Melhores de Todos os Tempos: 1997

Melhores de Todos os Tempos: 1997

Por Diogo Bizotto

Com Alexandre Teixeira Pontes, Alissön Caetano Neves, André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, João Renato Alves, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo

Já foi comentando internamente, por alguns integrantes do site, que 1997 foi um dos anos mais fracos em se tratando da qualidade da música pop mundial. Talvez por isso, talvez nada a ver com isso ou até contrariando isso, apresentamos hoje uma das listas mais variadas desde que a série teve início. Do heavy metal ao pop mais explícito, passando por diferentes vertentes roqueiras, quem obteve mais destaque foi Bruce Dickinson, com o disco que lhe devolveu a admiração daqueles que não andavam muito satisfeitos com os rumos de sua carreira.

Bruce Dickinson e Adrian Smith, reunidos novamente em Accident of Birth
Bruce Dickinson e Adrian Smith, reunidos novamente em Accident of Birth

Esta edição também traz uma novidade. Nosso colega João Renato Alves, editor da Van do Halen, que já foi convidado em edições anteriores e com quem construímos uma relação de colaboração mútua, participa a partir de agora como integrante fixo da série. A mesma coisa ocorre com os amigos do Minuto HM, outro site que sempre manifestou seu apoio, alternando a presença dos irmãos Alexandre e Flavio Teixeira Pontes, que também já colaboraram anteriormente. Dito isso, não posso deixar de lembrá-los que nossa listagem final, baseada nas individuais, segue o sistema de pontuação do campeonato mundial de Fórmula 1. Agora confiram o resultado!


Bruce Dickinson – Accident of Birth (121 pontos)

Alexandre: Eu não o coloquei em primeiro apenas por uma preferência pessoal pelo disco do Kiss. Mas é super correto afirmar que este é o melhor álbum de 1997. O Iron Maiden não faz um disco assim desde a saída de Dickinson até agora. Aliás, vou além, desde a saída de Adrian Smith, no final da década de 1980. Sei que é ousadia afirmar isso, mas além da qualidade dos bons tempos do Maiden, Accident of Birth tem alguns pontos extras por soar mais moderno, mas longe de ser “modernoso”. Só encontra rival desde então justamente no álbum subsequente do próprio Bruce,  The Chemical Wedding (1998). O crédito, além de Dickinson, que é um ótimo compositor, vai também para Roy Z e Adrian Smith, uma dupla que entrega ótimas guitarras durante tudo aqui. Smith só é coautor de duas faixas, mas certamente trouxe mais classe e categoria ao já competente trabalho de Roy Z. O solo de “Man of Sorrows” é lindo, perfeito, sem necessariamente ser uma avalanche de notas. Vou escrever o óbvio, mas o vocal de Bruce é soberbo, assim sinto falta apenas de um baixo como o de Steve Harris pra competir com sua então ex-banda. Ainda assim, Eddie Casillas faz bonito, por exemplo, em “Taking the Queen”. Exceto talvez por “The Ghost of Cain”, ligeiramente inferior, as faixas são todas muito coesas, podendo destacar “Darkside of Aquarius” como a melhor do álbum.

Alissön: A donzela definhava lançando discos medíocres, enquanto Bruce Dickinson voava baixo com lançamentos seminais e postulantes a clássicos modernos. O primeiro após Bruce Dickinson se tocar de que ele não manja nada de rock alternativo é um belo registro de metal refrescante, moderno, sem muitas invencionices desnecessárias… Um grande disco, em resumo. Ainda me impressiono com a qualidade de canções como “Freak” e “Darkside of Aquarius”, ambas com um bom gosto melódico e peso na rifferama para dar orgulho ao mais fiel amante de heavy metal.

André: Aproveito a primeira colocação para soltar meu desabafo pessoal: esse é, para mim, o pior ano da história da música. Somente os quatro primeiros colocados da minha lista pessoal considero trabalhos excelentes, e do restante para baixo são no máximo bons. E desses quatro, Dickinson foi o que mais brilhou aos meus ouvidos. Tenho Accident of Birth há muito tempo, um dos primeiros discos que comprei, antes mesmo de ter qualquer peça do Iron Maiden. E o considero o melhor trabalho vocal do senhor “Air Raid Siren”. Apoiado pelo eterno Adrian Smith, Bruce voltou à relevância do heavy metal com canções excepcionais do naipe de “Freak”, “Darkside of Aquarius” e “Omega”. Clássico, mas com uma produção moderna e vigorosa, cortesia do na época não tão conhecido Roy Z.

Bernardo: Acompanhados de Adrian Smith, Bruce e Roy Z voltaram ao jogo ganho do heavy metal após Skunkworks (1996). Tem alguns bons momentos, como “Man of Sorrows”.

Bruno: Uma volta ao heavy metal tradicional após as experimentações de Skunkworks e Tattooed Millionaire (1990). A parceria com Adrian Smith e Roy Z rendeu um belíssimo disco, mas ainda considero o sucessor, The Chemical Wedding, muito superior.

Davi: Pesado, cativante, humilhante. Accident of Birth demonstra que havia vida para Bruce longe do Iron Maiden. O mesmo não posso dizer do Iron com sua errônea fase com Blaze Bayley. “Darkside of Aquarius” tem ar de hit. “Road to Hell” nos leva de volta aos seus tempos de Maiden. “Accident of Birth” e “Freak” trazem um ar moderno, mas sem perder suas características principais. Repleto de composições marcantes, ótimo instrumental e trabalho vocal animalesco, o cantor manteve a qualidade de sua ótima discografia solo (sim, gosto de Skunkwors e Balls to Picasso, de 1994). Discaço!

