Consultoria Recomenda: trilhas sonoras originais

Consultoria Recomenda: trilhas sonoras originais

Editado por Fernando Bueno
Tema escolhido por Mairon Machado
Com Alisson Caetano, Davi Pascale, Diego Camargo, Diogo Bizotto, Mairon Machado e Ulisses Macedo

Trilhas sonoras são audições geralmente complexas. A maioria das trilhas construídas para filmes, séries ou jogos, necessitam de uma compreensão de que a música que sai do álbum retrata momentos específicos do que se passa na telinha. Isso quando as canções são originais. Porém, existem algumas trilhas que se sobressaem, e acabam se tornando elementos de audição frequente nas casas de colecionadores e apaixonados por música ao redor do músico. A intenção desse recomenda é justamente trazer algumas das trilhas que os consultores costumam ouvir vez que outra, independente se de um filme, série ou jogo.


Andrew Hale & Simon Hale – L. A. Noire Official Soundtrack (2011)
Recomendado por Mairon Machado

Quando conheci essa trilha, me apaixonei de cara. E jamais imaginaria que ela é de um jogo de video-game. É um álbum de jazz suave, para viajar acompanhado de um ótimo uísque 15 anos. “Main Theme”, “Minor 9th” e “Noire Clarinet” são de uma lindeza descomunal. O embalo de “Slow Brood” dá uma boa quebrada nos andamentos suaves e reflexivos de boa parte de um disco incrível. Mas ainda há mais. Os arranjos orquestrais de “Redemption”, “New Beginning”, ambas em três partes, assim como as duas partes de “Proud of the Job”, são de arrepiar. E como não se emocionar com a construção belíssima de “Use and Abuse”? Os temas vocais também são obras de arte a parte. Andrew Hale fez um trabalho primoroso aqui, tão bom que recebeu diversos prêmios depois de seu lançamento, além de vir direto para minha lista de audições regulares.

Alisson: O jogo é um dos trunfos da Rockstar junto de Red Dead Redemption e a série GTA. Quando a trilha se encaixa no contexto neo-noire do jogo, a experiência acaba se completando. A sensação não é a mesma quando isolada do contexto do jogo, sobrando uma experiência agradável, mas um pouco vazia, enaltecendo a desconexão do tema principal com o restante da levada geral da trilha.

Diogo: A trilha é de um jogo, mas parece mais com uma uma trilha de um filme de época. Ponto positivo. Fica bem claro que o objetivo principal dos compositores foi criar uma ambientação sonora para as cenas que se desenrolam ao longo de um enredo, mesmo que nesse caso os personagens sejam parcialmente por nós controlados. Gostei bastante da suíte “A New Beginning”, que chega a lembrar os arranjos sinfônicos que o The Moody Blues utilizou em sua obra-prima, Days of Future Passed (1967). É uma pena, inclusive, que esse caminho não seja tão explorado no decorrer do tracklist, voltando-se mais para o jazz, mas imagino que essa opção tenha sido feita a favor do enredo. Como não sou fãzaço do estilo, acaba ficando meio enfadonho ouvir todo o tracklist, mas ao menos ele tem coesão e até que funciona bem como álbum.

Diego: Elegante, classudo, jazzy, suave, misterioso e mais um monte de adjetivos legais poderiam ser usados para descrever a trilha desse jogo lançada em 2011 por Andrew e Simon Hale. É verdade que ouvir L.A. Noire pode ser meio pedante sem as imagens do jogo porque o disco é meio longo pro estilo (50 minutos). Mas no geral é uma audição prazerosa que te leva a uma curta viagem se você se entregar à música. Vale a pena ouvir, especialmente se você gosta de smooth & cool jazz.

Ulisses: capa da trilha já dá a dica do que esperar, e logo nos primeiros segundos já somos agraciados com um jazz noir de bom gosto. Há muitas dessas composições soturnas no decorrer do tracklist, com destaque para “Minor 9th” e “Noire Clarinet” (outras, como “J.J.”, são um bebop dançante), sanduíchadas entre peças orquestrais com o estilo mais próximo do que estamos acostumados a ouvir em trilhas sonoras, mas com toques de intriga e mistério. Para completar, após mais de 40 minutos de música puramente instrumental, um trio de ótimas canções fecha o álbum. Boa indicação! Apesar de admirar bastante a Rockstar Games, L.A. Noire é um dos poucos títulos modernos do estúdio em que sequer botei as mãos…

Fernando: Não conheço esse jogo e faz muito tempo que não fico na frente de um vídeo game, mas fiquei interessado. Ouvi a trilha aqui no escritório e me deu vontade de diminuir a luz e abrir uma garrafa de whysky. Como não é possível fiquei só na vontade mesmo. Porém, com o passar do tempo, a audição começou a ficar enfadonha. Trilhas sonoras não são meu forte e não é algo que eu tenha costume em ouvir. Acredito que em um filme ou em um jogo, como é o caso, ela acabe fazendo parte de um todo e isso pode torná-la interessante. Mas sozinha não entendo desse jeito. Certamente meus comentários nessa matéria vão deixar isso bastante claro.

Davi: Mais uma trilha criada para um jogo. Honestamente, não conheço o jogo. Não tenho ideia do que se trata para saber se ele capta o clima da história. Pelo que andei lendo, parece que eles quiseram reviver os anos 40 e as músicas com levada jazz como “Noire Clairenet”, “Minor 9th” e “Main Theme” reproduzem com perfeição essa ambientação. As suítes já tem aquele ar cinematográfico bem hollywoodiano. Mais uma vez, me dá a sensação de estar entrando em algum brinquedo da Disney. Dentre essas, “Redemption Pt 2”, “New Beginning Pt3” e “Fall From Grace Pt2” são minhas preferidas. Essa última parece que você está dentro do brinquedo do Piratas do Caribe. Dentre as mais jazz, as minhas preferidas são as 3 últimas do disco que contam com a participação de Claudia Brucken nos vocais. Interessante!


