Magma – 1001° Centigrades [1971]

Magma – 1001° Centigrades [1971]

Por Daniel Benedetti

No início de 1967, o baterista Christian Vander tocava no Wurdalaks e no Cruciferius Lobonz, duas bandas de rhythm and blues. Com esses grupos, compôs suas primeiras músicas, “Nogma” e “Atumba”. A morte do lendário John Coltrane entristeceu Vander, que deixou os grupos e viajou para a Itália. Ele retornou à França, em 1969, e conheceu o saxofonista René Garber e o baixista e maestro Laurent Thibault. Juntamente ao cantor Lucien Zabuski e o organista Francis Moze, eles criaram o grupo Uniweria Zekt Magma Composedra Arguezdra, abreviado para Magma.

Após sua primeira turnê, a banda Magma experimentou uma rotatividade significativa em sua formação. O vocalista Lucien Zabuski foi substituído por Klaus Blasquiz, e o pianista Eddie Rabin, o contrabaixista Jacky Vidal e o guitarrista Claude Engel também se juntaram ao grupo. O conjunto trabalhou em novo material por três meses, em uma casa no Vale de Chevreuse. Eddie Rabin foi substituído por François Cahen nos teclados, e Laurent Thibault abandonou o baixo para se dedicar à produção. Francis Moze tornou-se o novo baixista. A banda também se expandiu com uma seção de metais, composta por Teddy Lasry no saxofone e clarinete, Richard Raux no saxofone e flauta e Paco Charlery no trompete.

Magma ao vivo em 1971

O primeiro álbum do grupo, Magma, foi lançado na primavera de 1970 pela Philips Records. O grupo causou sensação, mas as reações do público foram mistas. Após o lançamento do álbum, Claude Engel, Richard Raux e Paco Charlery deixaram a banda. Jeff Seffer substituiu Raux no saxofone e Louis Toesca substituiu Charlery no trompete. Seu segundo álbum, 1001° Centigrades, foi lançado em 5 de outubro de 1971. O álbum oportunizou mais exposição da banda, incluindo uma apresentação no Montreux Jazz Festival.

1001° Centigrades tem também o título alternativo de 2, pois nas reedições futuras usam ambos os títulos como 2: 1001° Centigrades. A primeira faixa, “Rïah Sahïltaahk”, foi posteriormente regravada como um álbum de estúdio completo, Rïah Sahïltaahk, em 2014, pois Christian Vander não se considerava satisfeito com o arranjo desta no álbum. Para este álbum, conforme foi dito, o Magma passou por várias mudanças de pessoal: o guitarrista Claude Engel saiu sem ser substituído, e Alain Charlery e Richard Raux abriram caminho para Louis Toesca (trompete) e Jeff Seffer (sax, clarinete baixo).

Contra-capa do lançamento como 2

O disco foi a segunda etapa da saga Kobaïan, do Magma, inciada em seu primeiro álbum. Com letras novamente interpretadas na linguagem inventada pelo baterista Christian Vander, o álbum narra o retorno do povo Kobaïan à Terra para salvar o planeta. Bem difícil definir a sonoridade de uma banda como o Magma e de um álbum tão experimental como 1001° Centigrades. Rock Progressivo seria um termo mais próximo, mas não exatamente preciso. É claro que 1001° Centigrades apresenta características progressivas como a alternância de dinâmicas, a mudança constante de caminhos e uma mistura – muito interessante – de musicalidades.

L. Sarkissian, François Cahen e Christian Vander (atrás da bateria, da esquerda para direita).Jeff Seffer, Klaus Blasquiz, Francis Moze, Teddy Lasry e Louis Toesca (na frente da bateria, da esquerda para direita)

 

Mas há, neste álbum muitas experimentações, tendo como base o Rock e o Jazz, estes últimos, em intensa fusão. A partir de então, o grupo cria diversas camadas sonoras por sobre este alicerce sonoro. O estranho idioma criado chega a causar estranheza, mas logo se acostuma com ele. De fato, a maior a parte do trabalho é de caráter instrumental, com espaço para solos, improvisos e desfiles instrumentais afiados. 1001° Centigrades não conseguiu atingir as principais paradas de sucesso. Entretanto, em 1001° Centigrades, o som “zeuhl” que mais tarde veio a definir o Magma se desenvolve, embora faltem os vocais femininos operísticos e o ritmo de condução primordial do álbum seguinte, Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh.

Entre o lançamento deste álbum e MDK, vários membros da banda deixaram a banda devido a divergências sobre seu futuro som. Dois (o saxofonista Yochk’o “Jeff” Seffer e o tecladista François Cahen) saíram para formar o Zao, uma banda que segue os passos dos dois primeiros lançamentos do Magma.

Christian Vander

Em agosto de 1972, o Magma lançou o álbum The Unnamables, sob o pseudônimo Univeria Zekt. No entanto, o álbum vendeu apenas 1.500 cópias. Muitos músicos deixaram a banda naquele ano, incluindo François Cahen, Louis Toesca, Jeff Seffer, Francis Moze e Teddy Lasry. Nesse mesmo ano, Christian Vander gravou a trilha sonora do filme Tristan et Iseult, de Yvan Lagrange.

Em 1973, Vander lançou uma nova formação da banda, acrescentando Stella Vander como segunda vocalista, Claude Olmos na guitarra, Jannick Top substituindo Francis Moze no baixo, René Garber no saxofone e clarinete e Jean-Luc Manderlier nos teclados, entre outros. Esta nova versão da banda lançaria seu trabalho mais famoso, Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh, que mais tarde se tornaria seu álbum mais aclamado, e lhes deu fama internacional.

Contra-capa da versão original em vinil

Track list

  1. Rïah Sahïltaahk
  2. “Iss” Lanseï Doïa
  3. Ki Ïahl Ö Lïahk

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