10 anos de Consultoria do Rock

10 anos de Consultoria do Rock

Por Ronaldo Rodrigues, Mairon Machado, Micael Machado, Fernando Bueno, André Kaminski, Daniel Benedetti e Davi Pascale

Nesses tempos de modernidade líquida, iniciativas de qualquer natureza não costumam ser muito longevas. Existe um impulso inicial, a espera por um resultado rápido, engajamento, interação como o público, elogios, reconhecimento, patrocínios…mas dificilmente isso se alcança logo de início. E poucos tem a paciência de perseguir algum nível de reconhecimento, sendo abatidos pelo desânimo de “falar com as paredes” dentro do oceano de conteúdo que é a internet. Mas este não é o caso da Consultoria do Rock, que aqui estabelece hoje o celebrável marco de 10 anos de existência contínua na internet. Nós não arriscaríamos dizer que tivemos “sucesso” depois de todo esse período, porque isso nunca foi algo buscado entre os colaboradores do site. O objetivo sempre foi compartilhar nossa paixão pela música. E isso se faz por auto motivação, por uma satisfação que transcende a busca por algum métrica de reconhecimento. Por outro lado, não podemos negar o mérito do nosso feito coletivo, de manter o site por tanto tempo, com uma constância de produção, com uma preocupação crescente com a qualidade de seu conteúdo. Como nosso site é colaborativo e nossos textos coletivos são parte da nossa identidade, assim também resolvemos escrever algo sobre nossos 10 anos, partilhando um pouco de como nós também consumimos o que lemos/escrevemos nessas páginas. Música é algo que cresce dentre de nós quando dividimos; o aprendizado entre nós é contínuo e multidirecional. Fica o convite para os leitores também colocarem nos comentários algo que trouxemos aqui se transformou em favoritos nas audições. E não poderíamos deixar de agradecer todos os responsáveis por essa marca – nossos colaboradores (os atuais e os do passado), as pessoas que nos auxiliam nos bastidores, os familiares que compreendem nosso compromisso voluntário com o site e, por último e mais importante, nossos leitores!

Ronaldo

O período que eu mais aprendi com a Consultoria do Rock foi a época das listas de melhores de todos os tempos, ano a ano, especialmente na parte do início dos anos 1960. Vários artistas ali citados eu só conhecia por coletâneas (ou em alguns casos, somente um hit da banda) e as indicações dos álbuns me fizeram correr atrás dos álbuns completos, o que incrementou bastante meu conhecimento. Até algo de heavy metal eu incorporei no meu repertório com a ala metaleira do site (p. ex: fui sendo dobrado pelos Scorpions depois de anos lendo boas laudas sobre eles aqui). Eu tinha o péssimo hábito de fazer audições apressadas e pouco atentas quando estava na faculdade, descobrindo simultaneamente um monte de bandas legais. Nosso colega Mairon Machado me ajudou a prestar mais atenção em discos que eu já tinha tido contato na sua magnânima seção “Maravilhas do Mundo Prog”. Duas descrições particularmente me chamaram a atenção – uma sobre o Aphrodite’s Child e seu fantástico álbum 666 e outra sobre a trilogia Radio Gnome do Gong. Além dos adjetivos apaixonantes trazidos pelo nosso colega (que me fizeram voar pra cima dos discos logo após a leitura), os textos trouxeram informações valiosas sobre os conceitos dos álbuns, o que me fez gostar ainda mais deles. Falando em Gong, também nosso guru Marco Gaspari fez um texto seminal sobre a banda. Infelizmente, eu já conhecia e já amava Pet Sounds do Beach Boys muitos anos antes de ter lido um maravilhoso texto do Eudes Baima sobre esse álbum aqui no site. Caso não, o casamento perfeito entre letra (do texto do Eudes) e música (do álbum) seria também capaz de colocar esse álbum no Olimpo do meu coração. Foi, é e continuará sendo um prazer ler/escrever por aqui.


