mais, principalmente por causa da guitarra. A guitarra faz um baita diferencial junto dessas vocalizações sensacionais.


03 – Rock ‘n’ Roll Music

Ronaldo: Muito bem sacado os instrumentos entrando um de cada vez! Belo som de Hammond.

Mairon: Outra boa faixa. Estilo próximo ao blues, e um Hammond fenomenal.

André: A marcação rítmica é nas palmas e no pandeiro, uma época da música que poderia retornar na atual!


04 – Kissin’

Ronaldo: Uma espécie de boogie lento, mas com pegada meio surf-rock…muito legal!

Mairon: A menina na capa tem uma carinha de + @. Voltamos para os Beach Boys. Cara, isso foi feito para desenhos mesmo? Que legal. Ontem eu falava com minha esposa de como os desenhos de hoje são nada instrutivos tanto do ponto de vista do desenho quanto da música. Me deu vontade dever esses personagens aí.

André: Cara, Archie Comics é muito bacana.

Ronaldo: Realmente, Beach Boys estão no DNA dessas músicas.

André: É tipo a turma da Mônica lá dos Estados Unidos, mas para um público entre 10 a 14 anos.

Ronaldo: Um popzinho pra lá de adocicado, mas que deixa um gosto bom na boca.

Mairon: A trilha, ao menos, parece ser muito boa.

Ronaldo: Nessa faixa deram bastante ênfase para os bongôs! Ao que me parece é o tal do Skooby quem toca, certo? rs


05 – Don’t Touch My Guitar

Mairon: Outro blues suave, com uma pegada country. A guitarra é o principal instrumento, com um bom trabalho vocal. Datadão, mas gostoso que nem um Xis-Coração.

André: Aliás, diz a lenda que o Scooby-Doo foi baseado no cachorro do Jughead (baterista).

Ronaldo: Essa já parece o tal “rural rock” americano!

André: O disco é curto, mas mesmo assim apresenta variação como esse country rock.

Ronaldo: Ótima guitarra ao fundo, a la Jerry Garcia! Minha favorita até agora!


06 – Circle of Blue

Mairon: Baladinha para um luau na beira das praias de San Francisco. Essa já é mais Sessão da Tarde.

André: Balada típica para cantar para a namorada em dia de aniversário em uma praia. Uma coisa meio Elvis me remete esta música.

Ronaldo: Baladinhas…ah! Lembra bastante a Jovem Guarda brasileira.


07 – Sugar, Sugar

André: Essa é famosíssima!

Mairon: Uhu! Vai começar a novela da Globo (Só Que Não). Essa com certeza é clássica. Até vovó conhece!!

André: Primeira banda fictícia a atingir o número 1 nas paradas.

Mairon: Grudenta pacas, muito bem construída para ficar na mente das pessoas!!

André: Foi um hit gigantesco de 1969.

Ronaldo: Música pop por excelência. Ouve-se meia vez e já fica com a música na cabeça o dia todo!

André: Eu cantei essa música em uma apresentação de inglês no 1º ano do médio.

Mairon: Perfeita descrição, Ronaldo!

André: Tem toda razão Ronaldo. É assim mesmo que um bom pop deve ser.

Ronaldo: Outras vez as palmas foram usadas com muita inteligência! E o tamborim acompanha…creio que nem tenha o kit de bateria todo acompanhando.

André: Toni Wine aparece com mais clareza aqui.

Ronaldo: Uma espécie de vibrafone que faz o tema inicial, genial!


08 – You Little Angel You

Mairon: Opa. Agora baixou de vez Beach Boys. Fico impressionado com isso. Sempre falam da importância de Beatles e Stones para a música, mas o que os Beach Boys fizeram para o cenário musical americano (e mundial, claro), é de suma importância e relevância. Basta ouvir esse disco!

André: Beach Boys mandava nos Estados Unidos nesse período, influenciou demais porém, por alguma razão, costumam ignorar muito disso, Mairon.

Ronaldo: Os Beach Boys tem sua importância um bocado menosprezada na minha opinião. Foram importantíssimos! Mais Barbara Ann do que isso só a própria Barbarra Ann … (risos) perceberam que essa faixa não tem baixo?

André: Agora que falou, não havia notado.

Ronaldo: Apenas bateria e duas guitarras!


09 – Bicycles, Roller Skates And You

André: Mais uma balada, um pouco inferior a anterior, mas que a meu ver não rebaixa o disco.

Mairon: Outra baladinha levada por vocalizações suaves. O dedilhado da guitarra é interessante. Tem algo meio havaiano aqui.

Ronaldo: Sempre que eu vejo algo rotulado de sunshine pop eu espero ouvir algo como essa música. Guitarras limpas, batidas suaves e boas vocalizações. Bela canção. Pelo título imaginava algo mais agressivo, mas talvez seja a faixa mais “soft” do álbum, junto com “Circle of Blue”.


