Melhores de Todos os Tempos – Aqueles que Faltaram: por Alexandre Teixeira Pontes

Melhores de Todos os Tempos – Aqueles que Faltaram: por Alexandre Teixeira Pontes
Michael Anthony, Alex Van Halen, David Lee Roth e Eddie Van Halen

Nota do editor: quando publicamos a última edição anual da série, abordando 2010, há pouco menos de um ano, agradeci a todos aqueles que ajudaram a fazer desse trabalho algo tão especial: colaboradores, convidados e leitores. Agradeço novamente a todas essas pessoas que tornaram isso realidade e manifestaram suas opiniões com respeito e civilidade. Desta vez, porém, o fim é para valer. Não haverá outra extensão da série. Quem quiser ler ou reler as edições anteriores, pode clicar aqui e seguir livre para comentar quantas vezes desejar, seja em tom elogioso ou crítico. Obrigado!

Por Alexandre Teixeira Pontes

Edição de Diogo Bizotto

Com André Kaminski, Bernardo Brum, Christiano Almeida, Davi Pascale, Fernando Bueno, Flavio Pontes, Mairon Machado, Ronaldo Rodrigues e Ulisses Macedo

Coube a mim a imensa responsabilidade de fechar esta ótima série. Aliás, se é um desafio, também é um bônus, pois vários dos meus álbuns foram sendo citados pelos demais consultores. Sobrou mais espaço para outros, e isso é muito bom. Eu, que venho acompanhando a série quase desde o início, tenho ficado grato com citações aos grandes álbuns dos anos 1960 e 1970. Assim, resolvi privilegiar, entre uns 25 discos que ainda tinha na manga, os anos 1980. Nessa década, a edição voltada a 1984 deixou para mim, desde a publicação, a sensação de que faltava algo. Aliás, faltava bastante coisa, se me permitem a ousadia. É um ano mágico para o hard rock e o heavy metal, gêneros que dividem minha predileção junto com o progressivo. Esta lista cita então três álbuns lançados nesse ano. Por isso resolvi ilustrar esta publicação com o Van Halen, que aparece aqui com seu disco intitulado com o ano em questão. Mesmo assim, alguns bons lançamentos, como o enérgico primeiro do W.A.S.P. e o grande Slide It In, do Whitesnake, acabaram sendo preteridos. Não dava para fazer uma lista só com 1984. Registro aqui minha homenagem ao ano em particular e meu agradecimento a todos os participantes pela oportunidade de aprender. Valeu, Consultoria!


Renaissance – Ashes Are Burning (1973)

Alexandre: Confesso que olhei a edição dedicada a 1973 várias e várias vezes para ter certeza de que não estava enganado. Mas é verdade; este, que talvez seja o mais clássico entre os álbuns que escolhi, realmente não está lá!!!!! Sei que foi um ano forte, mas não dava para esquecer de Ashes Are Burning. Este será, provavelmente, meu maior momento de indignação nesta série. Pior ainda, o Renaissance não aparece em nenhuma edição da série (indiquei-os em 1975). Ou seja, para mim há uma clara lacuna. A banda precisava ser mencionada, a voz de Annie Haslam jamais poderia ficar de fora, uma vez que fosse!!! Pouca gente cantava como essa moça em 1973. Assim, resolvi escolher Ashes are Burning entre outros ótimos álbuns desse grupo. A escolha é até um pouco óbvia, pois há, entre as seis boas faixas, quatro autênticos e inquestionáveis clássicos. Minhas favoritas apontam primeiramente para a faixa-título, mas para os também inacreditáveis vocais de “Carpet of the Sun”. Confesso, sem cerimônia alguma, que adoro “Let It Grow”, música mais radiofônica do grupo, que tocou nas rádios brasileiras, e da poderosa abertura, com “Can You Understand”. Um pouquinho abaixo das demais está “On the Frontier”, ainda assim uma faixa de qualidade. Ótimos pianos, teclados, ótimo baixo e um compositor de mão cheia (Michael Dunford). Não dava para deixar este disco de fora.

André: Gostei muito da lista do Alexandre, porém, se ele me permite uma pequena crítica, achei que nosso amigo se focou muito em bandas que já apareceram antes e constam aqui com seu quarto ou quinto melhor disco, tendo em vista que os clássicos já entraram antes. Eis aqui, contudo, o Renaissance, para tirar essa impressão, fazendo justiça a uma das mais belas bandas do progressivo setentista, e com um dos seus melhores álbuns, é claro. Um pouco mais direto e menos progressivo que os anteriores, além de usar mais elementos folk europeus em seu rock sinfônico, Ashes Are Burning é uma bela coleção de melodias do início ao fim. Não tem como negar que, quando a musa do prog Annie Haslam abre a garganta, tudo fica menor diante de sua linda e doce voz. Apesar de eu gostar da maioria dos álbuns aqui citados, ver uma banda que não apareceu antes entre aqueles que faltaram é de um alívio enorme. Melhor disco da lista e agradecido ao Alexandre por nos ter dado a oportunidade de fazer justiça ao Renaissance.

Bernardo: Rock progressivo com orquestra, um dos primeiros. Bem, posso estar sendo redundante nesses comentários, mas realmente não faz meu estilo. Ouvi e esqueci.

Christiano: Um dos discos mais bonitos que já ouvi. Tudo soa tão perfeito que é até difícil comentar. Não existe ao menos uma música que seja mais fraca. Claro que algumas se sobressaem, como é o caso da abertura, com “Can You Understand”, que, além de ter uma melodia perfeita, apresenta variações de andamento muito interessantes. Aliás, o arranjo de baixo é muito bem elaborado. Outro momento de extrema beleza é “At the Harbour”, no qual Annie Haslam mostra que foi uma das melhores vocalistas daquela rica década. Enfim, um disco perfeito e, sem dúvida, um dos melhores de todos os tempos.

Davi: Vocês acreditam que eu comprei um monte de discos desses caras e ainda não peguei este, que é justamente o mais famoso? Kkkkkkkk, eu e minhas loucuras. Gostei muito do álbum. O som do Renaissance é bem suave, calmo, com bastante violão, piano e orquestrações. Não faltam, é claro, as passagens instrumentais, o anticlímax, as quebradas de tempo, mas tudo é feito de maneira menos exibicionista. As linhas melódicas são muito bem construídas e a voz delicada de Annie Haslam casa super bem com a sonoridade do quarteto inglês. Michael Dunford e Andy Powell, do Wishbone Ash, fazem uma participação especial na bela faixa-título, mas minhas preferidas são mesmo “Can You Understand”, “Let It Grow” e “Carpet of the Sun”. Lindo disco.

Diogo: Tenho uma relação mais próxima com quase todos os álbuns citados pelo Alexandre, mas Ashes Are Burning só não é sua mais importante citação por conta de 1984, que realmente é marcante demais. Tenho apreciado mais e mais o som do Renaissance ultimamente, sua maneira de fazer progressivo com intersecções folk e sinfônicas, conduzido mais pelo piano do que por qualquer outro instrumento e menos focado nas guitarras, isso sem falar nos maravilhosos vocais de Annie Haslam. Faltam-me palavras adequadas para elogiá-los como deveria. Arrependo-me, inclusive, de não tê-la citado na edição especial desta série voltada a escolher os melhores vocalistas de todos os tempos. Tirando “On the Frontier”, que não chama tanto minha atenção, todo o restante do disco é excelente. “Let It Grow” e “Carpet of the Sun” soam acessíveis sem soarem comuns, apresentando algo mais radiofônico com muita qualidade e personalidade. A faixa-título é uma bela demonstração daquilo que escrevi mais acima, mas é “Can You Understand”, com uma carga de dramaticidade acima da média, que me fisgou de vez e fez com que eu prestasse mais atenção a este álbum. Não esperava ver o Renaissance lembrado por aqui, mas é algo muito bem vindo.

Fernando: Único representante da década de 1970, o Renaissance é uma banda praticamente desconhecida da maioria das pessoas, mas muito cultuada pelos que ouvem progressivo. Uma das coisas que sempre pensei sobre o grupo é que ele acabou sendo estigmatizado por ter Annie Haslam no vocal. Fica sendo sempre o progressivo com voz de mulher. É claro que ela tem uma voz fantástica e seria até natural realmente chamar atenção por isso, mas subestima-se o instrumental, que também é de alto nível.

Flavio: Em um progressivo com pouca presença de guitarras, focado no maravilhoso vocal de Annie Haslam e no teclado (predominantemente piano) de John Tout, o Renaissance aparece com seu disco clássico: Ashes Are Burning. O álbum é o primeiro do grupo a contar com acompanhamento de orquestra, trazendo um tom ainda mais grandioso para o som. Recheado de composições fortes, mostrando a banda em ótima fase, fica difícil apontar uma melhor canção, já que todas trazem aspectos destacáveis em formas diferentes. “Can You Understand” abre como um excelente folk progressivo e é seguida pela canção mais conhecida no Brasil, muito executada pelas rádios nos anos 1970: “Let It Grow”, uma balada com tom suave e um vocal extraordinariamente belo de Annie. Destaco a curta “Carpet of the Sun”, fortemente preenchida pelo piano acústico, e o fechamento de ouro com a faixa-título, em um rock progressivo com todos os seus elementos, incluindo o baixo Rickenbacker palhetado de John Camp, outro elemento bem presente à epoca. Um disco excelente e altamente recomendado para os amantes do rock progressivo dos anos 1970.

Mairon: Este é o segundo disco da encarnação consagrada do Renaissance, aquela com Annie Haslam nos vocais, John Tout ao piano, Jon Camp no baixo e Terence Sullivan na bateria (além da participação especial de Michael Dunford no violão e na voz). É o álbum que colocou o grupo no mundo dos grandes do rock progressivo. Os discos anteriores (dois com Keith Relf e Jane Relf nos vocais, e o ótimo Prologue, de 1972) mostram uma banda com grandes inspirações na música renascentista, mas com tons psicodélicos que ainda eram reflexo do fim dos anos 1960 na Inglaterra. Em Ashes Are Burning, o grupo realmente concentra-se em construir algo totalmente novo, misturando a música renascentista com o pop, e faz isso com tamanha propriedade que acaba gerando no mínimo dois clássicos incontestáveis, chamados “Let It Grow” (que letra sensacional) e “Carpet of the Sun”, hinos sagrados para todo fã que se preze. Ao mesmo tempo, a banda passou a apostar na criação de épicas suítes que empregam elementos orquestrais, algo que seria uma marca do Renaissance nos cinco anos posteriores. Nesse quesito, “Can You Understand”, com sua linda introdução ao piano, e a faixa-título, uma das melhores canções do grupo, com um espetáculo à parte pelos teclados de Tout, dão um banho de composição e melodia. A última, inclusive, conta com a participação de Andy Powell (Wishbone Ash) nas guitarras. Fecham o tracklist “At the Harbour”, um espetáculo vocal de Haslam acompanhada apenas pelo violão, e a lindaça harmonização vocal flower power de “On the Frontier”. O ano de 1973 foi complicado, mas com certeza haveria espaço para o Renaissance na respectiva edição, principalmente no lugar dos Stooges. Ótima adição, Alexandre.

Ronaldo: O Renaissance encontra sua zona de conforto definitiva em Ashes are Burning, com um encaixe sinérgico entre melodias conduzidas pelo piano, fortes marcações no baixo, violões ritmados e a frequência vocal cândida de Annie Haslam. No meio de uma profusão de sons de teclado que era praxe na época, chega a ser minimalista a banda praticamente conduzir todo seu trabalho apenas por um solene piano acústico e o mesmo pode ser dito sobre a quase total ausência de guitarras. Canções memoráveis e com fantástica construção de arranjos, como a longa faixa-título e “Can You Understand”, é algo que faz o disco ter seu espaço garantido no rock progressivo.

Ulisses: Ouvir Annie Haslam durante 40 minutos é terapêutico. Letras edificantes e uma atmosfera folk com momentos sinfônicos abrangentes perpassam todo o tracklist. Junte isso aos ótimos arranjos e à proficiência prog que a banda ocasionalmente traz, e nota-se que o Alexandre escolheu iniciar sua lista com um álbum do qual é impossível não gostar.


Scorpions – Blackout (1982)

Alexandre: Que eu incluiria os alemães aqui, isso era certo. Apenas dois álbuns deles estiveram na série. Selecionar um disco do Scorpions foi praticamente uma “escolha de Sofia”. Depois de boas escolhas feitas pelo Flavio e pelo Fernando, faltavam ao menos três grandes registros não citados. Além de Blackout, In Trance (1975) e Lovedrive (1979) martelaram minha cabeça. Por fim, a despeito da minha enorme admiração por Ulrich Roth e Michael Schenker, resolvi incluir este também excelente álbum dos alemães. Afinal, Mathias Jabs também é um guitarrista super competente e Rudolf Schenker encontrava-se ainda em plena forma como compositor. Além disso, minha entrada no universo do grupo foi por Blackout, um disco que traz uma relação mais emocional comigo. Considero apenas “Now!” ligeiramente abaixo das demais. Mesmo a menos conhecida “Arizona” me agrada muito. O lado A traz três canções clássicas, que estiveram no duplo World Wide Live (1985): “Can’t Live Without You”, “No One Like You” e a faixa-título, essa presente em qualquer show que se preze até hoje. Minha favorita, no entanto, é a linda balada “You Give Me All I Need”. O lado B começa com outra super tocada nos shows, “Dynamite”, e termina em altíssimo nível: “China White”, um épico mais cadenciado, de clima oriental, com uma performance excepcional de Klaus Meine, na época recém recuperado de uma delicada cirurgia vocal . Para fechar, outra linda balada, que de vez em quando dá as caras nos shows: “When the Smoke Is Going Down”. Blackout é um disco praticamente sem pontos fracos.

André: Disco clássico do Scorpions, banda que já foi muito bem representada na série. Não ficaria exagerado, entretanto, colocar mais este álbum entre os dez de 1982. Melódico até o talo e divertido até dizer chega, é aquele típico rock chacoalhador de cabelos que faz muito bem aos ouvidos. Só balançar ao som das faixas de que mais gosto, que são “No One Like You” e a empolgante “Arizona” (que grandes guitarras!).

Bernardo: Tirando “No One Like You”, sempre achei o mais sem graça da fase áurea do Scorpions.  Acho o sucessor (Love at First Sting, de 1984) tão melhor que não tem nem comparação.

Christiano: Além de ser um bom disco, talvez traga a melhor capa do Scorpions, que nunca foi uma banda criativa na hora de escolher a embalagem para seus álbuns. Por mais que Love at First Sting seja considerado o grande representante do que fizeram na década de 1980, acho que foi em Blackout que conseguiram alinhar suas aspirações comerciais, tendo em vista o mercado norte-americano, a ótimas composições. Nada soa exagerado ou mesmo desnecessariamente repetitivo, coisa que marcaria seus lançamentos posteriores. Além de mostrar um hard rock cativante e bastante enérgico, alguns momentos mais pesados, como “Now!” e mesmo a faixa-título, mostram que a banda estava no auge, mesmo após uma sequência de ótimos álbuns gravados na década anterior.

Davi: Este álbum foi criado durante um período tenso e, mesmo assim, acabou atingindo um puta nível. Enquanto criavam este disco, Klaus Meine ainda se recuperava dos problemas que havia tido com suas cordas vocais. As demos, inclusive, foram gravadas por Don Dokken (Dokken). Graças ao bom pai, Klaus se recuperou e pôde gravar o LP. Gosto bastante do Dokken, mas Klaus é a cara da banda. O álbum segue a lógica de Lovedrive (1979) e de Animal Magnetism (1980). Ou seja, traz uma maior aproximação com o hard rock e espaço para as power ballads (fórmula que chegaria ao ápice no fantástico, soberbo e magnífico Love at First Sting. As baladas são representadas pelas (boas) “You Give Me All I Need” e “When the Smoke Is Going Down”, mas é nas mais pesadas que o quinteto realmente rouba a cena. “Blackout”, “No One Like You”, “Can’t Live Without You” e “Dynamite”, mais que impactantes, são clássicos da trajetória do grupo. Fazia tempo que não ouvia este disco. Espetacular!