Diogo: Felizmente, Bruce acordou para a vida e se ligou que bancar o alternativo não era com ele, deixando de lado as invencionices mal aplicadas de Skunkworks e pisando em território muito mais seguro mas ao mesmo tempo muito mais excitante. Não tem aquela interessantíssima dose de ousadia de The Chemical Wedding, mas prepara o terreno muito bem, soando tradicional e atual na mesma proporção. Steve Harris provavelmente adoraria ter composto músicas como as melódicas “Road to Hell”, “The Magician”, “Starchildren” e talvez até a power ballad “Taking the Queen”, um dos destaques do álbum. Imagino a reação do fã do Iron Maiden que, na época, não andava muito excitado com o que a banda vinha fazendo com Blaze Bayley, ao dar o play no disco e ouvir, de início, uma canção viciante como “Freak”. Melhor ainda se deparar com um metalzão elaborado como “Darkside of Aquarius”, que adianta parte daquilo que viria no lançamento seguinte, sem falar na magnífica faixa-título, que, no meu caso, foi paixão à primeira ouvida, com seus riffs pesados, linhas vocais bem sacadas e um Bruce Dickinson mais “malvado”. Era algo que eu não esperava, e me agradou muito.

Eudes: Neste quarto álbum de Dickinson, na companhia do bom guitarrista e produtor Roy Z, o vocalista atira em várias direções. Com vocais talvez mais contidos (pelo menos mais graves), Dickinson aposta em faixas algo groovy, como “Starchildren”, em heavy de refrão grudento (“Freak”), no esquemão seção suave seguida de seção pesada, na melhor faixa do disco, “Taking the Queen”, e por aí vai revisitando com talento os vários clichês do gênero e chegando a um disco bastante divertido. Ouve-se com prazer, mas é difícil entender por que ele encabeça esta lista.

Fernando: A carreira solo de Bruce teve muitas facetas. A primeira foi com músicas setentistas, bem diferente do que fazia no Maiden. Foi uma válvula de escape, quando o interesse do vocalista pelo metal puro diminuiu. O segundo foi uma afirmação de que ele podia ser relevante sem ser totalmente metal. Skunkworks foi uma tentativa de ser moderno que fracassou, apesar de algumas qualidades ficarem escondidas no meio do todo. Com a aproximação de Adrian Smith, Bruce sentiu que o estilo em que ele se dá melhor é mesmo o heavy metal.

João Renato: Apesar de Steve Harris ter sido o dono da bola no Iron Maiden por toda a existência do grupo, várias das minhas músicas preferidas saíram da dupla Bruce Dickinson e Adrian Smith. Accident of Birth resgata o lado mais tradicional do heavy metal que consagrou a dupla, após ambos terem passado uma temporada em litígio conjugal com o gênero. Sons sensacionais do começo ao fim do tracklist, com Bruce reencontrando seu melhor registro vocal, perdido na década anterior, além de um acompanhamento de primeira do Tribe of Gypsies, capitaneado por Roy Z. Não oferece nenhuma novidade, como aconteceria no próximo, mas é um alívio para maidenmaníacos decepcionados com o que vinha sendo produzido.

Leonardo: Depois de experimentar bastante em seus três primeiros discos solo, o então ex-vocalista do Iron Maiden recrutou o também ex-guitarrista da banda Adrian Smith e retornou com uma sonoridade perfeita para agradar os fãs de seu antigo grupo. E o resultado foi muito acima da média. Unindo os riffs e solos melódicos de Adrian Smith aos vocais e refrãos pefeitos de Bruce Dickinson, o álbum é um deleite para os fãs do estilo, com canções fortes, memoráveis e marcantes. Altamente recomendado.

Mairon: O quarto álbum de Dickinson foi lançado depois do contestado Skunkworks, e é um disco interessante. Gosto quando um artista lança material solo que foge das alças de sua banda tradicional – aqui no caso, do Iron Maiden – e Dickinson traz em Accident of Birth mais peso, principalmente pela presença da guitarra de Roy Z, que, ao lado do ex-Maiden (na época) Adrian Smith, cria riffs que sacodem as perninhas. Mas o destaque mesmo vai para a linda “Taking the Queen”, uma sequência primorosa de “Wasting Love” e “Tears of the Dragon”, mas melhor do que as duas. Por outro lado, “Arc of Space” e “Man of Sorrows” são chatérrimas. No geral, além de “Taking the Queen”, escapam-se “Freak”, “The Magician”, “Darkside of Aquarius” e “Omega”. Acho demasiado este primeiro lugar, e apesar de certamente não querer o mesmo na minha prateleira, não é de todo ruim

Ulisses: Com Roy Z na produção e a presença do parceiro de Donzela Adrian Smith, Bruce e sua trupe trouxeram um disco calcado no heavy metal tradicional, sem mais nem menos. Faixas como “Freak”, “Starchildren” e “Road to Hell” são bem sólidas; por outro lado, a bem trabalhada “Darkside of Aquarius” é a melhor composição do CD, que tem seus altos e baixos, mas agrada a quem curte o eterno “Air Raid Siren”. Agora, melhor do ano? Exagero.


02 Visions

Stratovarius – Visions (82 pontos)

Alexandre: Bem, depois que o Helloween e o Angra mudaram de vocalistas, eu confesso ter perdido um certo interesse no estilo mais melódico que ambos desenvolviam. A verdade é que o Stratovarius tem um som com mais influências clássicas, como o som de guitarra neoclássico que tem relação direta com o que fez Yngwie Malmsteen desde o início da década de 1980 em carreira solo. Outro detalhe também importante é que a participação dos teclados do ex-Malmsteen Jens Johansson não se limita aos sons de base e harmonias; há bastante espaço para solos aqui. Eu gostei do álbum, cheguei inclusive a cogitar colocá-lo entre os dez melhores do ano, até porque 1997 também não é tão pródigo assim em lançamentos. Acabou ficando de fora, mas certamente estaria entre os 15 ou 20 da lista. O destaque absoluto pra mim é “The Kiss of Judas”. A instrumental “Holy Light” alterna climas e um trecho de impressionante virtuosismo entre Jens e o ótimo guitarrista Timo Tolkki. O outro Timo da formação entrega desafiadores vocais e encaixa perfeitamente com a proposta. O restante do álbum traz, na grande maioria, faixas aceleradas do metal melódico e uma ou outra balada, a não ser pela faixa-título, de longa duração, na qual há espaço para tudo que a banda desenvolve. Uma boa escolha para o ano, sem dúvida.

