Cinco Discos Para Conhecer: Bandas de hard rock de um disco só

Cinco Discos Para Conhecer: Bandas de hard rock de um disco só

Por André Kaminski

Ah, o hard rock… época de dinheiro farto, shows lotados, carrões, groupies, sexo, drogas, bebidas, quartos de hotéis destruídos e fama avassaladora… bem, isso tudo foi até verdade para muitas bandas que conseguiram chegar ao estrelato principalmente nos anos 80. Mas a verdade é a mesma do futebol: uns poucos privilegiados conseguem chegar aos clubes de ponta ganhando muito dinheiro, a imensa maioria mesmo joga em clubes pequenos ganhando salários baixos.

E uma coisa que é comum para a grande maioria dos sites é o foco em dar visibilidade aos grandes medalhões de sempre até porque, elas são as que geram mais views e comentários. Mas o nosso site, com a total liberdade que temos, sempre nos permitiu escrever sobre o que quisermos e como volta e meia faço, escrevo um pouco que seja sobre as bandas obscuras e discos esquecidos dos gêneros musicais que gosto. E lá vai mais uma listinha dessa vez de bandas ou músicos que lançaram um disco só no mercado hard rocker e depois nunca mais. Seja o motivo que for pelo qual não deu certo, há sempre muita coisa boa para se vasculhar na Série C e D do gênero. Vou mostrar o que achei nesses tempos.


Litterer – Rock this City [1987]

O Litterer surgiu na época de vacas gordas do estilo, em um período que o Guns N’ Roses despontava para o estrelato. Todavia, o grupo surgiu na pequena cidade de Charles City, no rural estado de Iowa, bem longe da ensolarada Los Angeles. Ela é formada por três irmãos e uma irmã Litterer e mais o guitarrista Brent Enstlund. Pelos poucos relatos que consegui, a banda tinha uma boa fama local ali por Iowa e nos estados vizinhos Dakota do Norte e do Sul, mas o fato é que eles nunca conseguiram alguma repercussão além das cenas locais da região. Eles chegaram ainda a lançar mais um compilado que incluía músicas antigas e algumas poucas gravações novas em 1995 mas de álbum de inéditas mesmo foi só esse. É um hard rock bem melódico, com um trabalho de guitarras muito bacana, mas talvez se tivessem caprichado mais na produção, era bem possível que pudessem ter mais sucesso já que as composições são de ótima qualidade mas sinto o som dos instrumentos um tanto quanto magrinho. Mas a última canção do disco, “City Lights”, é de longe a minha favorita. Ano passado eles até foram premiados com o “Iowa Rock and Roll Fame”. Ou seja, pelo menos no estado de nascença, eles são reis.

Membros: Tom Litterer (vocais, baixo), Steve Litterer (guitarra, backing vocals), Brent Estlund (guitarra, backing vocals), Carleen Litterer (teclados e backing vocals) e Dave Litterer (bateria).

Tracklist

  1. Ghost Town Park
  2. Rock This City
  3. Lost in Time
  4. No More Lies
  5. Romancing the Night
  6. Rock on Through the Night
  7. Broken Hearts
  8. High Roller
  9. City Lights

Heavy Bones – Heavy Bones [1992]

Detalhe para essa banda: foi a primeira e única vez que o famoso guitarrista Gary Huey tocou em um conjunto depois vindo a fazer uma carreira solo de sucesso principalmente nos anos 90. Há também o recém falecido baterista Frankie Banali, que havia deixado o Quiet Riot e o W.A.S.P. havia pouquíssimo tempo. O disco tem canções bem rápidas e pesadas tais como “The Hand that Feeds” e “The Light of Day”. Por sinal, percebe-se claramente que a principal influência dos caras foi um certo primeiro disco de uma banda que tinha um ruivo de vocalista. Chegaram a gravar um clipe para a canção “4:AM T.M.”. O disco é cheio de ideias e melodias até diferenciadas para o hard rock, mas o insucesso de seu principal single resultou no rompimento da banda ainda em 1992.

Membros: Joel Ellis (vocais), Gary Hoey (guitarra, violão, bandolim), Rex Tennyson (baixo, porém, quem gravou o instrumento no estúdio foi Scott Thunes, que já tocou com Frank Zappa e Steve Vai) e Frankie Banali (bateria).

Tracklist

  1. The Hand that Feeds
  2. 4:Am T.M.
  3. Turn it on
  4. Anna
  5. Dead End St.
  6. Where Eagles Fly
  7. Enormodome
  8. The Light of the Day
  9. Your Love Won’t Let me Down
  10. Beating Heart
  11. Summers in the Rain
  12. Where the Livin’ is Easy

The Original Sinners – Love or the Money [1992]

Uma banda britânica que soa bem como americana. Gostei principalmente do trabalho de baixo de Paul Ratcliffe, colocando intensidade e muita pegada na grande maioria das canções. Por sinal, é curioso como o baixo até se sobressai perante as guitarras em várias músicas. “Shoot it Up” e “She’s Getting Higher” são músicas sacolejantes ao melhor estilo do que o hard rock tem a oferecer. Eles terminaram a banda ainda nos anos 90 e chegaram a se reunir em 2011 para um show único. Segundo o vocalista Pete Stevens, os caras ainda mantém contato mas não há planos para um retorno. Mas este é um disco que eu recomendo principalmente para quem gosta de um excelente trabalho de baixo no hard rock.

