Oops… I Did It Again: Anthrax – The Greater of Two Evils [2004]

Oops… I Did It Again: Anthrax – The Greater of Two Evils [2004]
Por Leonardo Castro
Em 2004, o Anthrax finalmente voltou a ter um bom momento. Depois de inúmeras mudanças de formação, péssimos contratos e discos mal recebidos ao longo dos anos 90, a banda se estabilizou com a entrada do guitarrista Rob Caggiano em 2001, assinou com a Nuclear Blast e lançou o ótimo We’ve Come For You All em 2003. Além disso, soltou um monstruoso DVD ao vivo, Music of Mass Destruction, que mostrou toda a potência da banda e do vocalista John Bush em clássicos dos anos 80, algumas boas músicas dos anos 90 e outras do disco recém lançado, em uma performance avassaladora.
Music of Mass Destruction
Para confirmar o bom momento, todos esperavam por um novo disco de inéditas que reafirmasse a posição da banda no cenário heavy metal mundial depois de tantos anos irregulares. No entanto, a banda decidiu regravar as músicas dos seus cinco primeiros discos que fossem escolhidas pelos fãs através de uma votação em seu website. Na época, a justificativa dada era que os fãs poderiam verificar como as músicas soavam ao vivo com a formação com Bush e Caggiano, além de poder se beneficiar das melhorias nas técnicas de gravação.
Batizado de The Greater of Two Evils, o disco inicia com “Deathrider”, do disco de estreia da banda, Fistful of Metal (1984). Além do vocal de Bush, totalmente diferente do de Neil Turbin, a música foi um pouco desacelerada, o que acabou realçando ainda mais a composição. “Metal Thrashing Mad”, que fora gravada tanto por Turbin quanto por Joey Belladona (no EP Armed And Dangerous, de 1985), acaba tendo um resultado final abaixo das duas versões anteriores, principalmente devido às mudanças nos solos. Aliás, os solos foram alterados em praticamente todas as faixas, sempre com resultados inferiores aos originais. “Caught in a Mosh”, provavelmente a música mais conhecida da banda, sofreu poucas alterações, mas não tem a potência e a agressividade da versão ao vivo presente em Music of Mass Destruction.
“A.I.R.” é uma das melhores músicas do disco, uma vez que se encaixa melhor à voz de Bush do que a de Belladona, que a gravou em Spreading the Disease (1988). Em “Among the Living”, outra faixa que se encaixa perfeitamente à voz de John Bush, fica evidente que o disco foi gravado praticamente “ao vivo em estúdio”, com pouquíssimos overdubs. Outra música que ganhou na nova versão foi “Keep It in the Family”. Um pouco mais acelerada que a original, como a banda costuma a tocar ao vivo, a faixa ganhou uma vida extra com a nova produção e o vocal de Bush. Ainda assim, a versão ao vivo com Joey Belladona, presente no disco Live: the Island Years (1994), ainda é a versão definitiva desta música.
Charlie Benante, Rob Caggiano, Scott Ian, Frank Bello e John Bush
 
“Indians”, outro clássico de Among the Living (1987), ficou espetacular, assim como a versão original. Mas é difícil ouvir essa música e não pensar em Joey Belladona usando um cocar pulando pelo palco. Mesmo assim, a performance de Bush na nova versão é maravilhosa, e Caggiano manteve as principais características do solo. Já “Madhouse”, com sua veia mais tradicional, se encaixa melhor na voz de Joey do que na de John, e isso fica claro na nova versão.
“Panic” é outra música do primeiro disco que também foi regravada por Joey Belladona no EP Armed and Dangerous. Assim como em “Metal Thrashing Mad”, os agudos de Turbin e Belladona fazem falta na nova versão. “I Am the Law” perdeu um pouco do punch da versão original, e parece um pouco mais lenta. Mas o vocal de Bush compensa, e mesmo que a nova versão não seja tão boa como a original, continua sendo uma música extraordinária.
“Belly of the Beast” começa com uma citação ao Celtic Frost, como a banda já a executava ao vivo, e que combina bem com a música. Assim como em “Keep It in the Family”, o andamento é um pouco mais acelerado que a versão de Persistence of Time, e o vocal mais grave casa bem com a voz de Bush. “NFL” acelera o ritmo, e o desempenho de John Bush na música é excelente.
As duas maiores surpresas da eleição do track list ficaram para o final, e têm resultados bem positivos. “Be All, End All”, originalmente gravada em State of Euphoria, soa melhor que a original, com uma performance digna de nota de John Bush, assim como a thrash “Gung Ho”, de Spreading the Disease, que apesar de não ter os vocais de extremamente agudos de Joey Belladona, mantém o pique e a energia da original.
Em resumo, a banda obteve ótimos resultados nas faixas dos discos Among The Living, State of Euphoria e Persistence of Time, onde os vocais já eram originalmente mais graves. Já nas faixas dos dois primeiros discos, Fistful Of Metal e Spreading the Disease, os resultados variaram, alguns se equiparando ao original, e outros abaixo da espectativa. Se por uma lado John Bush teve um bom desempenho na maioria das músicas, os solos de Rob Caggiano ficaram devendo aos originais gravados por Dan Spitz.
Rob Caggiano, Charlie Benante, John Bush, Joey Vera e Scott Ian
 