Mairon

A Consultoria do Rock completa 10 anos hoje, e se tornou uma referência diária para falar e conhecer sobre música. Muito aprendi com a Consultoria, seja fazendo pesquisas para escrever sobre determinado artista, sendo lendo as matérias dos colegas. E graças ao Marco Gaspari, pude aprender ainda mais sobre Krautrock. Com Ronaldo Rodrigues, descobri muitas Tralhas do Porão que jamais imaginei existirem. Os Clássicos da Harvest do comodoro Zé Léo me apresentaram além de ótimas bandas, capas lindíssimas. E Jeff Buckley se tornou audição obrigatória em minha vida. Grace, escolhido na lista dos melhores de 1994, era uma simples aberração que não me atreveria a ouvir. A indicação do álbum e consequente audição me mostrou o quanto eu estava errado. A partir de então, adquiri e conheci ainda mais a curta carreira desse gigante chamado Jeff Buckley, e agradeço demais aos consultores que o colocaram naquela lista.


André

Muito bacana pensar que um site pequeno mas importante como o nosso completa 10 anos. Comecei acompanhar a Consultoria em 2013 como leitor e vendo a interação dos colegas entre si e com os leitores e já com uma vontade há anos de escrever sobre música, percebi que era o lugar perfeito para poder escrever com a liberdade que sempre quis à leitores verdadeiramente apaixonados por música. Entrei em 2014 e cá estou desde então. Praticamente todos os que colaboraram de alguma forma nesse tempo que estou por aqui me influenciaram de alguma maneira. Nem tanto com bandas em específico, mais com estilos diferentes mesmo dentro e fora do rock. Alguns mais (com gostos e estilos diferentes) outros um pouco menos (porque já temos gostos parecidos). As influências mais fortes que tive nesse tempo posso dizer que foram do Diogo Bizotto (que me influenciou a gostar de country rock) e do Davi Pascale me influenciando a olhar melhor principalmente para bons artistas brasileiros. Mairon, Ronaldo e Fernando ajudaram a me aprofundar principalmente no rock progressivo que eu já ouvia mas não conhecia ainda tanto quanto hoje. Marco Gaspari me influenciou principalmente em sua escrita, que me fez amenizar um pouco a minha e levar as coisas em um tom mais leve e bem humorado. Óbvio que não chego aos pés das suas sacadas, mas um dia quem sabe melhoro a este ponto. Micael é uma enciclopédia em termos de bandas e sons underground, fui pesquisar mais dessas bandas desconhecidas graças a ele. Mesmo o Eudes e eu tendo gostos muito diferentes, seu texto sobre o Erasmo Carlos me fez ir atrás da discografia inteira do Tremendão. Entre fases boas e difíceis, estamos aí. Não creio que haja muitos sites de música como o nosso que durem tanto tempo. Mas fico muito feliz com o pouquinho que contribuí e de escrever no mesmo espaço de tantas feras com um conhecimento gigantesco sobre música. Ainda sonho com o dia em que o site possa se autossustentar. Aos poucos, quem sabe um dia chegamos lá. Quero finalizar agradecendo aos leitores pela sua participação nessa nossa caminhada. Abraços a todos!


Fernando

Em todos esses anos da Consultoria do Rock, seja como blog em seu período inicial, quanto no site, foram dezenas de descobertas musicais que tive. Difícil elencar as principais bandas ou artistas que conheci por conta do site. Porém eu queria aqui lembrar algumas matérias feitas por Marco Gaspari, nosso guru, que por anos participou contribuindo com material sempre muito relevantes. Um dos textos publicados que mais gosto que tivemos por aqui foi aquele em que ele desmistificou a derrocada do rock progressivo com a ascensão do punk rock. Mas não foi nesse texto que descobri artistas que hoje gosto muito. Vou citar dois que me vieram à mente logo quando pensamos nesse texto. Um deles foi o Philamore Lincoln, que foi algo que de cara curti e ouço com frequência até hoje (aliás, esse texto ainda não conseguimos recuperar e não está mais disponível). Outro foi o excelente texto chamado “Já tomou seu Todd hoje?” em que ele apresentou Todd Rundgren. Lembro até hoje de que comecei a ouvir um disco dele e, em uma viagem aos Estados Unidos, em um posto de gasolina, reconhecer a música “Sunshine Superman” que estava tocando em seus autofalantes. A coincidência foi que eu tinha acabado de comprar aquele mesmo disco na loja da Amoeba em Los Angeles. Enfim, participar da Consultoria do Rock para mim sempre foi prazeroso tanto como autor, quanto leitor e é por isso que estamos mantendo nosso objetivo de compartilhar com nossa paixão com o maior número de pessoas possíveis.


