Sunroad – Heatstrokes [2019]

Sunroad – Heatstrokes [2019]

Por André Kaminski

Banda já das veteranas, formada em 1996 em Goiânia, o Sunroad já tem uma discografia grande, sendo este o sétimo registro de estúdio que conta ainda com mais um EP e um disco de compilação. Já tinha ouvido falar deles, mas nunca havia parado para ouvir um disco. Mas sei que no centro-oeste, são bem conhecidos na cena local. De acordo com os caras, eles estão em fase de transição de estilos, em que deixam o hard/heavy de outrora de lado para seguir numa linha mais hard/aor. De fato, conferi no youtube alguns de seus vídeos e a sonoridade passa de algo estilo Accept e Dr. Sin dos discos antigos para algo muito mais próximo do Foreigner e do Def Leppard com instrumental mais pesado. Normal, a idade avança e os gostos mudam. E a mudança nem foi algo tão radical assim.

A formação que gravou este Heatstrokes, lançado pela Som do Darma, conta com Andre Adonis (vocais e guitarra), Mayck Vieira (guitarra), P. Jordan (baixo) e Fred Mika (bateria). Este último, junto com o Andre Adonis (que já deixou o Sunroad, assim como o baixista P. Jordan), são os dois que compuseram o disco todo. É interessante que como não tenho base para comparar os trabalhos anteriores deles para este atual, chegarei conhecendo do zero aquilo que os caras produziram e agora conto o que achei da audição com algumas músicas que mais de destacaram.

Na primeira faixa, “Mind the Gap”, vejo que apesar de darem uma progressão de jeitão hard/aor, as guitarras ainda estão afinadas para riffs mais pesados. Mas as melodias estão lá, e o foco no refrão segue como manda a cartilha. Me surpreendi com a voz de Andre Adonis. O cara manda drives e agudos daqueles. Não são muitos que existem por aí com tais capacidades vocais. Porém, isso também pode não soar legal em certos pontos. Falarei mais sobre ao final da resenha.

P. Jordan (baixo), Andre Adonis (vocal, guitarra), Fred Mika (bateria) e Mayck Vieira (guitarra).

A segunda canção “Given and Taken” Warlley canta de uma maneira um tanto mais rasgada. Mas os drives estão lá em momentos-chave. Lembrou-me um pouco de Andi Deris no Pink Cream 69. A música segue veloz e o peso das guitarras acompanha junto. Já a terceira “Screaming Ghosts” a banda cadencia um pouco (mas só um pouco) e segue contando com um instrumental pesado e bem feito.

Na quinta canção, fiquei feliz por vir uma balada deu uma aliviada no disco boa no disco. “Empty Stage” é em minha opinião a melhor do disco. “Unleash the Heat”, a sexta música, adorei a parte rítmica da canção e como o vocal a acompanha, mas fiquei puto por ser muito curtinha e aí acaba emendando com a faixa título “Heatstrokes”, também com uma boa melodia principalmente nos refrãos e backing vocals.

Caras, vou mandar agora umas dicas a vocês: Andre é um baita vocalista, mas o problema do disco é que ele exagera demais nos drives e agudos. Mesmo em “Empty Stage” que é uma balada, há alguns momentos de agudos sem necessidade. Se ele cantasse toda a canção de forma mais contida, ela ia ficar ainda melhor. Peço ao Mika, o principal compositor (e creio eu, o líder da banda), para criar composições e melodias em que o novo vocal Warlley possa variar mais a sua voz, cantando algumas vezes em tons mais graves ou de maneira mais contida. Ou orientá-lo a fazer diferente. Em “Spellbound Age”, Adonis dá uma reduzida, mas é pouco e ainda assim conta com alguns agudos que já foram muito usados em canções antigas. Cansa um tanto o ouvinte. Em “Dare to Dream” ele canta versos de maneira mais grave. Usem mais deles e tantas outras maneiras de cantar.

Outra coisa que me deixou emputecido foi que vocês criaram uma melodia muito foda para “Unleash the Heat”, mas não a desenvolveram mais! Dois minutos é nada para aquela que poderia ser a melhor faixa do disco e uma candidata a clássica nos shows ao vivo. Nem que vocês plagiem a si mesmos, pega aquela canção e retrabalhe ela para um próximo lançamento porque ela é excelente! Seria um desperdício ver uma melodia tão legal parecendo que ficou incompleta!

E por fim, senti falta de pelo menos mais uma ou duas baladas. Para dar aquela baixada na intensidade necessária para se apreciar um bom hard/aor. Mika, abre esse coração e faz daquelas baladas bem mela cueca que o pessoal do aor adora. Journey e Whitesnake te inspirarão bastante na hora de compor.

Não tenho o que reclamar em relação ao instrumental e as letras. Todos vocês tocam muito e suas letras são ótimas.

Entendo que como falaram, é um disco de transição de estilos. É no geral um bom trabalho que fizeram, com alguns defeitos, mas que vejo que deram o sangue para sair algo bacana. Eu já curti a página de vocês no facebook e quero acompanhar a carreira de vocês e principalmente de olho no próximo lançamento, que imagino que continuarão nessa linha e ver o quanto evoluíram.

Tracklist

  1. Mind the Gap
  2. Given and Taken
  3. Screaming Ghosts
  4. Lick my Lips
  5. Empty Stage
  6. Unleash your Heat
  7. Heatstrokes
  8. Spellbound Age
  9. Overwhelmed
  10. Dare to Dream
Formação atual: Van Alexandre (baixo), Fred Mika (bateria), Warlley Oliveira (vocal, guitarra) e Mayck Vieira (guitarra).

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