Pior Música de Cada Disco: Pink Floyd (Parte II)
Por André Kaminski
A primeira parte, com os discos menos “clássicos” da banda até que foi relativamente fácil. Mas agora o bicho pega!
Algumas músicas citadas aqui são até mesmo um sacrilégio estarem em uma lista como esta. Mas como a matéria se chama “Pior Música de Cada Disco” e eu me prontifiquei a fazer tal lista, então, tenho que ir até o final. Lembrando que ser “pior de cada disco” está longe de significar que a música é necessariamente ruim.
Enfim, vamos nessa!
The Dark Side of the Moon [1973] – The Great Gig in the Sky
Já começo com a multidão me dando tijoladas por considerar uma das músicas mais clássicas do disco mais clássico do Pink Floyd como a pior música do disco. Mas me justificarei. Não posso colocar “On the Run”, instrumental psico-espacial que eu acredito que a imensa maioria escolheria: eu adoro esta faixa e eu adoro rock espacial. Simplesmente seria desonesto comigo mesmo. E com esse pensamento que escolhi “The Great Gig in the Sky”. Jamais seria uma faixa ruim. O único defeito e nem é culpa dela ou dos compositores, é o fato de ser uma das músicas “carne de vaca” da banda tocada a exaustão quando se trata de Pink Floyd. Então, dentre a imensa qualidade de outras faixas de um disco que tenho tanta estima, acaba que a mais “conhecida” deles fosse a que eu menos gosto.
Wish You Were Here [1975] – Shine on You Crazy Diamond (Parts VI-IX)
Essa aqui doeu na alma. Acredito que a maioria colocaria “Welcome to the Machine”, mas novamente: meu fraco por teclados com sons psico-espaciais me impede de não adorá-la. Só me restou mesmo as últimas partes de “Shine on You Crazy Diamond” ao qual não sou lá muito fã do solo de guitarra pedal steel desta música. Foi o único “defeito” que encontrei em um disco absurdamente perfeito e por isso está aqui.
Animals [1977] – Pigs on the Wing (Part II)
Também não merece ser chamada de faixa ruim. Mas é aquela cançãozinha mais simples só com violão que Waters compôs para a nova esposa dele na época, Carolyne Christie. Levinha e bonitinha, mas não dá de comparar com hinos como “Dogs” e “Sheep”.
The Wall [1979] – Young Lust
Aqui já me facilitou um pouco mais. Eu considero The Wall o disco mais pesado do Pink Floyd tanto instrumentalmente quanto em conteúdo lírico. Fiquei na dúvida entre a primeira faixa “In the Flesh?”, quase um doom metal não muito característico do Floyd e essa aqui com um jeitão meio funk/hard rock. Escolhi “Young Lust” porque Gilmour não me convence muito com esse vocal mais agressivo da parte dele.
The Final Cut [1983] – Get Your Filthy Hands Off my Desert
Esse disco já não é dos mais inspirados da banda e esta introduçãozinha para o lado B do disco com instrumental orquestrado poderia ser facilmente limada que, a meu ver, não faria nenhuma falta.
A Momentary Lapse of Reason [1987] – On the Turning Away
Ouço esses discos daqui para frente, mas nem de longe me encantam como os setentistas. Daqui, acho “On the Turning Away” uma faixa bem brega com aqueles coros de vozes cantando junto em boa parte da música ou fazendo backing vocals. Nem os até pesados solos de guitarra de Gilmour salvam a faixa.
The Division Bell [1994] – Wearing the Inside Out
O disco já é devagar demais para os padrões pinkfloydianos. E esta aqui é mais uma daquelas canções soporíferas que o álbum é conhecido por mostrar. O saxofone para mim é dispensável e nada aqui me chama a atenção.
The Endless River [2014] – Allons-Y (1)
É uma das mais “rapidinhas” do álbum de sobras da época do Division Bell. Mas para um disco que foi para homenagear e demonstrar as excelentes linhas de teclado de Wright que ficaram de fora do disco de 1994, essa é a canção que tem os teclados menos interessantes dentre todas.
Essa segunda parte já é bem mais complicada. No “Dark Side…” eu não tenho música ruim a colocar; vejo-o como uma obra integral, com um padrão consistente do começo ao fim, mas se fosse para citar um destaque negativo seria “Eclipse”, um final meio decepcionante para um álbum muito bom. Em “Wish You Were Here”, “Welcome to the Machine” é a mais fraca, não gosto da melodia da música em si.
Quanto a “Animals”, não vejo problema com “Pigs on the Wing”, mas “Pigs (Three Different Ones)” nunca me chamou a atenção. E em “The Wall” e “The Final Cut” as minhas escolhidas têm o mesmo motivo: no primeiro, “Don’t Leave Me Now” e no segundo, “The Fletcher Memorial Home”, ambas pelo vocal insuportavelmente desafinado do Roger Waters.
Nos discos dominados pelo Gilmour, ficaria com as duas partes inúteis de “A New Machine”, ou então com “The Dogs of War”, por causa da letra ridícula, possivelmente a pior da história da banda, em “A Momentary Lapse. of Reason”, e com a pouco inspirada “Coming Back to Life” em “The Division Bell”. No caso de “Endless River” eu não saberia dizer; como não gostei muito do disco, faz muito tempo que não o ouço e não me animei a fazê-lo…
Não creio. “The Great Gig in the Sky” e “Shine on You Crazy Diamonds”??????? O que colocaram no café do André?
Culpe meu amor por teclados e rock espacial.
A fase que eu mais gosto do Pink Floyd vai do Dark Side ao The Wall, e discordo muito das escolhas do André para as “mais fracas” faixas de seus respectivos álbuns – principalmente a respeito do álbum Wish You Were Here, meu favorito da banda. Não vejo nenhum problema com as seções finais da segunda parte de “SYOCD” encerrando o disco, até porque as seções iniciais da primeira parte formam um belo início e as outras dariam um encerramento ainda mais belo, do mesmo jeito que o álbum começou. E quanto aos discos da banda sem Roger Waters e com David Gilmour comandando, afirmo que The Division Bell é o meu favorito dessa fase, e “On the Turning Away” é a minha canção preferida dessa mesma fase (sendo que eu gosto mais da versão ao vivo do Delicate Sound of Thunder). Lamento discordar das opiniões do responsável por este texto de hoje…
Normal, eu esperava mesmo muita discordância e sei que meus gostos em relação a esta fase da banda não batem com a maioria.
É realmente um assunto muito discutível entre os fãs desta fase, amigo André… Não batem mesmo!
Agora, mais calmo, faço o que penso ser mais correto em termos de piores músicas
Dark Side of the Moon – Qualquer uma das instrumentais
Wish You Were Here – Wish You Were Here
Animals – Pigs on the Wing Part II
The Wall – Vera ou Stop
The Final Cut – Southampton Dock
A Momentary Lapse of Reason – A New Machine
The Division Bell – Keep Talking
The Endless River – Ebb and Flow
“Keep Talking” é a mais fraca do The Division Bell? Dizes isso porque você nunca ouviu (ou reouviu) a versão ao vivo do P.U.L.S.E., que supera a original com sobras. E olha que eu considero o The Division Bell o melhor disco do PF sem a presença do velho gagá do Waters…