Membros: Pete Stevens (vocais, violão 12 cordas, guitarra slide e harpa), Richard Elliot (guitarra), Dan Turner (guitarra), Paul Ratcliffe (baixo) e Dave Axeford (bateria).

Tracklist

  1. Shoot it Up
  2. 123 for Love
  3. Heartbreak Road
  4. Little Sister
  5. She’s Getting Higher
  6. Love or the Money
  7. Don’t Pray for Me
  8. Sailing on the 42C’s
  9. Push ‘n’ Shove
  10. Barbed Wire and Roses
  11. Don’t Need a Doctor

Frozen Heart – Heart of Stone [1993]

Uma desconhecida banda alemã que lançou este EP curtinho de 20 minutos. Percebo uma mistura de um AOR estilo Toto com uma pegada mais veloz tipo Foreigner. Segundo o baixista Pee Bonfert em um comentário no youtube, após este EP, eles acabaram a banda e se tornaram a banda Turn. Estranhamente neste mesmo youtube, o famoso compositor de trilhas para desenhos que trabalhou para o Cartoon Network e Nickelodeon chamado Michael Kohler alegou que a canção título soa como um plágio de algum trabalho seu e que ele escreveu as letras e melodias que a banda supostamente chupinhou. Vai saber… mas o disquinho me agrada bastante.

Membros: Rick Boyaci (vocais), Sorin Badin (guitarra), Pee Bonfert (baixo), Urs Haussener (teclado) e Mark Hall (bateria).

Tracklist

  1. The Best Has Yet to Come
  2. Heart of Stone
  3. Live Goes On
  4. Let the Music
  5. Still Believe in You

Ralph Santolla – Shaolin Monks in the Temple of Metal [2002]

Santolla foi bem conhecido principalmente na cena death metal principalmente por usar muito da técnica shredding em discos do Deicide e do Obituary. Também chegou a tocar ao vivo para o Death e para o Iced Earth, além de muitas participações em discos de várias bandas. Mas diferente do metal extremo, neste álbum ele toca muito mais como Steve Vai fazendo um hard rock mais pesado e instrumental com seu costumeiro shredding. Santolla guardou a sua melhor canção para o final e “What Might Have Been” que fecha o disco é a minha favorita. Infelizmente, ele nos deixou em 2018 devido a um ataque cardíaco.

Membros: Ralph Santolla (guitarra, teclado), Helge Engelke (guitarra), Vinny Burns (guitarra), Tere Bertle (baixo), Sean Gregory (baixo), Mark Prator (bateria).

  1. Red Baron
  2. Hot Rik’s
  3. The Creme de Menthe Incident
  4. Starlight
  5. Mightiness Part 1
  6. Sartori
  7. Echelon
  8. What Might Have Been

5 comentários sobre “Cinco Discos Para Conhecer: Bandas de hard rock de um disco só

    1. De fato, mas infelizmente o single deles não vingou. Curiosamente, Gary Hoey foi um dos pouquíssimos desses músicos de hard rock que enveredaram pela carreira solo que conseguiu emplacar algumas faixas nas Billboards da vida na década de 90.

  1. Grande André. Estava sumido daqui, mas li seu comentário lá no youtube e realmente eu tenho que voltar mais vezes, porque vocês nunca deixam de dar boas indicações e de ter um ótimo papo.
    Não encontrei todos os discos, mas vou dar minhas impressões dos que eu ouvi.
    Rock this city – Bem o que você falou, um hard rock competente que lembra um pouco o Guns. Gostei.
    Heavy Bones – Esse disco sozinho valeu a postagem. Que negócio bom! Na moral, me impressionou demais, até porque na década de 90 eu não conheço tanta gente que tocava hard rock e isso aqui é uma delícia. Periga eu viciar nesse albo.
    Shaolin Monks in the Temple of Metal – Gostei do disco, mas acho que faltou um vocalzin de leve. Com o tempo, o instrumental não se sustenta, na minha opinião. A vantagem é que ele é relativamente curto, o que compensa um pouco isso. Também achei ele mais metal do que hard rock em si.

    Me cobre mais vezes de voltar aqui, só quem ganha sou eu.
    Abraço a todos da Consultoria.

  2. Hey Elardenberg, finalmente retornaste ao nosso quintal. Sorte a nossa que você também é enxadrista como eu e te encontrei lá nas lives do GM Leitão.

    De fato, o Heavy Bones foi um desperdício. Numa época em que a paciência para o sucesso era pouca e, infelizmente, o ano já era de vacas magras para o estilo, acabou que passaram despercebidos. Mas sempre tem os catadores como eu para desenterrar umas obras que poucos ouviram.

    Abraços cara, volte sempre e quando eu te ver de novo lá pelas lives do Leitão, vou lá te encher o saco!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.