Judas Priest – Sin After Sin [1977]

Judas Priest – Sin After Sin [1977]

Por Daniel Benedetti

Sin After Sin é o terceiro álbum de estúdio da banda inglesa Judas Priest, lançado em 8 de abril de 1977, através da Columbia Records. Depois de lançar seus dois primeiros álbuns pela pequena gravadora Gull, o Judas Priest ficou insatisfeito com o que considerava uma falta de apoio financeiro de sua gravadora. Seu álbum anterior, Sad Wings of Destiny, chamou a atenção da CBS Records e, com a ajuda do novo empresário David Hemmings, a banda assinou com a CBS e recebeu um orçamento de 60 mil libras para seu próximo álbum.

A assinatura exigiu a quebra do contrato com a Gull, resultando nos direitos dos dois primeiros álbuns e todas as gravações relacionadas – incluindo demos – tornando-se propriedade da Gull, a qual periodicamente reembalou e relançou o material desses álbuns. A banda tiraria a frase título do disco, “sin after sin” da letra da música “Genocide” do álbum Sad Wings of Destiny.

Os ensaios para as sessões de Sin After Sin aconteceram no Pinewood Studios, em Londres, com a gravação começando em janeiro de 1977 no Who’s Ramport Studios no distrito de Battersea, em Londres. O baixista do Deep Purple, Roger Glover, foi contratado para produzir o álbum com Mark Dodson como engenheiro. As experiências de estúdio da banda enquanto estavam com Gull não foram nada satisfatórias, especialmente durante a mixagem de Rocka Rolla, e eles inicialmente estavam bastante interessados em produzir eles mesmos Sin After Sin. A CBS, porém, insistiu em um produtor experiente. Roger Glover foi sugerido e a banda concordou, mas depois de uma sessão a banda demitiu Glover, informando-o que continuariam por conta própria.

Após algumas semanas lutando com gravações insatisfatórias, o grupo chamou Glover de volta e as sessões começaram novamente, faltando apenas seis dias para o final. Foi também nesse período que a banda se separou do baterista Alan Moore, sentindo que sua técnica era muito limitada para o som do conjunto, em evidente evolução. O baterista de estúdio Simon Phillips (que em 1976 tocou no supergrupo 801, de Brian Eno, e em seu álbum 801 Live) foi contratado para encerrar as sessões.

O álbum inclui um cover da música “Diamonds & Rust” de Joan Baez, decisão que foi incentivada por Glover, com o interesse de agregar uma faixa com mais potencial comercial. Na verdade, “Diamonds & Rust” foi a primeira música do Judas Priest a ser tocada nas rádios, e a própria Baez teria gostado da versão. Esta foi a segunda tentativa da banda de fazer um cover da supracitada faixa, e a versão anterior, da era Gull Records, só foi lançada em 1978 na coletânea The Best of Judas Priest e como faixa bônus na reedição de 1987 do álbum de estreia do grupo, Rocka Rolla.

Sin After Sin foi o último álbum do Judas Priest a apresentar seu logotipo original de fonte cursiva gótica, embora este fosse usado em reedições posteriores da Gull Records de seu material pré-Sin After Sin. O mausoléu retratado na capa do álbum é baseado em uma fotografia do mausoléu egípcio construído, em 1910, para o coronel Alexander Gordon, localizado no cemitério de Putney Vale, em Londres. A arte é de Rosław Szaybo. A banda era formada por Rob Halford nos vocais, K. K. Downing e Glenn Tipton nas guitarras e Ian Hill no baixo.

A interessante “Sinner” abre o disco, uma faixa intensa e com ótima atuação de Halford. A pesada e interessante versão para “Diamonds & Rust” é um ponto alto do álbum. “Starbreaker” é mais acelerada e o trabalho das guitarras empolga. “Last Rose of Summer” é uma balada inspirada, com ótima interpretação de Rob. “Let Us Prey/Call for the Priest” é Heavy Metal puro, com a velocidade e força incríveis para a época de seu lançamento. “Raw Deal” possui um ritmo mais cadenciado, mas seu peso e sua agressividade impressionam. “Here Come the Tears” é sombria e soturna, com Halford mostrando seu talento. O clássico atemporal “Dissident Aggressor” encerra o disco, redefinindo o que seria o Heavy Metal a partir de então.

Sin After Sin continua – e evolui – a transição sonora que o Judas Priest começou em Sad Wings of Destiny, constituindo-se em uma obra essencial no que tange ao Heavy Metal ir se afastando de suas origens no Blues, expandindo sua velocidade e sua agressividade como na monumental canção “Dissident Aggressor”. Sin After Sin  foi o lançamento de maior sucesso comercial do Judas Priest até então, alcançando a 23ª posição da principal parada britânica. Esse sucesso foi difícil de se duplicar nos EUA, onde Sin After Sin não adentrou as paradas.

