Discografias Comentadas: Mercyful Fate (Parte I)

Discografias Comentadas: Mercyful Fate (Parte I)

Durante os meses de janeiro e fevereiro, o blog estará de férias! Por isto, estaremos publicando novamente as matérias mais acessadas em cada mês destes dois anos de Consultoria do Rock, sempre às terças, quintas e sábados. Além disso, a seção Discografias Comentadas será quinzenal durante este período, mantendo-se na sua data tradicional de domingo. Voltaremos à nossa programação normal em março, desejando um Feliz 2013 a todos os nossos leitores, com muito “rock and roll all night, and party every day” durante este ano!

Por Micael Machado

Surgido na Dinamarca em 1981, com músicos oriundos de grupos como Brats, Black Rose e Danger Zone, o Mercyful Fate tornou-se, com o passar dos anos, uma das bandas mais influentes do cenário do Heavy Metal mundial. Após algumas demos, foram convidados a participar da coletânea Metallic Storm em 1982, com a música “Black Funeral”, que veio a ser sua estreia em vinil. Logo depois, com a formação estabilizada em King Diamond (vocais), Hank Shermann e Michael Denner (guitarras), Timi Hansen (baixo) e Kim Ruzz (bateria), conseguiram um contrato para a gravação de um EP. Era o começo da trajetória de uma das mais importantes bandas dinamarquesas da história, além de ser das mais polêmicas também. Trajetória esta que você confere a partir de agora no Discografias Comentadas!


  Mercyful Fate EP [1982]

Também conhecido como Nuns Have No Fun, o primeiro EP tem apenas quatro músicas, mas já deixava claro o potencial daquele então novato grupo. O riff e o solo que abrem “Doomed by the Living Dead” (bem como o restante da faixa) e a fúria de “A Corpse Without Soul”  fizeram com que estas duas canções se tornassem clássicos da carreira do Mercyful Fate. A também excelente “Nuns Have No Fun” e a mais cadenciada “Devil Eyes” acabam sendo mais esquecidas pelos fãs, mas também possuem muitas qualidades. As letras de cunho anti-cristão ou de temática obscura (e por vezes lembrando a atmosfera dos filmes de terror), os solos e riffs da dupla de guitarristas e, principalmente, os vocais de King (indo do mais alto falsete ao próximo do gutural com facilidade, em um ponto que sempre foi algo tipo “ame ou odeie” na carreira da banda) acabaram conquistando muitos seguidores, e abriram caminho para o primeiro full lenght no ano seguinte.


 Melissa [1983] 
 
Apenas sete faixas foram o suficiente para gravar o nome do Mercyful Fate como um dos mais importantes do Heavy Metal mundial. Lançadas no mesmo ano dos discos de estreia do Metallica e do Slayer, canções como “Evil”, “Curse of the Pharaohs”, “Into the Coven”, “Black Funeral” e o épico “Satan’s Fall” conquistaram seguidores mundo afora, com seus riffs e solos impressionantes, e a temática sombria de suas letras, mantendo os tópicos obscuros e deixando ainda mais clara a filosofia satanista de King (que era, e ainda é, um seguidor de Anton La Vey, o fundador da Church Of Satan nos EUA). A longa e atmosférica faixa título tomou o nome de um crânio humano real que King usava durante suas apresentações, e que acabou roubado durante a turnê do disco. “At the Sound of the Demon Bell” acaba sendo a canção menos lembrada deste debut, mas também tem bastante qualidade, com muitas variações. Em 2005, foi lançada uma edição remasterizada comemorativa aos vinte e cinco anos do álbum, com muitas faixas bônus e um DVD extra. Melissa é um dos clássicos do Heavy Metal, e, se você gosta do estilo e nunca o escutou, compense esta falha imediatamente!


 
Don’t Break the Oath [1984]
 
Com o próprio tinhoso na capa avisando para “não quebrar o juramento”, e ainda mais trabalhado em termos de arranjos, Don’t Break the Oath é considerado por muitos como o ponto alto da carreira do Mercyful Fate. Embora eu prefira o primeiro álbum, é impossível não reconhecer a qualidade de faixas como “A Dangerous Meeting”, “Nightmare”, “Desecration of Souls”, “Gypsy” e “Welcome, Princess of Hell”. Lembro de ter este disco em vinil nacional, lançado, se não estou enganado, pelo selo Combat Records. A gravação era horrível, e fez com que eu me afastasse da banda por um bom tempo. Apenas na era do CD foi que descobri como este disco era bom, com a melhor sonoridade que as cópias neste formato trouxeram. Voltando ao track list, a assustadora “The Oath” tem em sua introdução teclados executados pelo próprio King Diamond, e “To One Far Away” é uma curta e triste peça instrumental com base feita pelo violão e apenas algumas vocalizações feitas por King, algo diferente na carreira da banda até então. “Night of the Unborn” é uma faixa que não é muito lembrada pelos fãs, e a clássica “Come to the Sabbath” encerra outro marco na carreira da banda e do Heavy Metal mundial. Audição obrigatória!
 