Alissön: Teclado demais pro meu gosto. Passo.

André: Talvez o disco mais representativo do auge do “metal espadinha” daqueles tempos. Clichês e mais clichês do estilo são despejados sem dó por aqui. E tudo de maneira brilhante. Melodias, velocidade e os agudos de Timo Kotipelto junto àquela aura fantasiosa e de sentimentos positivos aos quais o Stratovarius sempre foi afeito. Era o auge criativo do atualmente insano Timo Tolkki. Músicas como “Black Diamond” e “Forever Free” praticamente serviram de guia para o power metal dos dez anos seguintes.

Bernardo: O mais maneiro do Stratovarius é ter um baixista chamado Lauri Porra. Fora isso, é o mesmo power metal de sempre.

Bruno: Como de costume, me recuso a comentar metal espadinha.

Davi: Álbum emblemático na carreira do Stratovarius e álbum emblemático da cena heavy dos anos 1990. Foi com este disco que tive meu primeiro contato com a banda e ainda me lembro do alvoroço entre a garotada da época. Com seu melhor line-up, o grupo fazia um som melódico de primeira. O egocêntrico Timo Tolkki se tornou referência com sua pegada à la Malmsteen. Kotipelto demonstrava ser a escolha certa para o cargo. Sonoramente, davam um passo adiante do (ótimo) Episode (1996). Destaques: “The Kiss of Judas”, “Black Diamond”, “Forever Free”, “Paradise” e “Visions”.

Diogo: Apesar de haver alguns discos do estilo dos quais eu gosto mais, Visions talvez represente o auge do que foi o power metal melódico nos anos 1990, com músicas que, apesar de terem características que inegavelmente as classificam como heavy metal, são praticamente canções pop em um formato mais “elástico”, admitindo bumbos velozes (e disso Jörg Michael entende muito bem, conduzindo as canções com tranquilidade), solos de guitarra e teclado de influência erudita (Timo Tolkki é um dos melhores discípulos de Yngwie Malmsteen, vide a instrumental “Holy Light”), riffs pesados (mas não tanto) e um vocalista que consegue cantar “lá em cima” sem necessariamente ser um gritalhão. Duvidam? Ouçam “Black Diamond” e “Paradise” e digam se estou errado. Podem ouvir até do lado das suas mães (caso elas não apreciem heavy metal) que elas não vão estranhar muito o que está rolando. “The Kiss of Judas” e “Forever Free” são outras duas ótimas canções que não fogem muito desse esquema. Mesmo “Legions”, que tem uma pegada mais oitentista, traz um daqueles refrãos indefectíveis. Nas músicas mais lentas o grupo também foi feliz, tornando Visions o preferido de uma grande (a maior?) parte dos fãs. Não é meu caso, pois prefiro Episode, que tem guitarras mais na cara e algumas composições mais inspiradas, como “Father Time” e “Will the Sun Rise”.

Eudes: Meninos prodígios, tocando seus instrumentos com competência endiabrada e faixas cheias de força e ganchos, com um pé no rock progressivo e outro no estilo Metallica. Bacana. Tinha ouvido algo nos anos 1990 e nunca voltei à banda até agora. Não sei se entraria na minha lista pessoal, mas sinto que devo ouvir a banda com mais atenção.

Fernando: Sei que o povo antimelódico vai criticar, mas este disco é certamente um dos pilares do estilo. A banda com Kotipelto nos vocais vinha de Fourth Dimension (1995), uma evolução no som da banda em relação a quando Timo Tolkki ainda fazia a dupla função de guitarrista e vocalista, e Episode, que moldou melhor o que seria o som da banda a partir de então. Visions tem tudo o que os fãs de heavy metal procuram, riffs e mais riffs de guitarra, solos rápidos, solos lentos e cheios de melodia, bateria na velocidade da luz e um vocalista privilegiado se destacando em refrãos inspiradíssimos. “Black Diamond” é uma pérola do metal, mas ela não é destaque sozinha, o nível das outras músicas é tão parelho que mais faz o disco parecer um “Best of”.

João Renato: Uma coisa que me incomoda um pouco quando leio esta seção é que, muitas vezes, os comentários deixam o disco de lado para questionar a opção alheia, chegando às raias do pessoal, especialmente quando se trata do metal. Digo isso porque tenho certeza que este álbum sofrerá com este tipo de declaração improdutiva e desagradável da parte de quem só quer expressar seu rabugentismo, seja para aparecer ou para cutucar alguém por um motivo que o leitor desconhece. Visions é o melhor trabalho do Stratovarius, representando o auge criativo do grupo. Apesar de os trabalhos posteriores terem alcançado sucesso, a inspiração se esgotou aqui. As músicas são complexas e, ao mesmo tempo, de fácil assimilação.

Leonardo: Sem dúvida alguma, o melhor disco de metal melódico/melodic power metal lançado nos anos 1990. Dando continuidade ao estilo criado pelo Helloween na década anterior, o Stratovarius levou ao limite a mistura de riffs rápidos, vocais agudos e andamentos acelerados, mas com composições marcantes, refrãos fortes e uma virtuosismo instrumental que funcionava com maestria a favor das músicas. Por mais repetitivo e previsível que o estilo tenha se tornado nos anos seguintes, é impossível não se empolgar com músicas como “Black Diamond”, “The Kiss of Judas”, “Forever Free” e “Legions”.

Mairon: Olha, entre tantas porcarias que apareceram na lista, Visions até que se salvou. Conheci Stratovarius há muito tempo, e até achava legalzinho. Não lembro qual era o disco que eu ouvi, mas sei que não era Visions. Achei bom, principalmente canções que me lembraram Helloween, como “Legions”, “Black Diamond”, mas até as baladinhas “Before the Winter” e “Coming Home” fazem os ouvidos se voltarem para as caixas de som. Timo Tolkki é um belo guitarrista, principalmente nos solos de “The Kiss of Judas” e “The Abyss of Your Eyes”, e o batera Jörg Michael é um animal no seu kit, destacando-se em “Forever Free”. Destaque total para a incrível instrumental “Holy Light”, um show de duelos entre guitarra e teclado, e a longa faixa-título, enquanto “Paradise” é uma faixa menor neste álbum. Não é uma banda que me faça ir atrás da discografia, mas tomara que esteja em um top 3 nesta lista vergonhosa que os consultores entregaram para vocês.

