Discos que Parece que Só Eu Gosto: Rainbow – Straight Between the Eyes [1982]

Discos que Parece que Só Eu Gosto: Rainbow – Straight Between the Eyes [1982]

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Por André Kaminski

Todo mundo sabe que o Rainbow é a banda a qual Blackmore resolveu se dedicar após ter deixado o Deep Purple, insatisfeito com Coverdale e Hughes. Todo mundo sabe que esta também foi a banda que alçou o inesquecível Ronnie James Dio à fama. E todo mundo sabe que naquela época o difícil guitarrista almejava muito estourar nas rádios com rocks mais leves e pegajosos, coisa que outras bandas como Van Halen, Aerosmith e Scorpions já faziam ou também viriam a fazer em breve. Tal tipo de som jamais conseguiria ser feito tendo Dio na banda.

Após a curta passagem de Graham Bonnet pela banda, Blackmore traz Joe Lynn Turner que consegue cantar da forma que o guitarrista sempre sonhou. Além disso, Powell insatisfeito deixa a banda e Bobby Rondinelli veio assumir as baquetas. Mantendo Glover e contratando David Rosenthal no lugar de Don Airey, a banda lança seu sexto álbum Straight Between the Eyes em 1982, visando agradar ao grande público, principalmente o norte-americano.

Eu gosto de Joe Lynn Turner. Ele é o tipo de vocalista perfeito para o hard rock. Por aqui não tenho o que reclamar, digo que esse é o melhor disco em que já ouvi sua voz. O problema de Turner é o fato de que ele talvez queira entrar em um patamar muito alto entre vocalistas famosos dentro do hard rock e heavy metal, e aí se mete em enrascadas em substituir cantores de bandas consagradas como nas passagens pelo Purple e pela banda de Malmsteen. Tim Ripper Owens faz algo similar. Nenhum dos dois conseguiu se tornar a voz de “referência” nas grandes bandas que passaram. O que é uma pena porque Turner tem um timbre e uma interpretação que me agradam.

Joe Lynn Turner (vocais), Bobby Rondinelli (bateria), Ritchie Blackmore (guitarra), Roger Glover (baixo) e David Rosenthal (teclado)

Este disco foi bem malhado por muitos fãs que sentiam falta daquele “proto-power-neoclássico” heavy metal do Rainbow da era Dio. Aí pegam esse hard rock quase pop desta fase e olham com desdém. Mas o que temos dentro dessas nove faixas são um ótimo hard oitentista com a vantagem de possuir aqueles belos solos e melodias que só o egocêntrico do Blackmore pode, maravilhosamente, nos oferecer.

O disco começa com um belo baixo dando o peso em “Death Alley Driver” que deve ter sido obra de Glover para “enfatizar” sua participação, mas que foi uma boa ideia porque está animal, e seguindo com uma deliciosa balada que virou o principal single que é “Stone Cold“. Não sou muito chegado a “Bring on the Night (Dream Chaser)” que me soa muito como um filler que provavelmente Blackmore e Glover como produtor (esse eu confesso que não me anima muito quando tem seu nome creditado entre os produtores) acharam que seria excelente para seguir após o single. Prefiro mais o jeitão suingado de “Tite Squeeze” e suas batidas envolventes da bateria de Rondinelli.

Ainda queria destacar “Power” com Blackmore soando muito ao estilo Malcolm Young dando um ar festeiro à música que foi feita para chacoalhar o cabelo. “MISS Mistreated” foi uma provocação do guitarrista ao seu ex-companheiro David Coverdale, que chiou quando o Rainbow tocou “Mistreated” em seu disco ao vivo On Stage, exigindo dinheiro por direitos autorais visto que ele é co-autor da música famosa do disco Burn. Por fim, menciono também “Eyes of Fire”, a melhor faixa e o encerramento do disco, este hard de influência asiática conta com os melhores solos e riffs de Ritchie em todo o disco.

Não digo que é lá um grande álbum do Rainbow, mas ele é melhor do que muita gente dá a entender. São boas canções que divertem a quem aprecia um bom hard oitentista. Seja quem estiver à frente dos microfones, Rainbow ainda é Rainbow. Esta é uma banda que sempre vale a pena experimentar quaisquer que sejam os seus discos.