Mercyful Fate nos anos 80


 
The Beginning [1987] 
 
Reunindo as quatro faixas do primeiro EP ao lado B do single “Black Funeral” (a música “Black Masses“, um outtake do álbum Melissa) e a três faixas gravadas ao vivo para o programa “The Friday Rock Show”, da BBC Radio One (“Curse of the Pharaohs”, “Evil” e “Satan’s Fall“), esta é uma coletânea lançada pela gravadora Roadrunner após a dissolução do grupo em 1985. Para muitos, foi a primeira chance de ouvir o Mercyful Fate ao vivo, apesar de ser em um ambiente sem plateia como o do estúdio da rádio, e, só por isso, o álbum já mereceria certo destaque. A edição em CD (com uma capa diferente) ainda conta com a faixa bônus “Black Funeral”, presente na coletânea Metallic Storm, a estreia da banda em disco, que no encarte tem creditada a presença do guitarrista Benny Petersen (que na época estava no lugar que seria de Michael Denner), algo que, ao que consta, não ocorreu, pois Hank teria gravado todas as guitarras nesta faixa. The Beginning é um lançamento para completistas, mas altamente indicado àqueles que não conseguirem ter acesso ao raro EP de estreia na versão original. Confira sem medo!


 
Return of the Vampire [1992]
 
Outra coletânea, desta vez mais interessante que a anterior. Reunindo antigas demos do grupo (algumas com a presença efetiva do guitarrista Benny Petersen, no único disco oficial a contar com sua presença, outras ainda dos tempos do Brats, banda da qual King e Hank participaram), tem como curiosidades as versões originais de faixas como “Curse of the Pharaohs”, “A Corpse without Soul”, “Desecration of Souls” (aqui chamada “On a Night of Full Moon”), “A Dangerous Meeting” (ainda com  o nome “Death Kiss”) e “Return of the Vampire”, que só sairia oficialmente no disco In the Shadows, com um arranjo diferente. “Burning the Cross” era a única música do Mercyful Fate a não ter sido regravada depois, visto que as faixas que completam o track list (“Leave My Soul Alone“, “M.D.A.” e “You Asked for It”, que serviria de base para “Black Masses”, presente em The Beginning) faziam parte da demo tape do Danger Zone, um grupo formado por alguns membros do Mercyful, mas que existia em paralelo à banda, e tem um estilo diferente do característico som “malvado” dos dinamarqueses. Vale pela curiosidade de se ouvir uma banda ainda iniciante, mas já carregada de talento.
 
Mercyful Fate em 1983: Hank Shermann, Michael Denner, Timi Hansen, Kim Ruzz  e King Diamond (em uma de suas raras fotos sem maquiagem ou óculos escuros)
 

Durante a turnê de Don’t Break the Oath, especialmente após sua primeira passagem pelos EUA, Hank Shermann passou a ter outros gostos musicais, além de usar roupas brancas ou de cor clara no palco (em contraste com as cores escuras usadas pelos outros integrantes). Quando King e ele se reuniram para trabalhar no terceiro álbum do Mercyful Fate, ficou clara a incompatibilidade musical que os novos gostos de Hank haviam colocado entre os dois principais compositores da banda, e o vocalista decidiu por acabar com o grupo. Hank formou o Fate, com quem gravou vários discos, e King partiu para uma carreira solo, tendo a seu lado Michael Denner e Timi Hansen (o baterista Kim Ruzz, que não tinha um bom relacionamento pessoal com King e Michael, acabou virando carteiro). 

No começo dos anos 1990, Hank, Michael e Timi se uniram em um projeto chamado Lavina, que daria origem ao Zoser Mez, o qual inclusive chegou a lançar um disco. Denner convidou King para ouvir o material que ele preparava para o segundo álbum de sua nova banda, e o vocalista, ao ouvir as músicas, acabou achando a qualidade do material muito boa. Isto foi o estopim para a volta do Mercyful Fate, como você confere daqui a quinze dias na segunda parte desta Discografia Comentada: Mercyful Fate!

9 comentários sobre “Discografias Comentadas: Mercyful Fate (Parte I)

  1. Já eu nunca ouvi o Fate, mas tenho o disco do Black Rose e já ouvi o Force Of Evil! Curto muito o Mercyful, mas tenho de confessar que prefiro o trabalho solo do King Diamond!

    Valeu pelos comentários, Bueno e Ulisses!

  2. O Michael Denner tem muita influência do Michael Schenker, os solos dele são incríveis. Com muito feeling e de extremo bom gosto!

  3. Putz, eu peguei um vinil nacional do Don’t Break the Oath, som tá meio ruim mesmo, apesar do disco im
    impecável estado.

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