Melhores de 2017: Por Fernando Bueno

Melhores de 2017: Por Fernando Bueno

Por Fernando Bueno

Já elaboro listas de melhores do ano para sites e blogs desde 2010. Por conta disso criei uma pequena obrigação anual de procurar mais bandas e novidades e isso enriqueceu bastante o meu repertório musical. Porém, por conta disso, houve um desequilíbrio entre o tempo que me dediquei aos discos recém lançados em relação ao que eu já tinha na coleção ou já conhecia de muito tempo. Isso criou um conflito quando tinha vontade de tirar aquele disco clássico da prateleira, mas tinha alguma coisa nova na lista de coisas para ouvir. Tentei me desprender da necessidade de estar up to date nos lançamentos nesse ano de 2017 e isso refletiu em tudo o que ouvi. Negligenciei bastante bandas novas e foquei em muita coisa das décadas anteriores. Conheci muita banda dos anos 80, por exemplo, que não conhecia nem por nome e não me arrependo em nada disso. Afinal ninguém pode dizer que me mantive ouvindo as mesmas coisas não é? Isso refletiu até nos discos que adquiri para a coleção. Se nos anos anteriores (de 2012 até 2016, por exemplo) a média de itens adquiridos do ano foi de 50, em 2017 só peguei 20 álbuns lançados nesse ano. É óbvio que não ouvi apenas esses 20, mas não seria capaz de dizer quantos foram. Outra mudança no modo que eu ouvir música foi a consolidação do uso do youtube como ferramenta para conhecer discos e bandas. Nos anos anteriores eu o usava, é claro, mas não com a frequência que me acostumei nesse 2017. Isso tudo refletiu na minha lista desse ano que, imagino, não ter bandas desconhecidas pelo menos para a grande maioria dos nossos leitores. Isso pode até gerar comentários de que fui um pouco óbvio. Não me importo. Quando comecei a lista os discos que entraria aqui eu tive certeza absoluta apenas em quem ficaria no pódio e as posições de cada um dos três. O restante da lista foi puramente um resultado do momento. Para os 7 restantes eu separei uma lista de 13 e a ordem pode mudar toda vez se eu tiver que fazer de novo. Espero que gostem.

Um feliz ano de 2018 à todos!


 01 – The Night Flight Orchestra – Amber Galactic

Em 2012 coloquei no topo da minha lista de melhores o debut do The Night Flight Orchestra e nesse ano não teve jeito de não fazer o mesmo. Aliás, os três álbuns já lançados pelo The Night Flight Orchestra poderiam muito bem ser a trilha sonora roqueira da última década. Eu ainda acho uma pena que tão pouca gente dê o valor que esses discos merecem. Com o lançamento nacional de Amber Galactic espero que as pessoas corram atrás dos dois primeiros. A banda conta com Bjorn Strid do Soilwork, Sharlee D’Angelo de muitas outras e outros músicos oriundos do metal extremo, mostrando que o radicalismo é coisa de fãs e não dos músicos. Logo de cara uma surpresa. Tem alguém falando português mesmo? E tem! Porém não é nada ligado ao nosso país pois durante o álbum aparecem vozes de mulheres de diversos lugares do mundo. “Domino” poderia estar tocando em qualquer lugar e certamente agradaria todo mundo. Ouçam!


02 – Soen – Lykaia

Outra banda, ou melhor, projeto, que está em seu terceiro álbum e o terceiro acerto seguido. Tendo isso em mente deixo aqui uma reflexão: seria a era dos projetos? Dos dez discos dessa lista quatro são de projetos e um outro pode até ser considerado um também. Ao exemplo do The Night Flight Orchestra o Soen traz músicos oriundos de bandas de metal extremo para fazer um som cheio de melodias com um pé em décadas anteriores. O que também está se tornando muito comum em bandas mais novas. Muitos reclamam dessa insistência em tentar emular sonoridades mais clássicas, mas eu não me importo nem um pouco. Ouçam “Lucidity” e tentem não ficar com alguma música do David Gilmour na cabeça, mais precisamente “On An Island”.


03 – Roger Waters – Is This The Life We Really Want

Roger Waters tem se tornado um chato monumental ao longo dos anos. O cara nunca foi fácil, mas de uns anos para cá vem se especializando nisso. Quem não se lembra de importunar o Radiohead e alguns músicos brasileiros pedindo para não se apresentarem em Israel? Tem muita hipocrisia nisso, afinal ele não deixou de fazer uma turnê enorme nos EUA por conta de suas convicções políticas. Isso era de se esperar pois como bom comunista que é, ele nunca rejeitaria um bom dinheiro. Mas é inegável que ele sabe fazer música e obviamente é isso que importa. Muito estão comparando esse álbum ao The Pros and Cons, mas desde a primeira audição eu entrei totalmente no clima de The Final Cut. Algumas passagens lembram tanto o seu último disco com o Pink Floyd que a toda hora eu esperava uma parte em que o uma voz aguda se tornaria um solo de sax. Será que ele vai pagar royalties ao Trump pelas vozes em uma das faixas?