Vários artistas – Katamari Fortissimo Damacy (2004)
Recomendado Por Alisson Caetano

O jogo é tudo aquilo que podemos esperar de “Japão”. Trata-se de um exclusivo de PS2 onde o jogador controla um alienígena explorador de planetas que coleta coisas rolando uma bola que gruda tudo que entra em contato com ele (foi o que eu entendi vendo gameplays). A trilha sonora é realmente tudo o que importa disso. Ela consegue seguir esse clima de devaneio e lisergia da ideia do jogo com muita classe e variedade de gêneros em sua hora e meia de execução. Mesmo realizada por diversos compositores, as transições entre composições são feitas de maneira muito precisa, tendo o clima lounge uma constante para que paisagens jazzísticas, camadas eletrônicas e experimentos com música tradicional japonesa passeiem fluidas pela plenitude do disco. Talvez gostando da ideia do jogo, a experiência com esta obra se torne completa, mas isso não inibe ela de ser grandiosa e vibrante por si só.

Diogo: Dei play na primeira faixa e minha reação foi: “Olha o que eu sou obrigado a escutar…”. Foram passando-se as músicas desta (infelizmente) longa trilha e nada da situação melhorar. Olha, por um lado o trabalho até é digno de respeito, pois não parece ter sido fácil gravar esse caminhão de vozes sobrepostas nem arranjá-las, como nas primeiras faixas, mas não é algo que me agrada. Quando você pensa que surgirá algo mais interessante, como em “Cherry Tree Times”, um coral infantil entra e joga tudo abaixo. Por mais que haja até alguns sambinhas no tracklist, acho que dificilmente se é mais japonês que isto. Pode até funcionar como trilha sonora para o jogo, mas, ao menos para mim, jamais como faixas para serem ouvidas em sequência.

Diego: Chato, sem sentido e desnecessário. Perfeito para o hipster ‘discolado’ que adora citar aquele artista moderno do underground japonês como o melhor disco de [Insira ano aqui]. Uma hora e quinze minutos da minha vida foram perdidos ouvindo isso.

Mairon: Pô, trilhazinha interessante de jogo de videogame. Não conhecia e não sei se realmente é de jogo, mas entrego minha coleção de compactos de Bowie se não for. Esses eletrônicos tipo Mario Bros. misturado com elementos percussivos a la G. T. A., só pode ser um jogo. Curti pacas vários trechos, e fiquei imaginando o que poderia estar fazendo enquanto rola o som na telinha – pelo jeito, é um jogo de aventura. Mas há muito material descartável (“Lonely Rolling Star” e “The Last Samba são insuportáveis), uns hip hop com vocal japa bem do chumbrega, e achei o disco um pouquinho longo. Melhores faixas são “Katamari on the Rocks ~ Main Theme”, pela inclusão dos metais, a mistura de elementos musicais da loucaça “Katamari Manbo ~ Katamari Syndrome mix”, o bonito dedilhado de violão do samba “Katamaritaino” e o ótimo jazz de “Gin & Tonic & Red Red Roses”.  Foi bom para conhecer

Ulisses: Eu tive um PlayStation 2 durante o final da era de ouro do console e me arrependo de nunca ter jogado nada da franquia Katamari, mesmo estando ciente de suas ótimas avaliações. Este álbum eu já havia ouvido antes, pois é um dos grandes clássicos do gênero Shibuya-kei, que eu explorei (bem pouco) após conhecer os primeiros lançamentos do Capsule. Naturalmente, portanto, a trilha pega influências de vários gêneros, botando os pés em jazz, música eletrônica, picopop, lounge, samba e, claro, pop japonês. São 21 faixas em mais de uma hora de duração, com uma diversidade de dar gosto que dá vida à uma audição cartunesca que, felizmente, não cansa tanto como a média das trilhas sonoras. Destaques? O hip hop engraçado de “The Moon and the Prince”, a charmosa “Que Sera Sera”, a brasilidade de “The Last Samba” e, acima de tudo, o fofíssimo swing jazz de “A Crimson Rose and a Gin Tonic”, que por si só já justifica a aquisição do álbum inteiro – a voz de Ado Mizumori, à época com 65 anos, é pefeitamente encantadora nesta faixa.

Fernando: O início me assustou muito. Pensei que teria que ouvir uma hora de música de Atari. Entretanto isso não quer dizer que depois a coisa ficou boa. Em algumas passagens parece que estou jogando alguma coisa no Master System, pela música ser meio simplória em outros momentos dá para perceber que o console do jogo é dos mais atuais. Não é algo que eu ouviria normalmente.

Davi: Esse foi o pior para ouvir. O começo até que foi interessante com umas músicas mais alegrinhas que lembravam trilha de desenho animado, mas quando começa entrar voz de boneco versão criança e tecladinho com som de mini game, como ocorrem em “The Moon & The Prince”, “Fugue” e “Lonely Rolling Star”, o bicho pega. Chatinho pra caramba.


