Chez Kane – Powerzone (2022):

Chez Kane – Powerzone (2022):

 

Por Davi Pascale

 

Em 21 de Outubro de 2022, chegava às lojas Powerzone, segundo álbum da cantora britânica Chez Kane, certamente um dos melhores álbuns de hard rock revival lançado nos últimos anos, mas afinal quem é Chez Kane?

“Tendo nascido em uma família de cantores e músicos, acredito que fosse inevitável que eu seguisse caminho na música”, explica a cantora para o site Rocknreviews. “Eu canto, basicamente desde que comecei a falar. Fiz minha primeira apresentação aos 5 anos”.

A cantora tem dado o que falar dentro da cena hard rock nos últimos 4 anos, mas já faz tempo que vem tentando a carreira profissional. Seu primeiro álbum foi lançado em 2013. Beautiful But Tragic foi o debut de sua banda Kane´d, com quem registrou mais 2 discos (Rise e Skeletons In The Closet) antes de topar arriscar uma carreira solo.

O convite surgiu a partir de Danny Rexon, líder da banda sueca Crazy Lixx. O cantor havia recebido a missão do selo italiano Frontiers de conseguir uma representante feminina para o cast. O rapaz saiu revirando o Youtube até que se deparou com Chez. “Acredito que tenha sido com o cover do Vixen: ‘Edge of a Broken Heart’. Ele assistiu e entrou em contato comigo”.

 

Powerzone é o segundo trabalho solo de Chez Kane

 

Danny já tinha o projeto em mente, queria resgatar a sonoridade AOR que rolava no final dos anos 80, início dos anos 90 e precisava da voz certa. E dá para entender a razão de ter ficado tão impressionado, afinal os vocais de Kane remetem muito à voz de Janet Gardner. Convite aceito, os trabalhos foram iniciados. O primeiro álbum foi criado no auge da pandemia. Rexon ficou responsável por criar e registrar os arranjos, enquanto Chez Kane gravava a voz em sua residência e enviava ao músico.

“O plano inicial era que eu fosse para a Suécia, ou ele viesse à Inglaterra para que registrássemos os vocais juntos. Isso não aconteceu porque fomos atingidos pela pandemia. Nós demos uma pausa de 6 meses, mas tínhamos que terminar. Esse processo de envio à distância acabou deixando a criação lenta”.

Lento ou não, indiscutivelmente o projeto deu certo. O debut autointitulado chegou ao mercado em 12 de Março de 2021 e foi bem recebido pela imprensa especializada. Os jornalistas enalteciam não apenas a qualidade das composições, como também os vocais poderosos de Chez Kane. Comprei o disco na época, por conta do single “Too Late For Love”, achei o CD bacana, mas o trabalho dela que me impressionou, de verdade, foi o álbum seguinte Powerzone.

A jogada é a mesma. Danny Rexon como a alma criativa do projeto e o responsável por fazer todo o instrumental do disco e Chez Kane soltando a voz. A áurea hard/AOR dos anos 80 permanece intocável. O que me chamou a atenção, contudo? A qualidade do repertório. O álbum é muito mais consistente. Ainda que tenha sido extremamente elogiado, lembro que tinha achado seu debut um bom disco, mas não espetacular. No segundo, a dupla acertou a mão em cheio.

 

Cantora britânica foi descoberta no Youtube

 

Contrariando as expectativas, o álbum inicia com uma balada: “I Just Want You”. Ok, os artistas de hard rock sempre exploraram o universo das baladas, mas as músicas costumavam aparecer no meio e no final do disco. E já de cara temos tudo aquilo que tanto nos encantava nos artistas da época: linhas melódicas bem construídas, vocal forte e refrão cativante. Características que voltam a aparecer em “(The Things We Do) When We´re Young In Love”, música que se tivesse sido lançada nos anos 80, hoje seria considerada um clássico do gênero. Outro grande destaque do lado A (sim, ela divide o CD como Lado A e Lado B) é o single “Love Gone Wild” que, além de contar com um refrão bem bacana, ainda tem o sax de Jesse Molloy como um interessante diferencial.

A cantora também se preocupou em reviver a estética da época, em seus vídeos. “Love Gone Wild” traz uma performance para cima e repleta de coreografias e sensualidade, enquanto “(The Things We Do) When We´re Young In Love” resgata toda a atmosfera da juventude da época com referências à praia, L.A., além da presença de máquinas de pinball e o sentimento de se divertir como seu não houvesse amanhã. Em entrevista ao Folk n Rock, Chez afirma: “eu amos os vídeos dos anos 80. Se você reassiste aos clipes da Lita Ford… sabe, eu me inspirava naquelas coisas quando era mais jovem. Eu sempre quis ser como elas, ainda que no fundo eu soubesse que jamais conseguiria”.

 

Cena do clipe “Love Gone Wild”

 

No lado B, a guitarra ganha um pouco mais de volume e temos acesso às músicas mais rocks, mais diretas, como as divertidíssimas “Nationwide” e “Guilty of Love”. Outro ponto alto é a faixa-título, a primeira a ser escrita para esse projeto, onde destacamos, mais uma vez, a voz poderosa de Chez Kane.

Powerzone é recomendado à todos aqueles que sentem falta da década de 80. Não das bandas que usavam jeans rasgados e faziam sons velozes (essas também eram legais, eu sei), mas àquelas que faziam clipes repletos de garotas sensuais, carros velozes e traziam os músicos com cabelos repletos de laquê celebrando a vida louca de Los Angeles. No caso específico da Chez Kane, recomendaria aos fãs de Vixen, Robin Beck e Heart fase “It Looks Could Kill”. Ou seja, uma época alegre, repleta de boas canções com fortes melodias. É exatamente isso que você encontra aqui. Ao que tudo indica, Chez Kane veio para ficar. Bem-vinda, Chez!

Faixas:

  • I Just Want You
  • (The Things We Do) When We´re Young In Love
  • Rock You Up
  • Love Gone Wild
  • Children of Tomorrow Gone
  • Powerzone
  • I´m Ready (For Your Love)
  • Nationwide
  • Streets of Gold
  • Guilty of Love

 

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