Loudness – Thunder In The East [1985]

Loudness – Thunder In The East [1985]
Por Leonardo Castro
Em 1984, O Loudness já tinha se estabelecido no Japão, sua terra natal, e já tinha feito uma turnê pela Europa, registrada no vídeo Eurobounds. Entretanto, o mercado norte americano continuava sendo um desafio para a banda. Apesar de já excursionado por lá e lançado o disco Disillusion em inglês (até então, todos os discos haviam sido gravados em japonês), a banda ainda era praticamente desconhecida nos Estados Unidos, onde o Heavy Metal vivia um ótimo momento, com bandas como Ratt, Dokken e Mötley Crüe com músicas nas paradas de sucesso.
Em 1985, eles se tornaram a primeira banda japonesa a assinar com uma gravadora americana, a Atco, e entrou em estúdio com o produtor Max Normam, famoso por trabalhar com Ozzy, Savatage e Armored Saint, e que no futuro produziria ainda clássicos do Megadeth e Death Angel. O resultado foi o disco Thunder In The East, lançado em novembro do mesmo ano nos Estados Unidos. O disco foi um sucesso imediato, atingindo o 74º lugar na parada da Billboard.
A faixa de abertura e carro-chefe do disco foi o single Crazy Nights. Baseada em um riff monstruoso do guitarrista Akira Takasaki, a faixa se tornou a música mais famosa da carreira da banda, e apesar do peso do riff, tem um refrão bem hard rock, onde o sotaque japonês do vocalista Minoru Nihara transparece e ele parece cantar “Wock and woll cwazy nights…
O disco segue com uma de suas melhores faixas e uma das melhores músicas da carreira da banda, Like Hell, que também tem um riff sensacional e solos espantosos de guitarra, mostrando que Takasaki era um dos melhores guitarristas de sua geração, sem dever nada a nomes como Jake E. Lee, George Lynch e Warren DeMartini.
A faixa seguinte, “Heavy Chains” é mais cadenciada, mas cheia de peso e sentimento. Novamente o trabalho de guitarra se destaca, tanto nos riffs quanto nos solos, e a performance vocal também é arrebatadora. “Get Away” é mais rápida e direta, e lembra o Judas Priest da fase Defenders Of The Faith. Em seguida, “We Could Be Together” é uma das faixas mais comerciais do disco, lembrando um pouco o Ratt. “Run For Your Life” diminui o ritmo mais uma vez, e tem um belo trabalho de baixo e bateria, tocados respectivamente por Masayoshi Yamashita e Munetaka Higuchi.
Clockwork Toy é um dos destaques do álbum. Rápida, com um riff sensacional e refrão maravilhoso, é mais uma pérola entre tantas no disco. “No Way Out” é mais cadenciada, mas tem um grande ritmo e groove. “The Lines Are Down” é mais direta e agressiva, e tem outro riff de guitarra maravilhoso, além de outro solo estupendo.  Finalizando, “Never Change Your Mind” é uma balada que mescla um pouco de Led Zeppelin com as power ballads dos anos 80.
Nos discos seguintes, o Loudness iria “americanizar” seu som cada vez mais, incluindo mais teclados e uma pegada mais Hard Rock, culminando com a troca de vocalista pelo americano Mike Vescera no também maravilhoso, apesar de completamente diferente, Soldier Of  Fortune, de 1989. Mas Thunder In The East continua sendo, definitivamente, um dos melhores discos de Heavy Metal dos anos 80.

3 comentários sobre “Loudness – Thunder In The East [1985]

  1. Esse disco é do caralho, tem uma pegada e um charme típico da época, que muitos tentam emular, na maioria dos casos soando apenas como pastiche e não como algo realmente tão interessante quanto.

    Quanto à tal "americanização" citada pelo Leonardo, eu tenho uma teroria de que essa expressão é algo que se banalizou e se tornou sinônimo de tornar a música mais palatável para grandes massas, o que vejo como algo errôneo. Por exemplo: quer algo mais americanizado que uma banda tocando rock no Japão, gênero parido e fomentado justamente nos Estados Unidos? Um exemplo que gosto de citar é a comparação Free x Bad Company, na qual é quase unãnime a opinião de que o Bad Company americanizou seu som em relação à banda antecessora… ora pois… sendo o Free uma banda de rock influenciada enormemente pelo blues ela já não é americanizada o suficiente? Ou dirão que o blues é mais fruto do delta do Tâmisa que do Mississipi?

  2. Sempre tinha ouvido falar muito bem dessa banda japonesa, mas só hoje que fui escutar e constatar que o som é excelente. ótimos solos e riffs. Realmente, os caras não deviam nada para as bandas de hard e heavy americanas. O disco inteiro é muito bom. Essa página tem tudo o que eu gosto. Aqui eu aprendi a curtir bandas que antes eu torcia o nariz. Vocês estão de parabéns rapaziada.

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