Discografias Comentadas: Supertramp (Parte 1)

Discografias Comentadas: Supertramp (Parte 1)

Por Mairon Machado

Formado no ano de 1969 através de um anúncio do pianista e vocalista Rick Davies (ex-The Joint) no famoso semanário inglês Melody Maker, o Supertramp conquistou o mundo na década de 70 com um pop progressivo de alta qualidade, embalado por grandes clássicos que até hoje tocam nas rádios, e consolidado por uma das formações mais emblemáticas do mundo da música.

Essa Discografia Comentada do grupo britânico irá ser dividida em duas partes. A primeira abrange os sete discos lançados entre a primeira formação da banda e a saída de um de seus principais membros, Roger Hodgson. A segunda, em quinze dias, trará os álbuns lançados pelo grupo pós-saída de Hodgson.

Supertramp [1970]

Lançado em julho de 1970, a estreia do Supertramp é uma joia da psicodelia inglesa. A formação do grupo consistia em um quarteto, tendo como pilares o piano e o vocal de Davies (que também nessa época ainda tocava hammond, harmônica e o violão), baixo (sim, baixo) e o vocal de Roger Hodgson (que também toca violoncelo e flajolé), na companhia de Richard Palmer (guitarras, balalaika, vocais) e Robert Millar (bateria, harmônica). Supertramp é um álbum muito distinto na discografia da banda, mas não tem um fator importante, que irá surgir e se repetir em todos os discos dessa primeira parte, que é a divisão vocal das músicasentre Davies e Hodgson. O predomínio dos vocais é de Hodgson, e assim como seus vocais, o disco também exala uma atmosfera jazzy fundamentada na guitarra e no órgão. A única faixa que há divisão de vocais entre Davies e Hodgson é a pegadaça “Nothing To Show”, uma pancada com o baixão de Hodgson e o órgão de Davies espancando a cara do ouvinte através do ritmo de Millar e Palmer, e com uma grandiosa jam session na qual afloram inspirações no órgão e na guitarra. “It’s a Long Road” é um som psicodélico levado pelo órgão de Rick, assim como “Shadow Song”, faixa flower-power onde podemos ouvir o flajolé com destaque. As leves “Surely”, com linda participação do Hammond, e “Words Unspoken”, guiada pela guitarra de Palmer e com o marcante vocal de Hodgson, são as únicas que contém elementos mais conhecidos para os apreciadores da banda na fase “The Logical Song”, assim como a baladaça “Aubade And I Am Not Like Other Birds of Prey”, com uma sensacional execução de Roger ao baixo, e onde percebe-se os dedilhados de violão que iriam ser um dos responsáveis por consagrar a banda anos depois. Para quem curte explorações instrumentais, delicie-se com “Maybe I’m a Beggar”, um show de guitarras, órgão, vocalizações (divididas entre Hodgson e Palmer), para sair cantando pela casa, e a épica “Try Again”, treze enlouquecedores minutos de um arranjo musical soberbo, e com uma jam session arrepiante, onde podemos conferir um pouco das habilidades de Hodgson ao baixo, e tendo a guitarra de Palmer como principal instrumento. Não posso esquecer da leve “Home Again”, apenas com voz, guitarra e violão, e da vinheta “Surely”, que pouco acrescentam à um disco impecável, talentosissimamente resenhado pelo meu amigo Ronaldo Rodrigues nesse link, e que vendeu muito pouco em sua primeira tiragem. Somente em 1977, com um relançamento americano, é que o mundo veio a realmente conhecer uma obra seminal dos ingleses. Como uma última curiosidade, foi gravado em apenas nove sessões, todas da meia-noite às 6 da manhã, como uma forma de superstição do grupo.

A trupe chegou a participar da edição do Festival da Ilha de Wight de 1970, já com o flautista Dave Winthrop. No mesmo festival que se apresentou The Who, The Doors, entre outros, o Supertramp abriu a segunda noite de espetáculos. Mas ainda naquele ano Palmer discutiu com Hodgson e se mandou para escrever as letras do King Crimson, enquanto Millar teve um colapso nervoso durante uma turnê na Noruega, desmontando a banda. A dupla remanescente, Hodgson e Davies, junto com Winthrop, reformulou o grupo no ano seguinte, e criou outro álbum igualmente excelente.

