Discos que Parece que Só Eu Gosto: Def Leppard – Yeah! [2006]

Discos que Parece que Só Eu Gosto: Def Leppard – Yeah! [2006]
Por Leonardo Castro
Lançado em 2006, o disco de covers do Def Leppard chamou pouquíssima atenção por aqui, tanto que nem foi lançado no mercado brasileiro. O que é uma pena, visto que a banda optou por homenagear seus heróis dos anos 70 fugindo um pouco do óbvio, mas escolhendo faixas que se encaixavam em seu estilo e que, em sua grande maioria, resultaram em belas versões, com a cara do leopardo surdo.
O disco abre com “20th Century Boy”, clássico maior do T. Rex de Marc Bolan. A nova versão tem ótimos backing vocals e uma dose extra de energia, e a interpretação de Joe Elliot é excelente. “Rock On”, de David Essex, tem o início bem similar à versão original, mas vai crescendo e no fim já soa como uma faixa típica do Def Leppard. Com certeza, essa música foi uma influência direta para o disco Hysteria.
A primeira surpresa do disco é a bela versão para “Hanging On The Telephone”, que fez sucesso com o Blondie. Escutar Joe Ellitot reproduzindo os vocais originalmente gravados por Debbie Harry  é um tanto estranho, mas o resultado final da faixa é excelente, com uma levada contagiante.
Na seqüência, temos uma das mais belas odes à cidade de Londres, “Waterloo Sunset”, do Kinks. E a versão do Def Leppard faz justiça à qualidade da composição, com os belos backing vocals da banda e um pouco mais de energia nas guitarras que a original, mas mantendo toda a suavidade da música. Definitivamente, uma belíssima escolha (“You Really Got Me “ seria óbvia demais, e é impossível superar a versão do Van Halen) e um dos destaques do disco.
Outro grande momento do álbum é “Hellraiser”, do Sweet. Aliás, essa é uma banda que merecia muito mais reconhecimento do que tem hoje em dia. A faixa é pura energia, e percebe-se claramente de onde os riffs e refrões das bandas de hard rock dos anos 80 vieram.
A Electric Light Orchestra foi homenageada com “10538 Overture”, uma de suas melhores músicas e que se encaixou muito bem à sonoridade do Def Leppard, contando mais uma vez com ótimos backing vocals e algumas orquestrações bem interessantes. Curiosamente, uma das faixas mais rock ‘n’ roll do disco foi originalmente gravada pelo Roxy Music, mais conhecido por suas baladas e músicas suaves. Entretanto, “Street Life” é uma bela faixa de rock, e se encaixa como uma luva no disco.
Já “Drive-In Saturday” é tão tipicamente Bowie que não tem como soar de outra forma. Ainda assim a versão soa bem, como uma homenagem a um dos maiores ídolos de Joe Elliot. Só não lembra em nada o Def Leppard. Uma das melhores escolhas de faixas para o disco foi “Little Bit Of Love”, do Free. A música é excepcional, se encaixou perfeitamente ao som da banda e dificilmente alguém agüentaria mais uma versão de “Wishing Well” ou “All Right Now”.
Outra bela escolha foi “The Golden Age Of Rock ‘n’ Roll”, do Mott The Hopple, outra grande canção rock ‘n’ roll que mostra onde as bandas de hard rock foram buscar suas influências. “No Matter What”, do Badfinger, tem uma melodia viciante, que gruda na cabeça e não sai nunca mais, assim como as melhores músicas do próprio Def Leppard.
“He’s Gonna Step On You Again”, hit de  John Kongos na Inglaterra em 1971, é uma foge do estilo da grupo, mas de acordo com Joe Elliot, ela foi uma referência para a gravação de “Rocket”. Ainda assim, é uma das músicas que mais destoam no disco, não combinando com o som clássico da banda.
Em seguida temos uma pérola do Thin Lizzy, “Don’t Believe A Word”. Dona de um riff excepcional e de uma letra sacana, 100% Phil Lynnot, a versão do Def Leppard soa como uma homenagem à original, visto que todos os arranjos foram mantidos, e o solo de Vivian Campbell copia nota a nota o de Brian Robertson, um dos seus ídolos na guitarra.
Encerrando o disco, temos ainda “Stay With Me”, do Faces, onde Joe Elliot faz o que a sua voz permite para soar como Rod Stweart. Uma ótima música que mantém o astral em alta, terminando o álbum em grande estilo.
Finalizando, Yeah! faz um resumo do rock inglês dos anos 70, evitando várias vezes as faixas mais óbvias dos artistas homenageados e escolhendo verdadeiras pérolas dos seus catálogos. Está longe de ser um disco que vá mudar a história da música, mas certamente oferece 45 minutos de muita diversão.
Track list:

1. 20th Century Boy
2. Rock On
3. Hanging on the Telephone
4. Waterloo Sunset
5. Hell Raiser
6. 10538 Overture
7. Street Life
8. Drive-In Saturday
9. Little Bit of Love
10. The Golden Age of Rock ‘n’ Roll
11. No Matter What
12. He’s Gonna Step on You Again
13. Don’t Believe a Word
14. Stay with Me

4 comentários sobre “Discos que Parece que Só Eu Gosto: Def Leppard – Yeah! [2006]

  1. Confesso que eu perdi o interesse no Def Leppard quando a banda começou a ficar cada vez mais pop. O som não me atrai, mas gosto dos três primeiros discos, que acho ótimos.

  2. Não conheço o disco, mas o repertório ralmente é bem interessante. Não gostei da versão para Drive in Saturday (unica que parei para ouvir), mas o Def Leppard, como disse o cadão, é bom só nos 3 primeiros discos

  3. Esse disco é excelente, traz uma boa coletanea de bandas setentistas, sem cair muito no clichê, bandas menos lembradas, enfim.

    E só uma correção, em Stay With Me quem canta é o Phil Collen, e não o Joe Elliott.

    Quanto ao Def Leppard, prefiro até o Euphoria. Esse papo que acabou nos tres discos é tipico de quem repete o que os outros falam mas nem se quer pararam pra ouvir outra musica, ae ficam pagando de tr00. Hysteria foi um album inovador pra época.

  4. Amigo anônimo, obrigado pelo comentário. Penso de maneira semelhante a ti, em especial quando se trata de "Hysteria". Muitos fazem parecer que tornar-se uma banda com uma sonoridade mais pop é sinônimo de ficar ruim , o que considero uma bobagem. "Hysteria" é um discaço, muitíssimo bem pensado, tocado, produzido… inclusive indico a qualquer músico que pretende se aventurar a registrar seus sons, assistir ao documentário da série "Classic Albums" dedicado a esse disco, prestando muita atenção em especial às palavras e exposições de Phil Collen.

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