Ulisses: Quando comecei a dar meus primeiros passos no mundo do metal, “Black Diamond” foi uma das primeiras músicas que ouvi. É a faixa de abertura e, para mim, o maior destaque do clássico Visions, um dos mais celebrados discos do quinteto finlandês. A presença de composições mais trabalhadas e não tão focadas na velocidade, como “The Kiss of Judas”, “Paradise” e “The Abyss of Your Eyes” ajuda a dar um frescor na audição, enquanto que o estilo característico do gênero é bem representado por petardos como “Forever Free”, “Legions” e a épica “Visions (Southern Cross)”.


04 Flaming Pie

Paul McCartney – Flaming Pie (62 pontos)

Alexandre: Um bom álbum de Paul, em que praticamente todas as faixas me agradam, exceto pela “açucarada” em excesso “Little Willow” e a mistura estranha de balada com música mais acelerada de “Beautiful Night”. Há  uma importante participação de Jeff Lynne, que havia produzido as faixas inéditas que entraram em Anthology (1995), dos Beatles, lançado alguns anos antes. Quem conhece algo do Eletric Light Orchestra, banda de Lynne, vai perceber alguns toques particulares dele que complementaram muito bem as composições de Paul, como em “Young Boy” ou “If You Wanna”. A canção que mais gosto é “Somedays”, com uma orquestração com cordas e sopros que tem a marca McCartney. “Heaven on a Sunday” é um pouco mais moderna em relação ao restante do clima do disco, um blues com toques pop, que também me agrada, com os solos do filho de Paul, James. Também gostei da boa participação de Steve Miller no blues à la Robert Cray “Used to Be Bad”, mas achei a faixa em uma espécie de jam session com o outro beatle, Ringo Starr (“Really Love You”), um pouco extensa para o propósito. Dentro da safra de 1997, este Flaming Pie dá conta e com sobras.

Alissön: Eu não sou um conhecedor da carreira solo de cada um dos Fab Four, mas sei que uma música do velho Macca nunca é demais. Pelas audições, notei um clima mais agreste, sempre mantendo o pé no pop, que é a maior habilidade do sujeito. A faixa de abertura é uma lindeza pop com vocais carregados de interpretação emotiva, uma das melhores composições que já escutei de Paul McCartney. Ouvirei com mais atenção nos próximos dias, então não direi nada mais aprofundado sobre o mesmo no momento.

André: Nunca serei aquele cara que irá suspirar por qualquer álbum solo de um ex-beatle, mas o baixista canhoto sempre teve uma carreira digna. E este bom álbum do McCartão é mais um que demonstra um ótimo instrumental, arranjos bem feitos e a sempre cristalina voz de Paul em grande estado. Talvez por eu gostar daquela coisa mais juvenil dos Beatles eu acabe não valorizando tanto os trabalhos solo dos caras.

Bernardo: Com Ringo Starr na bateria e George Martin nas orquestrações, tem um gostinho de Beatles, apesar de nem de longe concorrer. “Beautiful Night”, simpática como ela só, é um dos pontos altos do álbum.

Bruno: Não ouvi.

Davi: Empolgado em reviver o passado no projeto Anthology, dos Beatles, Paul McCartney resolveu voltar ao básico em seu álbum seguinte. Contando com o auxílio de Jeff Lynne (Electric Light Orchestra), George Martin e a participação especial de Ringo Starr, não tinha como não atingir seu objetivo. Em Flaming Pie, McCartney comprovava o que todos já sabem: além de ser um grande músico, é um dos melhores compositores que existem. Tente ouvir “Beautiful Night” e não se emocionar. Outros momentos de destaque: “The World Tonight”, “If You Wanna”, “Young Boy” e “Flaming Pie”.

Diogo: Flaming Pie é formado por uma coleção de canções agradáveis em sua totalidade, recheadas de melodias aprazíveis, instrumentação na medida e uma produção que, apesar de bastante polida (no melhor estilo Jeff Lynne), funciona e destaca o inegável caráter pop do tracklist. Encontrar, em meados dos anos 1990, um disco de rock como este, explorando aspectos positivos e extraindo música boa disso, é um achado. Admito, porém, que apesar dessas qualidades, não é o tipo de álbum que verdadeiramente chama minha atenção, que desperta tesão e me dá vontade de ouvir repetidamente. Algumas músicas são bem interessantes, como “Young Boy” (a única que conhecia previamente), “The Song We Were Singing”, “The World Tonight” e “Beautiful Night”, mas não chegam a fazer de Flaming Pie um disco que deve rolar muitas vezes por aqui.

Eudes: Declaração de briga: Flaming Pie é o melhor disco de rock lançado em 1997. A par disso, o álbum marca uma das mais espetaculares ressurreições de um artista na história da música pop. Entre o final dos anos 1970 e o começo dos 1990, Paul lançou uma coleção de discos medianos e mesmo ruins (uma possível exceção é o gostoso Flowers in the Dirt, de 1989, feito em colaboração com Elvis Costello) que pareciam decretar a decadência definitiva do ex-beatle. Flaming Pie recoloca Paul no panteão dos gênios indomáveis vindos dos anos 1960. A abertura com a delicada e inspirada “The Song We Were Singing”, que emenda com o rock abusado “The World Tonight”, já nos mostra que Paul não estava de brincadeira. “Calico Skies” está entra as melhores baladas que Paul compôs, e olhe que a concorrência é pesada, enquanto a faixa-título, uma canção de amor nostálgica (Paul vinha da perda de Linda), nos remete ao cancioneiro escocês. Depois de anos, em “Somedays” Paul volta à uma canção de elegância soul, fazendo lembrar o clássico Wings at the Speed of Sound (1976). Na faixa-título, Paul rocka pra valer, nos legando um de seus melhores arranjos cinquentistas, enquanto em “Souvenir” se arrisca em um blues como não fazia desde Wild Life (1971). Não fosse o bastante, o disco traz ainda a já clássica “Beautiful Night”. Pra fã nenhum se decepcionar!