A primeira formação do Supertramp, adicionada do flautista Dave Winthrop. Rick Davies, Roger Hodgson, Richard Palmer, Frank Miller e Winthrop (L to R)

Indelibly Stamped [1971]

A nova formação contava agora com Davies, Winthrop, Hodgson (assumindo as guitarras),  Kevin Currie (bateria) e Frank Farrell (baixo). Lançado em junho de 1971, é um dos melhores trabalhos dos britânicos, ainda bastante usuário de elementos psicodélicos. Aqui os vocais de Davies estão predominantes, começando pelo boogie inicial de “Your Poppa Don’t Mind”, destacando o baixo de Farrell e o solo de piano elétrico, passando por “Coming Home to See You”, balada ao piano que transforma-se em um bluegrass instrumental de primeira, o rockzão de “Remember”, a primeira participação do saxofone em uma música dos britânicos, e também com um exímio solo de harmônica por Davies, e a dançante “Friend in Need”, contendo boas vocalizações.  “Forever” e “Times Have Changed”, ambas com Davies nos vocais, são canções representativas do que irá se tornar o Supertramp anos depois, levadas pelo piano e pelo vocal de Davies em baladas emotivas e tocantes. Falando em baladas, “Rosie Had Everything Planned” também é representante desse estilo, com um belo solo de acordeão por Farrell, e tendo Hodgson ao baixo e vocal. As outras duas canções com Hodgson no vocal são “Travelled”, com sua linda introdução apenas com flauta e violão, e sofrendo uma transformação surpreendente, para um rock sessentista muito bom, e a sensacional “Aries”, obra seminal da carreira da banda conduzida pelos violões, a voz de Hodgson e uma alucinante flauta, bem como uma leve percussão e intervenções do piano elétrico, em um clima de luau que dura perfeitos 7 minutos. Winthrop também dá o ar da graça no posto de vocalista principal, mandando ver em “Potter”, faixa com uma pegada na linha The Band, e com ótima participação da guitarra. Como seu antecessor, vendeu muito pouco no seu lançamento, mas a partir do crescimento da banda, ganhou fama, chegando a conquistar ouro no Canadá e na França. Aos colecionadores, a versão original americana possui os bicos dos seios da mulher tapados com estrelas. Edição essa que é uma raridade hoje em dia.

Davies estava convencido de que sua ideia musical era correta, mas talvez os nomes não fossem os apropriados. Então, reformulou o grupo mais uma vez, substituindo a cozinha por dois músicos não ingleses: o americano Bob Siebenberg (bateria, vocais, na época grifado como Bob C. Benberg) e o escocês Dougie Thomson (baixo), o último ex-The Alan Bowl Set, assim como John Anthony Helliwell, o novo saxofonista, flautista, clarinetista, backing vocals, instrumentos de sopro diversos, e o responsável por dar o toque final para a criação de uma das mais importantes formações do rock mundial.

Supertramp em 1972: Dave WInthrop, Roger Hodgson, Frank Farrell, Rick Davies e Kevin Currie

Crime of the Century [1974]

A partir daqui, os britânicos encontram a fórmula do sucesso, e passam a ter a mais importante característica do grupo: a divisão dos vocais. Com Davies, percebe-se um crescimento na interpretação. Ele é responsável pela leve “Asylum”, com a presença do piano elétrico em evidência, o jazz “Bloody Well Right”, com Hodgson desfilando seus dotes no wah-wah. Já Hodgson emociona através de “Hide in Your Shell”, comprovando que além de um ótimo guitarrista também é um exímio pianista e um talentoso vocalista – a dose de emoção que ele atribui à essa faixa, junto com vocalizações muito bem encaixadas, feitas por Christine Helliwell, Scott Gorham e Vicky Siebenberg, é arrepiante – , arrasar corações na suave “If Everyone Is Listening”, e comandar o clássico “School”, faixa que abre o disco de forma brilhante, através de um riff de harmônica que talvez seja o mais conhecido desse instrumento, e que rapidamente tornou-se essencial em todos os shows da banda a partir de então. E deixou para a história musical o primeiro grande sucesso do grupo, “Dreamer”, faixa comum, pop ao extremo, com o piano Wurlitzer fazendo a primeira e mais importante participação dentre as obras do grupo, mas particularmente, considero a faixa mais fraca do disco, apesar de seu single ter chegado na 13a posição no Reino Unido. Já as que considero as melhores faixas são a própria faixa-título, interpretação arregaçante nos vocais e no piano, por parte de Davies, com um crescendo de chorar, e a sensacional “Rudy”, uma Maravilha Prog (perdida pela Uol …) com Davies fazendo misérias ao piano, Helliweel dando uma contribuição incrível com o saxofone, Hodgson estraçalhando com a guitarra e um duelo vocal Hodgson / Davies de tirar o fôlego. Meus colegas consultores e eu comentamos um pouco mais sobre este que é terceira posição dos melhores do grupo em minha opinião, aqui. Chegou entre os 10 mais no Reino Unido (quarta posição), e ficou entre os 40 mais nos Estados Unidos, onde ganhou ouro e o single de “Bloody Well Right” chegou na posição 35.