10 – Hot Dog

Mairon: Essa já é mais beatle, apesar do hammond fervilhando.

Ronaldo: Ótimo som, com influências britânicas…Hammond fervendo!

André: Aqui uma pegada mais rock n’ roll, e esse hammond deu uma base muito interessante. Hot Dog é o nome do cachorro do desenho, aliás.

Ronaldo: O solo de guitarra, apesar de meio escondido na mixagem, é ótimo!


11 – Inside Out – Upside Down

Mairon: Cara, legal que a transmissão de pensamento na construção das frases é igual. Ou seja, estamos realmente ouvindo o mesmo disco. Essa já achei mais fraquinha. Pouco acrescentou para o track list.

André: Gosto do baixo, mas acho uma música mediana.

Ronaldo: Me pareceu um pouco uma reedição da primeira faixa, apesar de que bateria e baixo fazem um trabalho bem empolgante nessa faixa.

André: Acho “Bicycles, Rolller Skates and You” um pouco mais fraca que essa.


12 – Love Light

Mairon: Nessa última, curti a participação percussiva, a guitarra tentando sair das catacumbas, mas não sando, e os estalos de dedos. O disco decai depois de “Sugar, Sugar”, mas não é depreciativo não.

André: Quanto a “Love Light”, essa é um encerramento bacana, como disse o Mairon, o disco decai um pouco da metade final, mas ainda é um trabalho que deixa um saldo muito positivo a mim que adoro esse estilo.

Ronaldo: Concordo com o Mairon que as faixas iniciais eram mais bacanas. Contudo, essa última tem uma pegada interessante e as alternâncias entre os trechos com percussão e os trechos com bateria. Achei um bom diálogo entre as partes. a guitarra tenta falar um pouco mais alto no fim da faixa… poderiam ter explorado um pouquinho mais isso. Ficaria bem legal!


Comentários Finais

Ronaldo: Saldo bastante positivo. Um trabalho pop bonito, com alto astral, caprichado no instrumental e especialmente nas linhas vocais. Algumas faixas se destacam por serem realmente muito boas (Melody Hill, Don’t Touch My Guitar e Sugar Sugar), mas o disco todo tem um nível alto de qualidade. É super datado, mas a diversão é garantida.

André: O The Archies foi uma banda fictícia, mas que poderia muito bem ter sido real e arrebatar milhões de dólares em shows. Há ótimas composições, instrumental impecável, ótimos vocalistas e um desenho animado para promovê-los. Mas parece que em sua época de ouro, ficou restrito mesmo as vendas de discos.

Mairon: Com exceção de “Sugar, Sugar”, não conhecia nada do disco. Bem interessante, calcado principalmente em Beach Boys. Me pareceu algo de “vamos revisitar o que aconteceu nessa década e esquecer essa coisa de flower power” para as crianças da década de 60. Bom instrumental, bom vocal, e fica a curiosidade de conhecer o desenho.

André: Existe um seriado baseado nesse gibi Mairon, chamado Riverdale. Tem todos os mesmos personagens do desenho e do gibi.

Ronaldo: Ouvir vendo os vídeos e trechos do desenho animado complementou a diversão. Os cachorros cantando e tocando foram muito engraçados!

André: Porém, o estilo do seriado é meio Barrados no Baile/Malhação, descaracterizando um pouco os quadrinhos. Eu particularmente não curti o seriado, mas tenho várias alunas adolescentes que adoram Riverdale. Detalhe: é do mesmo universo que Josie e as Gatinhas (que aparecem no seriado) e Sabrina a Aprendiz de Feiticeira (que aparece no vídeo de “Sugar, Sugar”).

Mairon: Só uma pergunta. Ficaram só nesse disco?

André: Lançaram 4 discos, Mairon. Todos no mesmo estilo.

Mairon: Do mesmo calibre? Ok, vou buscar.

André: Mas esse que ouvimos vendeu 6 milhões de cópias. Só o último acho inferior, Mairon. Os outros 3 eu também curti.

Jughead Jones (bateria), Reggie Mantle (baixo), Betty Cooper (pandeiro, percussões), Veronica Lodge (órgão Hammond) e Archie Andrews (vocais, guitarra).

6 comentários sobre “War Room: The Archies – Everything’s Archie [1969]

  1. Cedo ou tarde as pessoas se rendem ao bubblegum. Andy Kim gravou um disco psicodélico maravilhoso: Rainbow Ride. E meu primeiro curso de inglês eu fiz aos 13 anos, cercado de gibis da turma do Archie.

    1. Marco, um privilegiado de ter tido contato com Archie desde a adolescência. E o The Archies também possui outros discos tão grudentos como este.

  2. Que comentário certeiro: “Cedo ou tarde as pessoas se rendem ao bubblegum.” Estou caminhando pra isso rsrsrs…abraços, meu guru!

  3. E pensar que eu conheci essa banda por causa da abertura de uma novela da globo, só que era uma versão feita por um dj e com ritmo meio dance music.

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