Melhores de 2018: Por Davi Pascale

Melhores de 2018: Por Davi Pascale

Todo mundo com a mãozinha pra cima, vai… “Feliz aaaaano noooovo, adeeeus aaaano veeeeelho. Que tudo se realiiiize no aaano que vaiiii nasceeeer. Muito dinheiro no boooolso, saúúúde pra daaar e vendeeeer”. É com muita alegria que inauguro o ano de 2019 com a minha lista dos melhores álbuns do último ano. Sendo bem honesto, nos anos de 2016 e 2017, houve um numero maior de discos que me empolgaram. Mesmo assim, consegui fechar a lista com 10 álbuns que me cativaram de verdade. Como de costume, não me preocupei com tendências, revelações, nada dessas paradas. Simplesmente, escolhi aqueles trabalhos que mais me emocionaram. Há espaço para novatos e ícones. Há músicas sobre Deus e sobre o diabo. E, claro, recomendações bônus. Afinal, sempre falta alguma coisa e sempre tem aquele álbum que gostaria de colocar, mas sou obrigado a deixar de fora pelas regras. Enfim, confere aí que ficou bem interessante. Feliz ano novo, pessoal!!!!

Alice In Chains – Rainier Fog

É muito difícil uma banda retornar sem uma de suas figuras principais e se dar bem. Para muitos, quando Layne Staley foi encontrado morto em 2002, a história da banda se dava como encerrada. Contrariando a todos, os caras voltaram com tudo e demonstraram que ainda tinha muita lenha para queimar. Tanto que 13 anos após seu retorno, não apenas estamos falando deles, como os temos surgindo no topo de uma lista de melhores do ano. O álbum é Alice In Chains puro. Sem muitas inovações, a banda mantém suas características principais. Seguem os vocais dobrados, a sonoridade suja, melancólica. Em “Drone” vale prestar atenção na participação especial de Chris De Garmo (ex-Queensryche), mas os grandes destaques ficam mesmo por conta de “The One You Know”, “Rainier Frog”, “Fly”, “So Far Under” e “All I Am”. Disco honesto, extremamente forte e capaz de cativar até mesmo o fã mais rabugento.

Dead Daisies– Burn It Down

Uma das bandas mais legais dos últimos tempos. Um verdadeiro time de estrelas vindo com álbuns cada vez mais inspirados e entregando shows divertidíssimos. Burn It Down marca a estreia do lendário Deen Castronovo no grupo. Escolha acertadíssima. Tem tudo a ver com a pegada da banda. O novo trabalho apresenta aquele hard rock pesado com vocais fortes e riffs impactantes, que tanto esperamos deles, só que com uma dose extra de sujeira. Doug Aldrich e John Corabi continuam se sobressaindo. A ideia de criar releituras para clássicos do rock se mantêm (as escolhidas da vez foram “Bitch” do Rolling Stones e “Revolution” dos Beatles), mas é no material próprio onde realmente chamam a atenção. Ouçam faixas como “Rise Up”, “Burn It Down”, “Dead and Gone”, “Can´t Take It With You” e tirem suas próprias conclusões.

Nervosa – Downfall of Mankind

Sim, meus amiguinhos. O Davi também curte som paulada. Descobri o Nervosa anos atrás, através do Youtube, bem no início mesmo. Cheguei a comprar a demo delas na Galeria do Rock antes do primeiro álbum ser lançado. Por alguma razão, nunca conseguiram se acertar com uma baterista. Cada trabalho conta com um nome diferente. Luana Dametto chega substituindo Pitchu Ferraz. Não assisti essa formação ainda, mas no disco a menina mandou bem. O trio continua apostando na mescla entre thrash e death metal. De diferente, diria que as faixas estão um pouco mais diretas e com um pouco menos de solos de guitarra. É, certamente, seu trabalho mais pesado até aqui. Os riffs continuam se destacando, o vocal da Fernanda Lira está mais forte, a produção está matadora. Os momentos de destaques ficam por conta de “Enslave”, “…And Justice For Whom”, “Kill The Silence” e “Fear, Violence And Massacre”. Merecem o sucesso que estão fazendo! Palminhas para as garotas…

