Maravilhas do Mundo Prog: King Crimson – Epitaph
Por Mairon Machado
O Maravilhas do Mundo Prog segue a série apresentando as Maravilhas dos grandes grupos de rock progressivo do Reino Unido. Depois de Pink Floyd e Emerson Lake & Palmer, agora é a vez de peregrinarmos pelos três grupos com maior quantidade de Maravilhas por álbum, no caso King Crimson, Genesis e Yes.
E o primeiro deles é o famoso Rei Escarlate. Liderados pelo guitarrista Robert Fripp, o grupo já teve uma Maravilha Prog apresentada aqui (“Islands“, do álbum de mesmo nome, lançado em 1971), só que esta é apenas a ponta do iceberg gigantesco que tomou conta dos oceanos musicais entre o final da década de 60 e metade dos anos 70.
Apesar de não ter vendido muito, e ter sofrido com a constante mudança na formação, o King Crimson é um pilar mestre do que convencionou-se a chamar de rock progressivo. Sua fundação ocorre em 1968, como consequência do final do grupo Giles, Giles and Fripp, formado pelo irmãos Michael Giles (bateria), Peter Giles (baixo) e o já citado Robert Fripp.
Esse trio começou a tocar juntos em agosto de 1967, com uma música excêntrica, misturando altas doses de instrumental complexo com melodias tipicamente do pop sessentista pós-geração Beat, representando a cena psicodélica da Londres do final dos anos 60, e que foram apresentadas no raríssimo álbum The Cheerful Insanity of Giles, Giles and Fripp, lançado pelo selo Deram em 1968. O álbum (e os singles do mesmo) foram de extremo fracasso comercial, e hoje são relíquias cobiçadas pelos colecionadores e fãs de King Crimson.
Como nada deu certo, o trio resolveu modificar sua forma de criar músicas, e assim, convidou o multi-instrumentista Ian McDonald para fazer parte de uma nova banda. McDonald trouxe o piano e instrumentos de sopro, além da sua namorada, a vocalista Judy Dyble (futura membro do grupo Fairport Convenvion) e o letrista Peter Sinfield.
A dupla Sinfield/McDonald acabaria por ser a principal responsável pela mudança nos rumos do novo grupo, batizado agora de King Crimson, construindo letras mirabolantes e pessoais.
Ao mesmo tempo, Fripp havia assistido ao grupo 1-2-3 (também conhecidos como Clouds), e ficou impressionado com a mistura de música clássica e jazz que o foi apresentado. Aquilo era o caminho a ser seguido, mas para isso, mais uma mudança tornaria-se necessária: a saída de Peter Giles.
A forte inclinação pop do baixista demonstrava suas limitações como instrumentista, o que dificultaria nas passagens jazzísticas que começavam a brotar na mente de Fripp. Para ajudar, McDonald e Dyble terminaram a relação, e Fripp prontamente tratou de matar dois coelhos em uma cajadada, retirando Giles e recrutando Greg Lake para baixo e vocais. Surge assim a primeira encarnação do King Crimson, em 30 de novembro de 1968.
Sinfield, além de guiar o timão do grupo para novos mares, foi o responsável por sugerir a mudança no nome, cujo significado era algo como um homem em busca de um objetivo. Fripp complementa, afirmando que Crimson King é um anglicismo (introdução da língua inglesa em em outra língua) para o árabe de B’il Sabab, sendo um sinônimo para Belzebu. Existe uma teoria de que o Rei Escarlate seria o sol, mas isso nunca foi confirmado por nenhum membro do grupo.
Os ensaios começaram em 13 de janeiro de 1969, e três meses depois, no dia 09 de abril, fazem sua estreia nos palcos, apresentando-se no Speakeasy. O som (uma mistura de jazz com psicodelia), chamou a atenção de grandes nomes da música da época, e também de alguns ramos da mídia, levando-os a tocarem no famoso Maida Vale Studios para uma apresentação no tradicional programa de John Peel (John Peel Sessions).
Logo após aparecerem na BBC, o quarteto apresentou-se no clube Revolution, aonde foram vistos por Jimi Hendrix, que ao final do show, todo vestido de branco, fez questão de ir cumprimentar a banda, dizendo à Fripp: “Aperte minha mão esquerda, meu amigo, pois ela está mais próxima do meu coração“,e para um amigo declarou: “Esse é o melhor grupo do mundo“. Essa história você pode conferir contada pelo próprio Fripp aqui.