Tracklist

  1. Death Alley Driver
  2. Stone Cold
  3. Bring on the Night (Dream Chaser)
  4. Tite Squeeze
  5. Tearin’ Out My Heart
  6. Power
  7. MISS Mistreated
  8. Rock Fever
  9. Eyes of Fire
Recebendo o disco de ouro na Finlândia pelo Straight Between the Eyes. Com os LPs em mãos: David Rosenthal (teclado), Roger Glover (baixo), Joe Lynn Turner (vocais), Bobby Rondinelli (bateria) e Ritchie Blackmore (guitarra)

14 comentários sobre “Discos que Parece que Só Eu Gosto: Rainbow – Straight Between the Eyes [1982]

  1. Vejo o disco da mesma forma. Gosto de suas músicas e é melhor não comparar com o tipo de som dos três primeiros discos pq são estilos bem distintos. Aliás, me arrisco a dizer que o Rainbow não gravou sequer um disco ruim.

    1. Muita gente demora a notar as qualidades quando uma banda muda de sonoridade. No caso do Rainbow, a qualidade continuou a mesma.

  2. Sou suspeitíssimo para falar do Rainbow. É o tipo de banda que eu não poderia abordar na seção “Do Pior ao Melhor”, pois seria uma edição enfadonha, perdida em elogios e com bem poucas críticas. Todas as fases são boas e cada uma tem algo muito especial. Como só fui conhecer o grupo depois de seu segundo fim ter sido decretado, não carrego aquela rejeição que muitos podem ter tido com as mudanças após a saída de Ronnie James Dio. Tudo que apareceu para mim foi lucro. É claro que nunca mais chegaram perto da qualidade de “Rising”. Nem o álbum seguinte, ainda com Dio e Powell, chegou perto. Aquele foi um acontecimento único, que muito provavelmente jamais seria repetido mesmo que toda a formação fosse mantida. Da fase com Turner, meu preferido é “Bent Out of Shape”, pois aperfeiçoou o que vinha sendo feito nos últimos álbuns, mesclando o Rainbow protopower, AOR e de inspiração erudita. “Difficult to Cure” e “Straight Between the Eyes” estão em um nível muitíssimo semelhante. Talvez o primeiro ganhe por uma braçada pois gosto muito de “Spotlight Kid”, mas isso não faz do segundo menos importante. Confesso que algumas músicas soam um pouco bobinhas se compararmos com o Rainbow setentista e mesmo com material com Turner, vide “Power” e “Rock Fever”, mas “Death Alley Driver”, “Stone Cold” (único hit do grupo), “Bring on the Night” (eu gosto) e “Eyes of Fire” compensam com facilidade.

    1. Eu também tenho uma preferência maior pelos três primeiros, mas acho injusto quando citam esse disco que falei como ruim. Principalmente quando comparam Turner com o Dio. São dois vocalistas distintos com seus estilos de preferência. Mesmo Dio sendo um melhor cantor, isso não desmerece o Turner que sempre se deu bem no hard/AOR.

    2. Vale frisar que o Malmsteen grande fã do Blackmore, depois plagiou o riff de Spotlight Kid em Jet to Jet no “debut” do Alcatrazz de 1983.

      1. Bem lembrado. “Jet to Jet” é um xerocaço safado de “Spotlight Kid”! Boa música, mas prefiro a original. Na real o próprio Rainbow tentou dar uma leve renovada nessa música e a batizou de “Fire Dance”, que considero ainda melhor.

  3. O Joe Lyn Turner é um vocalista injustiçado. Eu gosto da voz dele e curto o Rainbow dessa fase. E o clipe de Death Alley Driver é excelente, com o Blackmore no banco de trás de um carro antigo e Roger Glover como motorista perseguem Lynn Turner com esteve dirigindo uma moto. Espetacular!!!

    1. Também acho que pegam pesado com ele. Tá certo que ele se meteu em umas barcas furadas na carreira, mas há vários discos muito bons em que ele demonstra ter uma voz muito boa principalmente para o hard/AOR.

  4. Não é só tu quem gostas dele cara. Particularmente, acho esse o melhor disco do Rainbow pós-Dio. Joguem as pedras.

  5. “Glover como produtor (esse eu confesso que não me anima muito quando tem seu nome creditado entre os produtores)”

    Por curiosidade, quais seriam os motivos das produções do Roger Glover não te agradar tanto?

      1. Os álbuns mais novos do Deep Purple. Sua produção ao qual provavelmente deve influenciar nos rumos dos caminhos e sonoridades escolhidas pela banda tem me desagradado bastante, deixando muitas vezes o Purple soando como uma banda estéril e sem sal. Entretanto, reconheço alguns bons trabalhos seus nos anos 70, principalmente com o Elf. Mas isso já são décadas.

  6. No inicio dos anos 80, os três primeiros discos estavam fora de catalogo, eram discos raros, talvez por este motivo eram mais especiais. Hoje de tanto ouvir acho que até prefiro os últimos. Também me tornei admirador de Joe Lynn Turner quando assisti o Deep Purple em 1991. Slaves and Masters também é meu predileto.

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