Crisis? What Crisis? [1975]

Depois do sucesso de Crime of the Century, e uma longa turnê pela Europa e América do Norte, seria difícil manter o alto nível de qualidade musical que havia sido criado em 1974. Não que Crisis? What Crisis? Seja um álbum fraco, mas como é apoiado em canções que ficaram de fora de seu antecessor (para se ter ideia, o Supertramp registrou 42 faixas durante as gravações de Crime of the Century, e só lançou 8), já temos uma ideia do que vem pela frente. Um álbum com poucas inspirações progressivas, mas que continua com a democratização das divisões vocais. Para Davies, ficou a responsabilidade de comandar a jazzística “Ain’t Nobody But Me”, o grande sucesso do disco, com ótima participação da guitarra de Hodgson, o ritmo acelerado de “Another Man’s Woman”, também com importante presença da guitarra, e com um show a parte de Davies ao piano, além de utilizar o Wurlitzer durante a leve “Poor Boy”. E que lindo solo de clarinete! Já Hodgson usa o violão e a guitarra para estabelecer suas composições e seus vocais, destacando “Sister Moonshine” como a sua principal canção do álbum, utilizando novamente o flajolé, comandando o dedilhado de “The Meaning”, melhor canção do disco, relembrando bastante os primeiros álbum, e criando as bonitas “Easy Does It” e “Two Of Us”, garantia certa de romance com o (a) companheiro (a). Hodgson também faz a prima nova de “Dreamer”, usufruindo do Wurlitzer durante “Lady”. Longe das cordas elétricas, faz até as paredes chorar ao piano elétrico durante a linda “A Soapbox Opera”, fácil uma das melhores do LP, contando com a presença de sintetizadores imitando cordas, o que ocorre também na romântica “Just A Normal Day”, essa tendo ambos dividindo os vocais. Foi o primeiro disco do Supertramp registrado nos Estados Unidos, o qual virou a sede do Supertramp a partir de então. Ficou apenas entre os 20 melhores no Reino Unido, e não atingiu se quer os 40 mais vendidos nos Estados Unidos, mas como disse, não é um disco desprezível. Apenas teve a infelicidade de ser lançado após uma obra-prima, e pior, antes do melhor disco da banda!

A formação clássica: John Helliwell, Bob Siebenberg, Rick Davies, Roger Hodgson e Dougie Thomson

Even in the Quietest Moments … [1977]