Goblin – Suspiria (1977)
Recomendado por Diogo Bizotto

A dúvida cruel: “Profondo Rosso” (1975) ou “Suspiria” (1977)? Um giallo cheio de suspense ou um tenso horror sobrenatural? Assim como no cinema, na música também fico com Suspiria, mas por uma pequena margem. O fiel da balança é a faixa-título, uma fantástica viagem pelos ambientes da academia alemã de balé na qual a história se desenvolve e que mais parece três (ótimas) músicas em uma faixa só. Enquanto Profondo Rosso tem um pouco mais de ligação com o jazz, Suspiria foca-se no prog com direito a toda sorte de efeitos acústicos e eletrônicos a fim de reforçar a sensação de horror daquela que provavelmente seja a obra-prima do diretor e roteirista italiano Dario Argento, conterrâneo dos integrantes do Goblin. Ouçam “Witch” e “Sighs” e entendam o que quero dizer. Álbuns como este, inclusive, ajudaram a parir o subgênero horror synth, que tem outros grandes expoentes como o norte-americano John Carpenter (um magnífico diretor, mas também um grande compositor de trilhas para seus próprios filmes) e o também italiano Fabio Frizzi (que criou especial parceria com o conterrâneo diretor Lucio Fulci). Mais importante que tudo, Suspiria funciona muito bem como um álbum além do filme do qual é trilha. Especialmente a trinca final, formada por “Black Forest”, “Blind Concert” e “Death Valzer”, mostra total independência. Em se tratando de trilhas sonoras para o cinema de horror, muito dificilmente fica-se melhor que isto.

Alisson: Os tons sintéticos e uso de dissonâncias fizeram o casamento ideal entre a estética do giallo dos filmes mais clássicos de Dario Argento. Não apenas Suspiria é um exemplo notável de transmissão de tensão e casamento entre experiências sensoriais, mas também qualquer trilha que o Goblin veio a fazer para outros filmes de giallo e zumbis dos anos 70.

Diego: A ‘nação prog’ baba em cima do Goblin, enquanto eu nunca consegui entender o porque da babação de ovo. O Goblin gravou ótimas trilhas sonoras, mas como eu não tenho nenhum interesse nos filmes para qual os discos foram gravados eu não faço a mínima ideia se a música funciona nos filmes ou não. Pra mim, como discos, a maioria do trabalho do Goblin não diz nada, inclusive esse Suspiria. Já tinha ouvido o disco anos atrás e reouvindo agora a sensação foi a mesma: “Composições consistentes, banda afiada, mas que no final não me diz nada”. É bom frisar também que esse disco tem um BAITA ‘Q’ de Paêbirú, o lendário disco de Zé Ramalho e Lula Côrtes. Várias faixas lembram muito o que a dupla fez 2 anos antes.

Mairon: Um clássico das trilhas sonoras, que ainda hoje deve assustar os desavisados. Nunca vi o filme, mas a trilha feita pelos italianos do Goblin para a obra de Dario Argento eu já conheço há anos. Tem momentos desnecessários, como a percussiva “Witch” e os eletrônicos de “Markus”, mas que deve casar com o filme em si. Porém, há diversos sons ótimos. Destaco entre eles “Suspiria”, com uma levada de baixo chupinhada do Floyd de Animals, o ótimo dedilhado de guitarra unido aos sintetizadores de “Black Forest”, com um bela sequência de solos de guitarra, saxofone e sintetizadores, além da afinação exótica de “Sighs” e o embalo fusion de “Blind Concert”. Fabio Pignatelli é um monstro no baixo, como toca!! Indicação certa que ia estar aqui, por que é uma trilha essencial.

Ulisses: Depois de ver a capa e ouvir a introdução com a faixa-título, não fiquei surpreso ao descobrir que Suspiria, o filme, se encaixa no gênero de terror. Sussurros medonhos e sintetizadores que criam uma ambientação tensa são utilizados efetivamente. Mas há faixas que soam como um prog rock tradicional, como “Black Forest” e “Blind Concert”, e não faço ideia de como elas se encaixariam num filme de terror.

Fernando: Cheguei a ouvir o Goblin na época que estava aprofundando no progressivo italiano. Porém dos quatro primeiros discos deles, três são trilhas sonoras o que acabou me afastando sem nem ouvir direito. Apenas ao disco anterior à esse, Roller (1976), acabei dando uma maior atenção, mas ele não me conquistou. O disco abre bastante interessante, mas a gritaria e a música que é apresentada em “Witch” me fizeram dispersar um pouco, pois como não assisti ao filme fiquei viajando um pouco com as imagens que tenho na cabeça do recém lançado A Bruxa (The VVitch). Acabei ficando mais interessado no filme do que na trilha. Acho que muita banda desse tal de ambient black metal deve ter ouvido esse disco.

Davi: Esse eu já achei menos interessante. Curioso que fui procurar saber do que ele tinha sido trilha e notei que era de um filme classificado como drama romântico. Estranho porque ele me soou terror trash dos anos 80. Sabe aqueles filmes com monstro no pântano? Aquela pegada bem lado “B” mesmo. Aqueles filmes que fazem o Zé do Caixão parecerem Steven Spielberg… “Markos”, inclusive, me lembrou aquela música que o Gugu tocava na hora de dar alguma notícia extraordinária. “Black Forest” é a que foge um pouco dessa sonoridade e a que mais me agradou contando com um arranjo mais progressivo. Esse eu achei razoável. Esses filmes o que eu mais curtia era ver as minas peladas e reparar nos efeitos toscos kkkk


Chance Thomas – The Lord of the Rings Online: 10th Anniversary Commemorative Soundtrack (2017)
Recomendado por Diego Camargo

