Melhores de 2021: Por André Kaminski

Melhores de 2021: Por André Kaminski

Por André Kaminski

Se você acompanhar várias listas de sites de rock e metal aí pela internet afora, provavelmente vai olhar esta lista e achar que é uma das piores de todas. Mas não foi de propósito e nem quis bancar o diferentão. Eu realmente achei que esses discos foram os melhores que ouvi este ano. Também não é menosprezar as bandas veteranas e nem querer puxar o saco das menores. Eu fiz como faço todos os anos: vou atrás de vários discos dos gêneros que eu gosto, ouço e seleciono uma lista geral. Daí dessas, dou mais uma ouvida em algumas dúvidas que tenho e posiciono nos meus 10 melhores.

Só o que recomendo é que ouça esses discos sem preconceito por serem bandas menores ou que “não deixarão qualquer influência nas gerações futuras”. Eu os julgo como trabalhos de qualidade e que possam te agradar nesse meio gigante de opções que temos hoje.


Portico Quartet – Terrain [jazz/psychedelic]

A banda existe desde 2005 e já lançaram 7 álbuns (sendo este o sexto, sim, eles lançaram dois discos em 2021). Agora sendo muito mais uma dupla formada pelos britânicos Jack Wyllie (saxofone, piano, sintetizadores e cordas) e Duncan Bellamy (bateria. sintetizadores, hang drums, baixo) fizeram uma espécie de jazz/ambient/psicodélico neste disco instrumental que, para mim, foi a melhor coisa que lançaram este ano. Sem seguir estruturas definidas, há uma mistura de sons repetitivos com melodias sinistras fazendo me lembrar de trilhas sonoras de filmes e games que misturam horror, suspense e tensão. Não é um disco fácil de se ouvir e apenas recomendo para gente que gosta de uma sonoridade instrumental meio “mística/soturna”, o que para mim sempre foi algo meio ame ou odeie. Nesse caso, eu amei e me pegou em cheio esse trabalho um tanto quanto misterioso mas ao mesmo tempo intrigante.


Nestor – Kids in a Ghost Town [AOR/hard rock]

Curioso que essa banda existe desde 1989 mas somente em 2021 lançaram seu primeiro disco. Tentei procurar o que faziam antigamente, se tocavam covers ou o quê, se estiveram parados ou ativos esse tempo todo. Enfim, o que eu sei é que esses suecos lançaram o disco hard/AOR que eu mais gostei desse ano que é este Kids in a Ghost Town. Bebe direto da década de 80 tanto na estética quanto na sonoridade saindo uma mistura de Europe (sua principal influência) com Def Leppard. Teclados datados há aos montes por aqui. Destaco “Stone Cold Eyes” com uma melodia típica daquelas trilhas sonoras de filmes dos anos 80 e “Tomorrow” uma balada tristonha mela cueca com a participação especial de Samantha Fox (aquela cantora inglesa também dos anos 80, lembra dela?) contando com belíssimos solos de guitarra e uma daquelas interpretações de arrancar lágrimas. Como eu adoro este estilo, me esbaldei com o disco.


Howlin Rain – The Dharma Wheel [blues rock/psychedelic rock]

Aqui é para quem curte um blues rock misturado com muita psicodelia. Os americanos do Howlin’ Rain capricham principalmente nos pedais de guitarra usando muito wah-wah e delays para fazer uma sonoridade muito recheada de camadas de diferentes sons. Há momentos em que chega a soar levemente progressivo lembrando o Pink Floyd dos primeiros discos. Aliás, o tom da voz de Ethan Miller me lembrou vagamente ao do Eric Martin, do Mr. Big. Quem curte todos esses sons que citei eu recomendo fortemente que ouçam The Dharma Wheel que tenho certeza que irá adorar.


Sangre de Muerdago – Xuntas [galician folk]

Pablo Camiña é o líder e compositor dessas músicas folk galegas em que lindas atmosferas, as vezes melancólicas e reflexivas, parecendo ter sido gravadas em um campo ao redor de uma fogueira, nos presenteiam os ouvidos. Muitos instrumentos regionais usados aqui mas o que mais aparecem são as flautas, as harpas célticas, violões e violas e, devido a pouquíssima percussão usada, o que se tem aqui são muitas e muitas melodias. Alguns ocasionais vocais surgem na maioria das vezes muito mais complementando o instrumental do que sendo destaque nas canções. Outro disco de difícil audição caso você não goste de música folclórica (folclórica mesmo, sem misturas com rock e afins), mas se aprecia essa sonoridade popular de uns 500 anos atrás lá da Europa, eu recomendaria que ouvisse.


Paradox – Heresy II: End of a Legend [thrash/speed metal]

Pouco conhecida por aqui, o Paradox é uma banda thrash/power alemã que existe desde 1986. com apenas uma pausa entre 1991 e 1998. Já contando com sete discos lançados anteriormente, este oitavo registro foi o que mais me chamou a atenção se comparado aos antigos. Eu já conhecia a banda já há uns 10 anos mais ou menos, mas nunca havia dado muita atenção exceto por agora. O Paradox é daquelas bandas para quem gosta de Metal Church, Armored Saint e similares. Então sabe que encontrará aquele bom e velho thrash/speed clássico com guitarras proeminentes e cozinha veloz de baixo e bateria. O disco é conceitual e uma sequência do disco Heresy de 1989. Como o próprio nome já diz, as letras são basicamente uma reinterpretação de algumas passagens bíblicas como dizer que João Batista é o verdadeiro rei dos judeus e Jesus é um charlatão, além de supostas histórias de padres se arrependendo de seus juramentos. Independente de suas crenças, o disco é pesado e instigante concordando ou não com o teor das letras.