Slash featuring Miles Kennedy And The Conspirators– Living The Dream

Slash é um guitarrista que sempre chamou minha atenção. Embora costume cometer algumas gafes ao vivo, o cara tem um puta feeling, é um puta compositor, além de ser um baita figuraça. Miles Kennedy divide a opinião da galera, mas a real é que o cara, é sim, um bom cantor. Trabalho vocal está bem legal, por sinal. O CD é aquilo que esperamos do Slash. Hard rock na veia com riffs eletrizantes, linhas vocais bem desenvolvidas. A banda conseguiu criar sua própria sonoridade e Living The Dream vem para consolidar aquilo que seus fãs já conhecem. O que torna o disco tão especial, a ponto de entrar em uma lista dessas, é a qualidade das composições. “Serve You Right”, “Mind Your Manners”, “Read Between The Lines”, “Slow Grind” e “Sugar Cane” são mortais. O riff inicial de “Driving Rain” é animal também. Tão bom quanto Apocalyptic Love!

Animal Drive – Bite!

Descobri esses caras totalmente por acaso. Assisti um vídeo no Youtube, onde o vocalista Dino Jelusic fazia uma homenagem ao saudoso Ray Gillen, interpretando “The Last Time” do Badlands e fiquei impressionado com o cara cantando. Resolvi ir atrás do disco do cara e cheguei nessa banda. Esse é o primeiro trabalho deles. Fazia tempo que um álbum de estreia não chamava tanto a minha atenção. Cuidado com os comentários da internet. Muita gente colocando Dream Theater como referência principal. Até pego algumas quebradas de tempo que remetem a banda, mas são bem sutis. O negócio aqui é hard rock. Os garotos usam uma mixagem moderna, as guitarras possuem bastante peso, as linhas vocais de Dino remetem bastante ao David Coverdale. “Tower of Lies”, “Had Enough”, “Lights Of The Damned” e “Fade Away” se destacam. Recomendado aos fãs de Whitesnake, Skid Row e Jorn.

Paul McCartney – Egypt Station

Esse é um disco que dividiu opiniões. Teve gente que gostou, teve gente que odiou. Achei bem bacana. Sim, ainda gosto mais do New, mas mesmo assim achei o trabalho super bonito. O desenho da capa é uma velha pintura do próprio Paul. Algo que acho muito bacana no Paul é que o espírito dele não envelhece. O cara está sempre buscando novas referências. “Fuh You” e “Back in Brazil” (uma homenagem ao nosso país),embora não estejam entre minhas preferidas, sãos dois exemplos disso . No mais, o que temos é o velho Paul de sempre. Belas baladas como “I Don´t Know”, “Dominoes” e “Happy With You” (onde resgata seu violão, nos fazendo lembrar de seus tempos de Tug of War e Ram). E, é claro, alguns rocks bem bacaninhas, com sua marca registrada, como “Come On To Me”, “Hunt You Down” e a divertidíssima “Who Cares”. Certamente, não está no mesmo nível de seus clássicos, mas ainda assim trata-se de um trabalho bem interessante, bem pensado e muito bem desenvolvido. Bacana ver um músico de 76 anos na ativa e pensando pra frente.

Greta Van Fleet – Anthem Of The Peaceful Army

Cheguei a escrever uma resenha sobre esse álbum aqui no site e não foi por acaso. Esses garotos realmente têm chamado minha atenção. Esse papo de ‘a salvação do rock’, clichê que a imprensa ama, ajuda a inflar o ego dos haters, mas independente de qualquer coisa, trata-se de uma ótima banda. A garotada toca bem, as músicas são muito boas e, mais do que isso, possuem um belo vocalista. Joshua Kizska é muito criticado por seus trejeitos àla Robert Plant e pouco lembrado por sua potência vocal. O moleque canta alto pra cacete. Sim, ele continua soando como uma mistura entre Geddy Lee e Plant. Sim, a garotada continua ouvindo Led adoidado, que o diga a levada de bateria em “The Cold Wind”, mas a meninada sabe compor. “When The Curtain Falls”, “Lover, Leaver (Taker, Believer)” e “Mountain Of The Sun” são grandes canções. Banda bacana, disco bacana. Fico feliz com o destaque que vêm recebendo. Podem não ser a banda mais original do mundo, mas possuem qualidade. Que venham mais Greta Van Fleets em um futuro próximo.