Eu não escuto trilhas sonoras. Poderia ter acabado com a minha participação nesse artigo dessa maneira. Poderia também xingar, e muito, o ‘escolhedor’ desse tópico. Mas deixemos isso pra uma outra hora. Quando pensei numa trilha sonora a primeira que me veio à cabeça foi a do World Of Warcraft, jogo que joguei (e ainda jogo ocasionalmente) por anos. Mas a verdade é que a trilha sonora do WoW é ótima, mas é extremamente atrelado ao jogo, e fora dele, na minha opinião, faz pouco sentido. Foi quando me veio à cabeça a trilha sonora que Chance Thomas fez para outro jogo: Lord Of The Rings Online (ou LOTRO, como é popularmente conhecido). LOTRO é um MMORPG que esse ano (2017) celebra 10 anos. São poucos os jogos do gênero que chegam a uma vida de uma década, motivo que realmente merece celebração. Em junho esse disco foi lançado digitalmente. Não se trata de uma coletânea mas ao mesmo tempo é. Essas faixas foram compostas entre 2007 e 2017, mas somente algumas delas estavam disponíveis para compra anteriormente, o que faz dessa coletânea um disco de estúdio, praticamente. Apesar de algumas faixas serem atreladas ao jogo de maneira forte (como as faixas de abertura “The House of Tom Bombadil” e “Moria”), a grande maioria é simplesmente uma fantástica viagem por um mundo que não existe mas que para os fãs da literatura de J.R.R. Tolkien existe em algum mundo paralelo, e Chance Thomas nos leva à esse mundo. O disco evoca todo o clima dos livros com uma musicalidade ímpar. Não tem como não ser levado ao reino dos Anões ouvindo “Khazad-Dum” ou ao reino dos Elfos ao ouvir “Rivendell”. Em suma, discaço para os fãs de Tolkien e do jogo, e discaço para quem aprecia trilhas sonoras de alta qualidade.

Alisson: The Lord of the Rings Online: Isso é basicamente Tolkien traduzido em notas clássicas. Se isso é bom ou ruim, depende do envolvimento emocional que o ouvinte tem com o universo fantástico criado pelo autor e retrabalhado nas mais diversas mídias imagináveis. Entre momentos tensos, como as notas graves e percussões tensas em “Drums in the Deep”, e momentos bucólicos e tenros, como em “Hills of the Shire” e suas cordas tenras e atraentes, Chance Thomas traz todas as variações que uma narrativa do universo da Terra Média poderiam proporcionar.

Diogo: Olha, é até difícil comentar uma trilha como esta sem soar chato. O trabalho é muitíssimo bem feito, quiçá no mesmo nível daquele que Howard Shore executou ao compor as trilhas para a trilogia cinematográfica “O Senhor dos Anéis”. Como canções-tema para um mundo de fantasia, cheio de batalhas épicas, natureza exuberante e toda sorte de elementos que a mente de J.R.R. Tolkien criou, não há o que falar mal a respeito deste álbum. Particularmente, não é o tipo de música que ouço. Até admiro a beleza dos arranjos, mas não se trata de algo que me desperte paixão, até porque, apesar de já ter lido o livro e assistido os dois primeiros filmes, não morro de amores pelo universo de Tolkien, então é uma ligação que, para mim, acaba sendo frágil. Ouço e pouco me lembro de seus detalhes minutos depois. Agora, há de se admirar que a produtora responsável pelos jogos dessa série invista tempo e dinheiro em algo tão caprichado. Como trilha para um MMORPG, parece ser algo realmente formidável.

Mairon: Essa é uma das trilhas compostas para os jogos de computador do Senhor dos Anéis. Traz uma orquestração condizente com o que podemos esperar de um filme do porte desse nome, com ótimos momentos de orquestração e outros que servem como cama sonora para pensamentos sobre o que pode estar acontecendo no jogo. Como não tinha o nome das músicas no link que ouvi, só posso dizer que gostei dos trechos onde a flauta e os instrumentos celtas brilhavam. Infelizmente, esses momentos são poucos. É um disco interessante, melhor que muito disco de trilhas que já ouvi por aí e fez mais sucesso que ele.

Ulisses: Voltei no tempo direto à época em que eu era 10 anos mais novo e passava o dia inteiro jogando MMORPGs. Nunca encostei em nenhum jogo do Senhor dos Anéis, mas uma boa parte desta trilha aqui estaria bem encaixada em qualquer RPG que se passe entre florestas, vales, montanhas e masmorras. Gostei da versatilidade de Thomas, que consegue trabalhar desde o ritmo percussivo e grandioso de batalhas e cavernas escuras, com uso eficiente de coral operático masculino (“Drums in the Deep”, “Khazad-Dum”, “Song of the Dwarves”) até temas graciosos que, pelo título, parecem ser destinados principalmente a elfos e hobbits (“Tears of Nimrodel”, “Hills of the Shire”, “Rivendell”). A progressão das composições é de uma naturalidade encantadora; ouçam a melodia se desenrolar em “The House of Tom Bombadil”, “The Hollin Gate” e na estupenda “Orc Hunt” e comprovem. Ótima de indicação.

Fernando: Quanta trilha de jogos! Como esse povo consegue tempo para isso? Confesso que ouvi tudo por conta do meu amor pela obra do Tolkien, fiquei imaginando as cenas a cada nome de música, mas certamente nunca mais irei voltar a fazê-lo. Já joguei RPG e todas essas bagaças aí. Vi também que tem algumas expansões para o jogo que também têm suas trilhas compostas pelo mesmo cara. Tenho um background nerdão, mas prefiro ouvir um disco de uma banda conhecida ou desconhecida do que uma trilha de jogo.