Outros que curvaram-se para o som do King Crimson foram The Who e, principalmente, os Rolling Stones, que convidaram o grupo para abrir o famoso show em homenagem ao guitarrista Brian Jones, realizado no Hyde Park em 05 de julho daquele ano.
Na manhã daquele dia, perante 600 mil pessoas, Fripp e cia. mostraram suas canções, e ainda, confrontaram suas ideias musicas, misturando John Coltrane com Moody Blues (duas das maiores inspirações do quarteto), e dividiram o palco com Family, Battered Ornaments, Roy Harper, Third Ear Band, Alexis Korner’s New Church e Screw. Foram apenas duas canções (“The Court of Crimson King” e “21st Century Schizoid Man“) suficientes para a EG Records assinar um contrato de gravação.
Assim, em outubro de 1969, chegou às lojas In the Court of the Crimson King. Para muitos, o melhor álbum de estreia de uma banda do rock progressivo, o que de fato, não é mero acaso nem exagero. Pode ser dito que este álbum rompeu com o elo que ligava rock ao blues, já que não há solos longos sob três acordes, e sim um trabalho coletivo, com arranjos detalhados e explorados exaustivamente, além de diversas alusões sinfônicas.
Através de suas cinco mini-suítes (todas com mais de seis minutos de duração), temos uma amostra do poder de composição da dupla Sinfield/McDonald, e também das habilidades instrumentais de Fripp, além da voz aveludada de Greg Lake soar como um bálsamo para os ouvidos.
Logo na abertura, a pesadíssima “21st Century Schizoid Man” já tenta garantir seu posto de Maravilha Prog, com um riff precursor do heavy metal e os vocais carregados de efeitos, além de uma cozinha maravilhosa. O trecho instrumental descamba para um fantástico momento jazzístico, com a guitarra de Fripp sendo apresentada ao ouvinte. O timbre característico de seu instrumento ficou marcado na história da música (assim são o de Tony Iommi e o de Jimmy Page), e claro, os duelos com o saxofone fazem dessa parte da canção um dos principais momentos do álbum, que curiosamente, teve seu instrumental gravado ao vivo em estúdio.
Mas ainda há mais por vir. As experimentações jazzísticas/heavy acabam aqui, e depois da pancada inicial, as flautas de McDonald são introduzidas na linda “I Talk to the Wind”, com um dos mais belos arranjos musicais do rock progressivo, totalmente acústico e com a linda voz de Lake, e então, chegamos naquela que é a mais Maravilhosa das Maravilhas progs que In the Court of the Crimson King possui.
“Epitaph” conclui o lado A com encantadores oito minutos e quarenta e sete segundos, os quais demoraram dez horas para ser registrados, e possuem trechos que o grupo chamou de “March for No reason” e “Tomorrow and Tomorrow”. O mais curioso é que ela é construída totalmente na mudança de apenas quatro simples acordes, mas causam um efeito mágico nas mentes de quem os ouve. A letra narra a dramática história de um ser humano que prevê o mundo sendo destruido por pessoas incapazes e idiotas, as quais não possuem o conhecimento necessário para viver harmoniosamente. Desta forma, o ser em questão não consegue imaginar qual será o seu epitáfio, pois ele não sabe como será o futuro.
Tudo começa com o tímpano rufando, trazendo longos acordes de mellotron (primeira canção do grupo a apresentar o instrumento) e o dedilhado do violão, com o baixo fazendo a marcação junto com os pratos e um leve tema na guitarra de Fripp.
Lake canta sutilmente, sob o leve andamento de baixo e bateria, e aos poucos, mellotron e violão surgem, fazendo a canção ganhar corpo, até chegar no seu maravilhoso refrão, o qual encerra-se com a célebre frase: “But I’ll fear tomorrow I’ll be crying“.
A segunda parte da letra já apresenta Lake soltando a voz, sempre com o mesmo andamento de baixo, violão e bateria. O mellotron estica seus acordes, e um lindo dedilhado de violão aparece entremeando os mesmos, levando-nos para o magnífico trecho instrumental após o mellotron quase derrubar as paredes do seu quarto.
O violão dedilha os acordes principais da canção, e McDonald surge fazendo acordes com o saxofone e o oboé, além de reproduzir a melodia vocal na flauta. Giles marca o tempo na caixa, junto com um breve acorde de violão, e Lake retorna, gastando a voz como pode, acompanhado pelo andamento com mellotron, baixo, bateria e o violão, retornando então para o refrão e concluindo essa Maravilha com o saxofone fazendo notas graves e agudas entre os acordes de mellotron, batidas no tímpano, viradas na bateria e Lake gritando insanamente “But I fear tomorrow I’ll be crying“, e certamente, derrubando lágrimas por onde é escutado.