Stryper – God Damn Evil

Essa foi a banda que me fez perder o preconceito com as bandas de rock religiosas. Depois que assisti ao VHS Live In Japan e ouvi o álbum Against The Law resolvi olhar com mais atenção para essa moçada. Isso já tem um bom tempo, já. Acabei descobrindo grupos bem interessantes, mas até hoje o Stryper é minha banda favorita dentro desse segmento. Sempre gostei muito do Michael Sweet. O cara canta muito e toca guitarra pra cacete. God Damn Evil é Stryper clássico. Ou seja, aquela sonoridade hard/heavy com refrãos grudentos e sem espaço para modernidades. Particularmente, não gostei muito de “Take It To The Cross”, a responsável por abrir o CD, achei o refrão estranho. Entretanto, a partir da segunda faixa, o disco segue em alto nível. “Lost” traz Michael Sweet resgatando seus velhos agudos. “Sorry”, “God Damn Evil” e “The Devil Doesn´t Live Here” têm de tudo para se tornarem novos clássicos do conjunto. “Sea Of Thieves” e “Own Up” se destacam com bons riffs. “Can´t Live Without Your Love” é uma balada bem legalzinha. Trabalho super bem feito e totalmente empolgante.

Red Dragon Cartel – Patina

Sinto, haters, mas os caras não patinaram. Sei que vocês estavam torcendo por isso para transformar o nome do álbum em piadas àla Zorra Total, mas não foi dessa vez. A trupe liderada por Jake E Lee mandou muito bem. Patina traz uma mixagem mais moderna, por vezes resvalando no grunge, e o resultado final é super positivo. O novo álbum é bem superior ao debut. Soa mais como um trabalho de banda. Darren James Smith fez um trabalho bem seguro. Jake E Lee continua brilhando com seus riffs bluesy. A cozinha de Phil Varone e Anthony Esposito é eficaz. E o repertório é animal. “Speedbag” e “Havana” levantam até defunto. A linha vocal dos versos de “Speedbag” me remeteu bastante ao Badlands. Aliás, se você curtia a banda de Ray Gillen, repare nos riffs que o Jake e Lee criou nesse disco. Vários poderiam ter sido usados quando fazia parte da banda. Contudo, como já disse, a sonoridade do álbum é moderna. Essas referências irão aparecer um trecho aqui, outro trecho ali… “The Luxury of Breathe” é sonzaço. “Bitter” é a exceção do disco. Um hard rock mais cru com uma veia meio 70´s. Muito boa também! Também curti bastante “Ink & Water” que conta com um refrão bem bacaninha. Sonoridade moderna, pesada e cativante. Vale uma checada.

Angra – Omni

O Angra segue adiante e inicia uma nova fase. A cobrança vai ser grande. Esses caras deram uma nova cara à cena metálica brasileira na década de 90. Sem contar que fizeram álbuns bem marcantes dentro do movimento. A situação se complica ainda mais com a saída do emblemático e talentoso Kiko Loureiro. A “sorte” deles é que o time é extremamente talentoso. E, sim, eles têm de tudo para firmarem uma terceira geração do Angra, como tanto deseja, Rafael Bittencourt. A produção de Jens Bogren deixou a sonoridade mais pesada, mais sombria, de certa forma, mas não descaracterizou o som do grupo. De um modo geral, os músicos continuam destilando seu power metal cruzado com prog e influência de musica brasileira (mais perceptível em faixas como “The Caveman”). O repertório é excelente. “Lights of Transcedence”, “Travelers of Time”, “Insania” e “Magic Mirror” são grandes canções. Fabio Lione e Bruno Valverde estão mais à vontade, a escolha de Marcelo Barbosa (Almah) foi acertada. Enfim, puta disco! Seu melhor trabalho desde Temple of Shadows.

Mais alguns álbuns para ficar ligado…

Foreigner – With The 21st Century Symphony Orchestra & Chorus:

Tudo bem que o Foreigner fazendo trabalho ao vivo já deixou de ser novidade há algum tempo, mas a verdade é que o show está foda. Os arranjos da orquestra casaram bem na sonoridade do grupo. O trabalho está muito bem gravado, a execução é impecável e Kelly Hansen está cantando muito. No repertório, todos os clássicos como “Double Vision”, “Cold As Ice”, “Jukebox Hero”, “Waiting For a Girl Like You” e “I Want To Know What Love Is” se fazem presente. Outra que gosto bastante é “Say You Will”. Recomendado!