Davi: Trilha em cima do jogo do Senhor dos Anéis. Na verdade, parece que é um ‘best of’ dos jogos. Sonoridade instrumental na maior parte do tempo, bem fantasiosa, com um clima de suspense, de tensão. Me remete à sonoridade dos parques da Disney. Manja aquelas trilhas que eles colocam enquanto você está sentado no barquinho olhando os bonecos se mexerem? São os mesmos tipos de arranjo, mesmo tipo de gravação. Como já estive no parque (tanto de Los Angeles, quanto de Orlando) foi bacana escutar porque me deu uma certa nostalgia…


The Seatbelts – Cowboy Bebop (1998)
Recomendado por Ulisses Macedo

Ao virar-se para elementos ocidentais e misturar western e noir com ficção científica, o diretor Shichio Watanabe e a roteirista Keiko Nobumoto desafiaram as convenções da animação japonesa e apresentaram personagens carismáticos presos à uma narrativa sutil que envolve seus fantasmas do passado. Grande parte do sucesso da dupla com Bebop tem o dedo da compositora Yoko Kanno, mesmo durante o próprio desenvolvimento da obra, visto que a produção musical teve início antes mesmo de que a história e a animação estivessem finalizadas. Yoko, que já havia colocado seu nome no mapa por causa do anime futurista Macross Plus, aproveitou as influências ocidentais que a obra pedia e liderou um time de músicos do Japão, França e Estados Unidos que denominou The Seatbelts, criando maravilhas jazzísticas como “Tank!” (tema de abertura), “Rush”, “Bad Dog No Biscuits” (influenciada por “Midtown”, de Tom Waits) e “Too Good Too Bad”. A versatilidade da compositora é mostrada em faixas como a longa e sideral “Space Lion” (do belo episódio Jupiter Jazz, Part 2) ou no reggae de “Pot City”. Cowboy Bebop é uma das maiores obras da história da animação japonesa, e sua trilha sonora (da qual este disco de ’98 é apenas a primeira parte) é peça fundamental de seu legado. Após Bebop, Yoko consolidou-se no mundo das trilhas sonoras, notavelmente com seu trabalho em Wolf’s Rain (tem até música cantada em português brasileiro ali!), enquanto Watanabe continuaria voando alto após outra lendária parceria, dessa vez com o DJ Nujabes na fusão entre bushido e hip hop de Samurai Champloo.

Alisson: O anime clássico de Keiko Nobumoto e Shinichiro Watanabe não poderia ter uma trilha mais oportuna e condizendo do que a criada pela Seabelts. Alto astral e seguindo a tendência peculiar da obra, a mesma apresenta jazz e composições clássicas além de uma influência muito bem vinda de composições brasileiras, como bossa nova (na própria série as brasilidades se mostram presentes em nomes de personagens, então não se surpreende essa influência na OST). Funciona tanto isoladamente quanto junto da obra principal, que é tão recomendada quanto.

Diogo: Surpresa boa isso aqui. Talvez esta edição pudesse até ter sido desmembrada em duas: trilhas sonoras de filmes e de programas de televisão. Acredito, inclusive, que já havia escutado ao menos a faixa de abertura, “Tank!”, que é muito boa. Em se tratando das trilhas aqui presentes que apostam no jazz como gênero condutor, certamente é mais interessante que L.A. Noire, pois é bem mais dinâmica, com uma instrumentação mais criativa e variada. Há faixas, inclusive, que exploram caminhos bem distintos, como o ska e o bluegrass. Ao mesmo tempo em que pode servir de pano de fundo para uma cena urbana moderna, há canções de pura essência rural, que se encaixariam em um filme do tipo western, como a ótima “Spokey Dokey”, com direito a gaita de boca e violão. A acústica “Waltz for Zizi” também é destaque. O álbum dá uma enfraquecida na segunda metade, mesmo assim, é uma boa experiência. É até estranho imaginá-lo como trilha para um anime.

Diego: Eu adoro Cowboy Bebop! Eu tinha o mangá quando eu morava no Brasil, eu tenho o filme longa metragem, eu assisto o anime também. Só não tinha me atentado para a trilha sonora do anime, e que baita surpresa agradável! Os Seatbelts, projeto montado para essa trilha, tocam os diabos nos 53 minutos do disco fazendo uma mescla catatônica e fantástica de todo tipo de jazz. Impossível não balançar a cabeça com cada minuto e um som perfeito pra rolar em qualquer momento que você precisa de música boa, mas sem letras. Agora é partir, sem medo, para as outras 3 trilhas que o grupo fez para outras duas temporadas do anime e para o longa metragem. Preciosidade!

Mairon: Puta que pariu, que sonzeira massa. Blues jazz sensacional criado por esses japoneses. O naipe de metais é animalesco, e a sessão de percussão é de tirar o chapéu. A primeira faixa, “Tank!”, é de tirar o fôlego. Que show de harmônica ouvimos em “Spokey Dokey” e em “Digging My Potato”. E o banho de prazer com o slide ao violão de “Felt Tip Pene”? E que lindeza esse violão de “Waltz for Zizi”. Pela primeira vez gostei de uma música de Tom Waits, no caso, uma versão maluca e estonteante de “Midtown” incluída em “Bad Dog No Biscuits” que ficou acachapante!! Todo o disco é divino, e poxa, isso foi gravado em 1998. Entraria fácil em uma lista de melhores de todos os tempos minha, se eu o tivesse conhecido antes. Muito obrigado ao consultor que indicou essa pérola, o melhor disco desse recomenda, depois do que eu indiquei, claro.

Fernando: O início me pareceu que estava ouvindo à algum filme do Batman dos anos 70. Mas tem um pouco de tudo nessa trilha. De um jazz alucinado na segunda faixa para um melancólico blues só na gaita e violão na terceira e na seguinte até um quase reggae e mais para fim algo na linha de world music. No geral essa mistureba não me agradou.

Davi: “Pot City” aponta uma pegada meio reggae. “Spokey Dokey” e “Digging My Potato” bebem na fonte de blues, mas o melhor momento desse disco é quando eles resolvem brincar de criar trilha imaginária para um filme do James Bond. Próximo filme da série, podem usar metade desse disco numa boa. Escute faixas como “Too Good Too Bad”, “Bad Dog No Biscuits”, “Rush” e “Tank” e veja se você não se lembra de algum filme do 007.