Micael

Sei que a ideia inicial era citar aqui aquelas bandas ou discos que descobrimos através do site… mas eu sou um pouco fechado em uma espécie de “bolha musical”, ouço as mesmas coisas há anos, e algumas das minhas poucas descobertas dos últimos anos vieram mais através de shows a que frequentei ou de revistas sobre rock (é, sou daqueles que ainda lê revistas impressas). Sendo assim, muitas das “novidades” que incorporei ao meu gosto musical na última década não vieram, pelo menos diretamente, do site, mas este tem sido extremamente importante para mim, seja através de textos tratando sobre algum disco de uma banda que eu acompanho (mesmo que já conheça o “dito cujo” há alguns anos), ou quando fazemos audições de lançamentos para o test drive (geralmente de bandas consagradas, mas por vezes de algumas coisas mais novas), ou algum “tiro no escuro” nos debates do war room, ou até mesmo alguns discos que nos chegam através de gravadoras ou dos próprios artistas, e que sempre agregam ao nosso conhecimento musical, mesmo que por vezes acabem relegados a um cantinho na estante e uma ouvida ocasional, como aconteceu com alguns CDs que recebi ao longo destes anos. O mais importante do site, para mim, não é o “conhecimento” que ele me trouxe, mas a oportunidade de “compartilhar” informações, tanto as que eu já tinha, como as que descobri através dos textos, e o quanto isto ampliou meu conhecimento e minha visão sobre a música e a cultura em geral, fora a amizade, ainda que virtual, com os demais colegas do site. E isto, podem ter certeza, é algo que não tem preço!


Daniel

Eu cheguei à Consultoria do Rock no início de 2019, quando o senhor André Kaminski chegou ao meu site, sabe-se lá como, e me convidou a colaborar por aqui. Eu já era um leitor da Consultoria, mas muito raramente comentava… e o convite, além de inesperado, foi irrecusável. Penso que o forte da Consultoria do Rock é justamente a gama diferente de personalidades que a compõe e, assim sendo, esta diversidade de pessoas é refletida na multiplicidade de informações que estão disponíveis no site. A quantidade de músicos, bandas, discos diferentes que já apareceram por aqui é formidável. Desde os tempos de leitor, o site tem me apresentado um número muito significativo de música que eu desconhecia, do rock ao metal, passando por todas suas correntes. Completando 10 anos de idade, só posso deixar meus parabéns a todos que foram e são parte da Consultoria do Rock. Mesmo que uma década, na realidade, não seja tanto tempo assim, é uma data marcante e o site já possui um legado inquestionável. Resta-me desejar longa vida à Consultoria e aos seus membros e que continuem a produzir este conteúdo farto, único e distinto. Parabéns!


Davi

Ano que vem, completo 10 anos de Consultoria. O primeiro texto que publiquei foi em Fevereiro de 2011, onde abordei o Creatures of The Night do Kiss. Achei que nada faria mais sentido do que iniciar da estaca zero. Esse foi justamente o primeiro álbum de rock que ouvi na vida e essa foi a razão da escolha da matéria, na época. Para minha surpresa, ela bateu recorde de acessos, na ocasião, o que me deixou muito feliz. Além de escrever as matérias, sempre busquei participar das matérias colaborativas (os Consultoria Recomenda, as famosas listas, etc) e sempre procurei ouvir os discos com a mente mais aberta possível. Não me considero um cara de mente fechada, pelo contrário, escuto diferentes gêneros, inúmeras vertentes, mas algumas coisas não tem jeito, simplesmente não batem, para mim. Caso do rap ou do death metal. E acredito que seja assim com todos em maior ou menor grau. E, sim, descobri coisas bacanas nessas matérias. Alguns artistas, já sabia da existência, mas nunca tinha parado para ouvir com a devida atenção (caso do Big Star, por exemplo, que acabei correndo atrás do vinil). Outras, não conhecia e me tornei fã. Uma das bandas que tenho mais escutado no momento é o Bigelf, que foi uma das descobertas que fiz pelo site. Estão na minha lista de compra, mais alguns álbuns que descobri nessas seções. Caso do Steely Dan, o Vinegar Joe e o álbum do Gil Evans tocando Hendrix. Essa quase uma década que estou aqui me trouxe muitas alegrias. Tive o prazer de conhecer várias pessoas bacanas que, assim como eu, são vidradas em som. Conheci novos artistas, tive o prazer de ver músicos que admiro compartilhando e comentando alguma matéria que escrevi sobre eles. Sem contar que é sempre um prazer sentar, produzir uma matéria nova e compartilhar com todos vocês. Que venham mais 10 anos de Consultoria. E depois mais 10, e mais 10, e mais 10, e mais 10…

17 comentários sobre “10 anos de Consultoria do Rock

  1. Parabéns a todos que estão em nosso site e que passaram por ele. Agradeço todo o aprendizado e as matérias fodas que tivemos nesses 10 anos. Agradeço também aos leitores que contribuíram em muito com sugestões, dicas, críticas e debates promovidos em nosso espaço.