Fernando: Confesso que, apesar de dizer ser fã do melhor dos Beatles, eu nunca tinha ido atrás dos discos dele que saíram da metade dos anos 1980 para a frente, com exceção do mais recente, o ótimo New (2013). Não tinha a mínima idéia de que, em plenos anos 1990, Paul estaria fazendo música tão boa. Aliás, isso era óbvio de se esperar dele, não é?

João Renato: O projeto Anthology reaproximou Paul de seu lado mais pop. Apesar de não ser seu melhor disco, oferece uma agradável audição descompromissada. Simples, direto, sem grandiosidades na produção, é um trabalho que vai direto ao ponto. Nenhum grande clássico, mas várias pequenas pérolas do cancioneiro, incluindo parceria com Ringo Starr, o ser humano comum mais legal que existe. Aliás, fazia tempo que não escutava o play de cabo a rabo, o que agradeço pela oportunidade.

Leonardo: O talento de Paul McCartney como compositor, desde os Beatles, passando pelo Wings e desembocando em sua carreira solo, sempre foi indiscutível. E Flaming Pie é mais uma prova disso. Contendo canções mais simples e despojadas do que na maioria de sua carreira solo, o álbum prova que a força de um disco vem primordialmente de suas canções, e não de seus arranjos ou produção. Ainda assim, a sutileza de faixas como “Beautiful Night” é irresistível.

Mairon: O pessoal fica dando uma de renovador de lista e me traz a velha insipiência de Paul McCartney para os dez melhores de 1997??!! Flaming Pie é um disco que começa legalzinho de ouvir, com forte presente do violão de Macca e da guitarra de Jeff Lynne, mas depois de “Somedays”, a pior do disco, fica bem chatinho. Baladinhas sem sal, pouca inspiração e muito repetitivo. Chegou a dar sono.

Ulisses: Um registro decente; nada mais que isso. No meio das faixas roqueiras e “down to earth”, como “The World Tonight” e “If You Wanna”, tem-se momentos mais sutis (“Heaven on a Sunday”), nostálgicos (“The Song We Were Singing”) ou simplesmente especiais (“Beautiful Night”). E, ainda bem, o eterno beatle faz tudo funcionar direitinho.


 

03 OK Computer

Radiohead – OK Computer (51 pontos)

Alexandre: Entrou na minha lista, mas não sou fã da banda ou do estilo. Não há, no entanto, como negar sua importância e sua influência para boa parte do que foi feito desde então por bandas como o Muse, para chover no molhado. Mas também se percebe a influência da psicodelia, em especial dos Beatles, na fase em que mais gosto, do Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967) em diante, na concepção deste OK Computer. Os arranjos são um ponto forte do álbum pra mim, pois várias das múltiplas texturas de guitarras e instrumentos como xilofones e pianos elétricos, com efeitos, como os de delays curtos, fazem papel fundamental no clima durante todo o trabalho.  E algo que eu sempre levo em consideração é o fato de que a banda consegue reproduzir praticamente tudo ao vivo. O outro destaque são as melodias melancólicas criadas em especial através das linhas vocais, como em “No Surprises”. Destaco a parte do meio de “Paranoid Android”, outra linda melodia vocal, além do ótimo uso das diversas camadas de guitarras com efeitos e o que me pareceu ser uma guitarra de 12 cordas em “Subterranean Homesick Alien” durante o seu refrão. Faixas como a ótima “Exit Music (For a Film)” vão influenciar também bandas como o Dream Theater em “Disappear”, do álbum Six Degrees of Inner Turbulence (2002), por exemplo. Fica claro a abrangência e o impacto deste OK Computer não só em artistas que tenham uma proximidade ao estilo trazido pelo Radiohead. É muito justa sua presença nesta lista dedicada a 1997.

Alissön: Eu não sei bem como classificar o som deste álbum. Quando comecei a usar o site Rate Your Music, logo percebi que o disco mais bem conceituado de todos era justamente este, na frente de outros maravilhosos, como The Dark Side of the Moon (Pink Floyd, 1973) e Pink Moon (Nick Drake, 1972). Achei que fosse exagero hipster dos usuários, mas o preconceito logo foi por terra ao fazer minha primeira audição do dito cujo. A pegada eletrônica e o uso de ambientações foi de agrado imediato, mantendo, no mesmo nível, a levada pop dos vocais de Thom Yorke e as belas melodias de guitarra. Se fosse para eleger um disco para ser considerado clássico eterno dos anos 1990, citaria este sem pestanejar. Belíssima presença, e se lhe fosse concedido o primeiro lugar, o seria feito com muita justiça.

André: ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ.

Bernardo: Thom Yorke e sua trupe, junto ao Nirvana, foram dois dos maiores símbolos da música mainstream dos anos 1990. Enquanto o Nirvana entrou para a história com desespero adolescente vertido em peso, distorção e agressividade, o Radiohead apostou em texturas, atmosferas e estruturas e harmonias pouco óbvias para comentar o efeito da tecnologia sobre o homem. “Paranoid Android”, o momento mais assustador do álbum, tem um ritmo ao mesmo tempo seco e envolvente – quase maníaco – que pouco se assemelha aos dois singles mais famosos do álbum, as melancólicas “Karma Police” e “No Surprises”. A música do século/década seguinte, após o estouro desses colossos, dificilmente seria a mesma.

Bruno: O Radiohead sempre me incomodou um pouco por ser a banda queridinha da crítica. Mas Ok Computer é um grande disco, obviamente não tão revolucionário como é dito por aí, mas um bom representante do rock mainstream do final dos anos 1990. Acessível e experimental ao mesmo tempo.