Diogo: Blackout é o álbum que cristalizou de vez a sonoridade pela qual o Scorpions se tornaria mundialmente conhecido, através deste e mais especialmente do lançamento seguinte. Desde Lovedrive a banda já vinha flertando com algo mais acessível e baseado mais em melodias (vocais e na guitarra) e refrãos contagiantes do que nos riffs de Rudolf Schenker. Com Blackout, a metamorfose se completou. O grupo tem o mérito de ter incluído esses novos elementos e se mantido na seara do hard rock com evidentes flertes com algo mais pesado, além de ter caprichado em composições realmente cativantes. Cinco faixas exemplificam tudo isso que expliquei de maneira muito evidente: a canção que dá título ao disco, “Can’t Live Without You”, “You Give Me All I Need”, “Arizona” e, mais especialmente, a ótima “No One Like You”. O flerte mais forte com o heavy metal (já em sua forma oitentista, ao contrário do que ocorre em álbuns como Virgin Killer, de 1976, e Taken By Force, de 1977) acontece na forma da excelente “Dynamite”, minha favorita ao lado de “China White”, cujo estilo arrastado e pesado remete a “The Zoo” (Animal Magnetism) e poderia ter sido melhor explorado em lançamentos seguintes. É realmente uma pena que isso não tenha ocorrido. “When the Smoke Is Going Down” é uma boa balada sem a breguice de outras músicas do tipo criadas pelo Scorpions em oportunidades posteriores e fecha um grande disco que, por mais que não tenha o mesmo nível de qualidade daquilo que a banda fez entre 1975 e 1979, mostra várias razões pelas quais o Scorpions tem sido tão longevo, mesmo tendo lançado álbuns bem menos relevantes. Repertório esses caras têm de sobra.

Fernando: Sei da importância deste disco para a banda na época de seu lançamento e a capa icônica marcou demais. Sei que se eu falar que não gosto tanto dele posso ofender alguns, mas eu prefiro, por exemplo, o anterior, Animal Magnetism, e o seguinte, Love at First Sting. Acredito que ambos têm mais faixas clássicas do que Blackout.

Flavio: Blackout continua a evolução da banda rumo ao estilo calcado nas melodias vocais, trazendo seu melhor ponto na discografia nesse aspecto. Em um disco praticamente perfeito, há todos os elementos do clássico hard rock, caso das aceleradas “Blackout”, “Can’t Live Without You”, “Dynamite” e da curta “Now!”, e das baladas (como “When the Smoke Is Going Down”), que mais adiante tornar-se-iam fórmula de sucesso para os grupos do estilo. Há ainda as ótimas midtempo “No One Like You” e “You Give Me All I Need”, além da repetição do ritmo super marcado de “The Zoo” em “China White”, com a jogada genial de tempo desconcatenado até o fim do compasso nas estrofes. Recomendo Blackout como ótimo ponto já na fase comercial da banda. Embora não tenha obtido o sucesso do disco subsequente, sempre será apreciado por mim como o melhor do puro hard rock, antes das lantejoulas e das baladas açucaradas tomarem conta do repertório dos alemães.

Mairon: Depois da saída de Uli Roth, o grupo chamou de volta Michael Schenker para as guitarras. Com a adição de Matthias Jabs, gravou o bom Lovedrive. Michael preferiu seguir em carreira solo e sobrou para Jabs a posição de guitarrista principal. Veio Animal Magnetism, traçando novos caminhos para o grupo e a consolidação dessa nova formação com Blackout, um álbum que mescla elementos do hard que consagrou os alemães nos anos 1970 com ares mais americanos, que os tornaram gigantes nos anos 1980. Da parte hard, destacam-se a ótima faixa-título e a pegada “Now!”, todas passíveis de estarem presentes ao menos em Taken By Force. Já no som mais americanizado, “Can’t Live Withot You” e “Arizona” são as representativas, e não sou grande fã delas. Agora, quer saber o que virou o Scorpions nos anos 1980, ouça “No One Like You”, “You Give Me All I Need” e “When the Smoke Is Going Down”, faixas que misturam pseudobaladas dedilhadas com solos rasgados e refrãos grudentos, além de letras melosas e cheias de romantismo. Se quiser ouvir as melhores canções, vá direto ao lado B e largue a agulha na primeira faixa, “Dynamite”, talvez a última grande canção dos alemães, ou então na terceira, “China White”, pesada e totalmente diferente de tudo o que o Scorpions gravou antes ou depois. Blackout é um dos últimos discos decentes da banda, muito aquém daqueles lançados nos anos 1970, mas digno de estar presente na edição voltada a 1982, no lugar do The Descendents ou do Cock Sparrer.

Ronaldo: Um disco muito importante para a consolidação da identidade do hard rock/heavy metal dos anos 1980. Musicalmente, o Scorpions se concentrou em duas ou três fórmulas de riffs pesados e trabalhou forte nos refrãos e nas linhas vocais, de modo a torná-las as mais entoáveis possíveis. O disco é claramente limitado em seu conceito, mas é inegável que as músicas funcionam muito bem. Agitam a cabeleira e são rocks de primeira.

Ulisses: Um dos álbuns mais queridos da segunda fase do Scorpions. Não é por menos, afinal a banda estava afiada e conseguiu entregar performances empolgantes, como a icônica faixa-título, “Now!” e “Dynamite”. As baladas não são tão melosas e há músicas mais cadenciadas no fim (as surpreendentes “China White” e “When the Smoke Is Going Down”). Já é o terceiro álbum do Scorpions resgatado nesta série!


Black Sabbath – Born Again (1983)

Alexandre: Prevejo polêmicas, porque, pelo que me consta, Gillan acabou aceitando essa doideira mais pela grana do que propriamente pela ideia de ser vocalista do Black Sabbath. A produção e a mixagem, ninguém contesta, são muito ruins. Quem for por uma dessas linhas para sentar o pau no álbum, no fundo até tem razão. A razão, contudo, muitas vezes perde para a emoção. Nunca ouvi na vida Gillan soar como em Born Again, nem nos seus melhores momentos junto ao Purple. Aliás, pouquíssimas vezes ouvi alguém cantar assim. Quando ouço os sons soturnos de “Stonehenge” e a eles se emendam os vocais mais macabros que alguém já entoou na banda, em “Disturbing the Priest”, entendo que já é um total bônus ter tido a rara oportunidade de juntar essas três lendas em um registro fonográfico. Além disso, vai a minha opinião mais pessoal, eu realmente curto demais várias dessas canções. O lado A, que termina com “Zero the Hero”, é bom por inteiro. O lado B tem duas faixas mais fracas, que até eram tocadas na turnê: “Digital Bitch” e “Hot Line”. A faixa-título, no entanto, uma balada com outro vocal inacreditável de Gillan, também é espetacular. Uma questão muito peculiar; nos anos 1980 tive várias edições de Born Again em vinil, porque muito provavelmente um problema da prensagem nacional (muito da vagabunda) fazia o álbum pular na última faixa. Sempre no mesmo trecho, pouco depois do solo. Perdi as contas de quantos álbuns comprei, troquei, reclamei na loja, tudo em vão. O problema só foi reparado quando adquiri o CD e depois o Flavio acabou comprando uma versão importada do disco. Por conta disso, “Keep It Warm” acabou entrando entre as faixas das quais gosto, aliás, com um belo solo do sr. Iommi. Born Again resume-se, para mim, na frase que o inicia, em “Trashed”: “It really was a meeting!”.

André: Incrível como este disco virou cult no Brasil. Lá fora continua ignorado como sempre. Seguindo a opinião do povo, também o curto, exceto a capa horrorosa. Não tem como não se impressionar, principalmente com os vocais insanos de Gillan, para muitos o melhor trabalho que ele fez na carreira. Adoro “Trashed” e “Disturbing the Priest”. Ouvi muito este álbum há uns quatro anos, não ouço tanto hoje em dia, todavia adoro o jeito pesado e cru que ele possui. Nem mesmo sua produção ruim me tira qualquer consideração para com ele.

Bernardo: O disco visceral do Black Sabbath. Iommi em parceria com Gillan estava possuído, e além da delinquência de “Trashed” tem momentos verdadeiramente assustadores, como a faixa-título e “Zero the Hero”. A capa tosca, a produção estourada, Gillan estourando a voz para nunca mais cantar direito no Purple, a cozinha estourando, Iommi mais barulhento que nunca  esse não é o Black Sabbath requintado depois de uma viagem onírica de LSD, esse é o Black Sabbath tosco depois de uma bad trip muito ruim de bagulho estragado. Ainda tão prazeroso e desconfortável de se ouvir na mesma medida… Um disco único.

Christiano: Quando me perguntam o que acho deste disco, nunca sei o que dizer. Tinha tudo para ser um clássico, pois traz o vocalista do Deep Purple para cantar no Black Sabbath, duas das maiores bandas da década de 1970. Imagino que tenha gerado muita expectativa na época em que foi lançado… Mas essa gravação é horrível. Claro que existem ótimas faixas, bons exemplos são “Trashed” e “Disturbing the Priest”, as duas de que mais gosto. Sei que hoje em dia o álbum ganhou status de cult, mas não o considero um dos melhores momentos da carreira do Sabbath, que, aliás, gravou discos bem melhores com Tony Martin.

Davi: Essa é, sem dúvidas, uma das capas mais feias da história do rock. Esse diabinho lembra-me o “bebê diabo” que o jornal Noticias Populares criou décadas atrás. Musicalmente, considero-o um disco bacana, mas ele não me soa muito Sabbath. Também acho que falta uma música realmente marcante. A mais lembrada é “Trashed”, que até ganhou videoclipe. Mesmo assim, para uma banda que tem sons como “Heaven and Hell”, “N.I.B.”, “War Pigs”, “Sabbath Bloody Sabbath” e “Mob Rules” em sua trajetória… Gillan ainda estava com uma voz forte, soltando altos agudos. Tony Iommi é um mestre na arte de criar riffs, mas os riffs de “Hot Line”, “Disturbing the Priest” e “Digital Bitch”, ainda que sejam excelentes, definitivamente não me soam Sabbath. Remetem-me a Rainbow, Iron Maiden e Ozzy Osbourne (carreira solo), respectivamente. Acho que em “Zero The Hero” foi resgatada um pouco da essência da banda, com aquela pegada mais arrastada tão marcante. É um bom disco, não há dúvidas, mas para apreciá-lo precisamos esquecer que estamos ouvindo um trabalho do Black Sabbath, mesmo que essas palavras estejam estampadas na capa.

Diogo: Publiquei recentemente uma edição da seção “Do Pior ao Melhor” abordando o Black Sabbath. Na oportunidade, mencionei o fato de Born Again  vir recebendo mais reconhecimento nos últimos dez ou 15 anos, ao menos dos fãs brasileiros. Ao mesmo tempo que há merecimento, pois se trata de um bom álbum, com algumas ótimas canções, há muito exagero em torno desse fato. Sua produção e sua mixagem, por mais que tenham lhe dado um caráter único, pesado e ardido, parecem coisa de amador, ainda mais considerando que, bem pouco tempo antes, o grupo havia feito um belo trabalho nesse sentido, ao lado de Martin Birch. Para alguns, Ian Gillan protagoniza um festival de gritos; para outros, a melhor performance de sua carreira. Nesse quesito, devo admitir, encontro-me no segundo grupo, pois muito me agrada o berreiro que adorna as magníficas “Trashed” (o melhor exemplo de como o Sabbath com Gillan era um monstro completamente diferente, incluindo letras) e “Disturbing the Priest”. Não sou tão fã de “Zero the Hero”, mas seu riff é grandioso ao ponto de ter sido reciclado por outras bandas e pelo próprio Iommi. “Digital Bitch” é legalzinha e a faixa-título é uma das baladas mais estranhas que já ouvi na vida, mas gosto dela. “Hot Line” não fede nem cheira, já “Keep It Warm” é uma das piores canções registradas pelo Black Sabbath. Colocando suas características em uma balança, Born Again pende mais para o lado positivo; ainda assim é necessário arrefecer os ânimos daqueles muito empolgados.

Fernando: Aqui no Brasil, me parece, este álbum é mais bem considerado que no resto no mundo. Não sei como foi para outras pessoas, mas, para mim, um disco do Black Sabbath com Ian Gillan foi muito mais uma curiosidade do que algo para se levar a sério. Não sei como foi a repercussão na época, mas será que todos achavam que a banda poderia ser longeva com essa formação? E se engana quem achou que eu não gosto do álbum.

Flavio: Em uma cartada inesperada, mr. Iommi recrutou o ex-vocalista da fase clássica do Deep Purple para não deixar a peteca cair após a saída de Ronnie James Dio. A ida de Ian Gillan para o Black Sabbath foi comemorada pelos fãs com grande expectativa para o disco e pela manutenção do altíssimo nível da demoníaca banda. Born Again não falha em trazer boas performances de Gillan, Iommi, Butler e também do baterista Bill Ward. Há pontos altíssimos, como a linda faixa-título e a religiosamente perturbadora “Disturbing the Priest”, com um assombroso e avassalador vocal, realmente uma aula de mr. Gillan. “Trashed” também marca, com um heavy rock mais acelerado de bom nível, fato que não se pode dizer do videoclipe lançado à epoca, um verdadeiro “trash video”, ou melhor, um lixo visual. Coisas esquisitas aqui e ali, interlúdios de efeitos sonoros entre as faixas, a polêmica capa e o som abafado e criticado da produção não chegaram a afetar o bom nível da bolacha, que ainda tem outras boas composições, como “Zero the Hero”. Gillan passou como um cometa no Sabbath, ajudou a montar um álbum inesquecível, acabou com a voz na turnê e se foi de volta para o Purple no ano seguinte, em outro ótimo disco presente nesta edição.

Mairon: Este é um dos discos que mais ouvi na vida. Quando descobri o Sabbath, não sei por que Born Again chegou-me facilmente, e me encantei por pedras furiosas do porte de “Digital Bitch”, “Hot Line”, “Trashed” e “Zero the Hero”, disparadas as melhores canções do único álbum de Gillan com Iommi, Butler e Ward (que baita line-up). As canções mais arrastadas também são interessantes, e nesse caso cito “Disturbing the Priest” e a ótima faixa-título. O gogó de Gillan estava afiadaço, com o homem mostrando uma vontade de cantar rock pesado depois de um período no fusion junto à Ian Gillan Band e com uma carreira sem muito sucesso com o Gillan. Todas as canções que citei são exemplos de por que Gillan é considerado um dos maiores vocalistas de todos os tempos. Pena que não manteve sua voz. Não sou muito fã de “Keep It Warm”, acho que está bem abaixo das demais, e “Stonehenge” e “The Dark” são meras vinhetas que não contribuem em nada para a obra em geral. É um baita disco, que poderia ter dado mais frutos se não fosse o retorno da Mark II no ano seguinte. Pelo contexto histórico e pela gravação em geral, teria espaço na edição abordando 1983.

Ronaldo: Já tive a oportunidade de detonar este disco em outras cercanias e estou diante do mesmo ofício novamente. Capa horrenda, produção sonora bisonha (bateria alta e grave, som estourado, abafado e sem distinção entre guitarra e baixo). No meio disso tudo, berros e mais berros de Ian Gillan. “Stonehenge” prova que havia salvação para coisas feitas com teclados nos anos 1980, mas os tecladistas deram de costas para coisas do tipo. As linhas vocais parecem ter sido feitas com o único objetivo de fazer Ian Gillan gritar o máximo que pudesse, os riffs são estranhos e as músicas parecem ser apenas amontoados de frases de guitarra. “Digital Bitch” até é um pouco mais honesta, apesar de convencional; contudo, a péssima qualidade de gravação joga tudo a perder. “Born Again”, se bem gravada e lançada com a sonoridade do Black Sabbath em 1973, poderia ter alguma salvação.

Ulisses: A junção do grande Ian Gillan com os instrumentistas originais do Sabbath parece uma daquelas coisas que os fãs ficariam imaginando naquelas brincadeiras de “monte sua banda ideal” e coisas do tipo, exceto que dessa vez foi algo que realmente aconteceu. O único fator que pesa contra o disco – pelo menos até certo ponto – é a mixagem, um tanto densa, com um som de bateria pobre e por vezes deixando a guitarra quase enterrada sob a grave camada sonora – e é um pecado fazer isso com o maior guitarrista do heavy metal. Fora isso, as composições ficaram um tanto interessantes, com Iommi entregando alguns de seus melhores riffs (“Zero the Hero”, “Digital Bitch”) e Gillan em performance lendária, soando quase psicótico na excelente “Trashed” e em “Disturbing the Priest”. Nenhum outro álbum da banda suscita tanta controvérsia quando este aqui, e eu devo dizer que vejo nele mais pontos positivos do que negativos.


Ozzy Osbourne – Bark at the Moon (1983)

Alexandre: Mais uma vez Ozzy? Não, mais uma vez Jake E. Lee!!!!!! E, é claro, o extraordinário e subestimado Bob Daysley. A presença de um monstro como Tommy Aldridge fica até em segundo plano, ofuscada pelo talento desses dois. O disco já vale apenas pela soberba interpretação de Jake na faixa-título. E tendo a imensa responsabilidade de substituir um gênio como Randy Rhoads. Solos extraordinários, riffs sensacionais. A faixa em si, indiscutivelmente, é um dos clássicos supremos do ex-vocalista do Sabbath. Preciso admitir, porém, o álbum não é perfeito. Há faixas menores, como “Slow Down” e “Now You See It (Now You Don’t)”. O restante, se não fica entre os clássicos super executados da carreira do Madman, é de ótima qualidade. Este disco traz vários exemplos de faixas das quais eu tanto gosto, mas não são tão citadas. Algumas delas são demais, como “You’re No Different” (baixo fretless espetacular de Daisley) e “Waiting for Darkness”, mais uma aula da categoria de Jake. Sugiro ouvir “You’re No Different” na versão remasterizada, com o fim estendido. O que já era bom, ficou ainda melhor. “So Tired” é uma balada brega da qual não tenho vergonha de dizer que gosto. No Rio de Janeiro, em meados dos anos 1980, a faixa era usada em publicidade imobiliária que era veiculada nos programas de rock da extinta Rádio Fluminense FM. Muitos preferem The Ultimate Sin (1986) entre os álbuns gravados por Jake na banda, mas considero Bark at the Moon menos  calcado no hair metal, apesar da considerável altura dos teclados de Don Airey na mixagem. Ah, Ozzy está bem também, canta de forma bem harmoniosa, como nos seus bons momentos junto ao Sabbath.