Spinal Tap – This is Spinal Tap (1984)
Recomendado por Fernando Bueno

Estava totalmente perdido para esse tema que o Mairon escolheu. Não vinha sequer uma ideia, já que não sou de ouvir trilhas sonoras. Mas olha como são as coisas. No mesmo dia eu estava ouvindo o Triumph e todas as vezes que eu vejo a foto do baixista Mike Levine eu me lembro do ator que fez o baixista da banda no filme Spinal Tap por conta dos bigodes que ambos usavam. E foi perfeito! Antes de mais nada tenho que comentar que esse filme é obrigatório para quem curte rock e metal e que se alguém ainda não o assistiu já tem programa para esse sábado a noite. Essa trilha não é apenas uma que eu lembrei, ela tem sim músicas legais, como “Stonehenge”, o grande destaque do disco, além de ter a melhor cena do filme. O roteiro utiliza de todos os clichês comportamentais que estamos acostumados nesse meio do hard rock e heavy metal, principalmente da cena oitentista. E as músicas foram compostas com uma conexão perfeita, pois também representa muito bem a época já que as faixas transitam entre um hard / heavy típico do período em que as definições sobre o que era heavy metal e o que era hard rock ainda não estavam muito estabelecidas. Os compositores das músicas foram os próprios atores que representaram a banda, assim ficou até óbvio o lançamento de uma carreira, curta é verdade, fora das telas. A banda chegou a gravar mais dois discos com o nome de Spinal Tap. Para quem se interessar vale a pena a audição, mas já adianto que não estão no mesmo nível dessa trilha.

Alisson: Essa é uma das comédias mais absurdas dos anos 80, e surpreende que a trilha original da “banda” tenha saído com uma qualidade destacável, apesar de ainda preferir o conjunto absurdo de filme + trilha sonora que é a obra prima criada por Rob Reiner em ’84.

Diogo: Muito já ouvi falar ao seu respeito, mas confesso que nunca assisti ao filme nem havia escutado sua trilha. Um dos problemas já foi resolvido. Trata-se de uma excelente paródia ao rock pesado da época, recheada de referências aos próprios artistas e ao seu estilo de vida, dentro e fora dos palcos. O melhor de tudo é que This Is Spinal Tap funciona como um álbum independente do filme, podendo ser ouvido sem que seja necessário associar suas faixas a determinadas cenas da obra cinematográfica. Esse é um elemento que poucas trilhas conseguem colocar em prática com sucesso. Não raro, a paródia soa melhor que os artistas parodiados. “Tonight I’m Gonna Rock You Tonight”, “Rock and Roll Creation”, “America” e “Stonehenge” já são minhas favoritas. Peso e agressividade (de maneira gozadinha), sexismo, misticismo barato e até uma dose de ripongagem dão as caras em This Is Spinal Tap, tudo com bom humor. Junto à minha, é a melhor citação presente nesta edição.

Diego: Spinal Tap! Tanto ouvi sobre esse filme quando era mais jovem. Na época ouvia todos os tipos de coisas e não sabia se a banda era verdadeira ou não. Só vim a assistir o filme e ouvir a trilha sonora anos mais tarde. Talvez seja um problema meu, mas o que o mundo acha engraçado sobre o filme e as coisas que acabaram se tornando memes, pra mim são bem sem graça. Não apenas isso, a trilha sonora do filme, This Is Spinal Tap, segue o mesmo caminho, atira pra absolutamente todo o lado e não acerta nunca, mediano pra falar o mínimo. Claro que existem alguns momentos interessantes, mas no geral, assim como o filme, a trilha sonora é um emaranhado de coisas que não tem nem pé e nem cabeça e que mais de 30 anos depois do lançamento original não convencem ninguém. Talvez tenha sido legal em 1984, tenho minhas dúvidas.

Mairon: Outro clássico a aparecer por aqui. O famoso filme satírico a década de 80 com um hardzão oitentista dos bons. Sempre curti esse disco, divertidíssimo e com uma baita qualidade instrumental, mesmo sendo tocado por artistas amadores. Minhas preferidas são o rockzão pegado de “Tonight I’m Gonna Rock You Tonight”, o trabalho exagerado, humorístico, mas bem feito de “Stonehenge”, o deboche escancarado ao movimento hippie em “(Listen to The) Flower People” (até um Sitar aparece nela) e a melhor de todas, “Rock and Roll Creation”, com suas várias partes dentro de uma canção muito bem construída. Clássico, essencial e ótima indicação. Obrigado!

Ulisses: Eu nunca assisti o filme do Spinal Tap, apenas conheço sua reputação e já sabia o que esperar da trilha sonora: composições que tiram sarro de vários gêneros do rock, tanto na estrutura musical quanto nas letras. A diversão consiste justamente em relacionar as faixas às bandas “homenageadas”; fora isso, não é o tipo de trilha que ouviria repetidamente, mas dou o braço a torcer nos hilários arranjos de “Cups and Cakes” e “(Listen to the) Flower People”.

Davi: Vergonhosamente, ainda não assisti esse filme. Já vi muita gente se dirigindo à eles como a melhor banda fake de todos os tempos. Ouvindo assim, afastado da história, achei o disco um pouco sem sal. “Cups And Cakes” e “Gimme Some Money” apresentam uma sonoridade mais anos 60, puxada para Beatles e Beach Boys. “(Listen To The Flower) People” remete aos anos de psicodelia. Já tinha visto muita gente associando o som deles ao som dos anos 80. Para mim, contudo, eles soam mais puxado para os anos 70. “Stonehenge” tem um ‘q’ de Jethro Tull, algumas músicas possuem passagens meio Sabbath, algumas meio Cars. Precisava ler as letras com calma para entender as piadas. Enquanto música, achei sem sal e achei o trabalho vocal chatinho. Bacana conhecer por todo o culto que existe em torno da trilha, mas não sei se é um disco que compraria.