Davi: Último disco decente do Radiohead. Os caras começaram bem com Pablo Honey (1993), deram uma derrapada de leve em The Bends (1995) e voltaram a acertar em cheio em OK Computer. “Karma Police” e “No Surprises” comprovam que era possível ser pop tendo conteúdo. “Electioneering” e “Airbag” trazem guitarras distorcidas do álbum de estreia de volta. A soma das guitarras distorcidas com o vocal choroso de Thom Yorke era meio que um pré-Muse. Já faziam aqui o que o (ótimo) grupo de Matthew Bellamy faz. “Climbing Up the Walls” já apontava para um lado experimental. Tinha de tudo para ser um dos grupos mais legais dessa geração, mas foram para um lado “cult” que me irrita profundamente. Realmente, uma pena!

Diogo: Todo o hype em cima deste disco conspirava contra, mas não é que o desgraçado é bom mesmo? É muito bom ver quando uma banda está em seu auge e consegue unir boas composições a arranjos inteligentes, algo em profusão em OK Computer. Mais que isso, o quinteto soube aplicar no álbum influências de 30 anos de música pop e fazer com que tudo soasse atual. Da melancolia pós-punk à criatividade progressiva, tudo se encaixa e soa bem. Os músicos souberam fazer do estúdio um instrumento para construir um disco, não apenas gravá-lo, e isso é algo do qual gosto muito. Os guitarristas Jonny Greenwood e Ed O’Brien, em especial, estão afiadíssimos, trabalhando na construção de paisagens musicais ambiciosas. Sei que esta série tem especial valor por muitas vezes não seguir aquilo que é tendência, por mostrar que, por trás da elaboração dessas listas, há pessoas com gostos muito peculiares, mas admito que esta edição ficaria incompleta sem a presença de OK Computer.

Eudes: Não sou exatamente fã do Radiohead, mas o compromisso histórico não poderia admitir a ausência deste disco nesta lista. Mas, fora isso, o álbum é mesmo bem bacana, oscilando entre o rock de corte clássico, as intervenções progressivas e um inovador bric a brac eletrônico. Além disso, Thom Yorke é um compositor inspirado. “Paranoid Android” e “The Tourist” resumem bem um disco cheio de seduções.

Fernando: Apesar de gostar dos primeiros discos do Radiohead até mais do que deste daqui, reconheço que é com OK Computer que eles serão lembrados pela eternidade. Temos psicodelia, rock alternativo, progressivo, hard rock e um pouquinho de jazz em uma mistura fantástica. Apenas como curiosidade, este álbum aparece como o melhor disco de todos os tempos se levarmos em consideração a pontuação dadas pelos fãs de música em geral no site Rate Your Music. Na frente de coisas maravilhosas como The Dark Side of the Moon. Isso é um fato grandioso, não?

João Renato: Acredito que nem o próprio Radiohead imaginava que OK Computer se tornaria o que acabou virando. Porém, o jeito “deprê cabeça” do grupo não me agrada. Sou adepto do rock farrista, que não leva nada a sério nem tenta salvar o mundo.

Leonardo: Para muitos, o disco definitivo da década de 1990. Na minha opinião, um amontoado de riffs, efeitos, vocais e refrãos desconexos, que não fazem muito sentido. Pode ser que seja genial e eu que não tenha compreendido. Passo.

Mairon: Confesso que nunca tinha ouvido este álbum, e tinha grande expectativa nele. Afinal, sempre ouvi falar bem dele, que vendeu muito, que é o melhor disco da década de 1990 e blá blá blá. Resumo com a tradicional frase: CHATO BAGARÁI! Com exceção de “Electioneering”, ótima faixa aliás, OK Computer é uma choradeira sem fim no qual poucos momentos se salvaram. Quando “Karma Police” rodou, entendi que pelo menos ele tem uma representação entre os lançamentos de 1997, já que ela tocou demais nas rádios, mas bah, foi dose aturá-lo.

Ulisses: Este eu tinha certeza que iria figurar por aqui. Nunca morri de amores por ele e muito menos pela banda, mas ele tem diversas qualidades e é fácil compreender por que é tão idolatrado: um misto de psicodelia, progressivo, pós-punk e música eletrônica se fundamenta em letras reflexivas e melancólicas, além de belos arranjos. É a cara dos anos 1990. A esquizofrênica “Paranoid Android”, a linda “Exit Music (for a Film)” e a canção de ninar “No Surprises” são as minhas preferidas do disco.


05 The Boatman's Call

Nick Cave and The Bad Seeds – The Boatman’s Call (47 pontos)

Alexandre: Pra mim, o segundo pior da lista. Entendo que a ideia é ser sutil, melancólico e o tal minimalismo, mas o álbum inteiro ser assim o torna cansativo demais. Até é bem gravado, mas eu fiquei esperando algo durante o disco inteiro e ele não saiu da monotonia em pouco mais de 50 minutos. Só não é pior que o Racionais MC’s porque naquele lá ninguém canta e ninguém toca nada no álbum. Além de tudo, a voz de Nick é muito limitada aos tons graves, basta ele resolver tentar algo minimamente mais alto que eu levanto sérias restrições, como nos refrãos finais de “People Ain’t no Good” ou também no fim da última faixa, “Green Eyes”. Os tons graves são até bonitos, no entanto. Esse eu passo, não serviu nem como sonífero.

Alissön: O ápice de Nick Cave como músico, letrista e produtor. Ao invés da pegada post-punk de outrora, o disco se baseia em harmonias conduzidas por pianos e maior influência de música pop, sem deixar aquele ar sombrio e até mesmo gótico de canto. “People Ain’t No Good” continua sendo um dos momentos mais arrasadoramente sentimentais e uma das músicas mais lindas da história. Não preciso dizer mais nada, o disco fala por si só.

André: Gosto de Nick Cave and the Bad Seeds, mas não deste disco. Segundo rezam as lendas, este álbum foi gravado depois de um chute na bunda que PJ Harvey deu no australiano devido o seu envolvimento com Kylie Minogue e aí chorou suas pitangas neste disco à base de piano. Acho que ele plagiou a ideia aí de um certo mutante…

Bernardo: Após a versatilidade de Murder Ballads (1996), Cave lançou The Boatman’s Call, um de seus discos mais introspectivos, inteiramente baseado em piano. O que poderia render um disco homogêneo encontrou na sensibilidade de Cave momentos emocionantes, como “Into My Arms” e “(Are You) The One that I’ve Been Waiting For?”.