André: Gosto muito de Ozzy com Jake E. Lee. Os dois discos que eles fizeram juntos são meus favoritos do Madman. Apesar de eu gostar um pouco mais do posterior, em Bark at the Moon estão suas músicas mais conhecidas dessa fase, como a faixa-título e “So Tired”. Há aquela história de que Lee compôs o disco todo e acabou tendo que abrir mão dos direitos sobre as músicas graças àquela senhorinha que uma porção de gente no meio heavy metal odeia. Independentemente disso, Ozzy canta bem e sem qualquer dificuldade em interpretar as letras, mesmo sabendo que nos bastidores estava mais para lá do que para cá devido aos seus conhecidos problemas com entorpecentes. Minha preferida deste álbum e uma das melhores de toda carreira de Ozzy é “Centre of Eternity”, com aquela aura sinfônica cheia de sinos e órgão que fez com que a canção me ganhasse no seu primeiro minuto para depois explodir no metal clássico. Brilhante canção e álbum.

Bernardo: Ozzy farofando para tentar garantir público após a perda irreparável de Randy Rhoads. Ainda bem que depois do álbum seguinte Jake E. Lee havia rodado, porque o sujeito tem talento, mas seu estilo de hard rock em nada combina com o estilo demencial e tétrico do Madman. Vale pela faixa-título, mas “So Tired” chega a constranger.

Christiano: Jake E. Lee é o melhor guitarrista que já passou pela banda de Ozzy e este é o melhor disco da carreira solo de mr. Osbourne, sempre muito bem acompanhado por ótimos músicos e compositores. A grande estrela aqui, no entanto, é o guitarrista, fato que já fica muito evidente no riff de abertura da faixa-título. O álbum, como um todo, é muito bom, inclusive trazendo duas baladas bem interessantes: “You’re No Different” e “So Tired”. Considero, porém, que existem pelo menos duas faixas que são pouco comentadas, mas que estão entre as melhores do registro: “Slow Down”, com Bob Daisley mostrando do que era capaz, e a quase progressiva “Waiting for Darkness”. Ótima escolha.

Davi: Clássico! Muita gente, na hora de comentar o trabalho solo do Ozzy, rasga elogios (com razão) à fase com Randy Rhoads. Muito se comenta sobre o (ótimo) No More Tears (1991), mas a fase com Jake E. Lee parece ser menos comemorada. Nunca consegui entender a razão. Os dois álbuns que ele fez com o Ozzy são espetaculares. Sem contar o histórico VHS The Ultimate Ozzy (1986), que certamente é um dos melhores vídeos já produzidos na cena heavy metal. Ok, este trabalho se perde um pouquinho nas baladas; “So Tired” e “You’re No Different” realmente são fraquinhas, mas nas faixas mais pesadas, como “Rock ‘n’ Roll Rebel”, “Centre of Eternity”, “Slow Down” e “Bark at the Moon”, temos Ozzy no auge. Sem contar que o solo de “Bark at the Moon” é simplesmente antológico. “Waiting for Darkness” também é bem bacana. caso Ozzy decida gravar mais um álbum antes de sua já anunciada aposentadoria, gostaria que fosse uma mistura da fase Randy com a fase Jake. Serião mesmo!

Diogo: Bark at the Moon sofre do mesmo mal de quase todos os álbuns de Ozzy em carreira solo, a alternância entre faixas excelentes e outras bem menos memoráveis. Neste caso, felizmente, as boas ainda são maioria e o disco constitui uma audição obrigatória mesmo para aqueles com um interesse apenas mediano na carreira do Madman. São dois os principais motivos. O primeiro é a guitarra nervosa e absurdamente bem tocada de Jake E. Lee. Quase todos já se derreteram para o cara na edição desta série que citou The Ultimate Sin, então pouparei meu português. O segundo é a absurda faixa-título, um tratado de como se tocar guitarra heavy metal de maneira inteligente, incluindo um riff sensacional e dois solos de cair o queixo. Claro, Jake E. Lee é um monstro, mas o restante da banda não deixava por menos: Don Airey (teclados), Tommy Aldridge (bateria) e Bob Daisley (baixo), este último destacando-se nas linhas de “Slow Down”, música pouco lembrada pelos fãs, mas que me agrada bastante. A produção é extremamente datada e os teclados denunciam sua idade. Isso não impede, contudo, que “You’re No Different” e “Waiting for Darkness” (as costuras entre teclado e guitarra são ótimas) sejam destaques, em um clima mais dark, apesar da evidente tendência comercial que começava a dar as caras. Mesmo em músicas que não são lá grande coisa, como “Rock ‘n’ Roll Rebel” e “Centre of Eternity”, os bons riffs de Jake ajudam a prender nossa atenção. Agora, “So Tired”, essa não há guitarrista talentoso que salve…

Fernando: Este é um daqueles discos que sofrem pela comparação com outros. É um baita álbum, mas é claramente inferior aos dois primeiros. Falando por mim, o conheci antes dos demais e me foi muito importante. Hoje, com a notícia de que Ozzy está se aposentando das turnês – promessa que ele já fez mais de uma vez –, é curioso perceber que desde 1983 ele se diz “So Tired”.

Flavio: Depois de confusões e polêmicas acontecidas nas turnês dos dois primeiros discos e apostando na forte imagem demoníaca, assustadora e polêmica, Ozzy retornou como um lobisomem uivante, após a trágica morte de Randy Rhoads. Ao manter a base compositora de Bob Daisley e Don Airey, Ozzy tentou continuar sua boa fase com a presença do estupendo guitarrista Jake E. Lee. Jake está magnífico, indiscutivelmente seu melhor ponto na carreira com Ozzy, trazendo solos impressionantes no tracklist todo, notadamente na ótima faixa-título e em “Rock ‘n’ Roll Rebel”. Há outros grandes pontos altos, como as baladas “You’re No Different”, a super orquestrada “So Tired” e a marcante “Waiting for Darkness”, que considero a melhor do álbum. Há, porém, algumas bolas na trave, como o uso mais forte de um teclado pasteurizado, vide “Slow Down”, e principalmente a fraca “Now You See It (Now You Don’t)”. Mesmo com esses senões, Bark at the Moon apresenta ótimas composições, valendo totalmente a audição.

Mairon: A estreia de Jake E. Lee nas guitarras do Madman mantém a qualidade dos discos com Randy Rhoads, apesar de ser ainda mais americanizado, tendendo para o hard farofa com muita força (o que ocorreria no álbum seguinte, The Ultimate Sin). Considero Lee um guitarrista ainda melhor que Rhoads e, neste álbum, algumas das diversas amostras da capacidade e do talento de Lee aparecem nos solos de “Rock ‘n’ Roll Rebel” e nos riffs pesados e cheios de vigor de “Slow Down” e “Now You See It (Now You Don’t)”, que Lee acabaria levando posteriormente para serem usados no ótimo Badlands. Há ainda mais uma novidade, que é a maior presença de teclados, que estão em destaque em “Waiting for Darkness” e “So Tired”, ambas com a presença de cordas, e na balada “You’re No Different”. Até cantos gregorianos Ozzy inseriu no disco, fazendo a introdução de “Centre of Eternity”, cujos teclados lembram bastante “Mr. Crowley”. A faixa, contudo, é uma paulada que está entre as melhores, ao lado da faixa-título, um arrasa-quarteirão que deveria sempre ser usado na abertura dos shows. Não sei se entraria na edição voltada a 1983, mas é um bom álbum sim.

Ronaldo: Apesar de alguns momentos inspirados, como a faixa-título e “Waiting for Darkness”, o restante do disco é recheado de hard rocks dos mais ordinários. Obviamente que a colocação da voz de Ozzy Osbourne nas músicas faz toda a diferença, e seu anticarisma carismático torna a obra valiosa. Os teclados do formidável Don Airey soam incômodos bem ao sabor da época e a balada “So Tired” soa constrangedora.

Ulisses: Álbum de estreia da era Jake E. Lee. A faixa-título é excelente e icônica, apesar do tosco videoclipe no qual Ozzy se fantasia de um lobisomem que mais parece um Chewbacca possuído. O disco permanece naquela mistura de hard rock com heavy metal e aproveita para nos introduzir a presença um pouco mais marcante de sintetizadores nas composições. Não há muitos momentos empolgantes após a faixa de abertura, salvo “Rock ‘n’ Roll Rebel”, “Centre of Eternity” (com introdução de sintetizador) e a finaleira “Waiting for Darkness”  justamente momentos nos quais Lee consegue se soltar mais. Seus solos, porém, nas faixas após “Bark at the Moon”, não são tão memoráveis. Ozzy ainda aproveita para pagar mico na balada entediante da vez, “So Tired”. Não é uma má escolha, mas eu não senti saudades deste álbum em sua edição correspondente.


Van Halen – 1984 (1984)

Alexandre: O disco da cisão da formação original é o mais bem sucedido desta edição, com mais de uma dezena de milhões de cópias vendidas somente nos EUA. É um Van Halen diferente, cuja tendência seguiria nos anos seguintes, após a troca de vocalistas. Ao colocar o álbum para tocar, a impressão inicial é que se está ouvindo outro grupo. A bonita introdução impressiona, mas cadê as guitarras? 1984 também é um álbum de transição entre os dois estilos da banda, então há exemplos de grandes canções de ambas as fases. Aparece nele a nova faceta de Eddie, atacando nos sintetizadores, como se não bastasse sua imensa capacidade nas cordas. Esse som mais pop, com o acréscimo desses teclados super bem sacados, os colocaria nessa espécie de segunda fase. “Panama”, “Hot for Teacher” e, principalmente, “Jump” puseram novamente o Van Halen nos primeiros lugares das paradas. “Jump”, a bem da verdade, é um daqueles hits que ultrapassam o público especializado, um inegável atestado de sucesso. “Hot for Teacher” é um tratado para os guitarristas que se atreverem a desvendá-lo. “Panama”, por sua vez, traz o DNA da banda, não devendo nada a qualquer canção mais clássica dos trabalhos anteriores. Dave se despede em ótima forma, com seu estilo inimitável. Minha escolha também se dá pelas canções menos conhecidas. Há espaço para uma bela balada (“I’ll Wait”), recheada de boas intervenções de teclado. O trabalho de Eddie Van Halen é brilhante, no meu entender degraus acima do que vinha fazendo ao menos nos três álbuns anteriores. Músicas como “Top Jimmy” (com uso de afinação fora do padrão), “Drop Dead Legs” e “Girl Gone Bad” estão as minhas preferidas, todas magistralmente compostas e brilhantemente executadas por esse gênio das cordas. A última é um espetacular trabalho da banda toda, desde a cozinha aos vocais com toques de Robert Plant lá pelo meio da canção. E lá vêm os vocais à la Plant para fechar o disco com “House of Pain”. Para mim, este álbum só rivaliza na discografia do grupo com o primeiro, esse sim impossível de bater. É mais um dos bons exemplos de 1984 que ficaram de fora da série.

André: Embora meu vocalista preferido da banda seja Sammy Hagar, não tenho dúvidas em apontar este como o melhor disco deles e aquele de que mais gosto também. Sei que tem um pessoal que chia por causa do teclado, mas, como amante aorzento que sou, isso nunca me incomodou. Aquela introdução espacial em “1984” já dá a tônica do disco. “Jump” e “I’ll Wait” são dois belos clássicos e conhecidas de todos. As composições são empolgantes e a cara dos anos 1980. Só o Europe, com seu The Final Countdown (1986), fez frente a este álbum em termos de hard tecladeiro.

Bernardo: Não o considero um disco bom por inteiro, mas, meu Elvis do céu, meu coração sempre dá um pulo com o riff de teclado de “Jump”, meus pés sempre querem dançar com “Hot for Teacher” e ainda lembro até hoje com carinho de toda a zoeira do vídeo de “Panama”, também sempre empolgante de se ouvir. Quer saber? No quesito diversão, o Kiss perde muito feio para o Van Halen. Falta uma união de talentos excepcionais como a guitarra elaborada mas chamativa de Eddie, os backing vocals marcantes de Michael Antony e a performance que levanta até defunto da cova de Diamond Dave. Não ouço rotineiramente, mas Van Halen me dá lembranças muito boas.

Christiano: É o disco mais famoso do Van Halen, mas não é o melhor. Traz a faixa mais conhecida da banda, “Jump”, uma espécie de hino dos anos 1980. Além disso, tem músicas muito legais, como “Drop Dead Legs”, “Girl Gone Bad” e “House of Pain”. Tudo isso já é mais do que suficiente para que seja indicado nesta série. Reconheço sua importância para a história do grupo e mesmo para a explosão da onda hard rock nos anos 1980, mas considero os álbuns anteriores bem melhores.

Davi: Outro clássico! Incrível como tem banda que acaba durante uma fase de ouro. Este foi o último álbum com o emblemático David Lee Roth. Bom, pelo menos até A Different Kind of Truth (2012). De diferencial, em 1984, uma maior aproximação com os teclados, algo perceptível com grande evidência em “I’ll Wait” e no clássico “Jump”. Os irmãos Van Halen destacam-se em “Hot for Teacher” (a bateria de Alex é comentada até hoje) e “Girl Gone Bad”. Eddie destrói tudo em “Panama”. Os vocais de Roth são um caso à parte e casam certinho com o som praticado pelo grupo. Trabalho mágico. Que vergonha este disco ter ficado de fora, hein, galerinha…

Diogo: Adoraria ver esta posição sendo ocupada por Fair Warning (1981), mas que seja então com 1984, que não apenas é um discaço por si só, mas o melhor resgate feito pelo Alexandre. É uma pena constatar que a banda vinha construindo uma carreira extremamente sólida e bem sucedida ao longo dos dez anos anteriores, com álbuns excelentes, para encerrar seu melhor ciclo justamente com seu maior sucesso, que vendeu mais de 10 milhões de cópias. Talvez tenha sido para bem, talvez tenha sido para mal, mas a verdade é que foi apenas em 2012, reunido com David Lee Roth em A Different Kind of Truth, que o grupo voltou a fazer algo em um nível de qualidade próximo e com as características que eu gosto de ouvir em um disco do Van Halen. Para variar, Eddie está afiadíssimo, Alex toca com a personalidade que lhe é peculiar e Roth incorpora o deboche e a cara de pau da maneira mais sedutora possível. Todas as músicas são boas, desde “Jump” e “I’ll Wait”, diamantes pop que nem se dão ao trabalho de se disfarçarem de hard rock, até as pesadas e guitarrísticas “Girl Gone Bad” e “House of Pain”, esta última com pinta de que poderia ter dado as caras em Fair Warning. O meio termo disso, então, é o mais fino do álbum, a contagiante “Panama” e a abusada “Hot for Teacher”, uma aula de como fazer uma canção viciante ao mesmo tempo em que se toca absurdamente bem. É surpreendente constatar que, quando Roth se separou do grupo, o glam metal ainda não havia conquistado de vez as paradas, mostrando como o Van Halen não apenas estava à frente de seu tempo como foi uma influência gigante para os músicos que logo depois estariam emplacando seus discos e singles na Billboard.

Fernando:  Seria 1984 o disco de maior sucesso do Van Halen? Comercialmente, acredito que sim, muito disso pelo bombástico single “Jump”. O álbum, contudo, dificilmente seria considerado o melhor por algum fã mais interessado. Sua citação vale até porque os dois primeiros já foram agraciados na série.

Flavio: 1984 inicia a trilogia do ano preferido do Alexandre: a safra de 1984. Nele também há o início do flerte de Eddie com os teclados. Não tem erro, é petardo atrás de petardo, em um desfile de canções irrepreensíveis. Para não dizer que são todas impecáveis, a introdução “1984” “não inflói, nem contribói”, apesar de já dar a cara do som do disco, feita apenas com sintetizadores. A seguir vem a conhecidíssima “Jump”, com um solo inesquecível de Eddie, que talvez estivesse em sua melhor forma, já consagrado como melhor guitarrista do mundo. Seu estilo seria devidamente chupado por (ao menos) nove entre dez guitarristas no restante da década e em anos a seguir. Falar o que de “Panama” e “Hot for Teacher” (super influenciadora), devidamente videotocadas exaustivamente pela MTV na época? Elogio também o trabalho da cozinha. Alex está soberbo em competência e inteligência, principalmente em “Hot for Teacher” (estilo também super copiado). Michael, além dos vocais importantíssimos para o som da banda, está muito bem, como podemos verificar em “Girl Gone Bad”. Afirmo ainda que as menos conhecidas são as melhores do álbum: “I’ll Wait”, “Girl Gone Bad”, “House of Pain”, “Drop Dead Legs” e até “Top Jimmy” são composições sensacionais. Ah, esqueci de falar de Dave, que também estava em ótima fase, com seu estilo irreverente e incomparável. Excelente escolha, devidamente resgatada, que realmente tinha espaço na edição abordando 1984.

