Confinement – Facing Death [2024]

Confinement – Facing Death [2024]

Por André Kaminski

O Confinement é uma banda paulista que toca um thrash com influências de death metal que existe há mais de 30 anos, mais especificamente em 1993 fundada por seu líder e incansável guitarrista e vocalista Ary Frühalf. Com algumas demos lançadas nos anos 90 e algumas mudanças de formação, a banda resistiu estes mais de 30 anos e agora finalmente lança seu primeiro disco completo, Facing Death.

É interessante que ao apertar o play, você já sente aquela produção e timbre das guitarras ao estilo metal extremo dos anos 90, o que vejo como algo positivo. Parece que estou encontrando algum disco perdido lá do início dos anos 90 que só viu a luz hoje em dia, sem necessariamente soar datado. A formação consta com Ary Frühalf (vocal, guitarra), Leonardo Souzza (baixo e backing vocals) e vários bateristas que gravaram diferentes faixas (entre eles Marco A. Moura, Leandro Lingoist e Fábio Lucas), além do baixista Maurão que grava uma música.

A primeira música, “Sky” é um instrumental curioso: é como se fosse uma faixa inteira focada nos solos de guitarra de Ary, coisa que normalmente apenas as bandas de prog metal fariam. Óbvio que a sonoridade aqui é thrash, mas é algo tão anti-clichê que eu achei bem interessante para se iniciar um disco. Sem ter produtores externos ou gravadoras ditando regras, Ary e sua trupe fazem o que bem entendem.

“Sequels” inicia com um som de navio e avião, e então inicia os timbres da guitarra que me lembram aquele Metallica dos anos 80 com Ary tendo um vocal que se assemelha muito a Dave Mustaine. Esta canção é bem longa e novamente os solos de guitarra dominam grande parte da canção. Curiosamente, temos momentos acelerados em que Ary passa a usar mais o vocal rasgado. Estas sequências rítmicas diferentes coladas umas nas outras dão uma típica pegada progressiva, embora eu não tenha certeza se esta foi a intenção da banda. Confesso que nunca ouvi algo similar nessa minha vida, o que para mim é algo positivo.

“The Stumbling Stone” segue numa linha da faixa anterior, cheia também de ritmos diferentes que se aceleram e diminuem, ligados a solos entre estes meios. Achei bem interessante, só não curti muito uma espécie de backing vocal agudo no início que não acrescenta à canção. “Cut Off All the Reins” faz Ary se focar mais no vocal limpo ao estilo Dave Mustaine e alguns agudos típicos dos metal tradicional dos anos 80. Como a banda não tem um segundo guitarrista, você estranha um pouco os solos de guitarra sem uma segunda por trás mantendo os riffs, só com o baixo e a bateria. Ou seja, Ary faz tudo meio sozinho na música: toca os riffs, os solos e ainda canta. Mas sem usar bases pré-gravadas, o que deixa a sonoridade talvez mais próxima do que seria ao vivo.

O disco tem 9 faixas, das quais ainda destaco “Anguish”, mais veloz e próxima do thrash tradicional ao qual une algumas paradinhas momentos mais melodiosos, embora mantendo a agressividade e a música título “Facing Death”, com um início mais influenciado por aqueles riffs meio sabáticos típicos do Tony Iommi seguido então por um aumento de velocidade típico do Slayer. Não tem jeito, a banda realmente não curte seguir o tradicional! Ou seja, quer uma música com a mesma velocidade do início ao fim? Esqueça neste disco!

Não tem como negar que pelo jeitão da gravação e das composições, o disco soa como o de uma banda de garagem. Mas particularmente eu acho isso legal. Tem trocentas bandas extremas para você curtir que segue a linha mais “tradicional” e esta aqui soa do jeito que eles querem. Totalmente anti-comercial, mas é bem isso que a torna interessante a meu ver.

Eu recomendo ouví-los. Se você não liga para essa produção atual e gosta de algo mais solto, esta banda irá te agradar.

Tracklist

  1. Sky (Instrumental)
  2. Sequels
  3. The Stumbling Stone
  4. Cut Off All Reins
  5. Anguish
  6. Slow Death
  7. Far Beyond the Shadows
  8. Facing Death
  9. The Valley of Living Death

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