O disco teve ótima recepção,  mas logo após seu lançamento o baixista Frank Bello se desligou da banda para se unir ao Helmet, e o Anthrax excursionou para divulgá-lo com Joey Vera, parceiro de John Bush no Armored Saint, no baixo. Esta turnê passou pelo Brasil com shows fenomenais. Entretanto, logo em seguida a banda anunciou a turnê de reunião com a sua formação clássica, incluindo Dan Spitz, Frank Bello e Joey Belladona, o que alegrou os fãs mais saudosistas, mas acabou matando o bom momento que a formação que gravou este Greater of Two Evils vivia, e desde então a banda não lançou mais nenhum material inédito, apesar de prometer um novo disco com Belladona nos vocais para este ano.

8 comentários sobre “Oops… I Did It Again: Anthrax – The Greater of Two Evils [2004]

  1. As mudanças de formação nos últimos anos fez com que a história da banda virasse uma zona…rs
    Eu, sinceramente, não sei quem é quem mais…

    PS: Leonardo, fui eu que aumentei o tamanho da letra do post…

  2. Caras, comentários sobre esse disco me renderam boas risadas esses dias… estava assistindo a um episódio do programa "That Metal Show" que contava com a presença de Scotti Ian. Um dos apresentadores, Eddie Trunk, falava sobre o fato dele preferir o Belladona ao Bush, enquanto o Scott replicava e justificava sua preferência sobre Bush e o quanto as versões presentes em "TGOTE" eram as definitivas. Ao que Eddie replicou: "então por que raios pouco tempo depois vocês chutaram Bush e se reuniram com Belladona???" Hahaha, desmontou o cara.

    Particularmente, eu gosto do disco, acho que algumas versões ficaram ótimas, mas eu sou do time do Belladona. O cara emprestava uma identidade única ao grupo, fazendo um contraponto melódico às influências mais hardcore que se fortaleciam no instrumental. Gosto de John Bush, tanto no Anthrax quanto no Armored Saint, e considero "Symbol of Salvation", dessa última, um puta disco injustiçado. No entanto, sou Belladona futebol clube.

  3. Bah, que filhadaputice do Eddie Trunk, aehioaoiheoaehoa

    Sou Belladona futebol clube [2]. Among the living e state of euphoria sao os melhores discos do anthrax, uma das bandas mais injustiçadas no thrash

  4. OS meus favoritos sao os dois primeiros, Fistful Of Metal e Spreading The Disease, mas tambem acho o Among The Living, o Persistence Of Time e o Sounds Of White Noise sensacionais. O State of Euphoria é bom, mas não tao bom quanto estes. Já os seguintes eu acho pessimos, a coisa só melhorou no WCFYA de novo.

    Meu vocalista favorito da banda é o Belladona, mas também adoro a performance do Neil Turbin no primeiro disco, meio Gillan, meio Halford. O Bush é sensacional, e como eu disse na resenha, algumas musicas ficam muito bem na voz dele. Mas o material mais antigo nao combina tanto.

  5. Gosto bastante deste disco, mas é inegável que Belladona é o melhor vocalista para o Anthrax. As músicas dele com Bush soam sem a mesma "pegada" do cara de nome de remédio, e as músicas originalmente gravadas por Bush têm um estilo diferente (mais lento) do que a época de Joey à frente do grupo.

    Tomara que o novo disco retome o ritmo e a pegada que o grupo tinha no passado.

  6. Tenho o Blu-ray dos “4 grandes” e a atuação do Belladonna é fraca. Bush no CD “white noise” está demais!!!!!

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