Mairon: Este álbum é daqueles que eu dava como certo em sua edição correspondente. No fim, não entrou. Muitos daqueles que conhecem o Van Halen no Brasil devem esse fato a este disco. Nele estão as clássicas “Jump” (quantos não tentaram tirar seu riff de teclado?), “Panama”, “Hot for Teacher” e “House of Pain”, todas indiscutivelmente essenciais nos shows e excelentes. Tudo bem que “Jump” é meio forçadinha, mas é uma baita música. O videoclipe de “Hot for Teacher” é sensacional, e “Panama” e “House of Pain” têm em seus refrãos os pontos altos para a galera pular. Ainda há mais. Os teclados também são presença forte na balada “I’ll Wait”, que indicava os caminhos que o Van Halen tomaria com a saída de Lee Roth, lembranças do Led Zepppelin em “Drop Dead Legs” e uma introdução destruidora na animalesca “Girl Gone Bad”, uma das minhas preferidas dos caras. Falando em introdução, o que Eddie Van Halen cria com os harmônicos em “Top Jimmy” é impressionante. O cara foi o melhor guitarrista de sua geração e um dos maiores de todos os tempos, sem dúvida. Disco que marcou o ano de 1984 e merecia ter entrado na série.

Ronaldo: É o puro espírito de época, representando boa parte do espectro sonoro da própria década de 1980. Sintetizadores polifônicos, guitarras distorcidas em cadência dobrada com o baixo, bateria retilínea, músicas vibrantes e cheias de energia. E o melhor de tudo isso, uma sonoridade digna de respeito, engolindo 90% da produção de rock com o chamado “som de plástico”, que é assinatura-mor dos anos 1980. O disco tem riffs inesquecíveis e uma performance assustadora de Eddie Van Halen na guitarra. É em certa medida pop, mas decididamente rock em sua pegada.

Ulisses: Último álbum da banda antes da saída de Roth, e se não me engano o mais bem-sucedido também! O grupo trabalhou as músicas com mais texturas e sintetizadores, formando uma aproximação entre hard rock e pop bem dosada, estourando com “Jump”, “Panama” e “Hot for Teacher”. A capacidade técnica da banda não ficou prejudicada, vide o solo de Eddie em “Drop Dead Legs” e a performance de Alex, arregaçando na bateria, em “Girl Gone Bad” e na própria “Hot for Teacher”. É um disco que diverte do começo ao fim, não sendo muito farofeiro e de mau gosto, e nem tendo sua qualidade restrita aos singles. Apesar da ótima lista que elaboramos para a edição abrangendo 1984, talvez este álbum fosse uma escolha mais acertada do que, por exemplo, o Minutemen.


Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force – Rising Force (1984)

Alexandre: Se o ano é genial, o que escrever sobre isto aqui? O talento do temperamental guitarrista sueco deu as caras de vez neste seminal álbum, que influenciou zilhões de guitarristas desde então. É até estranho que o cara tenha passado uns três anos em bandas como o Alcatrazz sem um reconhecimento tão claro. Um timbre sisudo de guitarra, que muito raramente foi ouvido anteriormente, não de forma tão plena. Guitarristas como Paul Gilbert, John Petrucci e Kee Marcelo certamente tiveram este álbum em suas mesas de cabeceira. Em 1984 ou 1985, afirmo, todo guitarrista queria soar como Malmsteen. Além disso, Rising Force abriu espaço para os tais álbuns instrumentais que tanta gente boa como Joe Satriani, Steve Vai, Greg Howe, Marty Friedman, Tony MacAlpine e Vinnie Moore gravou. A importância histórica da estreia de Yngwie é inquestionável, goste você ou não. Ele verdadeiramente assombrou o mundo, virou tudo de ponta-cabeça. O problema é que o marrento guitarrista não teve criatividade para tocar sua carreira uns quatro álbuns para frente. Em Rising Force, entretanto, estão seus clássicos inegáveis que ficaram para sempre nos shows. Músicas como a linda “Black Star” e a fantástica “Far Beyond the Sun” estarão nos seus setlists enquanto houver uma Fender Stratocaster para que ele a empunhe. Ao privilegiar faixas instrumentais inspiradíssimas, sobrou pouco espaço para os vocais poderosos de Jeff Scott Soto, mais presentes no álbum seguinte. Com ele são apenas duas canções: “Now Your Ships Are Burned”, que me lembra da influência de outro gênio, Ulrich Roth, e “As Above, So Below”, que ainda consegue superá-la, com vocais desafiadores de Soto. Todas as faixas me agradam quase que por igual, mas “Icarus’ Dream Suite Op. 4” é a minha favorita, uma releitura emocionante do adagio clássico de Albinoni.

André: Gosto mais de outros discos do sueco que já citei na edição dedicada à lista do Flávio, mas este primeirão também é muito bom. É Malmsteen no vigor da juventude, querendo surpreender a todos com uma pegada técnica e veloz ao mesmo tempo, junto a composições muito boas e uma banda megacompetente (porra, tem Barriemore Barlow, ex-Jethro Tull, tocando bateria, mais o futuro Stratovarius Jens Johansson e o conhecidíssimo Jeff Scott Soto nas poucas vozes). Só não confundam o Les Claypool baixista com o Lester Claypool engenheiro de som. Este álbum dá a noção de por que o sujeito acabou se tornando um ícone da guitarra, mesmo que uma porrada de gente não goste dele.

Bernardo: Ninguém merece Malmsteen. Passado o impacto inicial da técnica do sujeito, fica até chato.

Christiano: Podem chamar o cara de chato, arrogante, firuleiro etc. Aceitem, este disco mudou a maneira como muitos guitarristas encaravam seu instrumento. Era uma abordagem nova, inédita. Além disso, trouxe a assinatura de um artista capaz de ser reconhecido logo nos segundos iniciais de suas músicas. Muita gente copiou. Não é técnica pela técnica, pois as composições são muito boas. Como se isso não fosse suficiente, o álbum ainda apresentou ao mundo um vocalista extremamente talentoso: Jeff Scott Soto, que mais tarde fundaria o Talisman com o também ex-Malmsteen e excelente baixista Marcel Jacob. É um disco clássico. Uma curiosidade interessante é que o baterista Barriemore Barlow gravou boa parte dos clássicos do Jethro Tull na década de 1970.

Davi: Do mesmo jeito que Eddie Van Halen popularizou o tapping, Yngwie Malmsteen popularizou os solos extremamente velozes e aproximou o heavy metal da música clássica. Sem ele, bandas como Stratovarius nunca teriam existido. Sim, ele é um menininho arrogante, mas esse menininho também é um músico extremamente talentoso. A grande sacada do Malmsteen não é apenas a velocidade com que ele toca, mas principalmente as técnicas que ele usa na velocidade em que ele toca. Este disco foi um divisor de águas nesse sentido. Na época, todos ficaram impressionados com o que estavam ouvindo, e só por isso sua entrada na edição voltada a 1984 já seria justificada. Jeff Scott Soto ficou responsável pelas poucas músicas cantadas. Ele fez um trabalho ok (gosto muito dele, mas o prefiro em trabalhos posteriores), mas o grandes momentos deste trabalho são realmente as faixas instrumentais, especialmente “Icarus’ Dream Suite Op. 4” e as clássicas “Far Beyond the Sun” e “Black Star”. Bela lembrança.

Diogo: Poucos discos foram tão importantes para o desenvolvimento do modo de tocar guitarra quanto Rising Force. Meu preferido é Marching Out (1985), mas é inegável que Rising Force virou a cabeça dos músicos da época como nenhum outro lançamento de Malmsteen. Basta observar a explosão de guitarristas lançando álbuns solo que o mercado fonográfico experimentou na segunda metade da década de 1980 e constatar a tendência estabelecida pelo sueco. Mesmo aqueles que hoje em dia não tocam algo parecido sabem que foram direta ou indiretamente influenciados por seu estilo extremamente virtuoso. Muito do que Malmsteen fez nos últimos 25 anos é bem menos relevante e de qualidade duvidosa, mas nessa época o cara estava encapetado. Seu estilo rotulado como neoclássico tem muito a ver com aquilo que Ritchie Blackmore e Uli Jon Roth vinham desenvolvendo desde meados da década anterior, porém fica claro que Malmsteen deu muitos passos além, adicionando ainda mais influências eruditas e uma dose um pouco mais generosa de heavy metal, além de um timbre inconfundível de Fender Stratocaster plugada em amplificadores Marshall. “Black Star” e a bombástica “Far Beyond the Sun” tornaram-se, com justiça, referências nessa arte. São mesmo suas melhores faixas. “Little Savage” é outra pedrada de respeito, com destaque para o baterista Barriemore Barlow, enquanto as boas “Now Your Ships Are Burned” e “As Above, So Below”, com os vocais de Jeff Scott Soto, indicam o caminho que Malmsteen seguiria em seus álbuns posteriores, menos voltados para faixas instrumentais. Muitos o diminuem, mas Rising Force é um capítulo importantíssimo na história da guitarra.

Fernando: Sei que o sueco é visto com maus olhos por uma penca de gente. Isso se deve pela atitude do próprio guitarrista. Se o que ele faz há uns 15 ou 20 anos é tratado com um pouco de desdém pelo público, porém, isso se deve a este disco em especial. Um clássico gigantesco que mudou, ou acrescentou, muito na história da guitarra. Imagino tê-lo ouvido logo após seu lançamento. Deve ter sido um tormento para outros guitarristas e um banho de água fria para muito iniciantes.

Flavio: Escolher entre Marching Out (que citei na edição dedicada às minhas escolhas) e o irrepreensível primeiro disco solo de Malmsteen é tarefa para Sofia mesmo. O primeiro tem até maior importância histórica. Destaco as maravilhosamente clássicas “Black Star”, “Far Beyond the Sun” e a belíssima “Icarus’ Dream Suite Op. 4”, mas deixo claro que Rising Force é um álbum sem falhas, com composições surpreendentes, impecáveis (como “Evil Eye” e “Little Savage”) e definitivamente influentes, realmente à frente do seu tempo. Sem dúvida, resgata a época de ouro do sueco, é atemporal e clássico, e merecia ser destacado na série,

Mairon: Magnífico álbum de estreia do guitarrista sueco. Há várias faixas emblemáticas para o estilo virtuoso que ele, Vai e Satriani consolidaram nos anos 1980, como “Black Star”, a bela “Little Savage” e a super clássica “Icarus Dream Suite Op. 4”, baseada no “Adagio in G minor” de Remo Giazotto, que acredito ser sua faixa mais conhecida. Aprecio as inspirações clássicas de “Far Beyond the Sun” e, cara, batera melhor que Barriemore Barlow para aguentar ego tão inflado quanto o de Yngwie não existiu, até porque ele já havia comido o pão que o diabo amassou ao lado de Ian Anderson, no Jethro Tull. Para mim, Barlow é o grande nome de Rising Force além de Malmsteen, é claro, que também é um ótimo baixista. Não gosto quando os vocais de Jeff Scott Soto aparecem (“Now Your Ships Are Burned” e “As Above, So Below”), mas o instrumental é muito bom. Por incrível que pareça, a faixa de que mais gosto é “Farewell”, breve vinheta acústica que encerra o disco. Em segundo lugar, a fantástica união de violão e guitarra na pesada “Evil Eye”. O cara é um baita guitarrista, pena que se perdeu no próprio ego. Gosto do álbum e, com certeza, pela sua importância histórica e pela quantidade de nabas que entraram na edição voltada a 1984, merecia seu lugar.

Ronaldo: A capa representa bem o conteúdo, guitarra sendo frita. Ok, pode até ser que, pela brasa, estaria sendo assada, mas é fato que o substantivo adequado para Rising Force é velocidade. Trata-se de um virtuoso que usou uma banda inteira (competente, diga-se de passagem, com Barriemore Barlow e Jeff Scott Soto) como seu tapete voador. Há momentos que são puro ilusionismo  achamos que podemos estar ouvindo uma canção inteira, quando na verdade trata-se de um grande solo de guitarra. Com menos exagero e uma melhor produção sonora (bateria e baixo têm um som sofrível), seria possível ter um bom disco. “Now Your Ships are Burned” tem uma rítmica bem interessante e pegada violenta, e “Little Savage” é outra boa composição, por exemplo. Só que a inundação de solos de guitarra destrói qualquer construção coletiva da música.

Ulisses: Um músico com o qual poucos conseguem ficar indiferentes; ele costuma suscitar reações de amor ou ódio. De fato, não sou apreciador da obra do sueco, mas é impossível não reconhecer sua importância na história da guitarra elétrica. Seu estilo neoclássico, bastante limpo, rápido e preciso, mistura Bach, Paganini e Ritchie Blackmore em iguais medidas. Em termos de importância, a escolha do Alexandre não é exagerada. Eu, particularmente, não ouço nenhum disco de Malmsteen com regularidade, mas ainda considero Rising Force um registro interessante e não tão cansativo para um álbum quase inteiramente instrumental e veloz.


Deep Purple – Perfect Strangers (1984)

Alexandre: Há entre este disco e Born Again pouco mais de um ano, e Gillan ainda arrumou tempo para fazer uma turnê com o Black Sabbath. Nesse curto espaço de tempo encontra-se metade de minha lista. É um momento de ouro para o heavy metal e o hard rock. A volta desses dinossauros em seu mais clássico line-up se deu em grande forma, em um álbum que se junta aos grandes de sua já ótima discografia. Os anos no Rainbow mantiveram e até lapidaram o bom gosto nas composições de Blackmore. Duas dessas canções se mantêm de forma bastante constante nos shows até hoje: “Knocking at Your Back Door”, que abre o disco, é uma cria do Rainbow mais acessível, fase pós-Dio. Sem dúvida foi elevada de categoria pelos vocais de Gillan e pelo clima gerado pela introdução de Jon Lord. Falando em introdução, a faixa-título, que também tem um riff matador, nunca mais sairá dos setlists. Tornou-se um hino do grupo, com poucas outras canções dignas de comparação, mesmo em sua fase mais prolífica. Só por essas duas já vale a citação. Novamente saio do óbvio para atestar que considero todas as outras músicas inspiradíssimas. A banda apronta das suas em referenciar suas influências clássicas no meio de “Under the Gun” e no riff principal de “Hungry Daze”. E há, claro, aquelas pelas quais tenho maior preferência: a linda balada “Wasted Sunsets”, momento sublime dos solos de Ritchie, e minha favorita, “A Gypsy’s Kiss”, com outro riff matador que segue em progressão para um intrincado trecho de duelo entre Ritchie e Jon Lord culminando em ótimos solos de ambos. É o momento mais genial do disco. Acho que Perfect Strangers merecia reconhecimento na série.

André: Um bom disco do Purple, sem dúvida nenhuma. Talvez o suficiente para entrar ali pelo nono ou décimo lugar. Ian Gillan largou o Sabbath e se juntou aos seus velhos companheiros de banda para recuperar o velho Purple e voltarem ao mercado depois do pouco sucesso que tiveram em suas carreiras paralelas (exceto Blackmore e seu Rainbow). A abertura com aquele baixo em “Knocking at Your Back Door” é muito foda. Ainda destaco as duas faixas que fecham lado A e B, respectivamente: “Mean Streak”, que poderia facilmente estar em um álbum como Fireball (1971), e “Hungry Daze”, com uma levada rítmica muito diferente, parecendo até trilha sonora de filme. A voz de Gillan já não tem mais o mesmo poder de outrora, mas segura bem. No geral, é um disco meio deixado de lado (embora tenha sido muito aguardado na época) na discografia dos britânicos, fato que lamento, visto que é muito bem feito.

Bernardo: Um Deep Purple bem mais orientado para o pop, menos neoclássico e mais hard rock após a fase funk/groove de David Coverdale e Glenn Hughes. Não o vejo como um dos grandes clássicos do grupo, mas gosto muito de “Knocking at Your Back Door”.

Christiano: O disco que marca a primeira reunião da formação clássica do Deep Purple tem bons momentos, como a faixa-título e “Knocking at Your Back Door”. A magia da banda, entretanto, já tinha se perdido. Na verdade, sempre o considerei como um álbum meio artificial, feito para agradar fãs saudosistas. Posso estar cometendo uma injustiça, mas o excesso de faixas burocráticas torna o disco apenas razoável, pelo menos para mim.