No Reino Unido, o Judas Priest também enfrentou uma recepção “hostil” ou foi completamente ignorado por uma imprensa musical que, há época, estava fortemente focada no novo gênero do punk rock que varreu a Grã-Bretanha no final dos anos 1970. Embora demorasse vários anos, Sin After Sin é o primeiro de onze álbuns consecutivos do Judas Priest a ultrapassar, pelo menos, 500 mil cópias vendidas nos Estados Unidos.

Como o baterista Simon Phillips tinha compromissos com outra banda, ele se recusou a se juntar ao Judas Priest como membro permanente. Como resultado, o ex-baterista do Fancy, Les Binks, foi contratado para a turnê subsequente. Conhecido do produtor Roger Glover, Binks tocava contrabaixo e era um dos poucos bateristas que conseguia replicar as partes de bateria de Phillips ao vivo. Com o apoio de uma grande gravadora, Sin After Sin marcou a primeira oportunidade do Judas Priest de fazer uma turnê pelos Estados Unidos, onde serviu como banda de abertura para REO Speedwagon e Foreigner.

Track list

  1. Sinner
  2. Diamonds And Rust
  3. Starbreaker
  4. Last Rose Of Summer
  5. Let Us Prey
  6. Call For The Priest/Raw Deal
  7. Here Come The Tears
  8. Dissident Aggressor

11 comentários sobre “Judas Priest – Sin After Sin [1977]

  1. Ótimo disco, com uma variedade que nem sempre se encontrou nos discos posteriores do Judas Priest (o que não é nenhum problema para mim, aliás!). Li que Joan Baez chegou a dizer que preferia a versão do Judas para “Diamonds and Rust” à dela própria (quase como Joni Mitchell, que dizia que “This Flight Tonight” tinha se tornado uma música do Nazareth). É pena que Simon Phillips não permaneceu no Judas, pois ele sempre dá o seu melhor em qualquer gravação que participe; ouvi esse disco recentemente pela primeira vez em algum tempo e ele continua me impressionando.

  2. melhor disco do judas para mim. Quando ouvi “Sinner” pela primeira vez fiquei impactado. Jamais imaginaria o Judas fazendo algo tão grandioso. Ver e ouvir o KK destruindo com a alavanca no show da turnê Nostradamus durante essa faixa é algo que tenho como orgulho em minha memória, aliás, um dos grandes shows que vi. valeu a lembrança Daniel

  3. Classicão do Judas Priest. Uma curiosidade bacana sobre esse disco é que a música “Raw Deal” era meio que o Rob Halford saindo do armário. Embora ele só tenha se assumido publicamente na época do Two, ele já dava algumas dicas em algumas letras do Judas Priest e essa era uma delas. Na letra, ele fala sobre uma visita ao Fire Island, que era um point dos homossexuais, em Nova Iorque, na década de 70.

    1. De fato, Rob dava umas dicas da sua orientação sexual bem antes de assumir publicamente. “Pain and Pleasure” para mim era a que mais dava bandeira no assunto, mas confesso que só me atentei para isso depois que ele assumiu.

      1. Eu até gosto de “Pain and Pleasure” (essa é do Screaming for Vengeance, meu disco favorito do Priest atualmente), mas acho a sua letra meio esquisitona, tal qual a “Devil’s Child” – que por sinal é a minha favorita deste mesmo LP, apesar de seu refrão meio xarope…

        1. Screaming for Vengeance para mim é daqueles discos bons do primeiro ao último minuto! Sempre esteve entre o top 3 da banda para mim.

          1. Faço minhas as suas palavras, amigo… Antes o meu favorito número 1 do JP era o Defenders, mas depois que eu descobri recentemente a historia por trás de sua concepção, resolvi inverter as duas primeiras posições do meu top de discos favoritos da banda, dando o ouro ao Screaming e a prata ao Defenders. Mas mesmo assim, não me cansarei de ouvi-los, justo porque estes dois discos pertencem a minha fase favorita do Priest, na primeira metade dos anos 80 (ao lado do British Steel, claro).

  4. Pode-se dizer que foi com esse terceiro disco que tudo realmente começou para o Judas Priest, por ser o primeiro disco deles na Columbia Records, depois do LP anterior ser lançado pela pequena Gull Records (ignorando completamente o difamado debut Rocka Rolla). Afirmo que Sin After Sin ainda é um bom disco, apenas um bom disco, mas que não faz parte da minha fase favorita da banda…

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