Gost – Rites of Love and Reverence [dark synthwave]

Em sintonia com meus gostos em relação ao movimento synthwave, aqui temos um disco usando aquele lado mais do horror synth e um álbum que traz temáticas mais pesadas e sombrias. Este sexto disco do GosT deixa um pouco os temas de futuros apocalípticos e aposta em letras naquela linha mais sentimentalista como do gothic rock. Ouça canções como “A Fleeting Whisper” e veja se não lhe parece o Bauhaus compondo apenas com sintetizadores.


FM Attack – The Never Ending [synthwave]

Mais um synthwave, mas dessa vez na linha mais “tradicional” do estilo com músicas mais próximas do velho synthpop oitentista e aquela atmosfera de clubes noturnos de beira de praia. Considero o FM Attack do canadense Shawn Ward um dos melhores projetos do estilo em que o compositor pega ótimos timbres de sintetizador e os une fazendo músicas marcantes e comoventes. Ouça “Footprints” e comprove se não soa como trilha de um filme clássico da Sessão da Tarde da Globo.


Ghastly – Mercurial Passages [death metal]

Não é o Pokémon, mas sim uma banda finlandesa de metal extremo que está há 10 anos na ativa. Sendo este o terceiro disco do trio, é curioso que apesar da banda não se encaixar no melodeath tão popular entre seus vizinhos suecos, a banda ainda acrescenta várias melodias em meios aos riffs pesados. Há algumas quebras de ritmos típicas do prog/death para quem também curte esse tipo de metal extremo. O que percebo mais é que há uma certa influência daquele doom mais melancólico do My Dying Bride em que tenta se buscar uma certa “beleza” no metal extremo, se é que isso é possível. De longe, o melhor disco extremo que ouvi este ano.


Jane Inc. – Number One [new wave/psychedelic]

Carlyn Bezic é uma guitarrista canadense que fez parte de alguns projetos e bandas pouco conhecidos fora de seu país de origem. Neste disco solo, ela toca uma espécie de new wave misturada com psicodelia gerando uma sonoridade bem inusitada e bem diferente do que normalmente ouvimos nos dias de hoje. Tenta unir os sons do Soft Cell, do Depeche Mode e adicione um pouco de Vanilla Fudge com vocais femininos e isso é o de mais próximo que consigo definir o som do Jane Inc. Infelizmente achei pouca coisa de Carlyn pela internet e tirando seu excelente disco, não conheço muito do seu histórico. Independente disso, o que vale é a música e digo fácil que este disco ainda será muito ouvido por mim no futuro.


Robert Finley – Sharecropper’s Son [blues/country]

Robert Finley segue o mesmo caminho do falecido Charles Bradley, de um artista descoberto tardiamente e já sexagenário que realizou o sonho de lançar seus primeiros discos. Diferente de Bradley que segue uma linha mais soul, Finley já é mais do blues e do country e Sharecropper’s Son é um belíssimo exemplo de disco que vai agradar em cheio quem gosta deste lado musical da música norte-americana. Aos 67 anos, Finley tem a energia de um garoto e composições não menos do que incríveis vindas diretamente de uma época em que era exigência fazer músicas com muito sentimento envolvido. Robert canta pelo coração e você vai adorar estas canções logo na primeira ouvida.


Outros ótimos discos desse ano:

Iron Maiden – Senjutsu [heavy metal]

Lacrimosa – Leidenschaft [gothic metal]

Elephant9 – Arrival of the New Elders [jazz-fusion]

Moonspell – Hermitage [gothic metal]

Cedric Burnside – I Be Trying [blues]

Sunroad – Walking the Hemispheres [AOR]

Mastodon – Hushed and Grim [progressive/stoner metal]

Seventh Crystal – Delyrium [AOR]

Edu Falaschi – Vera Cruz [power metal]

Spektra – Overload [hard rock/AOR]

Greeta Van Fleet – The Battle at Garden’s Gate [blues/hard rock]

Anette Olzon – Strong [symphonic metal]

Kick Puncher – LiveDieRepeat [synthwave]

Mechina – Siege [symphonic metal]

7 comentários sobre “Melhores de 2021: Por André Kaminski

    1. Acho que é mais fácil o pessoal ter ouvido a lista alternativa de baixo! 😛

      Aliás, não vai publicar a sua este ano?

      1. Este ano eu perdi muito tempo, não deu pra ouvir muita coisa, né? Vou pegar as listas que forem saindo pra recuperar o que perdi. Até as suas menções honrosas eu ouvi poucos.

    1. Isso que eu pensei em dar a ideia de vermos se rola uma lista geral já que estamos com muita gente programada para divulgar seus melhores, mas pelo jeito não vai dar certo de novo. 😛

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