É o álbum que coloca-os novamente nas paradas britânicas e americanas, fazendo uma mistura soberba de baladas pop com pinceladas progressivas, comandado pelo hit “Give a Little Bit”, faixa dançante levada pelo violão e voz de Hodgson, como só o Supertramp sabe fazer, destacando o solo de saxofone por Helliwell, e que está frequentemente nas rádios até hoje. Hodgson é a voz na linda faixa título, onde o trabalho de Helliwell é digno de nota. Davies canta o jazz suave de “Lover Boy”, com as vocalizações já características e um bonito solo de guitarra, e comanda sozinho, com voz e piano, a sensacional “Downstream”, uma dedicatória de amor perfeita para esses dias de inverno, gravada ao vivo no estúdio em uma única tomada. O ápice do LP vai para seu lado B, um dos melhores de todos os tempos, começando por “Babaji”, emotiva canção cantada por Hodgson e com Helliwell também marcando presença em seu solo. Depois, temos “From Now On”, super balada comandada por Davies ao piano e voz, com um encerramento em crescendo fascinante, e o saxofone de Helliwell novamente sendo grande atração. Por fim, a melhor canção dos britânicos, a mini-suíte “Fool’s Overture”, uma faixa espetacular, onde o quinteto faz valer sua criatividade de composição, entregando algo complexo, admirável, inesquecível e responsável por fazer com que muitos críticos e jornalistas classifiquem a banda como progressiva, já que ela realmente é uma Maravilha Prog (Uol, cadê essa matéria?). A importância de “Fool’s Overture” é tamanha para o álbum que a capa de Even in the Quietest Moments … destaca um Grand Piano na neve, com a partitura da canção. O disco – único da formação clássica a não contar com a participação do piano Wurlitzer – chegou na décima sexta posição nos Estados Unidos (décimo segundo no Reino Unido), e foi o primeiro LP do grupo a conquistar ouro na América (mais de quinhentas mil cópias vendidas). Foi primeiro em vendas na Alemanha e Canadá, segundo na Nova Zelândia e terceiro na Noruega, ampliando o nome do grupo por todo o planeta.

Breakfast in America [1979]

Aqui finalmente o Supertramp entra no Hall das Grandes Bandas de Todos os Tempos, e se entrega ao mundo Pop, com o Wurlitzer voltando à tona, comandando as principais faixas e consolidando o som próprio da banda. Platina quádrupla nos Estados Unidos (EUA), é até hoje o álbum mais bem sucedido da banda, tendo vendido mais de 20 milhões de cópias. Só as clássicas “Goodbye Stranger”, “Take the Long Way Home”, “The Logical Song”, e a faixa-título já fazem o álbum merecer os grandes números que atingiu, pois se tornaram singles de muito sucesso. “Goodbye Stranger”, cantada por Davies e com um refrão marcante entoado por Davies e Hodgson, além do Wurlitzer puxar o riff, atingiu a quinta posição no Canadá e a décima quinta nos EUA. “Take the Long Way Home” é cantada por Hodgson, resgata a presença da harmônica, e também quinto no Canadá, décimo nos EUA, e não lançado no Reino Unido. “The Logical Song” foi número 1 no Canadá, 6 nos EUA e 7 no Reino Unido. Foi a canção que me apresentou ao grupo – ainda hoje tenho grande apreço por ela, apesar de considerá-la uma das mais fracas do disco. “Breakfast in America” ficou em nono no Reino Unido. Essa última possui a participação de Slyde Hyde na tuba e no trombone, e é um Pop direto, grudento, mas muito bom. Escondida nos sulcos de um disco praticamente perfeito, a obra-prima “Child of Vision” é uma perfeita faixa progressiva, disparada a melhor música do LP, cantada por Hodgson e Davies, comandada pelo Wurlitzer e com um longo trecho instrumental onde o solo de piano por Davies é de se aplaudir em pé. Wurlizer também marcante em “Just Another Nervous Wreck”, onde a guitarra também aparece em destaque. Tem-se a força de “Gone Hollywood”, pancada que abre o disco, cantada por Davies acompanhado de fortes vocalizações e fundamental presença do saxofone, e “Lord Is It Mine”, rara faixa com Hodgson ao piano, e forte candidata a melhor balada cantada por ele. Fechando, a simplicidade de “Oh Darling”, mais uma faixa suave com o Wurlitzer em destaque, cantada por Davies, e “Casual Conversations” para tornar o recheio do LP ainda mais gostoso, e deixar nossos ouvidos satisfeitos com um marco musical sendo transmitido. Algo que chama bastante a atenção é a participação de Helliwell, cada vez mais importante para caracterizar a sonoridade do Supertramp, e que em especial em Breakfast in America, talvez seja sua melhor performance. Primeiro lugar em vendas na Austrália, Áustria, Alemanha, Canadá, Espanha, Nova Zelândia, Noruega e Suécia, segundo na Suécia e Japão (o mais novo mercado conquistado pelo quinteto até então) e terceiro na Itália e Reino Unido. O mundo estava sob os pés dos britânicos.