Davi: Sofro hoje daquela síndrome de quem não aguenta mais ouvir “Perfect Strangers”. Talvez pelo fato de tê-la tocado trocentas vezes na noite, acompanhando bandas de classic rock. Quem acha que essa é a única música forte deste álbum, porém, precisa pegar este disco para ouvir com urgência. Ele marca a volta do Purple e, justamente por ser seu primeiro álbum de inéditas desde (o ótimo) Come Taste the Band (1975), eles se tocaram de que não adiantava voltar fazendo a mesma coisa de antes. Fizeram uma mixagem mais moderna (para os padrões da época), com um som um pouco mais pesado. Deu certo. “Knocking at Your Back Door” é fenomenal. “Under the Gun” traz um belo solo de Ritchie Blackmore. Embora eu já esteja cansado dela, a faixa-título é, indiscutivelmente, um clássico. “Mean Streak” é aquela que talvez melhor resgate a sonoridade clássica dos rapazes. Da segunda metade do LP, a que mais gosto é “Hungry Daze”, que traz um riffzinho muito bacana casando guitarra e teclado. Pena que não conseguiram manter o nível nos dois trabalhos seguintes: o (mediano) The House of Blue Light (1987) e o (bom) Slaves & Masters (1990).

Diogo: Verdade seja dita; após o primeiro encerramento de suas atividades, em 1976, o Deep Purple nunca mais fez um grande disco. Há alguns poucos lançamentos bonzinhos, e este é um deles, mas a relevância do grupo como grande força no rock ficou no passado. Não à toa, seus setlists seguem, até hoje, focados no curto período de tempo em que a banda realmente esteve entre os maiores nomes do estilo. Perfect Strangers reúne a formação responsável por tornar o Deep Purple uma referência mundial, mas não apresenta o mesmo talento que tornou discos como In Rock (1970) e Machine Head (1972) tão especiais. “Knocking at Your Back Door”, com seu jeito envolvente, melodias bem sacadas e um riff cremoso, é excelente e ajuda muito a levantar a moral do álbum. Depois dela, no entanto, pouca coisa se destaca. A faixa-título, apesar de ser extremamente carne de vaca, é uma boa canção, mas não a ponto de merecer toda a exposição que recebeu nas últimas três décadas. “A Gypsy’s Kiss” e “Hungry Daze” também são músicas legais, muito por lembrarem o que Ritchie Blackmore vinha fazendo com o Rainbow nos lançamentos imediatamente anteriores. A primeira chega, inclusive, a remeter um pouco a “Fire Dance” (Bent Out of Shape, 1983). Consigo facilmente imaginar Joe Lynn Turner cantando-a. Aliás, esse é um grande problema: todos os integrantes vinham fazendo trabalhos mais interessantes, seja Blackmore e Roger Glover no Rainbow, Jon Lord no Whitesnake, Ian Gillan no Black Sabbath e Ian Paice com Gary Moore e o Whitesnake.

Fernando: A faixa-título é um dos maiores clássicos da banda. Chega a ser impressionante como uma música gravada depois de inúmeros clássicos representa tanto a banda para uma boa parcela do público. Talvez tenha marcado também por ser um disco de retorno de um gigante do rock. Foi um retorno digno. Como disse, a faixa-título é muito marcante e acaba ofuscando outras que são muito boas, como “Knocking at Your Back Door”, “Nobody’s Home” e “A Gipsy’s Kiss”.

Flavio: Em sua mais que aguardada e milionária volta, depois de nove anos de ausência e na formação mais clássica (Mark II), com a dupla explosiva Blackmore/Gillan, o Deep Purple traz em Perfect Strangers novas composições marcantes para sua discografia Novamente um álbum no qual Blackmore se destaca, Perfect Strangers parece mais uma continuação da carreira do Rainbow, com um toque mais leve à original pauleira do grupo nessa formação, nos anos 1970. Destaques? Vários, desde o lindo solo na balada “Wasted Sunsets”, a mistura com o teor medieval na faixa-título (um clássico) e na introdução do disco, o hard descompromissado de “Knocking at Your Back Door” e o riff principal de “Hungry Daze” (que traz outro lindo solo de Blackmore). Tudo está colocado com muito bom gosto, inclusive nas letras de Gillan. Como não destacar a linha irônica “we all came out to Montreux, but that’s another song, you’ve heard it all before”? Sensacional! Um disco sem pontos fracos, hard rock de primeira, maravilhosamente lembrado.

Mairon: Retorno da Mark II quando ninguém mais achava que seria possível. Para muitos, um dos melhores discos da banda, mas confesso que não é do meu agrado. A Mark II em si não me conquista muito. Ok, respeito Machine Head, Fireball e In Rock, e principalmente Made in Japan (1972) e Concerto for Group and Orchestra (1969), mas prefiro muito mais a Mark I e, principalmente, as Marks III e IV. Quanto ao disco, honestamente, é uma sequência dos piores momentos do Rainbow com Joe Lynn Turner. Consigo ouvir com vontade apenas “Mean Streak”, que remete aos anos 1970, e a faixa-título, que creio ser o último grande clássico do Purple com Gillan. No mais, não dá. “A Gypsy’s Kiss”, “Hungry Daze” e “Nobody’s Home” eu já ouvi outras vezes em outras canções do próprio Purple (ou do Rainbow), e não têm nada de novidade. “Under the Gun” até começa legalzinha, mas decai bastante da metade em diante. Geral paga pau para “Knocking at Your Back Door”, mas, fala sério, é inacreditável que seja Ian Paice na bateria e Jon Lord nos teclados, e, principalmente, que um ano depois de ter gravado Born Again Ian Gillan tenha decaído tanto. Suportar “Wasted Sunsets” é dose para rinoceronte. Que música chata! Enfim, não consigo gostar do disco, até o ouvi sem paixão para escrever este comentário, mas bah, isto não é Deep Purple nem aqui nem na casa do Blackmore. É um Rainbow modernizado!

Ronaldo: Ouvir som de Hammond em pleno 1984 é um bálsamo para os ouvidos. O Deep Purple, porém, adotou a trilha rasteira de harmonias fáceis, batidas retas e linhas vocais óbvias neste seu retorno nos anos 1980. Ingressaram com toda a pompa no rock desprovido de groove que dominou essa fatídica década. Mais do que tendência, esses elementos foram paradigma. Algumas ideias de Perfect Strangers foram emprestadas do próprio Deep Purple de anos atrás, como “Nobody’s Home”, “Mean Streak” e “A Gypsy’s Kiss”. A faixa-título é uma ótima música, pesada e climática, mas o disco não vai muito além dela e de alguns poucos momentos. Um trabalho que pouco acrescenta tanto para o panorama da época quanto para o própria história pregressa do grupo.

Ulisses: A reunião da Mark II após uma década de separação, entregando um dos mais respeitáveis retornos da história do rock. A faixa-título já nasceu clássica e deve ser a única composição deste álbum que muita gente já ouviu, mas não demora muito para vermos que o restante do LP merece espaço nos holofotes, especialmente “Knocking at Your Back Door”, “Under the Gun”, “A Gypsy’s Kiss” (com ritmo estranhamente ao estilo Rainbow da era Dio) e “Hungry Daze”. “Wasted Sunsets” tem ritmo e voz forçados, mas o trabalho de guitarra que Blackmore faz na faixa já vale seus minutos. Pode não estar exatamente na mesma estatura dos álbuns clássicos da Mark II nos anos 1970, mas é sólido pra caramba e talvez muita gente que o ouviu na época não esperava que ele fosse ter um tracklist tão digno de respeito.


Marillion – Clutching at Straws (1987)

Alexandre: A banda havia acabado de estourar comercialmente com Misplaced Childhood (1985), mas, como acontece com vários conjuntos, a superexposição levou-os a um momento delicado, com brigas entre a banda e Fish, desgastes inevitáveis das cifras que amealharam. O vocalista, de temperamento bastante instável, mergulhado em drogas e com problemas pessoais, recém-casado e tendo que lidar com os compromissos profissionais, acabou entregando ótimas letras que refletem tudo isso em Clutching at Straws. O resultado, para mim, supera o álbum anterior. A única faixa que destoa é a tentativa meio forçada de produzir um hit em “Incommunicado”. A versão em CD também traz a desnecessária balada “Going Under”. Minhas favoritas são “Hotel Hobbies”, “Torch Song” e “White Russian”, mas, como citei, todas as demais também furaram meu disco de tanto que as ouvi. O personagem central do álbum temático é Torch, às voltas com os problemas que Fish temia enfrentar. O resumo mais claro talvez esteja na letra de “Sugar Mice”, através da qual ele claramente expõe as dificuldades da solidão de um músico na estrada. Já na letra da primeira música, Fish cita os problemas com a cocaína (“Slug-like finger trace the star-splanged clouds of cocaine on the mirror”). No meio de “Torch Song”, em uma consulta médica, o personagem recebe o aviso de que não chegaria aos 30 anos mantendo tal estilo de vida desregrado. Acrescente a isso uma trilha sonora perfeitamente encaixada ao cenário apresentado e temos um subestimado álbum que os holofotes poderiam refletir de forma mais merecida. Aliás, músicos como Pete Trewavas e Steve Rothery nunca foram devidamente reconhecidos e são igualmente subestimados. A forma como todos do grupo conseguiram traduzir a história nas canções coloca Clutching at Straws entre meus álbuns favoritos de todos os tempos.

André: Perto dos outros que entraram na série, este é o de que menos gostei. Curto o Marillion, não ouvi tudo o que eles têm a oferecer, sei que este é um dos discos mais bem conceituados deles, todavia achei as composições um tanto quanto desinteressantes. Temática de alcoolismo e um instrumental muito focado no teclado. A guitarra pouco se destaca, sufocada pelo teclado e pela voz de Fish na maioria das canções. Queria ter curtido mais, só que nessa audição não desceu. Darei outra chance mais para a frente.

Bernardo: Diria “progressivo de novo”, mas pior, é neoprogressivo. Já não curto muita coisa dos áureos anos, mas o novo progressivo me dá gastura de terminar de ouvir os discos. Até o que ouvi, um tanto modorrento.

Christiano: Este quase entrou na minha lista. Hoje em dia é meu preferido do Marillion. Trata-se de um álbum bastante sombrio, marcando um período meio nebuloso que resultou na saída de Fish, vocalista e letrista que foi responsável por moldar a identidade do grupo. No geral, é um disco triste, meio confessional, com letras tão bonitas quanto melancólicas. É difícil destacar alguma faixa, pois ele é quase conceitual, mas pérolas como “White Russian” e “Torch Song” merecem ser mencionadas. É uma pena a banda ter tomado outros rumos, mas, até Clutching at Straws, lançaram quatro álbuns que ficariam para a história, assim como suas belas capas, criadas pelo genial Mark Wilkinson.

Davi: Nos últimos tempos, tenho procurado ouvir mais coisas do Marillion e do Supertramp. Duas bandas que sempre curti, mas nunca tinha ido muuuuito a fundo em sua obra. Este disco, contudo, eu conheço já tem um tempo. É o último álbum da fase com Fish, considerada por muitos como a fase de ouro do Marillion. O trabalho realmente é excelente. Mantém a veia progressiva ao mesmo tempo em que enxuga um pouco a sonoridade, inclusive na duração das faixas. A canção mais lembrada é, mais uma vez, uma que apresenta um forte acento pop. Nesse caso, (a ótima) “Incommunicado”. Já vi jornalista dizendo que Fish nunca havia se decidido se queria ser Peter Gabriel ou Roger Daltrey. Pior que a provocação tem um certo sentido. Ele realmente lembra os dois nas linhas vocais, mas sempre o considerei um senhor vocalista. Mais uma vez, entrega um brilhante trabalho, totalmente emotivo, com uma interpretação forte. Além do já citado hit, apontaria como destaques “The Last Straw”, “That Time of the Night” e “Sugar Mice”.

Diogo: Devo admitir uma coisa. Apesar de gostar do Marillion, a verdade é que, até hoje, nenhum álbum seu me fisgou de vez, ao ponto de me fazer exclamar “que discaço!”. Não são raras ótimas canções  e acho que o grupo se sai muito bem quando faz uma intersecção com algo evidentemente mais pop, vide a excepcional dupla “Kayleigh”/”Lavender” (Misplaced Childhood), a deliciosa “Cover My Eyes (Pain and Heaven)” (Holidays in Eden, 1991) e a excepcional “Beautiful” (Afraid of Sunlight, 1995), que merecia ter atingido ao menos o top 5 da parada de singles da Billboard. Não é surpresa, então, constatar que os hits “Sugar Mice” e “Incommunicado” são mesmo as canções que mais chamam atenção em Clutching at Straws, especialmente a primeira, com um trabalho bastante melódico do guitarrista Steve Rothery. O disco é bom e deixa-se ouvir com muita facilidade, mas sinto que sua construção conceitual fica devendo um pouco e carece de mais equilíbrio entre as faixas. “The Last Straw” é outra boa música e encerra o álbum de forma digna, mas fica a impressão de que cometo um erro ao não acompanhá-lo com as letras à mão. Convenhamos, os melhores álbuns conceituais não precisam disso para que soem maravilhosos.

Fernando: Capítulo final do Marillion com Fish. Essa formação deixou quatro discos de qualidade inegável e pelo menos uma pérola, seu antecessor, Misplaced Childhood. As letras tratam de tantos assuntos que estavam atrapalhando internamente – excessos, bebedeiras e viagens sem fim – que acabaram servindo como uma DR que resultou na saída de Fish. A banda se recuperou com Steve Hogarth, mas nunca mais conseguiu fazer um álbum no mesmo nível desses quatro.

Flavio: Clutching at Straws fecha a fase inicial da banda, com a presença do primeiro vocalista, Fish. Pressionados pelo sucesso alcançado no disco anterior e principalmente pela balada “Kayleigh”, o grupo, também vivenciando os agouros da vida em turnê, trouxe um clima mais sombrio. Fish monta uma história em torno de um personagem fracassado aos seus 29 anos (idade de Fish à epoca), sem emprego, mergulhado em bebida, vagando em hotéis e bares. A aproximação com a vida do vocalista é inevitável, sendo que para muitos o personagem reflete exatamente o que Fish estava passando. Independentemente do conturbado momento da banda, o disco é uma obra-prima, desfilando o melhor do Marillion, com canções impecáveis e performances soberbas. Posso destacar o maravilhoso trabalho do baixo de Pete Trewavas, estampado logo na faixa de abertura, e também o timbre melodioso e limpo da guitarra de Steve Rothery, perfeito em todo o álbum como não apontar o lindo solo de “Sugar Mice”? Fish criou letras fantásticas. Destaco a política e bélica “White Russian”, “Warm Wet Circles”, “Torch Song”, “The Last Straw” e “That Time of the Night”. É um desfile musical. Embora não tenha emplacado uma nova balada de sucesso e nem tenha alcançado o mesmo êxito comercial do anterior, considero-o como o melhor do grupo.

Mairon: Posso dizer sem sombra de dúvidas que o Marillion é uma das maiores decepções musicais que já tive. A eterna propaganda de eles serem “o novo Genesis” é a responsável pelo meu desencantamento. Não dá, é muito popzinho, nada progressivo, chato bagarái. As músicas são emendadas, tentando dar um ar conceitual, mas não conseguem me convencer. Mais um disco insuportável que tive que ouvir desses caras, que não merece lugar na série. Desculpe-me, Alexandre.

Ronaldo: Uma espécie de pop travestido de progressivo ajudou o Marillion a se tornar célebre. Há trabalhos mais progressivos e outros mais pop do que este, mas Clutching at Straws equilibra-se bem nos dois terrenos. O disco tem requinte e passagens instrumentais bem interessantes (um bom trabalho de bateria e guitarra são os destaques), mas o clima que predomina é algo que pode equivaler a um synth pop não dançante e o som dos new romantics. A sonoridade contribui para algo quase constantemente acinzentado e introspectivo. “Incommunicado” é a mais progressiva do álbum.

Ulisses: Dramático, mas com melodias o suficiente para agradar do começo ao fim. Apesar de preferir as faixas mais animadas (“Just for the Record” e a excelente “Incommunicado”), não nego que a força do álbum está no poder emotivo de composições como “Warm Wet Circles” e “Sugar Mice”, que se utilizam de teclados efetivos, guitarra espaçosa e um vocalista inspirado, além de ótimas letras. Não morri de amores pelo álbum, mas entendo quem se apaixona por ele.