    Que bonito, se fosse uma criança, estaria terminando o ensino primário!

  2. Deixo aqui meus parabéns e meu muito obrigado a todos que, por mais ou por menos tempo, fazem ou fizeram parte da Consultoria do Rock, ajudando a promover um eterno debate sobre a música que amamos. Aprendi imensamente nos anos em que caminhei ao lado dessas pessoas. Um agradecimento especial ao Mairon, que desde sempre foi o “motorzinho” do site, como alguém já o classificou certa vez, de forma certeira; e ao Fernando, que, fora dos holofotes, prestou colaborações importantíssimas para a continuidade do site. Valeu!

    Ah, muito grato também pela citação, André. Pode crer que pouquíssimas vezes escrevi de forma tão apaixonada quanto nas vezes em que abordei o country rock. Foi minha maneira de tentar jogar um pouco de luz em algo que fica escondidinho lá no canto, percebido por poucos.

  3. Um forte abraço à todos os consultores, leitores e amantes de música que nos acompanharam nesses dez anos, e que espero seguirem na ativa nos próximos anos, sempre com muita democracia e respeito! Apesar de diversas broncas, o site segue firmo e forte. Quero agradecer primeiramente a Fernando, Micael, Thiago e Davi, parceiros de guerra que não pularam da barca mesmo nos momentos de crise. Vocês são como irmãos para mim (um inclusive é huahuahau). Obrigado também para André, Daniel, Anderson e Libia, que entraram com o time jogando e só aumentaram o poder de fogo do nosso site. Um saudoso abraço para Marco Gaspari, Leonardo Aronna e Eudes Baima. A ASPABROMI ainda impera, mesmo no mais obscuro rincão do interior de Crato – CE. E obrigado aos eternos Daniel Sicchierolli, Eduardo Luppe, Diogo Bizotto, Leonardo Castro e Pablo Ribeiro. Certamente, sem vocês, não teríamos a base sólida que nos mantém hoje, bem como Adriano KCarão, Rafael CP, Ricardo Lira, Ulisses Macedo, Alisson Caetano, Vinícius Moretti, Amancio Paladino, Bruno Marise, Bernardo Brum e tantos outros nomes que colaboraram com o site em maior ou menor nível de contribuição.

    Que venham muitos anos de vida. E textos emocionantes aqui gurizada. Valeu!

  4. Parabéns pessoal!
    Uma das melhores coisas de 2020 foi entrar para esse time! O aprendizado tem sido mais que essencial para a minha vida.
    Grande abraço!

  5. Meus parabéns ao site. Muito orgulho em fazer parte. E parabéns a todos que fizeram e fazem parte do crescimento da consultoria do rock! Que venham muitos e muitos anos pela frente

  6. Pessoal, parabéns!
    A primeira “revelação” que encontrei em suas páginas foi no artigo “A Little Respect: Elis Regina – Elis [1972]” do Mairon. Eu já quase sessentão só conhecia a obra da Elis a partir do álbum Falso Brilhante por causa dos 2 hits do Belchior.
    Foi uma surpresa encontrar o CD na Americanas por “10 Real”. Valeu demais.
    O artigo serviu também para demonstrar que vocês não se prendem só ao estilo hard/metal, como a maioria dos outros sites.

    1. Brigadão pelo comentário Valmir. Espero um dia resgatar a DC da Elis Regina. Legal saber isso. E qual sua opinião sobre o Elis de 72? O que mais você ouviu dela de antes do Falso Brilhante?

      1. Oi Mairon. Antes disso eu tinha ouvido só Upa Neguinho e Arrastão dos anos 60, Madalena de 71 e a própria Aguas de Março desse aí. Eu achava ela caretona demais. Mas a lenda de que ela era uma “startup” de carreiras de sucesso se confirmou a partir 72.
        Estarei atento se você publicar coisa semelhante.
        Abç.

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