04 – Ex Deo – The Immortal Wars

Já abordei o Ex Deo aqui no site em uma discografia comentada e não vou me estender aqui. Achei perfeita a mistura do death metal melódico com a temática do Império Romano. O conceito foca nas Guerras Púnicas e o set list é dividido entre as perspectivas dos cartagineses e dos romanos.


05 – Sepultura – Messiah Machine

Fui à um show do Sepultura no final de 2016 e eles tocaram uma faixa, “I Am The Enemy”, do que seria o próximo disco. O show foi no Acre e fiz até uma resenha aqui para o site. Fiquei bastante empolgado com que ouvi na ocasião e o disco não decepcionou e até surpreendeu. Derrick Green por exemplo cantou de forma limpa na faixa título que abre o disco e teve um resultado ótimo. Acho que podem usar mais esse recurso no futuro. Também acrescentaram orquestrações deixando algumas faixas até próximas de algumas bandas de death metal melódico ou sinfônico. Destaques para a faixa instrumental “Iceberg Dances” e “Sworn Oath”. É possível que esse seja o melhor álbum da carreira da banda com a participação de Derrick Green. Também não posso deixar de citar a atuação do monstro Eloy Casagrande. Como toca esse cara!


06 – Paradise Lost – Medusa

O Paradise Lost ultimamente tem crescido no meu gosto. Há umas semanas atrás ouvi quase todos pelo menos uma vez. Não sou tão fã dos primórdios mais death metal da banda e meu preferido é o clássico Draconian Times, que até ganhou um texto meu aqui no site, mas ele foi perdido por conta da UOL Host. Nesse Medusa os vocais guturais estão de volta, mas o clima sombrio dos álbuns anteriores não foi mudado.


07 – Body Count – Bloodlust

Só sabia que a banda ainda estava na ativa, ou melhor, foi reativada quando li a resenha do Micael sobre esse novo disco. Porém depois de ler acabei indo atrás do primeirão, álbum que ouvi demais na época do seu lançamento. Confesso que nunca gostei tanto dos outros quando do debut. Porém Bloodlust é um discão! Não vai superar minha preferência pelo primeiro, mas pode-se dizer que é do mesmo nível. E tem um cover do Slayer como cereja do bolo.


08 – Blackfield – V

Quando achei que o Blackfield estava extinto eles vêm com mais um ótimo disco, como é de se esperar já que todos os cinco discos já lançados são ótimos. Steven Wilson e o israelense Aviv Geffen são parceiros de mão cheia. Já escrevi sobre o primeiro disco do Blackfield aqui para o site e, relendo o texto, me surpreendeu lembrar que o álbum foi gravado em 2004. Ou seja, a parceria já dura 13 anos. Para muitas bandas esse tempo é uma eternidade.


09 – Blazon Stone – Down in the Dark

Running Wild é uma das bandas que mais gosto. Por conta dela conheci o X-Wild, tema do meu último texto aqui para o site, e que me levou a conhecer o Blazon Stone. Logo no primeiro álbum, de 2013, chamado Return to Port Royal, a referência aos alemães já fica explícita. Formada pelo fominha Cederick Forsberg que toca guitarra, baixo e bateria, a banda já tem quatro álbuns. Down in the Dark marca a estréia do vocalista Erik Forsberg em um full lenght – ele já tinha gravado um EP –, que  apesar do sobrenome não parece que tem alguma relação com Cederick. Pra quem curte heavy tradicional com speed metal bem old school é um prato cheio.


10 – Pagan Altar – The Room of Shadows

Banda clássica da NWOBHM que estava há anos sem lançar novo material. Na época gravaram apenas um álbum autointitulado, que virou clássico da época, e só 22 anos depois saiu o disco seguinte, The Lords of Hipocrisy. Mythical & Magical de 2006 é o antecessor desse de 2017. Ou seja, mais uma longa pausa para um novo lançamento e valeu a pena. A mistura de doom com metal tradicional é especialidade da banda.


Quase entraram

Attic – Sanctimonious
Para quem gosta (muito) de King Diamond e Mercyful Fate.

Cavalera Conspiracy – Psychosis
Max Cavalera vem fazendo ótimos álbuns de uns anos para cá. Só tinha que arrumar os dentes.

Kreator – Gods of Violence
Bela sequência para Phantom Antichrist. Não faltaram melodias de heavy metal tradicional.

Satan’s Hallow – Satan’s Hallow
Os americanos também sabem fazer heavy metal tradicional. Destaque para a voz de Mandy Martillo.

Steven Wilson – To the Bone
Músico incansável que não para de trabalhar e quase nunca erra a mão.

Venom Inc – Avé
Melhor que os últimos da banda original.

3 comentários sobre “Melhores de 2017: Por Fernando Bueno

  1. Se eu gostasse tanto do restante de Amber Galactic quanto gostei das três primeiras faixas + “Domino”, ele também teria entrado na minha lista.

  2. Esse Soen eu dei várias chances ao longo do ano mas não rolou…vi sendo citado por muita gente em muitas publicações, mas não escutei nada que realmente valesse. O Blackfield foi uma lacuna na minha amostra de 2017, mas ainda o ouvirei!
    Valeu, Bueno!

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