Queensrÿche – Promised Land (1994)

Alexandre: Assim como o Marillion, o Queensrÿche acabava de sair de uma extensa turnê, catapultada pelo sucesso de Empire (1990). Ambas as bandas fizeram álbuns mais contidos, de cunho mais reflexivo, como sequência de seus maiores trunfos comerciais. No meu entendimento, engana-se quem resume o grupo a Operation: Mindcrime (1988) e Empire. Até este quinto álbum, o que eu consigo avaliar é uma banda em plena capacidade criativa, que não repetia fórmula, álbum após álbum. O que aconteceu de Promised Land para frente realmente é uma lástima, salvam-se poucas canções no restante da discografia, a maioria no não mais que razoável Hear in the Now Frontier (1997). Este é, portanto, o último suspiro criativo do grupo. Um álbum extremamente bem gravado, para se ouvir nos detalhes. Uma ou duas audições são insuficientes para entendê-lo. Sua capa, aliás, é exuberante, certamente a mais bonita desta lista. É também um disco bastante diversificado. Há faixas que eu sequer ouso definir de forma mais acurada; como classificar “Disconnected”? Há espaço para a progressiva “Out of Mind” (minha preferida), a pesada “Damaged”, a reflexiva faixa-título, o hard rock melódico de “One More Time” e uma bela interpretação ao piano por Geoff Tate em “Someone Else”. A acústica “Bridge” acabou por se tornar um single que não obteve a repercussão de sua antecessora, “Silent Lucidity”. Para mim, caso clássico de interferência da gravadora, buscando uma vendagem tão ou mais expressiva que o obtido em Empire. Nem sempre os melhores álbuns são os mais vendidos. Não cabe a comparação, até porque os discos são muito diferentes, mas em uma escolha desavisada eu não hesitaria em separar Promised Land para ouvir ao invés de Empire.

André: Eles me agradam em tudo até Empire. Já Promised Land, que ainda considero razoável, com alguns bons momentos, já liga um sinal de alerta de que os caminhos futuramente escolhidos não seriam bons. Fatalmente isso ocorreu para quem é fã deles naquele período. “I Am I” e “Promised Land” são as únicas que poderiam estar nos anteriores (ainda que como faixas-bônus), mas o restante do tracklist dá um certo desânimo, ainda mais sabendo o que fizeram com a carreira logo depois. Os caras tinham um vocalista poderoso (Tate) e instrumentistas muito bons (principalmente Chris DeGarmo), que neste registro começaram a se assanhar por uma vibe alternativa e noventista da qual eles não tinham domínio. O resultado é um disco bem aquém do que foi o anterior. Ouço, mas não é o Queensrÿche pelo qual eu nutri admiração.

Bernardo: Operation: Mindcrime ainda é o único do Queensrÿche que ouvi e gostei mais na época do que hoje em dia. Promised Land tem seus bons momentos, mas nada que eu ache um arroubo.

Christiano: Depois de ter conseguido uma grande exposição com Empire, o Queensrÿche gravou aquele que considero ser seu melhor álbum, mostrando que a banda estava em processo de amadurecimento e sem medo de experimentar novos caminhos. Desde o primeiro EP o grupo mostrava um diferencial em suas composições, um flerte leve com o progressivo, tendência que foi crescendo com o tempo e teve seu auge neste disco. Os climas meio oníricos de faixas como “Out of Mind” e a própria “Promised Land” evidenciam o flerte explícito com o prog, fato que enriqueceu muito a sonoridade da banda. Como um todo, o disco é perfeito do início ao fim, mas “Damaged” e “Bridge” merecem ser citadas.

Davi: Comprei este disco na época do seu lançamento e ele me decepcionou um pouco. Ouvindo hoje, ele sobe no meu conceito. Trabalho muito bem feito. Sombrio e melancólico. Chris DeGarmo e Geoff Tate faziam a diferença e isso é perceptível. Sim, o álbum tem bastantes baladas, mas são super bonitas, caso da ótima “Bridge” e da linda “Lady Jane”. As músicas mais pesadas diferem dos álbuns anteriores por trazerem uma pegada mais melancólica. Entre essas, colocaria “My Global Mind” e “Damaged” como destaques. No geral, continuo o considerando abaixo de Operation: Mindcrime e Empire, mas sem dúvida é um belo disco.

Diogo: O último grande disco do Queensrÿche suscita reações distintas, pois já aponta rumo ao caminho menos convencional que o grupo trilharia a partir de então. Para mim, contudo, trata-se ainda de mais uma belíssima obra desse quinteto, que até então havia lançado álbuns bem distintos sem no entanto decepcionar. Apesar de não ser exatamente conceitual, suas letras estão de certa forma ligadas a problemas de relacionamento decorrentes da modernidade e nossa dificuldade em lidar com eles. A maneira como letras e instrumental conectam-se é excepcional, e a variedade contida em Promised Land potencializa a percepção de cada elemento nele presente. Ao mesmo tempo em que há canções mais diretas, como “Damaged” e “My Global Mind” (que poderia tranquilamente estar em Empire), há outras com um nível de complexidade mais elevado, caso da faixa-título, com uma pegada mais progressiva e arrastada, e das quebradas “I Am I” e “Disconnected”. Os destaques maiores, no entanto, são as semiacústicas “Out of Mind”, cuja melancolia nos coloca entre as paredes frias de um manicômio, e a soberba “Bridge”, na qual Chris DeGarmo expõe o relacionamento turbulento entre seu pai e ele e sola com muita emoção. “Lady Jane”, por sua vez, é uma balada pesada com a marca do Queensrÿche e belos arranjos de piano e violoncelo. Sei que alguns discordarão, mas o resgate é muito bem vindo. É o tipo de disco que não é para qualquer um, assim como Rage for Order (1986), obra ainda melhor desse grupo cuja carreira foi irrepreensível até Promised Land.

Fernando: Meu disco preferido do Queensrÿche é Empire. Tenho um pouco de preguiça de Operation: Mindcrime, que é o mais cultuado, apesar de gostar de algumas músicas isoladas. Parece que em Promised Land a banda pediu desculpas pelo sucesso de Empire e fez um disco meio dark. Ele não empolga de cara e necessita-se de várias audições para entendê-lo. Talvez a influência do grunge, não pela parte musical, mas pelo clima das letras das bandas de Seattle, tenha influenciado o pessoal do Queensrÿche, que também é da cidade.

Flavio: Continuando a jornada de discos sempre diferentes uns dos outros, Promised Land traz maior influência do rock progressivo, principalmente do Pink Floyd, porém com a adição de elementos mais modernos. Apesar de particularmente não ser grande apreciador da faixa-título, há notadamente grandes composições no restante do tracklist. Desde Empire, a banda já vinha se alinhando com sons menos pesados, presença marcante apenas no início (“I Am I” e “Damaged”). Há grandes composições, como as introspectivas e lentas “Bridge”, “Lady Jane” e “Someone Else”, todas lindíssimas. Também há toques eletrônicos (já vistos em Rage for Order), como na ótima “Disconnected”, outra de minhas prediletas. Há boas composições com viés mais pop rock em “My Global Mind” e “One More Time”, que não destoam em qualidade, com ótimos vocais. Qualidade sonora, aliás, pode ser considerado outro aspecto a se destacar no álbum, que é muito bem produzido e mostra toda a banda em ótima forma. Considero Promised Land o último grande trabalho do quinteto. Ele foi citado em minha lista pessoal na edição correspondente e merece a lembrança.

Mairon: Lembro-me da edição da seção War Room abordando este disco e de quanto fiquei frustrado. Músicas curtas, acabando do nada, pomposo e chatinho. Tirando a guitarra, nada se escapa. O vocalista é uma cópia mal feita do Bruce Dickinson. Outro que não teria como aparecer na série, Alexandre, desculpe-me.

Ronaldo: Tem horas que parece um disco grunge e em outras vai na esteira do Dream Theater, cujo caminho deve ter sido pavimentado pelo próprio Queensrÿche. O disco é irregular e estranho, soa desconfortável em boa parte do tempo, ao que se deve essa aparente dúvida conceitual. “Out of Mind” é uma bela balada com um ótimo solo de guitarra e “One More Time” tem uma boa transa entre guitarras e violões.

Ulisses: Não ouvi nenhum álbum do Queensrÿche pós-Empire, fora o autointitulado com La Torre nos vocais, que, aliás, é um disco bacanudo. A banda soa como um Pink Floyd mais pesado e de atmosfera dark (especialmente na boa “Lady Jane”), inserindo detalhes eletrônicos e aproveitando melhor instrumentos como o piano e o saxofone, sem as guitarras tão faiscantes dos primeiros lançamentos. Um disco bem construído, bem pensado, mas sem composições particularmente cativantes, embora tenha uma aura envolvente do começo ao fim devido à ótima produção. Em alguns pontos, remeteu-me ligeiramente ao difícil Rage for Order. Destaco “I Am I” e “My Global Mind” como as mais marcantes.


Riverside – Second Life Syndrome (2005)

Alexandre: O caçula da minha lista, que tem a responsabilidade de fechar esta extensão da série, é o único de uma banda mais obscura. Os demais álbuns são de autênticos medalhões. Também é o único disco de apreciação mais recente, visto que nem foi citado na lista que elaborei para a edição voltada a 2005.  Isso se deve pura e simplesmente ao fato de eu não conhecer o grupo na ocasião. Dando os devidos créditos, fui apresentado ao Riverside pelo Kelsei, colega do Minuto HM. Desde então, a apreciação foi crescendo de tal forma que eu poderia não apenas indicá-lo nesta lista de esquecidos, mas colocá-lo em primeiro lugar na edição de seu respectivo ano. O grupo polonês faz um progressivo com inegável influência do Marillion, em especial pelas talentosas frases do (infelizmente) falecido guitarrista Piotr Grudzinski. Alia também certo peso, na linha de bandas como o Dream Theater. “I Turned You Down” lembra-me “Trial of Tears”, ótimo momento do Dream Theater em Falling Into Infinity (1997). Não há como ouvir “Reality Dream III” sem lembrar dos caras. Second Life Syndrome tem ótimas composições. Para quem não conhece sua obra de forma mais ampla, é uma ótima pedida para começar. “After” é uma senhora faixa para introduzir o restante do trabalho, uma espécie de “mantra”, com uso de ótimas camadas vocais. Praticamente não há faixas fracas. A única que não me conquistou de vez foi “Artificial Smile”. Destaco em especial “Volte-Face”, mas também cito não só a faixa-título, como ainda o single “Conceiving”. Do grupo é necessário destacar, além do guitarrista, Mariusz Duda, que consegue aliar ótimas linhas de baixo a um vocal bastante harmonioso. Ao vivo, o cara consegue dar conta de tudo. Não é fácil conciliar as linhas de baixo com o vocal ao mesmo tempo. Quem puder, dá uma checada na versão da faixa-título no DVD Reality Dream (2008), que também indico como porta de entrada. Fica aqui meu agradecimento ao Kelsei pela indicação menos conhecida desta lista e o meu agradecimento à Consultoria pela participação nesta série.

André: O estilo deles é o mesmo do Porcupine Tree e do Pain of Salvation, um mix de rock com metal progressivo focando-se mais nas guitarras do que em elementos sinfônicos. Eu gosto bastante desse gênero e os poloneses do Riverside fazem um sólido e competente segundo álbum. Gosto principalmente quando configuram o teclado para soar como hammond, tal como em “Second Life Syndrome”, a enorme faixa-título. As letras são meio clichês do estilo, umas coisas meio reflexivas e filosofices que ninguém entende, mas compensam com um instrumental muito bem feito. Até estranhei este slot ser gasto com o Riverside, jurava que viria o Judas Priest com o disco do anjo.

Bernardo: Tem momentos bastante intensos e bem chamativos, mas achei que, no geral, não se sustenta muito como conjunto.

Christiano: Lembro que escutei muito o Riverside quando lançaram o primeiro disco, Out of Myself (2004). Depois disso, perdi o contato. Por isso, foi uma boa surpresa ter escutado Second Life Syndrome, um álbum muito bem feito, que aposta na modernização do rock progressivo, atualizando sua linguagem para tempos recentes. No geral, é um disco que dosa perfeitamente uma pegada mais pesada com melodias muito bonitas, como é possível perceber em “Volte-Face” e “Artificial Smile”, duas das melhores. Confesso que fiquei com vontade de escutar mais vezes. Boa redescoberta.

Davi: Não conhecia a banda, mas ficou claro que a pegada dos caras é fazer meio que um prog metal. Achei bacana que eles conseguiram fazer algo que não dá para associar muito ao Dream Theater. Muitos grupos dessa cena me soam meio que como uma cópia dos caras. Sim, pegam-se algumas referências à trupe de John Petrucci, mas, de modo geral, o som desses caras é um pouco mais sombrio, e mais pesado, inclusive. O instrumental é muito bom e destaco o trabalho de guitarra do falecido Piotr Grudzinski como o ponto alto. O trabalho de bateria e de teclado também é bem elaborado, mas achei os instrumentos mal timbrados, com uma sonoridade muito magra. A maior decepção, contudo, foi com a parte vocal. Achei o trabalho de Mariusz Duda bem abaixo do nível do restante. É como se o Rush contratasse Scott Stapp. O cara até canta direitinho, mas… Mesmo tendo essa pegada mais sombria e pesada, as faixas que mais me cativaram, por alguma razão, foram as baladas. Em especial, “Conceiving You”, para mim a melhor do disco. Gostei de conhecer o grupo, mas não virei fã. Não compraria.

Diogo: Não conhecia a banda. Vi a capa do disco e imaginei se tratar de algo tipicamente progressivo da década passada (não que isso fosse lá muito difícil de adivinhar). Dito e feito. Esses poloneses parecem pertencer à mesma leva prog europeia que gerou, entre outros grupos, o Beardfish, que também já deu as caras na série. O Riverside, contudo, é bem menos setentista que seus colegas suecos, apesar das influências também estarem evidentes. E, rapaz, não é que os caras são bons? Com uma pegada bem pesada, o quarteto passeia pela seara do prog metal sem suscitar comparações com medalhões do estilo. “Volte-Face” e “Artificial Smile” são especialmente empolgantes, mas o disco todo é bem interessante e a surpresa foi positiva. Uma coisa que me incomoda no prog mais recente é a falta de grandes vocalistas, mas até que Mariusz Duda faz um trabalho decente. Covardia seria tentá-lo comparar a caras como Greg Lake, Justin Hayward, Peter Hammill e John Wetton.

Fernando: Não conheço tanto o Riverside, mas gostei de tudo o que ouvi. Este disco começa com um clima bem progressivo, que muda um pouco depois quando entra a parte instrumental mais pesada em “Volte-Face”, que me fez lembrar de alguma música legal do Dream Theater. A comparação entre as bandas, porém, muito feita por aí, não é justa, já que o virtuosismo não é o foco de suas músicas. Li que o Riverside poderia ser um Marillion com mais peso e em “Conceiving You” isso apareceu bem, principalmente pelo solo de guitarra. A longa faixa-título é daquelas músicas em que não sentimos o tempo passar. Ótimo disco.

Flavio: O caçula da lista traz a combinação típica do recuperado movimento rock progressivo na década passada, em uma mistura com elementos mais pesados. A banda polonesa traz como maior virtude a qualidade nas composições e nas execuções. Não se vê uma preocupação com virtuosismo, e o repertório prima pela preocupação lírica com o tema do álbum e com harmonia e melodia, principalmente na guitarra do infelizmente falecido Piotr Grudzinski. O ponto de maior semelhança, inclusive, encontrado por mim como influência, está justamente nas seis cordas. Fica claro que Steve Hackett e Steve Rothery apresentam no Riverside sua criatura criativa, o que não é demérito algum, pois a guitarra é um dos destaques do álbum. Outros elementos, como o uso de repetições de riffs que vão progredindo, típicas do estilo, estão presentes em quase todas as faixas. O baixo também tem um timbre bem influenciado pelos representantes do rock progressivo, notadamente Pete Trewavas, e funciona muito bem, destacado em várias partes da bolacha. Há ainda boas performances vocais e dos teclados, em uma banda que executa sem dificuldades mesmo as partes mais intrincadas das músicas. Aponto como destaques a bela balada “Conceiving You”, a climática faixa-título e “Dance with the Shadow”. Second Life Syndrome também merece seu espaço, principalmente para os adeptos de rock/metal progressivo, compondo bem a excelente lista do Alexandre.

Mairon: Não conhecia a banda, então, como tenho feito, ouvi o disco sem buscar informações. Creio que se trata de um álbum conceitual, e gostei do resultado geral. Lembrou-me bandas como Porcupine Tree e I.Q., entre outros genéricos na linha dos grupos que Steven Wilson monta, mas foi legalzinho de escutar. Destaque para “Volte-Face” e para a instrumental “Reality Dream III”. Não sei se deveria estar na série, mas não foi uma audição desprezível.

Ronaldo: O Riverside conduz um rock progressivo tropeçando no heavy metal, devido ao foco em guitarras, mas não chega a ser prog metal. Sua sonoridade, rica em texturas, é a cara do progressivo contemporâneo (ainda que já pesem 12 anos sobre o lançamento). O disco é marcado por tons menores e uma certa melancolia nas linhas vocais, com um trabalho admirável e original de bateria e baixo. A faixa-título é um grande destaque, com 15 ambiciosos minutos de muitas variações e sofisticação instrumental. “Artificial Smile” é outro destaque, com um riff possante e um ar misterioso. O álbum tem riqueza e assinatura própria.