Bruno: Certa vez li uma resenha deste disco dizendo que é o som de um coração se partindo. Não há definição melhor. Após dois relacionamentos fracassados, Nick Cave mudou o tom em um álbum basicamente calcado no piano, com os Bad Seeds servindo apenas como trilha sonora de fundo. Uma das performances mais sinceras da história da música pop e meu trabalho favorito do compositor australiano.

Davi: Sabe aquele dia em que você precisa ir dormir cedo porque tem que acordar cedo na manhã seguinte, mas está sem sono e não sabe o que fazer? Pois é… Você coloca este disco do Nick Cave para tocar que é tiro e queda. Deveriam vender na farmácia.
Diogo: Quando se conhece pouco a respeito de determinado artista, trabalhamos com os níveis de comparação que temos à disposição. No meu caso, é o fato de ter ouvido Murder Ballads para a edição anterior desta série. Admito que gostei mais daquele do que deste, mais intimista, melancólico e, por que não?, mais cansativo. Não é que o disco tenha deixado uma impressão ruim ou algo do tipo, pelo contrário, mas é que a sua aparente linearidade não soa muito atraente para o ouvinte eventual, meu caso. Achei que Murder Ballads tem mais “cores”, enquanto The Boatman’s Call trabalha com diferentes tons da mesma cor, no caso, um vermelho não tão vivo quandto eu gostaria. Talvez, se houvesse mais músicas como “Far From Me” e “Idiot Prayer”, o resultado seria melhor, mas admito que este diagnóstico tem muito a ver com minha pouca familiaridade em relação à obra de Nick Cave.

Eudes: Depois do “criminal record” do ano anterior, Nick seguiu na onda temática e fez um CD inteiro sobre amores, desilusões e chifres em profusão. Chifre é sempre um tema infalível na música popular, e se tomado por um artista especialista em entortar tudo em que põe a mão, pode virar um troço deliciosamente indefinível. A sequência de tristezas musicais desfiada por Cave, que podia degenerar em uma audição sem graça, enfileira surpresas escondidas em canções bem urdidas e bem amarradas, que se fazem ouvir sem esforço e grudam dias e dias em nossa cabeça. Outro discão do cantor!

Fernando: Os consultores descobriram um novo ídolo? É isso? Porém, antes tarde do que nunca. Gostei dos dois discos dele que apareceram por aqui. Não sei se é o caso, mas seu som me lembrou o clima dos álbuns do Tom Waits, que também apareceu aqui na série em duas ocasiões. Porém, Nick Cave é infinitamente melhor.

João Renato: Nick Cave possui uma voz bem característica e as músicas são muito bem compostas e arranjadas. Porém, depois da quarta, se tornou cansativo para mim. Talvez seja mais agradável ouvir em pequenas pílulas. Na íntegra, me exigiu esforço.

Leonardo: Minimalista, centrado no piano e na voz de Nick Cave. Para quem curte baladas introspectivas e melancólicas. Não é o meu caso.

Mairon: Disco surpreendente, ainda mais depois da decepção que foi Murder Ballads na lista de 1996. Levado pelo piano, é um álbum que ainda soa depressivo, mas que desta vez me agradou em cheio, com destaque para as lindas “Into My Arms” e “(Are You) The One that I’ve Been Waiting For?”. Adorei o violino e o violão em “West Country Girl”, com sua levada country que me lembrou Johnny Cash. O ritmo lento de “People Ain’t No Good”, “Idiot Prayer” e “Where Do We Go Now But Nowhere?”, também chamou atenção dos meus ouvidos, e até o órgão em  “There is a Kingdom”, “Far from Me” e “Lime Tree Arbour” soa agradável. Claro, nem tudo é perfeito, e “Black Hair”, “Green Eyes” e “Brompton Oratory” são provas de músicas desnecessárias, mas o disco é bom no geral, apesar de não considerá-lo suficientemente bom para 1997.

Ulisses: Por conta das simples, belas e delicadas conduções ao piano e ao baixo, The Boatman’s Call é bem mais agradável de se ouvir do que a obra do australiano que deu as caras aqui na edição anterior (Murder Ballads). As composições são serenas e facilmente apreciáveis, mas nada que eu vá ouvir novamente. Serve como música de fundo. Sei que tem gente que ouve isso e fica maravilhado; não é o meu caso.


06 Buena Vista Social Club

Buena Vista Social Club – Buena Vista Social Club (41 pontos)

Alexandre: Depois de uma reação de quase incredulidade, quando ouvi os primeiros momentos da primeira faixa, “Chan Chan”, não teve jeito… Afinal, este é o único dos álbuns que eu sequer havia ouvido falar dos autores. Assim, após uma pesquisa na internet, fiquei estarrecido com o reconhecimento deste álbum e sua incrível vendagem. Aí eu li o nome de Ry Cooder e parece que algo fechou, trazendo o sentido que não havia percebido anteriormente. Bem, eu não tenho e provavelmente jamais terei qualquer álbum do gênero na minha coleção, o que não quer dizer em absoluto que eu o achei ruim. Na verdade, me senti em uma trilha de cinema cuja ambientação pedisse algo similar, e as canções foram passando tranquilas, com ótimo instrumental. De negativo, não sou muito chegado nas músicas em espanhol, embora entenda que o estilo combina com a língua, indubitavelmente. Assim, meus sinceros parabéns aos consultores que possuem o conhecimento para citar este álbum entre os melhores, embora eu apenas possa respeitar a escolha. Ouvi com atenção, posso destacar que me agradam boa parte das harmonias vocais, um solo de violão mais desafiador na faixa “El Cuarto de Tula”, um bom trabalho do instrumento em “Y Tú Qué Has Hecho” e os sons do slide guitar que devem ser de Cooder em “Orgullecida”.

Alissön: Sons latinos nunca me agradaram muito. Exatamente por esse motivo eu nunca caí de amores pelo Buena Vista Social Club. É uma merecida presença, reconheço, mas continuo não apreciando a audição.