Da turnê de divulgação desse álbum, saiu Paris (1980), um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos, e que só atesta a importância de Crime of the Century, já que sete das oito faixas do LP estão registradas nele. Aliás, falando em França, Breakfast in America é até hoje um dos cinco discos mais vendidos em todos os tempos naquele país. O single de “Dreamer”, retirado desse álbum, foi sucesso no Canadá e Estados Unidos. O álbum também contém “You Started Laughing”, faixa lançada somente como lado B do single de “Lady”. O DVD de Paris foi lançado somente em 2012, sob o nome Live in Paris ’79. As coisas já não andavam bem entre os membros do grupo. Hodgson havia abandonado Los Angeles, indo viver nas montanhas do Norte da Califórnia, e isso acabou gerando um grande empecilho para compor o novo álbum, que veio a sair somente em 1982.

“… Famous Last Words …” [1982]

Hodgson queria seguir uma linha próxima ao pop, enquanto Davies queria voltar ao progressivo. Morando longe um do outro, não haviam como se acertar na decisão do que compor. Assim, nasce um disco que atingiu a quinta posição nos Estados Unidos, sexta no Reino Unido. “Crazy” abre os trabalhos com uma interpretação magistral de Hodgson nos vocais. Ele também emociona com sua voz, acompanhado apenas do violão de 12 cordas, nas belas “C’est le Bon” (essa ainda com um leve órgão hammond, saxofone, baixo e percussão) e “Know Who You Are”. Acima de todas, é o responsável pela melhor faixa do álbum, e uma das melhores do grupo, a estonteante pancada “Don’t Leave Me Now”, indescritível com palavras, e que em 6:35 minutos, faz estátuas chorarem de tristeza, tamanha dramaticidade vocal e crescendo musical criado pela banda, e a harmônica servindo como um símbolo triste da despedida de Hodgson. O piano Wurlitzer e a harmônica são as atrações da quase gospel “Put On Your Old Brown Shoes”, cantada por Davies, que também é responsável pela suave “Bonnie”, uma de suas baladas mais bonitas ao piano, com um trecho instrumental marcante, e do protótipo prog de “Waiting So Long”, outra bela faixa, que sofre uma mudança de ritmo surpreendente ao longo de seus quase sete minutos (e que solo de guitarra feito por Hodgson!). Com o início da Era MTV, o Supertramp investe também em clipes, deixando o legado dos sucessos “My Kind of Lady”, balada no estilo anos 50/60, tendo o vídeo todo em preto e branco, um magistral solo de saxofone e um dos raros momentos de Davies sem barba, e a história de amor de “It’s Raining Again“, faixa pop e grudenta, comanda pelo saxofone, e que fez bastante sucesso aqui no Brasil. Vale ressaltar a presença das líderes do Heart, Ann e Nancy Wilson, como vocais de apoio em “C’est le Bon” e “Put On Your Old Brown Shoes”. Discaço do início ao fim, que perde no detalhe para Even in The Quietest Moments … como melhor do quinteto, apesar de já saber que levarei pedras por isso.

O adeus oficial de Hodgson foi registrada no maravilhoso VHS (hoje DVD) Live in Germany, essencial para entender o papel do músico no Supertramp. Em quinze dias, veremos como o Supertramp sobreviveu sem a ausência de um de seus principais membros, com os últimos quatro álbuns da banda até então.

16 comentários sobre “Discografias Comentadas: Supertramp (Parte 1)

  1. Falar do Supertramp é falar de uma das maiores bandas que o mundo já conheceu. Supertramp foi uma banda que eu conheci através do meu pai, por conta do disco Even in the Quietest Moments, que tinha o hit “Give a Little Bit” e a inesquecível “Fools Overture” (eu ainda era pequeno). Mas foi só o tempo passar para eu começar a vasculhar a fundo a obra do grupo, mais precisamente a fase clássica, com Crime of the Century (“Hide in your Shell” é de chorar de tão linda). Daí a coisa começou a evoluir, “Crisis? What Crisis?” não me deixou boas impressões no começo, mas depois passei a venerar este trabalho de 1975.