O lado B possui mais duas Maravilhosas peças musicais, a quase esquecida “Moonchild”, dividida na balada “The Dream”, cantada por Lake com um leve acompanhamento do mellotron, e na viajante sessão instrumental “The Illusion”, a qual inicia apenas com Fripp solando sua guitarra e depois mergulha na escuridão de barulhos diversos, e encerra-se com outra Maravilhosa canção, “The Court of the Crimson King”, cuja gravação tomou três dias, com o mellotron sendo o centro das atenções, acompanhado por passagens soberbas de violão e flauta.
In the Court of Crimson King fez relativo sucesso em vendas para um grupo iniciante, ficando em terceiro no Reino Unido. Do álbum foi lançado o single de “The Court of Crimson King”, e em seguida, partem para uma bem sucedida turnê pelos Estados Unidos, com elogios diversos de fãs e imprensa, que colocaram o LP em vigésimo oitavo nos Estados Unidos, graças a uma ampla divulgação da Atlantic Records, que a partir de então, passou a comandar as ações do grupo.
Porém, o choque de egos atinge seu ápice durante a apresentação de 16 de dezembro de 1969, no Fillmore West, a qual se torna a última com a formação original, depois de mais de setenta apresentações em menos de um ano (335 dias, mais precisamente). Fripp levava as canções por solos sombrios e longos, como o de “Moonchild”, e isso incomodava McDonald e Giles, favoráveis para um som mais leve e sem virtuoses. O resultado, Fripp acabou pedindo demissão de sua própria banda.
McDonald e Giles concordaram que a banda era muito mais de Fripp do que deles, e assim, eles afastaram-se do grupo, montando uma dupla e lançando, em 1970, o álbum McDonald and Giles (tendo a participação de Steve Winwood e Peter Giles), contendo a fenomenal suíte “Birdman”. Depois, McDonald formou o grupo Foreigner, enquanto Giles tornou-se baterista de estúdio.
Desse período do King Crimson, aos fãs é essencial a aquisição do box Epitaph (1997), o qual apresenta o quarteto no palco em shows ocorridos em 1969.
Fripp, Sinfield e Lake ficam a ver navios, e em janeiro de 1970, Lake, vendo a barca afundar, aceitou o convite de Keith Emerson e foi integrar o trio Emerson, Lake & Palmer. O King Crimson poderia seguir adiante? Fripp, com a ajuda inseparável de Sinfield, venceram essa dúvida, respondendo com mais uma Maravilhosa canção lançada no excelente segundo disco da banda, In the Wake of Poseidon, como veremos daqui há um mês, ao apresentarmos as melodias insanas de “Pictures of a City”.
A formação inicial do King Crimson pode não ter músicos tão estelares quanto a dos anos 70 com Wetton e Bruford, mas como tinha fera! Lembro-me de quando comprei o LP, que milagrosamente era uma reedição com capa dupla, com a pintura assustadora de Barry Godber no exterior. De cara fui jogado contra a parede por “21st. Century Schizoid Man” – até hoje desafio quem apresente música mais pesada do que esta fora das bandas de heavy metal. E quando acabou o lado B, com a maravilhosa “In the Court of Crimson King”, eu estava em êxtase. “Epitaph” é maravilhosa do começo ao fim, especialmente a impressionante interpretação vocal de Greg Lake. E como esquecer de Ian McDonald, bom em diferentes instrumentos? Ou a bateria cheia de recursos do Giles?
Os CDs ao vivo que você menciona são muito bons, mas precisa ter paciência com a qualidade de gravação. É uma pena que o Crimson se espatifou logo depois… Uma vez li que McDonald e Giles avisaram Fripp que iam sair, e este, desesperado, chegou a propor sua própria saída e a continuidade deles com Greg e Peter Sinfield, sugerindo David O’List para a guitarra. Giles teria respondido que Fripp era o Rei Escarlate, não eles, e por isso ele é quem deveria levar a banda adiante. Demorou um pouco até ele acertar em cheio de novo com o “Larks Tongues in Aspic” – não que “In the Wake of Poseidon”, “Lizard” ou “Islands” sejam ruins, pelo contrário; eles simplesmente não são tão fantásticos quanto o disco de estreia e a trilogia com Wetton e Bruford.