The Wonders – Do That Thing You Do (1996)
Recomendado por Davi Pascale

O filme, escrito e dirigido por Tom Hanks, retratava uma banda de rock dos anos 60 que faz sucesso com uma única música e implode. O famoso ‘one hit wonder’. A trilha, criada para o filme, reproduz bem a atmosfera da época. The Wonders era um grupo de rock n roll meio na onda dos Beatles, do Dave Clark Five. Chantrellines ia na onda das girl bands estilo The Shirelles, The Supremes ou The Ronettes. Diane Dane era uma cantora teen, uma espécie de Petula Clark. E por aí vai… As músicas são ótimas, os arranjos são ótimos, a qualidade de gravação é ótima. Uma das trilhas mais bacanas que existem, fácil, fácil…

Alisson: “O Sonho Não Acabou” virou um “Sessão da Tarde” que eu só paro para ver por causa do Tom Hanks. Fora esse motivo, eu não me lembro de qualquer coisa muito interessante, nem da história, menos ainda da trilha sonora, que é um homenagem/replicação do bubblegum pop sessentista, que… não é tão legal para além do nostálgico.

Diogo: Confesso que, quando o Mairon escolheu o tema desta edição, fiquei um pouco chateado. Tinha essa temática engatilhada há tempos e planos de conduzi-la de outra maneira, apenas com trilhas cinematográficas originais. Por que estou citando isso neste espaço em especial? Pois That Thing You Do! aproxima-se daquilo que eu gostaria de ver caso estivesse à frente desta edição. Cinema, canções originais (com direito a uma banda fictícia) e uma forte intersecção com a cultura pop em geral; ou vai dizer que você nunca ouviu a faixa-título por aí? “That Thing You Do!”, “Eye of the Tiger” (“Rocky III”, 1982), “Up Where We Belong” (“A Força do Destino”, 1982), “Raindrops Keep Falling on My Head” (“Butch Cassidy”, 1969), “Flashdance… What a Feeling” (“Flashdance”, 1983), “(I’ve Had) the Time of My Life” (“Dirty Dancing – Ritmo Quente”, 1987)… É enorme a lista de canções-tema que foram muito além das telas do cinema, invadiram as paradas musicais e conquistaram dezenas (centenas?) de milhões de ouvintes ao redor do mundo. Não são raros, inclusive, temas instrumentais que também habitam nosso subconsciente, vide aqueles extraídos de filmes como “Três Homens em Conflito” (1966), “O Expresso da Meia-Noite” (1978), “Carruagens de Fogo” (1981) e “Rocky: Um Lutador” (1976). That Thing You Do! acerta em se dar ao trabalho de criar todo um corpo de canções inéditas a fim de servir como trilha para um filme de época, ao invés de utilizar a estratégia preguiçosa de apenas pinçar velhos hits, como tantas vezes tem ocorrido. Em alguns casos, isso funciona muito bem, como é o caso da faixa-título e de “Little Wild One”. Em outras oportunidades, a intenção de soar retrô não se sai tão bem, como na balada “All My Only Dreams” e em “I Need You (That Thing You Do)”, que parecem mesmo crias dos anos 1990, mas ao menos as canções são boas. As óbvias referências a ícones como James Bond, os girl groups e o surf rock, em outras faixas, também funcionam. Obrigado a quem citou este disco.

Diego: The Wonders e o filme Do That Thing You Do (no Brasil conhecido como ‘The Wonders: O Sonho Não Acabou) foi uma jogada de gênio do ainda mais genial Tom Hanks (diretor e roteirista do filme, além de fazer o papel do empresário da banda)! Eu sou completamente aficcionado por filmes que contam histórias de bandas fictícias e existem vários bons exemplos de filmes nesse nicho como Os Irmãos Cara de Pau, The Commitments, Airheads, Still Crazy, The Suburbans, Quase Famosos, Rock Star, O Roqueiro e, é claro, That Thing You Do! Sempre adorei o filme e a música tema era constantemente tocada por mim no violão. Confesso que nunca tinha ouvido a trilha sonora completa do filme, mas tendo visto o filme tantas vezes o disco não é grande surpresa. Eu imaginei que as músicas fossem exatamente as músicas tocadas no filme e levei uma surpresa ouvindo o disco. A primeira impressão é de que são todos grupos obscuros dos anos 60, mas na verdade todas as músicas são inéditas e compostas especialmente para o filme. Temos também 6 músicas do ‘The Wonders’. Das 6 faixas que pertencem à banda fictícia uma é o famoso single que nomeia o filme, outras 3 tem o clima perfeito dos anos 60 e uma é bem anos 90. No geral uma trilha que não serve apenas como pano de fundo para o filme, mas que pode ser tocada sem problema nenhum como um divertido entretenimento. E se você, assim como eu, gosta do som do Pop Rock gravado nos anos 90, essa trilha é para você!

Mairon: Ahhhhh, essa trilha é tão lindinha. Filme clássico dos anos 90, com Liv Tyler, Tom Hanks e um grupo One Hit Wonder que conquistou muitos fãs. É rock ‘n’ roll anos 50/60, com letras de amor, festas e tudo mais, muito bem feitinho. Além da canção que dá nome ao filme, para mim a melhor da trilha, destaco também “Drive Faster”, “Dance With Me Tonight”, “Mr. Downtown”, a lembrança forte dos Ventures em “Voyage Around the Moon” e o jazz de “Time To Blow”. Não sei por que, mas o Cachorro Grande e o Acústicos e Valvulados sempre me fazem pensar que nasceram daqui. Boa lembrança!!