Saxon – Thunderbolt:

O Saxon segue firme e forte. Sempre gravando, sempre excursionando. É verdade que já lançaram alguns trabalhos medianos, mas quando acerta, ninguém segura. Temos aqui, o Saxon em plena forma. Disco pesado e empolgante. Trabalho onde misturam elementos épicos dentro do seu heavy tradicional. Biff Byford, ao que aparenta, está com a voz forte ainda, os riffs são super bem construídos,  está tudo na dose certa. “Thunderbolt”, “Nosferatu”, “Sniper” e “A Wizards Tale” são minhas favoritas. Dentro dos medalhões do metal, esse foi o que mais me chamou a atenção esse ano.

L.A. Guns – Made In Milan:

A mais nova formação do L.A. Guns soltou um novo trabalho ao vivo. O setlist traz algumas musicas de seus trabalhos mais recentes, mas o foco são seus grandes clássicos como “Sex Action”, “Kiss My Love Goodbye”, “Rip & Tear” e “The Ballad of Jayne”. Os músicos também nos presenteiam com um som de seu próximo trabalho, a ótima “Speed”. A banda está pegando fogo, o registro é bem honesto, aparentemente sem overdubs. Phil Lewis ainda canta muito e Tracii Guns é um monstro. Showzaço!

Autoramas – Libido:

Sempre gostei do trabalho realizado pelo Autoramas. E, para minha alegria, a cantora Erika Martins (outra artista que admiro) uniu-se aos garotos em 2015 e deu uma nova cara à banda. Libido diferencia-se dos outros álbuns por trazer seu conteúdo misturando português e inglês dividido irmanamente (embora o grupo tenha um forte publico no exterior, as canções em português sempre predominaram). A essência continua intacta. Mistura de vozes masculinas e femininas dentro da sonoridade rock de garagem bubblegum com elementos de Jovem Guarda. “Stressed Out e “Sofas, Armchairs & Chairs” são os destaques.

Sepultura – Above The Remains:

Esse é um lançamento histórico. Trata-se de uma apresentação na Alemanha na fase do Beneath The Remains. Ou seja, é justamente o momento onde começam a fortalecer o nome da banda. O som é bom, se levarmos em conta a época e o fato de ser um registro sem retoques. A performance, ainda que não seja perfeita tecnicamente falando, é intensa e traz um set avassalador. 8 sons de porradaria pura. Lançado em uma limitadíssima tiragem em LP, trata-se de um ítem obrigatório entre os grandes admiradores da banda.

Roger Daltrey – As Long As I Have You:              

Esse disco é fantástico! Só ficou que de fora da lista oficial porque é focado em covers e pelas nossas regras, não poderia entrar. Caso contrário, estaria entre os primeiros colocados. A voz do The Who relembra aqui algumas músicas que marcaram sua vida. Compositores do porte de Stephen Stills, Stevie Wonder, Nick Cave… Há algumas (poucas e ótimas) faixas inéditas, além da participação mais do que especial de Pete Townshend, seu velho parceiro do The Who, nesse trabalho que traz uma grande influência da soul music e a melhor interpretação vocal de Roger Daltrey em anos.

Como diria, nosso amiguinho, Gaguinho: “I-i-i-i-i-isso é tu-tu-tu-tu-tudo, pe-pe-pe-pe-pessoal!!!”. E, mais uma vez, feliz 2019!!!

6 comentários sobre “Melhores de 2018: Por Davi Pascale

  1. Esse do Animal Drive – Bite! É fenomenal. Eu descobri a primeira música deles num canal do YouTube. Theniceguy2210.

  2. Alice in Chains me passou batido este ano. Bom eu ir conferir. Quanto ao Red Dragon Cartel, eu gosto muito de Jake E. Lee mas achei o disco anterior um pouco insosso. Mas só de me lembrar de suas guitarras com Ozzy e com o Badlands eu tenho certeza que ele merece mais atenção de quem quer que seja.

    1. Fala André…

      Tb gosto muito do Jake E Lee. O cara é um belo guitarrista. Particularmente, gostei mais desse álbum do que do debut. Acho que vale uma checada.

      Já que você gosta dele, caso ainda não conheça, vale uma checada no Retraced. Um álbum de covers que ele lançou em 2005, se não me engano, que tem uma sonoridade bem blues rock. Ele gravou Cactus, Montrose, Robin Trower… O disco tem um puta som.

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