Marcello, eu topo o desafio e lanço “Heart of the Sunrise” do Yes como mais pesada
Em tempo, adoro o Lizard e o Islands, e acho-os do mesmo nível do que o Larks, que para mim é o grande disco do King Crimson
Meu preferido é o disco de estreia, aliás, ele está presente naquela minha lista de discos para a ilha deserta. Até o Red todos os discos são dignos de ser o preferido de alguém, exceto o Island que acho abaixo de todos. Em tempo, Epitaph é linda!!!
Valeu pelo comentário Bueno. Você que viu o filme da Amazon, conta aí o que achou
De fato, a introdução e alguns trechos de “Heart of the Sunrise” são uma paulada. Mas acho que a música perde muito de peso nos trechos com vocal. Aliás, pensei que alguém fosse mencionar “Red”, do próprio Crimson…
“Lizard” e “Islands” são discos sensacionais, adoro-os também!! Acho que falta um pouco de banda neles, mesmo com o Fripp dando espaço para todo mundo, esses discos me soam muito como o chefe e seus subordinados. O clima mais “democrático” do “In the Court…” só foi repetido mesmo no “Larks…” e nos seguintes. Mas, para mim, a grande vantagem do “Larks…” e dos seguintes é a criatividade insana dos músicos; quem conhece as gravações ao vivo das turnês da época sabe que as músicas eram praticamente escritas na hora de serem executadas. Essa integração quase telepática entre eles era uma característica do grupo original que começou a ser perdida com o “…Poseidon” e se mantém nos ótimos dois discos seguintes.
Mas, para ser 100% honesto, do Crimson eu só não ligo muito para a fase com o Belew nos anos 80. Não que seja ruim, só não está à altura do resto…
E o desafio da música mais pesada continua, vamos ver se alguém entra nessa!!
Hehehee. “Red” é uma paulada também. Eu tenho o box de Lark’s tongues, com os shows da época. É uma loucura. Bill Bruford estava numa fase incrível.
Concordo com as partes vocais, apesar de ainda achar “Heart of the Sunrise” mais pesada, mas para manter o debate então, vou mandar outra aqui
“Hocus Pocus’
Grande lembrança! “Hocus Pocus” é daquelas músicas que você tem que ouvir para acreditar,
e ouvindo, não acredita.
Essa box do “Larks…” eu tive oportunidade de ouvir uma única vez, é algo transcendental.
Para manter o desafio rodando, “The Nile Song”!
Bah, essa é pesadona mesmo. Baita faixa.
Mas vou mandar outra
Theme One, Van der Graaf Generator
Ótima escolha, simplesmente não imaginava essa aí…
Para manter a bola voando, “Hymn 43” do Jethro Tull. “If Jesus saves, well, he’d better save himself from the gory glory seekers who use his name in vain” – até a letra é um soco na cara!
Hehehe, ta boa essa briga, mas já deu para ver que tem algumas pesadinhas para bater “21st Century”. Seguindo no Tull, vou de “Conundrum”. Aquilo ali coloca qualquer casa abaixo
“Conundrum” tem aqueles riffs de guitarra que só o Martin Barre sabia fazer. Sempre que ouço os últimos discos do Jethro Tull e o “Thick As A Brick 2” fico pensando no quanto ele faz falta. E o solo do Barriemore Barlow, que coisa maravilhosa! Apesar de achar que o Clive Bunker, com sua pegada mais jazzista, foi o melhor baterista do Tull, Barlow era sensacional.
Mas peço licença para voltar ao Van Der Graaf Generator no nosso desafio – “Ship of Fools” é outra paulada na moleira… A hora que a gente chegar ao limite vou fazer uma playlist com as músicas.
Carai, “Ship of Fools” é muito boa mesmo. Baita faixa. Fiquei meio zonzo aqui nas cordas, então vou apelar
“A Hora E A Vez Do Cabelo Nascer” – Mutantes
Gostei da metáfora do boxe, então… Eu me levantei quando o juiz já estava contando 9, porque não conseguia lembrar da música!! Realmente é um soco e tanto nos tímpanos.
Vou recuperar uma música de uma banda que não surgiu até o momento: “The Barbarian”, do primeiro disco do Emerson, Lake & Palmer. Quase escolhi a regravação de “Tank” feita para o lado do Carl Palmer no “Works vol. 1”, mas está mais para um heavy jazz, então vou com a primeira música do primeiro lado do primeiro disco!