Ulisses: A banda é habilidosa com os instrumentos e tem em Mariusz Duda um elemento interessante, visto que o baixista consegue encaixar bem seus vocais, versáteis e imponentes. O quarteto mistura a força do metal progressivo à la Dream Theater e Tool com momentos mais calmos e reflexivos, mas muitas vezes estende as composições com firulas instrumentais pouco interessantes, que tornam a audição fatigante.

85 comentários sobre “Melhores de Todos os Tempos – Aqueles que Faltaram: por Alexandre Teixeira Pontes

  1. Dos discos apresentados nessa postagem, certamente a citação que mais me agradou foi a do Perfect Strangers, pois foi ouvindo algumas das faixas desse disco lá em 2010(a faixa título, Hungry Daze, Gypsy’s Kiss e Knocking at Your Back Door) que eu acabei pegando gosto pela banda e consequentemente por hard/heavy rock.
    Fora o Purple, também gostei muito das menções a Scorpions, Malmsteen e Marillion, ótima lista pra concluir a série.

    1. Raphael, muito legal você destacar o Perfect Strangers. Eu o considero em um nível próximo aos albuns clássicos desta line up do Purple. Aliás gosto mais dele do que praticamente todos os outros com essa formação. Não ouso compará-lo apenas com o Machine Head. E concordo plenamente com as faixas citadas. É interessante perceber que talvez esse tenha tido uma reação mais morna por parte da maioria dos consultores, algo que eu não esperava.

      1. Bem, pessoalmente tenho a trinca In Rock(meu preferido), Fireball e Machine Head como o ápice da carreira do Purple, mas o Perfect Strangers não fica muito distante em minha preferência, inclusive gosto mais dele do que dos discos da fase Coverdale/Hughes.

  2. Zé fini, acabou, já era, nossas listas de melhores discos findaram. E querendo ou não, fico triste porque conheci muita banda bacana e muitos discos excelentes graças a esta série.

    Quanto a lista do Alexandre, Renaissance é um belíssimo destaque do prog. Essa banda merecia mesmo ser lembrada. Ozzy e Van Halen também poderiam entrar tranquilamente. Dois belos discos destaques da década de 80. Já conhecia o Riverside e acho Anno Domino High Definition o seu melhor álbum.

    Ótima lista do Alexandre no geral. Obrigado a todos pela grande aprendizagem com esta série.

    1. André, obrigado pelas palavras, foi um aprendizado valioso e fica a dica deste outro álbum do Riverside. Esta banda eu comecei a conhecer muito recentemente e por isso não a citei na série original de 2005. Hoje, ele superaria o tal disco dos anjo do Judas Priest.

  3. Nosso colega Alexandre trouxe uma lista excelente aqui nesta edição dos “Melhores de Todos os Tempos – Os Esquecidos” aqui da Consultoria, e gostaria de ressaltar algumas observações de minha parte á respeito de três dos 10 escolhidos por ele:

    – O álbum de 1984 do Van Halen com o ano escrito em algarismos romanos na capa, é o único em que eu conheço algo da banda ao lado de Eat ‘em and Smile (da carreira solo de David Lee Roth), e que foi uma escolha acertadíssima do Alê. Ressalto que irei me aprofundar mais na obra deles e só lamento o fato deste álbum não passar dos 40 minutos de duração, como todos os outros discos anteriores do Van Halen, grupo histórico que, depois deste MCMLXXXIV, perdeu a graça depois de DLR saiu e se tornou outra coisa…

    – Bark at the Moon foi um grande recomeço para Ozzy Osbourne depois que o gênio prodígio Randy Rhoads faleceu em um acidente trágico de avião. Com Jake E. Lee no seu lugar e o resto de sua banda inalterado, o nosso Madman renovou seu som e o resultado foi ótimo para o deleite de seu público, ao contrário do álbum seguinte (The Ultimate Sin, 1986) onde o Tio Ozzy resolveu fazer glam metal… O resultado, não preciso nem contar.

    – Agora a grande surpresa foi a inclusão de Blackout, na minha opinião, o melhor disco lançado pelo Scorpions em toda a sua história, e o terceiro/último ato de uma trilogia que começou com Lovedrive (1979), se sucedeu com Animal Magnetism (1980) e que se encerrou de forma espetacular com Blackout, o momento de superação do grupo alemão e o Magnum Opus de sua carreira. Este é aquele tipo de álbum em que eu ouço do início ao fim sem reclamar de nada, e afirmo que se não fosse o retorno do tio Klaus Meine após aquela complicada cirurgia que realizou nas nas cordas vocais, o Scorpions não chegaria onde chegou em 1982: no auge de sua capacidade criativa. Só lamento o fato do Bernardo achar que Blackout é o álbum mais sem-graça da fase oitentista do Scorpions, o que totalmente discordo. É meu preferido da banda desde sempre e o único álbum que pode destroná-lo é Crazy World (1990).

    Aproveito para dizer também que o que eu não concordo mesmo é com a opinião expressa de alguns sobre o disco que veio depois deste petardo de 1982, pois um álbum no qual está inclusa a canção que eu mais desprezo/abomino no repertório do Scorpions (acho que o pessoal aqui já sabe qual é) apenas pelo fato de ter sido na época um estrondoso sucesso, não pode de jeito nenhum receber de minha parte os elogios que merece até hoje. E é justamente este problema que cada vez mais me faz distanciar do LAFS. Fãs de Screaming for Vengeance (Judas Priest) mandam abraços pra vocês, seus… CONTRADITÓRIOS!!!

    1. Igor , estamos juntos quando o assunto é o Blackout, pra mim o que definiu de forma boa a sonoridade desta segunda fase da banda. Acho que ele só tem competição com os álbuns fantásticos com Ulrich Roth, mas não sou daqueles que desprezam o Love at First Sting. A banda só tinha sido citada na série original do consultoria duas vezes, uma com o próprio Love at First Sting e a outra com o tardio – e muito bom , Humanity Hour. Foi justo que a lista dos esquecidos acrescentasse outros três albuns para registro.

      1. De nada Alê! Eu acho uma pena que Crazy World não irá aparecer nas próximas listas de esquecidos aqui da Consultoria, tal como Metal Heart, Eliminator, Tarkus, Trilogy, Russian Roulette, Angel of Retribution, e talvez um Fear of the Dark ou um álbum qualquer de Richard Clayderman, Roberto Carlos ou Bezerra da Silva (hehehehe).

        Sobre o Love at First Sting, é aquilo que eu sempre debato com os consultores que gostam deste disco: não considero um dos melhores discos do Scorpions e da história do rock e também não defino-o como o auge da banda alemã apenas por causa daquela música que causou um “baby-boom” europeu na época e que é a que eu mais desprezo no repertório deles, por incrível que pareça. O auge do Scorpions pra mim foi com o Blackout, que é pra mim o álbum definitivo deles.

        Gostaria de fazer uma correção em relação ao Van Halen: ultimamente ouvi todos os 6 primeiros discos deles com David Lee Roth mais o Eat ‘em and Smile, e achei todos eles muito bons. Só afirmo que ainda não ouvi o disco de 2012 “A Different Kind of Truth” que marcou o retorno do vocalista espalhafatoso, pra mim o gênio do Van Halen (sem desmerecer o guitarrista Eddie). Prometo que irei ouví-lo ainda neste restinho de 2017. Valeu por responder meus comentários, Alê! Tamo sempre juntos!

        1. Bem, Richard Clayderman ou Bezerra da Silva numa lista da consultoria do rock seria um pouco demais, mesmo eu sabendo que álbuns majoritariamente de outros estilos já deram as caras por aqui. Em relação ao Roberto Carlos, a fase jovem guarda tem mais proximidade com o que é tratado aqui, embora eu não tenha alguma predileção por aquele momento da carreira do cantor. Ouvi muito ROberto Carlos quando era menor, talvez influenciado por familiares, e tenho até a coragem de citar alguns de seus álbuns que considero, dentro do que ele buscava fazer, de qualidade. Acho que a fase entre 68 e 73 é bem legal, destacando-se os álbuns de 71 e 73. Já na fase mais ” global” os álbuns de 77 e 81 são fortes.
          Mas, é isso mesmo, resolvi comentar sobre a discografia do Roberto Carlos ?????? Melhor voltar para a Terra….

          Alexandre

          1. Citei o Bezerra da Silva por causa do programa do Sílvio Santos, citei o Richard Clayderman por que sou o maior fã de sua obra, e citei o Roberto Carlos por que sou grande apreciador da fase que vai de 1971 pra frente, E ao contrário do meu pai, não sou muito fã da fase “Jovem Guarda”, que vai do Splish Splash ao disco de 1970, aquele que tem a música do “Astronauta”. Pra mim o melhor disco do Rei em todos os tempos é o de 1977, por nele conter o que são seus maiores hits a meu ver: “Amigo”, “Falando Sério”, “Cavalgada”, “Outra Vez”, “Não se Esqueça de Mim”, “Jovens Tardes de Domingo”, “Solamente una Vez”, etc.. Basicamente uma coletânea de clássicos! Muito obrigado novamente, Alê!

  4. Vou provocar polêmica. Jake E Lee é melhor do que o finado Randy Rhoads. Bark at Moon e The Ultimate Sin são dois discos injustiçados pacas do Ozzy. Principalmente o segundo. Antes um Ozzy soando “farofa” do que um Ozzy com Zakk Wylde na guitarra, que não acrescenta em nada, e nunca chegou aos pés de Lee e Rhoads.

    1. Pode conseguir provocar polêmica no Whiplash ou no fórum do Metal Archives, porque aqui quase todo mundo acha o Jake E. Lee o melhor guitarrista da banda de Ozzy.

          1. Eu também gosto muito do Randy Rhoads. “Mr. Crowley” é pra mim a melhor música gravada pelo Madman, e os solos do Rhoads são soberbos, e acabou!

      1. Eu acho que a grande diferença entre Jake e Randy Roads é que o falecido gênio, além de melhor, sempre foi muito bem considerado por público e mídia. Jake é um excepcional músico que infelizmente ficou marcado pela comparação. Que bom que está série dos esquecidos contribuiu para que três de seus álbuns ficassem registrados. Sempre o achei muito superior ao Zakk, esse sim , um guitarrista com um reconhecimento meio exagerado. Pra mim seu ponto alto está no Ozzmosis, o álbum que se destaca na fase dele com Ozzy. Mais até que o No More Tears, o outro bom álbum dos dois. O resto é o resto…

    1. Esperava uma saraivada de críticas, o que honestamente seria até correto. Aquele pianinho a lá Richard Clayderman da introdução é brega demais. Mas eu posso negar, deixando a vergonha de lado, que curto a música, gosto do solo e das cordas., gosto dos vocais. Mas ela é muito brega, impossível não concordar.

      1. Valeu por tocar no meu ponto fraco, Alê! Clayderman é meu super ídolo desde sempre e acho uma pena um disco dele pelo menos não aparecer nas próximas edições de melhores aqui da Consultoria. Outro detalhe importante é que o pianinho brega de Don Airey também aparece na metade de “Revelation (Mother Earth)” do Blizzard of Ozz, álbum de estréia da carreira solo do Tio Ozzy, e que é meu favorito dele junto com Diary of a Madman e No More Tears.

        1. Bem citado esse trecho de Revelations ( Mother Earth) é Claydermann purinho, de repente o Don Ayrey o tinha como ídolo. E a música é espetacular, sem dúvida! O solo de Rhoads que se segue ao momento Claydermann é de tirar o fôlego.

          Alexandre

          1. Sim, a música toda é ótima, o solo de Randy Rhoads no final dela também é ótimo e o Blizzard of Ozz é um ótimo disco, até acho-o melhor do que qualquer coisa que o Black Sabbath fez sem o maluco comedor de morcegos. Até gosto do Heaven and Hell com o Dio, mas é outra coisa…

          2. Eu particularmente prefiro o Diary of a Mariana ao Blizzard of Ozz. E quando o assunto é Sabbath, prefiro a banda quando Ozzy encaixa melhores vocais e ainda não desceu a ladeira criativa. No caso, seriam os álbuns Sabbath Bloody Sabbath e Sabotage os melhores exemplos. A fase Dio é outro departamento, tudo é de excelência.

          3. Leia-se Diary of a Madman. O corretor me deu uma rasteira. …

          4. Também gosto um pouco mais de “Diary of a Madman”. Acho que, apesar de ter menos músicas tidas em alta conta pelos fãs, ele é um pouco mais aventureiro e tem uma produção melhor. Além disso, há aquelas não tão lembradas e que são absurdamente boas, tipo “S.A.T.O.”, “You Can’t Kill Rock and Roll” e “Little Dolls”, sem falar na faixa-título. “Over the Mountain” não tem nem o que falar, talvez seja minha música favorita de Ozzy. A banda toda estava muito, muito coesa e tocando demais.

          5. S.A.T.O. do Diary of Madman possui talvez meu solo favorito do Randy Rhoads. E essa música acho que o Ozzy nunca a tocou ao vivo, nem nessa época e nem mais para frente. Uma pérola perdida e esquecida.

  5. e meu agradecimento a todos os participantes pela oportunidade de aprender. Valeu, Consultoria!

    Antes de qualquer coisa, fica aqui também o meu agradecimento a todos que já contribuíram de alguma forma, pelo enorme aprendizado. Comecei essa série com determinado conhecimento sobre música e, ao término, isso dobrou. Valeu!

    1. Pessoal, já comecei a ler os avaliações iniciais dos consultores e também esses comentários que normalmente acrescentam bastante na discussão. Aos poucos vou também deixar minhas opiniões sobre tudo que foi escrito, as concordâncias e também as discordâncias, em especial aquelas que foram trazidas sobre um ponto de vista embasado. Ou seja, que não são basicamente um gosto ou não gosto. E independente das opiniões divergentes, que são super válidas também, o que fica sempre é um imenso aprendizado. Também acredito, como o Diogo, ter crescido demais em conhecimento musical, essa galera daqui é muito fera!! Foi um ano excelente nesta troca de informações e é uma pena que isto esteja acabando. Entendo perfeitamente para quem está coordenando que a responsabilidade e cobrança por ter tudo no prazo é inglória, mas quem sabe daqui a algum tempo, descansando um pouco, o Diogo muda de opinião e faz um melhores de todos os tempos de álbuns ao vivo, por exemplo?
      De qualquer maneira, fica o meu sincero agradecimento.

      Alexandre

  6. Gostei muito da lista do Alexandre, porém se ele me permite uma pequena crítica, achei que nosso amigo se focou muito em bandas que já apareceram antes e constam aqui com seu quarto ou quinto melhor disco, tendo em vista que os clássicos já entraram antes

    De maneira muito respeitosa, afinal, cada um escolhe o que bem entende, admito que também penso assim. Nesse quesito, o Renaissance se destaca mesmo, tanto por ser um grande álbum quanto por fazer justiça a esse ótimo grupo, que não havia dado as caras por aqui.

    1. Bom, se me permitem discordar, a lista é ótima inclusive com resgates que faltaram nos melhores. Tem discos aqui que (para mim) estão entre os melhores das discografias das bandas. Blackout é o melhor da fase pos Uli. O disco do Malmsteen talvez seja mais significativo em presenciar uma lista de melhores, do que o que escolhi (meu preferido Marching Out). Promised Land é um grande disco (e sei que o preferido do Ale). Clucthing é o melhor para mim. Ashes are burning tb. O Bark At The Moon é o melhor do Jake, só vem atras do RR, e já tivemos escolha do inferior Ultimate Sin. Enfim acho que a lista do Alexandre está tão coerente ou mais de várias outras aqui colocadas.

      1. E aina tem DP com o melhor disco desde o retorno, com o ultimo grande clássico da banda, a faixa título e como esqueci do VH 1984 que rivaliza com o primeiro na minha preferência.

    2. Bem , primeiramente não há nenhum desrespeito nesse comentário do André e nem na sua concordância, Diogo. São essas opiniões concordantes e discordantes que agregam, sempre no meu entender.
      Em relação ao comentário em si e atendo-se especificamente à questão de ser ou não clássico, eu concordo em 60% da lista. Estariam de fora, por este aspecto,o já citado Renaissance, o multi platinado 1984, o histórico e sempre mais bem conceituado Rising Force e o disco do Riverside, que não é banda clássica, nem tem algum álbum clássico.
      Mas nem sempre um disco clássico ficaria em quarto ou quinto na minha predileção. Os discos do Marillion e do Queensryche são meus favoritos das bandas, o Blackout tem uma relação emocional por reembolso sido a porta de entrada pra mim na banda. É uma questão de gosto pessoal que acabou realmente trazendo essa posição intermediária para os citados discos,,se pensarmos nos clássicos deles.
      E no caso do Scorpions eu pensei bastante bastante escolha, pela categoria do In Trance, por exemplo. Também o Lovedrive me balancou , mas aí aquele reggae com sotaque alemão foi o fiel da balanca…

  7. Uma das coisas que sempre pensei sobre o grupo é que ele acabou sendo estigmatizado por ter Annie Haslam no vocal. Fica sendo sempre o progressivo com voz de mulher.