Ulisses: Já faz um bom tempo que não vejo esse filme. Não só a banda dos protagonistas, os The Wonders, entrega composições genuinamente legais, como a trilha sonora emula diversas vertentes da música dos anos 60, indo do surf rock (“Voyage Around the Moon”) às baladas (“My World Is Over”) e jazz (“Time to Blow”). Ótima do início ao fim.

Fernando: Sempre lembro desse filme. A cena do momento em que eles criam a música “Do That Thing You Do” é hilária. O filme conta a história de um músico meio deprê que só quer saber de músicas contemplativas e de dor de cotovelo. Daí quando o baterista começa a acelerar a música e ela se transforma em algo alegre e faz o maior sucesso dessa forma é uma ideia genial para o filme. Claro que a presença de uma então ainda adolescente Liv Tyler também marcou muito a memória de todo garoto da época. Mesmo assim, toda vez que se fala no nome dela a imagem da Arwen vem à minha cabeça. Prioridades não é? O resto da trilha é bonitinha, faz bem o seu papel no filme e só.

18 comentários sobre “Consultoria Recomenda: trilhas sonoras originais

      1. Gostei do seu relato Fernandão, mas a verdade é que das trilhas sonoras feitas pelo Prince, nenhuma consegue pra mim superar “Purple Rain”, até hoje seu disco mais icônico.

  1. “Até admiro a beleza dos arranjos, mas não se trata de algo que me desperte paixão, até porque, apesar de já ter lido o livro e assistido os dois primeiros filmes, não morro de amores pelo universo de Tolkien”

    Tinha que ser obrigado a assistir ao filme do Pelé diariamente até aprender….

    Diogo e eu usamos o mesmo adjetivo para o L.A. Noire: “enfadonho”. Achei curioso isso e quer dizer algo não é?

    Vou ter que voltar a ouvir o Seatbelts. Acho que deixei passar algo, pois a galera elogiou demais.

  2. Trilhas sonoras de filmes e jogos eu ouço muito. Tem muita coisa excelente para ouvirmos por aí.

    De filmes, os compositores que mais destaco são John Williams, Howard Shore e Danny Elfman (do clássico Oingo Boingo).

    De games há uma infinidade de ótimos compositores, então ficaria restrito a alguns jogos. Streets of Rage (o segundo jogo é elogiadíssimo pela trilha sonora), Chrono Trigger, Final Fantasy, Star Fox, Sonic, série Mega Man, Doom e a lista vai longe…

    1. Existem muitas boas, mas achei estranho que ninguém citou nada do John Williams. Para mim, ele é o maior nome das trilhas de filmes.

      Last Action Hero tb achei que ia se fazer presente.

      De jogos, há uma infinidade. Além das que vc destacou, ainda temos os dois primeiros Top Gear, Zelda, X-Com, Resident Evil, e por aí vai.

      Fora as trilhas de não inéditas, onde Forrest Gump e Rock ‘n’ Roll Racing são meus favoritos.

      Valeu pelas dicas, galera!

      1. Eu pensei no Last Action Hero, mas optei por deixar de fora pq varias músicas dali entraram em discos dos artistas depois. Daí , achei que tiraria um pouco o impacto. Tb gosto do Backbeat e do Commitments, mas fiquei em dúvida se eles se encaixavam. Porque as gravações foram criadas para o filme, mas as músicas, não.

        1. Davi, o que você acha das trilhas que a Madonna fez. Minha favorita é o I’m Breathless, mas o Evita não fica tão atrás assim não.

          1. Confesso que não gosto muito das trilhas da Madonna, mas entre os 2 também prefiro o I’m Breathless…

  3. “É até estranho imaginá-lo como trilha para um anime”.

    Cowboy Bebop não é um anime que faz sentido apenas para quem é do Japão; pode assistir tranquilo. Ainda haviam mais duas trilhas de animes que eu tava pensando em indicar. A principal desafiante ao Cowboy Bebop era a ótima e curta (36min, 1979) trilha de Versailles no Bara [The Rose of Versailles], que mistura o pop japonês setentista com arranjos orquestrais e um pouquinho de ópera. A versão dublada do anime fez um sucesso danado em alguns países da Europa justamente por tratar sobre a Revolução Francesa.

    No caso do Mairon, que adorou o jazz de Cowboy Bebop, iria gostar da trilha de Sakamichi no Apollon [Kids on the Slope], que trata sobre um clube de jazz de Ensino Médio e que, adivinha, também teve a trilha composta pela Yoko Kanno. Menos metais, mais piano, mas é jazz do começo ao fim. Vou deixar isso aqui para apetecê-lo:

    https://www.youtube.com/watch?v=caWY7uOlakU&list=PL392549EA6617ADBD&index=3

  4. Honestamente achei a mais fraca de todas as Recomenda que eu participei. Trilha é um treco que pode ser chata demais. E mesmo quando é legal, como no caso de alguns dos discos aqui da lista, fica aquele gostinho de ‘ouvi, achei bacana, mas nunca mais vou ouvir de novo’ 😛

  5. Ouvi a trilha aqui no escritório e me deu vontade de diminuir a luz e abrir uma garrafa de whysky.

    Imaginei o Fernando em um daqueles escritórios com móveis de madeira de lei, rodeado por estantes com enciclopédias, cofre atrás de um quadro caro e uma escrivaninha com uma gaveta com chave, onde ele guarda a arma.

  6. Curioso que fui procurar saber do que ele tinha sido trilha e notei que era de um filme classificado como drama romântico.

    Não!!!!! De onde você tirou essa informação, Davi??? É terrorzão, e dos bons!

  7. “Markos”, inclusive, me lembrou aquela música que o Gugu tocava na hora de dar alguma notícia extraordinária.

    Essa é do Vangelis e inclusive já rolou aqui mesmo nessa série.

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