Pra bater em algo tão bárbaro quanto ELP, somente um galinho de luta atômico, mandando um “Gershatzer”
Pensei que a convenção de Genebra proibisse armas atômicas, mas depois dessa, vou de “Hazard Profile Part 1”, do Soft Machine. Até hoje não consigo decidir se é o Allan Holdsworth ou o John Marshall que senta mais a botina! A versão no CD/DVD “Montreux 1974” tem um peso extra na guitarra, mas a do “Bundles” já é boa demais…
Realmente, está se formando uma playlist de peso…
Carai Marcello, cada vez mais pesadão. Essa do Soft Machine eu não lembrava, e caiu os butia aqui. Sonzeira.
Vou ter que apelar para os Titãs Gregos do Aphrodite’s Child, e mandar ver “Altamont”, naipe de metais sacudindo as estruturas do Partenon
Essa eu não ia lembrar nunca, até porque não tenho o disco. Paulada na azeitona, hehehehe.
Que tal “Birds of Fire” da Mahavishnu Orchestra? John McLaughlin e Billy Cobham deixando todo mundo no som pesado comendo poeira…
Ah não Marcello, unir nomes de todo o mundo para pegar pesado é muito forte. Honestamente, “Tell Me, You Love Me?” (Frank Zappa)
Não conhecia essa, tinha me passado desapercebida! Sei que já tinha ouvido porque gosto do Chunga’s Revenge. No contra-ataque, “The Narrow Way part 2”, do David Gilmour no Ummagumma…
Essa daí já não curto muito marcello, em comparação com 21st century fico com a do Rei Escarlate. Mas vou voltar para o Yes aqui
“South Side of the Sky”
“South Side of Sky”, ótima! Essa eu pensei algumas vezes nela e sempre acabei optando por outra (da mesma maneira que pensei em outras duas músicas do Yes, mas uma abandonei porque a estrutura acaba lembrando a de “Heart of Sunrise” – “Machine Messiah”. A outra vou guardar no bolso, hehehehe). Acho os riffs de guitarra do Steve Howe nessa música monstruosos! Aliás, foi por causa do riff que escolhi a música do Gilmour no “Ummagumma”, que me remetem ao Tony Iommi dos primeiros três álbuns do Black Sabbath.
Mudando um pouco de clima, que tal Procol Harum em “Memorial Drive”? Outra música com riffs de guitarra para a gente ouvir de joelhos.
Robin Trower sempre foi um cara que identifiquei como das crias de Hendrix, tocava muito, e sabia fazer algo muito legal que era dosar passagens sutis com o peso, como em “Memorial Drive”. Essa faixa podia facilmente estar em um disco dos Stones hein? Baita lembrança
Eu ia puxar “Machine Messiah”, mas pensei melhor e achei que só o riff era mais pesado que “21st Century Schizoid man”
Aproveitando a vinda de Macca aqui, e lembrando da mahavishnu e a constelação de artistas de diferentes países, vamos de
Esperanto – “Eleanor Rigby”
Concordo! Robin Trower faz parte daquela lista de ótimos guitarristas que, por uma razão ou outra, não conseguiram toda a projeção que mereciam.
Essa banda, Esperanto, eu não conhecia, e não esperava algo como o que rolou nessa “Eleanor Rigby” (Macca, se ouviu, deve ter se apavorado com essa desconstrução da música). Instrumental fantástico!! Gostei, e vou atrás de outras coisas do grupo (não rolou nenhum Tralhas do Porão com eles?).
Voltando para o território britânico, vou de Colosseum e “The Kettle”, outro riff matador associado a uma bateria de fazer procurar o queixo por horas a fio (por que Jon Hiseman nunca aparece nas listas dos melhores bateristas do mundo?). E enquanto isso a “outra” música do Yes está espreitando para ver se aparece na nossa lista…
Marcello, fiz um textinho sobre o esperanto aqui
https://www.consultoriadorock.com/2011/04/21/maravilhas-do-mundo-prog-esperanto/
Colosseum é muito bom. Jon Hiseman é fantástico. Vou atacar com “rope ladder to the moon”, outra versão fantastica
Vou ler o texto, eu imaginei que tinha, mas não cheguei a procurar.
Agora é a minha vez de voltar ao Yes, trazendo “Sound Chaser” para a lista!
