Ron Keel’s Fair Game – Beauty And The Beast (2000)

Ron Keel’s Fair Game – Beauty And The Beast (2000)

 

Por Davi Pascale

Em 1991, Ron Keel entrou no estúdio com uma banda formada somente por beldades para criar mais um álbum de hard rock L.A. style. 2 músicas dessa sessão, “Somewhere In The Night” e “Blind Faith” foram utilizadas na trilha sonora de um filme de terror chamado Bad Channels, em 1992. O resto do material ficou perdido até que o selo Metal Mayhem Music decidiu finalmente colocar o disco no mercado em 2000.

“The Spot” abre o álbum demonstrando ser exatamente o que título sugere. Um anúncio de rádio. Embora o disco não tenha sido lançado na época, o grupo fez várias apresentações em pequenas casas. E aqui temos um dos anúncios dessas apresentações, obviamente com várias músicas do Keel por trás, para deixar claro quem estava por trás da parada. Na época, os caras chegaram a conseguir um certo prestígio e emplacaram algumas musicas como “Rock n Roll Animal” e “The Right to Rock” entre os seguidores da cena.

Tina Listo (No Shame), Stephanie Leigh (ThundHerStruck), Janna James (Warbride) e Eva Marie era o time de garotas que completava a banda. Como de se esperar, todas de cabelos volumosos, longos e com visual atraente. Musicalmente, eram competentes, sendo o grande destaque a virtuose Tina Listo que entrega solos que muitos marmanjos não conseguiriam reproduzir.

“Keep It Up” é o primeiro som que me chama a atenção do disco e uma das razões é justamente as frases de guitarra de Tina e Evo que transpiram influencia de Van Halen. Entretanto, mesmo que fossem boas instrumentistas, as meninas não tinham muita liberdade na hora da criação. Apenas Eva conseguiu emplacar uma parceria, a faixa que encerra o álbum “Time Of Your Life”. A maioria das canções são realmente de Ron Keel. É nítido que o cara era o manda chuva. Se bem que em um grupo que leva o nome de Ron Keel´s Fair Game isso não é de causar espanto.

Apenas duas faixas não contam com as mãos de Keel. “Let It Rain” foi composta por Jesse Harms. Tecladista que costumava excursionar com a banda solo de Sammy Hagar e que gravou parte dos teclados do clássico Eat ´Em Smile (David Lee Roth). A outra colaboração externa é uma parceria entre Marc Ferrari (guitarrista do Keel) e Tommy Thayer (na época, conhecido por seu trabalho com o Black n´ Blue e atualmente, segurando as guitarras do Kiss). Dona de um poderoso refrão é facilmente uma das melhores do álbum.

Ron Keel continuava apresentando linhas vocais altas, mas explorava menos os agudos. Continuava dando alguns gritos, mas deixou de insistir naquela lógica de cantar uma musica inteira berrando. “Let It Rain” poderia ter se tornado um hit, assim como “Street of Broken Dreams”, que carrega um ar de Bon Jovi.

Por se tratar de um álbum criado em cima de um material que ficou anos engavetado, o som é bem cru. Os músicos não alteraram o material para seu lançamento. O som era aquela sonoridade bem 80´s. Os teclados são bem sutis, a força motora está no trabalho de guitarra com vários riffs fortes e no trabalho vocal com linhas bem melódicas. O som do Fair Game era mais comercial que o do Keel. Tinha um acento pop maior. A que mais se aproxima do hard/heavy que os caras faziam é justamente a faixa-título.

“Time of My Life” traz uma letra bonita, comentando sobre sua juventude, de como tudo era mais simples e inocente. O arranjo, contudo, poderia ser melhor. Facilmente, a mais fraca do CD. O trabalho de violão é bonito e bem resolvido, mas o arranjo dá a impressão de que em algum momento, a música irá crescer, o que nunca acontece. O refrão poderia ser mais forte também. Em se tratando de baladas, ainda acho “Somewhere In The Night” mais bem resolvida, com uma bela melodia e um solo de guitarra inspiradíssimo.

Infelizmente, esse é um álbum que acabou passando meio batido. Por ter sido lançado em uma época onde o hard rock não estava mais em evidencia, o trabalho de divulgação foi bem fraco. Mesmo entre os fãs do Ron Keel, existe quem nunca ouviu falar da banda. Se tivesse sido lançado na época, certamente teria tido um destaque maior. As músicas são boas, os músicos são competentes, estava tudo certinho. Uma pena! De todo modo, fica a dica para quem curte a cena e não conhece correr atrás. “You got it, the right to rock”!

Faixas:

  • The Spot
  • Beauty and the Beast
  • Keep It Up
  • Street of Broken Dreams
  • Let It Rain
  • Somewhere In The Night
  • Blind Faith
  • Down n Dirty
  • Time of My Life

4 comentários sobre “Ron Keel’s Fair Game – Beauty And The Beast (2000)

  1. Legal a resenha Davi. Eu tenho três cds do Keel aqui e gosto bastante. Só pecam pela produção ruim, principalmente os produzidos pelo Gene Simmons. Aliás nunca ouvi um álbum bem produzido por ele. Quanto ao Fair Game que não conheço, o que vc me diz da produção? É cru no bom sentido?

    1. Tem um pouco de cada. Tem o som mais cru de sonoridade, com a guitarra bem na cara dando um ar mais rock n roll e tem um pouco também na produção. Acho que o baixo poderia ter um pouco mais de evidencia e a não gosto do som de bateria. De todo modo, o disco é bem legal. Trabalho de voz e guitarra é muito bom e as musicas são muito boas.

  2. Pelo visto é aquela produção meia boca típica de bandas de hard rock underground dos anos 80 e início dos 90, com os vocais e as guitarras lá em cima, baixo praticamente inaudível e bateria magrinha né? Mas tá valendo, como fã do estilo tenho centenas de álbuns assim e se as músicas são boas é o que importa pra mim. Vou logo garimpar esse aí. Abraço meu amigo.

    1. Pior que é por aí mesmo. Mas as músicas são boas. Se você gosta do Ron Keel e da sonoridade hard dos anos 80, tem de tudo para curtir, contudo.

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