    Imagina que coisa maravilhosa ter esse estigma? Ter um diferencial como esse foi bem dizer uma exclusividade do Renaissance, que serviu para destacá-los ainda mais dos outros bons grupos da época.

    1. Entendo o que vc falou, mas em muito meios de fãs não era com essa sua interpretação. Lembro principalmente do pessoal dos fóruns do Soulseek que sempre indicavam a banda como o “prog com mulher” mais no sentido de ser uma curiosidade do que pela qualidade dela. E eram fóruns internacionais…

  8. Mais alguém acha que “To Be With You in Heaven”, presente em “Crazy World”, tem algumas pequenas semelhanças melódicas com “You Give Me All I Need”? Ou eu que estou vendo pelo em ovo?

    1. São músicas quase parecidas pelo refrão a meu ver, no mais valeu por citar Crazy World, o melhor disco do Scorpions depois de Blackout, mesmo reconhecendo que possui um filler chamado “Money and Fame”, que me parece uma sobra do Savage Amusement…

    2. O refrão tem muita proximidade, sem dúvida. Acho o “original” muito superior, no entanto. E concordo que o Crazy World é um último suspiro criativo do grupo até o Humanity Hour.

      1. Eu diria que Crazy World foi o último grande álbum do Scorpions antes de Moment of Glory (2000), aquele maravilhoso álbum com a Orquestra Filarmônica de Berlim dando uma melhorada (e que melhorada!) em alguns de seus grandes hits, além de algumas inéditas também.

  9. Quando ouço os sons soturnos de “Stonehenge” e a eles se emendam os vocais mais macabros que alguém já entoou na banda, em “Disturbing the Priest”, entendo que já é um total bônus ter tido a rara oportunidade de juntar essas três lendas em um registro fonográfico.

    Quanto a isso não resta dúvida. Por mais que eu tenha algumas críticas a fazer, trata-se de um dos encontros mais peculiares que a música já promoveu, gestado em balcão de bar, que resultou em algumas músicas excelentes.

    1. Em balcão de bar, sem dúvida. Inclusive havia acabado a tequila, tá na letra de Trashed…

  10. Há aquela história de que Lee compôs o disco todo e acabou tendo que abrir mão dos direitos sobre as músicas graças àquela senhorinha que uma porção de gente no meio heavy metal odeia.

    Hoje em dia as músicas já são creditadas a Osbourne/Lee/Daisley, mas não sei se oficialmente. Não dá pra dizer que Ozzy é peso morto, fica bem evidente que ele sempre contribuiu com muitas ideias melódicas desde o Black Sabbath, mas é claro que toda essa rifferagem de “Bark at the Moon” (o álbum) parece ter saído das mãos de Jake e mais ninguém. E, claro, não nos esqueçamos que Ozzy sempre pôde contar com seus baixistas para escrever letras.

  11. Considero, porém, que existem pelo menos duas faixas que são pouco comentadas, mas que estão entre as melhores do registro: “Slow Down”, com Bob Daisley mostrando do que era capaz, e a quase progressiva “Waiting for Darkness”.

    Sim! E, pelo que pude perceber, vejo que há mais gente por aqui que também curte “Waiting for Darkness”, mas não tanto “Slow Down”.

    1. Eu também não esperava tanta citação a Waiting for darkness. Surpreendente, eu diria. Fico feliz, curto demais a música. Já Slow Down é uma das que menos gosto, talvez a pior do álbum.

  12. Só o Europe, com seu The Final Countdown (1986), fez frente a este álbum em termos de hard tecladeiro.

    Eu gosto muito do Europe, mas bah, acho que ele passa longe de fazer frente a “1984”. “Slippery When Wet, do Bon Jovi, é mais adequado a esse embate.

    1. Slippery When Wet é um ótimo álbum, mas ultimamente tenho dado mais atenção ao New Jersey, que é meu favorito do Bon Jovi, e que seria um álbum perfeito para a época se não tivesse aquele enchimento chamado “Love for Sale”. Acho que tá de bom tamanho este álbum encerrar sem essa que pra mim é a pior canção da carreira do Bon Jovi a meu ver.

        1. É o disco mais legitimamente glam METAL do Bon Jovi, muito em razão de uma faixa como essa, além de “Lay Your Hands on Me” e “Wild Is the Wind”.

        2. “Homebound Train” é uma ótima música, assim como todo o disco New Jersey é. “Lay your Hands on Me” e “Wild is the Wind” não ficam muito atrás. Pra mim este álbum termina com “99 in the Shade”, do mesmo jeito que Slippery When Wet chegou ao fim com “Wild in the Streets”, já que são músicas quase parecidas e que encerram os trabalhos do mesmo jeito que começaram: com o nível super alto.

          E quanto á “Love for Sale”, volto a insistir que esta é a pior música da carreira do Bon Jovi, que não se encaixou na proposta geral de New Jersey e que deveria ter sido apenas um B-Side de um dos seis singles deste baita disco de 1988, sem dúvidas o melhor do Bon Jovi. Não sei por que resolveram colocá-la no álbum original…

  13. Quer saber? No quesito diversão, o Kiss perde muito feio para o Van Halen.

    Sim, de longe! Ainda bem que alguém disse isso. Eu gosto do Kiss, mas se a base para justificar grande parte da admiração ao grupo é por se tratar de um som divertido, bah, o Van Halen dá uma tunda no Kiss. Isso sem falar em quão superior o Van Halen é musicalmente, e não refiro-me apenas a técnica, mas a qualquer quesito. Até seu disco tido como o mais “sério”, “Fair Warning”, é um festival.

    1. Nesse caso, eu meio que discordo um pouco, acho que são equivalentes. O Kiss consegue promover uma diversão completa, não é só música mas sim um entretenimento variado ao melhor estilo rockstar de sucesso com pirotecnia, fantasias, luzes, integrantes voando no palco, etc. O Van Halen não é tão divertido e festeiro de “assistir”, mas compensa isso com carisma e técnica em suas músicas que, obviamente, soam animadas e divertem, eu diria, de igual tamanho. Claro que é mais questão de gosto mesmo.

      1. Van Halen nunca foi melhor que o Kiss! Van Halen tem David Lee Roth e Eddie Van Halen enquanto o Kiss tem Gene Simmons, Paul Stanley, tinham Ace Frehley, Vinnie Vincent, Mark St John e Bruce Kulick. E as músicas do Kiss são infinitamente superiores. Isso sem contar os shows, videoclips, capas de discos, tudo melhor. Apesar de que o Kiss se deixou influenciar pelo Van Halen na década de 80.

  14. E o melhor de tudo isso, uma sonoridade digna de respeito, engolindo 90% da produção de rock com o chamado “som de plástico”, que é assinatura-mor dos anos 1980.

    O Van Halen, até depois da saída de Roth, sempre teve produções muito boas, superiores ao que era a norma da época, isso quando não destoava mesmo, no melhor dos sentidos. O som de bateria de Alex sempre teve muita identidade, os graves são uma delícia e o som de guitarra de Eddie, porra, não tem nem o que falar, o que esse cara tirava era coisa de louco. Até hoje eu ouço certas músicas e me pergunto como ele conseguia soar tão diferente dos demais, tão único, sempre surpreendendo. Ronaldo, você já ouviu o “Balance”? O que é aquele som de bateria, rapaz?!

    1. Também acho muito bem timbrada a bateria do balance e de uma forma geral Alex realmente tem muita personalidade no som de sua bateria. Só não gosto do som do 5150,acho que ele exagerou nos sons eletrônicos.

  15. A acústica “Bridge” acabou por se tornar um single que não obteve a repercussão de sua antecessora, “Silent Lucidity”. Para mim, caso clássico de interferência da gravadora, buscando uma vendagem tão ou mais expressiva que o obtido em Empire.

    Será, Alexandre? “Bridge” é uma música tão pessoal que eu tenho dúvidas se rolou uma intervenção de gravadora nesse caso. Aliás, eu já acho “Silent Lucidity” um hit tão incomum que seria difícil demais repetir a dose. Prestando bem atenção em “Promised Land” eu não enxergo um mísero single em potencial.

    1. Diogo, eu não acho que a gravadora forçou a barra para que houvesse uma composição acústica no álbum. Bem , sabe- se lá, mas o mais provável é que a banda tivesse mais carta branca naquele momento, face aos dois recentes sucessos. Agora, imagina os executivos chegarem a conclusão de que realmente não existia um single em potencial? Isso é um atestado de morte para um gravadora. Daí entendo que a gravadora, depois do álbum pronto, pode ter apostado suas fichas em trazer uma música com violões para tentar boas vendas para o Promised Land. Afinal, foi uma música repleta de violões que mais sucesso fez no Empire. Sabemos que as músicas são bastante diferentes, mas nem sempre os executivos das gravadoras tem um entendimento tão apurado em relação à duas faixas que teoricamente tem um mesmo início.
      Eu teria apostado em One More Time, mas concordo que não há um single com uma força de Empire, Silent Lucidity ou Jet City Woman. …o que em nada desabona o Promised Land.

      1. Complicadíssimo escolher um single nesse disco. Talvez “My Global Mind”, mas não acho que “Bridge” tenha sido um erro, considerando essa dificuldade toda. E não foi só dessa vez que houve dilema semelhante, pois “Gonna Get Close to You” foi um single estranhíssimo, de mais um álbum com pouco potencial nesse sentido. Se coubesse a mim, talvez eu escolhesse “The Killing Words”, mas sem nenhuma confiança de que obteria alguma recepção. Analisando tudo mesmo, o Queensrÿche nunca foi banda de singles, em momento algum. O sucesso de “Silent Lucidity” foi um acidente de percurso que talvez tenha se beneficiado do início da onda acústica, mas não tenho certeza disso.

        1. Walk in the Shadows, mais tradicional e com um bom refrão, seria a minha indicação para um single no Rage for Order.

          Alexandre

  16. Em alguns pontos, remeteu-me ligeiramente ao difícil Rage for Order.

    Ulisses, algumas pessoas inclusive veem “Promised Land” como uma espécie de “Rage for Order” da década de 1990, não por semelhanças musicais, mas pelas características que o tornam um álbum mais hermético. A merda é que não teve um “Operation: Mindcrime” da década de 1990, um “The Warning”… Até teve um “Operation: Mindcrime” dos anos 2000, mas que não serve nem pra engraxar as botas do original…

    1. Vale então comentar que quase tudo ou tudo da suposta continuação do Operation mindcrime só tem no seu line up entre os músicos originais da banda o próprio Tate. Todo ou quase todo instrumental foi gravado por músicos contratados. Eu acredito que outros albuns da fase final de Tate na banda seguiram também esse preceito. Uma vergonha, diga-se de passagem. .

      1. Referia-me ao “Operation: Mindcrime II” mesmo, de 2006, com direito à turma toda, exceto Chris DeGarmo.

        1. Pois a turma retida está lá apenas teoricamente, o Operation mindcrime 2 não foi gravado por Michael Wilson, ,Scott rockenfiekd ou Eddie Jackson. Esse é mais um capítulo triste do que a banda foi se tornando, pouco a pouco.

          1. É verdade, Alexandre, esqueci-me desse capítulo sórdido da história do grupo. E lhe digo que nem culpo apenas Geoff Tate por essa situação, pois o resto da banda se acovardou por muitos anos em nome do conforto que o nome Queesnrÿche ainda lhes proporcionava.

          2. Dá pra entender o porquê do desgaste criativo, sobrou tudo pro Tate.

  17. A melhor parte dessa edição é ver como os comentários sobre “Perfect Strangers” são contraditórios, não em si, mas comparando uns com os outros. Gente apontando determinadas músicas como destaques, outros apontando as mesmas músicas como fracas… Sem falar nas comparações com o Rainbow, alguns lamentando possíveis semelhanças e eu, bem, achando que o melhor do disco é justamente aquilo que lembra o Rainbow. Para mim sempre foi muito claro que o que o Rainbow vinha fazendo, mesmo com Joe Lynn Turner, é bem superior ao material de “Perfect Strangers”. Tirando “Knocking at Your Back Door”, não há nele material pra fazer frente a “Fire Dance”, “Death Alley Driver”, “Spotlight Kid”…

    1. Ah Bizotto, o Perfect Strangers possui músicas excelentes. E o que dizer da instrumental “Son of Alerik” que só foi lançada como lado B da faixa título? É simplesmente incrível, um dos melhores momentos do Ritchie Blackmore. Analise com mais cuidado esse álbum.

      1. Gosto de “Son of Alerik” e acho um crime ela ter ficado de fora do disco. Que cortassem um ou duas músicas sem personalidade e a colocassem, pois é muito superior à maioria do tracklist.

    2. Vou me juntar a essa contradição, evidentemente para defender o álbum, já que eu mesmo o citei. As músicas do Rainbow que você citou seguem mais ou menos um padrão, Diogo. Músicas aceleradas baseadas em um riff de Blackmore. Particularmente eu gosto bastante de Spotlight kid ou Death Alley Driver, mas só encontro semelhança dentro do Perfect Strangers em a Gypsy’s Kiss. Aliás, que eu prefiro, embora seja cria das outras. Há mais ou menos uma unanimidade em estabelecer uma relação com o Rainbow com Lynn Turner, mas acho que o Perfect Strangers está em um nível acima. Tudo bem , essa é a minha opinião. Convivo bem com essa fase mais mercadologica do Rainbow, vejo méritos em Turner como cantor, mas não consigo comparar em minha predileção nem com o álbum do Purple, muito menos com o trabalho de Blackmore com Dio.
      Mas as opiniões contraditórias são super bem vindas.

      1. Pobre Joe Lynn Turner, grande vocalista sempre desvalorizado pelos puritanos e “tr00s”. Ele é um vocalista tão “ruim” que já cantou até no Yngwie Malmsteen. Quanto a Gillan, quando ele voltou para o Purple, ele já não era mais o bom e velho Gillan da década de 70. Mas Perfect Strangers é um disco soberto e espetacular sim!!!!

  18. Ainda me lembro da sensação que tive ao ouvir, em 1984, pela primeira vez, o disco “Ashes are burning”, do Renaissance. Foi paixão à primeira vista e, apesar de ouvir outros trabalhos da banda, “Ashes…” continua sendo o meu favorito. Apesar do estupendo vocal de Anne Haslam, há de se destacar o talento de John Tout, Terence Sullivan, Michael Dunford e principalmente Jon Camp, um grande e subestimado baixista. “Ashes are burning” é épica, com um dos finais mais belos da história do prog: sempre aguardo o solo de Andy Powell, que encerra o disco em grande estilo. É algo que aprecio muito: solos de guitarra que encerram músicas. Tipo o segundo solo de “Bark at the moon”, o de David Gilmour em “Pigs (Three differents ones)”, o de Andy Latimer em “Never let go” (Camel), ou o de Graham Wilson em “Charing cross” (1972). “At the harbour”, a balada “Let it grow” e “Can you understand” são outras maravilhas. Sobre o disco do Ozzy, um nome só: Jake E. Lee.

    1. “Pigs(Three differents ones)” do Pink Floyd era ainda melhor ao vivo! Eu tenho um link ótimo dessa música ao vivo em 1977! Os dois solos que o mestre David Gilmour faz nessa música algo sobrenatural. Simplesmente solos magníficos e perfeitos, tocados com todo o feeling! Aqui vai o link:

      https://www.youtube.com/watch?v=4teJm0NsOBM

      1. Conferi o vídeo. David Gilmour ensandecido! Realmente um dos maiores guitarristas da história do rock!

        1. “Pigs (Three different ones)” é do Animals, o disco que me iniciou na obra do Pink Floyd e que mostra não só David Gilmour inspirado assim como Mason e Wright, mas também, mostra Roger Waters no auge de sua capacidade como compositor, tanto que é ele quem comanda todo o disco com suas letras criticando o mundo político daquela época e dos dias de hoje também. Até o presidente americano Donald Trump elogiou e muito a comparação que Waters fez dele com os “Pigs”…

  19. Pobre Joe Lynn Turner, grande vocalista sempre desvalorizado pelos puritanos e “tr00s”. Ele é um vocalista tão “ruim” que já cantou até no Yngwie Malmsteen. Quanto a Gillan, quando ele voltou para o Purple, ele já não era mais o bom e velho Gillan da década de 70. Mas Perfect Strangers é um disco soberbo e espetacular sim!!

    1. Eu gosto da fase Lynn Turner no Rainbow, ,embora não consiga comparar com os três discos com o Dio. Aliás, também prefiro o Stranger in us All. No Malmsteen eu já acho que rolou uma forcação de barra, pelo cara já ter tocado antes com o Blackmore, ídolo do sueco. E não gostei do resultado.

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