Essa era mais uma que figurava na minha lista. Patrick Moraz fazendo bons estragos ali, e uma das melhores performances do Alan White. Baita música
Já que estamos duelando, vou puxar “The Knife” (Genesis)
Então, eu pensei que você ia citá-la (por isso mencionava que tinha outra do Yes rondando a lista), mas como não rolou, aproveitei para colocar aqui. Moraz e White estão impressionantes, mas a linha de baixo do Squire não deixa nada a desejar…
Depois de me recuperar da facada, então, vou com a insanidade de “Rifferama”, do Hatfield & The North.
Que delícia de som. Desconhecia essa mistura de jazz/prog. Não achei pesado não, mas que é uma delícia de se ouvir, ah é. Que maravilha esse piano elétrico!!
Vou trazer uma coisinha que esse piano me lembrou
Gentle Giant – So Sincere (na versão do Playing the Fool)
Gosto bastante do Hatfield, conheci por causa do Richard Sinclair, um daqueles baixistas/vocalistas que são bons em ambos os papéis. Pensei que, quando o Gentle Giant fosse pintar aqui, seria com algo do Civilian, mas essa versão é boa demais!
Minha sugestão agora é “Waitin’ on the Wind”, do Spooky Tooth!
Essa entradinha de bateria é bem enganadora. Órgão matador e vocais rasgados que eu gostaria muito de ouvir um Rod Stewart. E que ponte hein!! Boa pedida
Que tal Steve Hackett – “Please Don’t Touch”?
Boa lembrança, sem Hackett muitos guitarristas de heavy metal ainda estariam aprendendo o ofício. E olha que ele nem era de colocar tanto peso assim. O Steve Hackett me animou a trazer Allan Holdsworth (que pintou aqui na música do Soft Machine) de volta com “Good Clean Filth” – quase botei “Wish”, essa com uma introdução digna de fritar os neurônicos, mas a música não sustenta o riff inicial
Allan Holdsworth enganando a plateia. Introdução fantástica, pena que vira um jazzinho sem vergonha no mais.
Como propomos esse embate, lembrei de “Propositions” – Curved Air
Curved Air é uma banda que nunca ouvi muito, agora vou ter que ir atrás de mais música deles. Tem um clip dessa música no Beat Club, no YouTube, com o Francis Monkman arrasando no teclado e na guitarra (fisicamente ele me lembra um pouco o Ritchie Blackmore!). Vou contra-atacar o violino do Darryl Way com os alemães do Jane em “Here We Are” (BTW, um dos meus discos preferidos de todos os tempos).
A primeira vez que o Monkmann realmente lembrei do Blackmore, é muito parecido, mas com mais feeling e menos técnica. O Jane é uma banda que deveria ser mais valorizada. Together é uma obra prima de execução e perfeição, assim como o Here We Are.
Se falou de Alemanha, vamos de Polônia
SBB – “Odlot”
Inicio blues, trechinho de guitarra leve, mas é só o Josef Szrek ligar a distorção para Lemmy Kilmister corar, e Cliff Burton brilhar os olhos pensando: “é assim que vou tocar um dia”
Não conhecia o SBB, só tinha lido o artigo sobre a box set que você escreveu anteriormente aqui na Consultoria. Ouvi essa música numa versão ao vivo de 1974, com uma introdução no piano. Muito bom instrumental, o da banda!
Tinha separado “Larks Tongues in Aspic Part II”, mas saiu “Pictures of a City” agora em outra Maravilha, então para não dar uma overdose de Crimson, vou continuar na Europa Continental e sugerir “Brother Wind” do Golden Earring. Cesar Zuiderwjik é um baterista bem subestimado, na minha modesta opinião…
Marcello, você chegou a ouvir até a metade, quando o baixo entra com distorçao e tudo?
Concordo com sua visão sobre o Zuiderwjik, aliás, essa galera da cortina de ferro tem muita coisa incrível por lá, e sendo assim, falando em baterista, vou puxar
Gunesh – The Rhythms of the Caucasus
Rishad Shafi simplesmente desmoronando com seu kit, e fim de papo
Sim, ouvi completa!! Baixo fantástico!!
Outra banda que nunca ouvi – e essa acho que nem mesmo ouvi falar – pintando aqui. Realmente, baterista muito bom! Gostei do teclado (clavinete?) no começo da música também. A banda é russa?
Vou retornar a pradarias mais conhecidas, e sugiro “Mysteries and Mayhem”, do Kansas. Deixo a seu critério a escolha da versão, seja a original do “Masque”, seja a do “Two For The Show” – mas eu prefiro esta última, hehehe