    Porém, o disco da banda que mais me impressionou e que até hoje continua a me impressionar por sua riqueza musical, foi mesmo Breakfast in America, que eu considero como o melhor disco deles musicalmente falando, também por ter sido o mais vendido comercialmente (mais de 30 milhões de cópias) e por conter os maiores hits da carreira da banda. Várias canções me soaram familiares durante a audição (“The Logical Song” por exemplo), pelo fato de eu ter conhecido-as antes de ouvir o álbum integralmente, mas o melhor foi ouvir este disco de cabo a rabo, que ia muito além das músicas conhecidas.

    Já o Famous Last Words ficou marcado como o fim da banda, com a saída de Roger Hodgson (que hoje está em carreira solo fazendo shows mundo afora). Mas mesmo assim é um baita clássico, meio que esquecido pelos fãs, e que contém grandes canções como “My Kind of Lady” e “It’s Raining Again”. Não curto muito os próximos do Supertramp pós-Hodgson e os dois primeiros discos, mas respeito os fãs que gostam de tudo que a banda lançou, incluindo os 5 discos da fase clássica que são os meus prediletos deles.

      1. Tenho 28 anos de idade e fui apresentado ao Supertramp aos sete anos, através do meu pai que tinha o LP “Even in the Quietest Moments”.

  2. Um detalhe: a banda lançou um single, antes do lançamento de Crime of the Century, com as músicas Land Ho e Summer Romance. Que eu saiba essas músicas não estão em nenhum disco, com exceção de Land Ho que saiu na coletânea Retrospectacle (The Supertramp Anthology) em 2005

  3. Só consegui ler agora seu texto Mairon!!
    Parabéns!!!
    Apesar de ser conhecida sua predileção pelo …Famous Last Worlds… (em mais um dos exemplos de opiniões para gerar polêmica em que vc é especialista) vc conseguiu trazer em palavras a importância de cada um dos discos apresentados. Á exemplo do Igor meu preferido é o Breakfast in America e os dois primeiros eu ouvi muito pouco.
    No aguardo da segunda parte

    1. Valeu Fernando. O Famous é um baita disco. Não é o melhor, pq o que foi feito no Even in the Quietest Moments é de tirar o chapéu, mas é um baita disco. E com faixas do nível de “Don’t Leave Me Now” e “Crazy”, é difícil não gostar dele!!

    2. Bem-vindo ao meu time, meu amigo! Breakfast in America é realmente uma obra-prima impecável, daquelas de se levar á uma ilha deserta com mais outros nove discos de preferência pessoal, para ouvir sempre. Valeu!

  4. Esperando a parte 2, apesar do melhor já ter sido apresentado nessa parte 1. O Roger fez uma falta danada para o Supertramp.
    Sugestão: Discografia comentada do Cheap Trick.
    Cumprimentos ao pessoal do site!

  5. Mairon. Excelente a matéria do Supertramp. Correção apenas na legenda da imagem da formação clássica (3a foto do grupo), na qual, as identificações de Roger Hodgson e Doug Thomson estão invertidas.
    Tem um disco que fizeram pra trilha sonora de um filme (se não me engano em 1973), entitulada “Extremes”. Teria informações?
    Na 2a matéria a ser ainda publicada, os discos solos do RHodgson serão contemplados?
    Agradecimentos enormes aos que tornam (vocês!!) esse blog uma realidade de bom gosto musical e diversidade inteligente de conceitos e opiniões.

    1. Olá Pergaminho, obrigado pela correção. Já foi feita (foi um equívoco meu). Não abordarei os discos solos de Hodgson, desculpe. Sobre Extremes, foram usadas apenas três canções, “Words Unspoken”, “Surely” e “Am I Not Like Other Birds Of Prey”, por isso não inclui citação no texto. Abraços

  6. Grande banda!
    Seu estilo único faz falta na musica atual. Even in the Quietest Moments é o meu predileto!
    Parabéns pelo texto!

  7. Excelente texto!
    Apenas observando que os vocais no primeiro disco “Supertramp 1970”,foram divididos entre Richard Palmer e Hogson,em especial em “Shadow Song”,sendo a participação do Rick Davies mais instrumental do que vocal.

    Parabéns!

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