André: Não conhecia o trabalho. Pelo que pesquisei, um guitarrista norte-americano juntou uns músicos tradicionais cubanos que gravaram velhas canções e passaram a ser conhecidos no mundo, visto que jamais conseguiriam qualquer reconhecimento apenas tocando no playground particular de Fidel Castro. Para quem gosta desses ritmos caribenhos deve ser bom, mas não adianta eu mentir: achei chato pacas. Não consigo dissociá-lo de música tocada ao fundo de algum bar latino-americano comum.

Bernardo: Produzido por Ry Cooder com base no documentário homônimo de Wim Wenders, o disco coloca em evidência a vanguarda musical cubana trazendo alguns dos melhores momentos do que tocava na trilha sonora do clube de dança da década de 1940. Sempre sofisticado, com alguns momentos sublimes.

Bruno: Um daqueles discos históricos que devem ser vistos não como um simples trabalho, mas um registro cultural importantíssimo. Essencial.

Davi: O grande guitarrista Ry Cooder se uniu ao músico cubano Juan de Marcos Gonzalez e juntos fizeram uma homenagem ao clube de dança Buena Vista Social Club, onde vários músicos costumavam se encontrar na década de 1940. O disco resgata ritmos latinos tradicionais. Na época, estava ocorrendo um resgate da música latina por conta do sucesso de alguns artistas pop latinos. Isso deve ter influenciado o sucesso em torno do álbum, já que não se trata de um som radiofônico. Durante a audição, é possível notar que artistas como Maná, Gloria Estefan, Santana e até mesmo Ricky Martin se inspiraram bastante nesses ritmos para construir suas músicas. O disco é bem feito, bem tocado, bem gravado, mas que é estranho aparecer entre os preferidos dessa turma headbanger aqui, ah, isso é…

Diogo: Não tenho uma relação próxima com esse tipo de sonoridade e inclusive duvido muito do fervor que alguns manifestam para com artistas assim, de cunho mais ideológico que musical, mas não sou estúpido a ponto de não saber apreciar uma obra com a qualidade de Buena Vista Social Club quando ela se apresenta na minha frente. Música tradicional, mas perfeitamente inserida na modernidade, de cunho local, mas que dialoga com qualquer um que não viva fechado dentro de sua concha. O disco transpira honestidade, nada daquele exotismo barato que alguns artistas famosos tentam vender em países anglófonos através do uso de ritmos caribenhos, mas que não soam muito além de um pastiche mal ajambrado que só serve pra enganar trouxa. Ouvi pouco o álbum para tecer este comentário, mas desde já destaco a canção que lhe empresta o nome. Uma lembrança diferente, mas positiva.

Eudes: Lá pelo fim dos anos 1990, não tinha uma única festa daqueles amigos descolados em que não se ouvisse a viciante “Chan Chan”, canção que abre o álbum Buena Vista Social Club. E, de fato, a canção soava como aquelas coisas que, ao mesmo tempo, nos remetem a lembranças indistintas do passado e ainda assim a sensações absolutamente novas. É que o son, ritmo cubano que não teve a mesma difusão que a rumba e o cha cha cha nos anos 1950, nunca tinha sido ouvido entre nós. “Chan Chan” nos dominou com seu tom nostálgico e pop, com sequência de notas familiar aos ouvidos acostumados ao blues. Mas nem só de “Chan Chan” vive o álbum que, na verdade, é uma coleção de grandes clássicos dos cassinos cubanos no tempo em que o país era pouco mais do que um grande bordel para turistas norte-americanos, recebidos sob os auspícios da máfia. Portanto, sim, os frenéticos e românticos ritmos caribenhos estão todos lá! Mas, afinal, porque este disco alcançou status lendário, uma vez que essas coisas se podiam encontrar em formações como os bem conhecidos Românticos de Cuba? O diferencial vem da autenticidade alcançada pelo recrutamento dos sobreviventes dos anos 1950, gente como os extraordinários cantores Ibrahim Ferrér e Omara Portuondo, o pianista virtuose Rubén Gonzalez e o guitarrista e cantor Compay Segundo. Essa turma de velhinhos transviados, vivos e ativos nos buracos da noite habanera, resgataram não só peças clássicas mas pouco ouvidas fora da ilha, como recuperaram a forma como eram tocadas nos bons tempos, em que se destaca a inusitada combinação de cordas sedosas e ataques de naipes de metais, tudo sob a condução do piano de Gonzalez. Conta a lenda que, obcecado pelas canções que captava em seu rádio do outro lado do mar do Caribe, na juventude, Ry Cooder resolveu garimpá-las com ajuda de um grupo de músicos malês que, entretanto, esbarraram na burocracia e não puderam desembarcar em Cuba, o que levou Cooder a recorrer a esses velhos artistas. Mas, na boa, deve ser mentira. O próprio Cooder narra no filme homônimo que o resgate dos velhinhos fazia parte de um projeto. Bem ou mal, o fato é que Buena Vista cometeu a proeza de fazer com que um disco cubano chegasse a vender 6 milhões de cópias e recolocasse em circulação uma arte que se julgava extinta.

Fernando: Sempre li e ouvi falar dessa que é a banda cubana mais conhecida. Porém, nunca havia realmente escutado. Apesar de me soar bem aos ouvidos, atualmente estou em outra vibe musical. Vai ficar para um futuro.

João Renato: Vivendo no interior do Rio Grande do Sul, você se acostuma a lidar com a música tradicional, especialmente aquela com base nos violões. Por isso, apesar de ser uma abordagem diferente, o trabalho do Buena Vista Social Club não é difícil de ser compreendido. Talvez o impacto tenha sido maior para quem não estava acostumado, mas não dá para dizer que era algo realmente diferente do que quem vive “longe demais das capitais” escuta. Mesmo assim, uma ótima pedida.

Leonardo: Bom, este site se chama Consultoria do Rock. E, definitivamente, este não é um disco de rock. É interessante, animado e perfeito para aquela festa ou churrasco na beira da piscina. Mas não entra na minha lista de melhores discos de rock de 1997.

Mairon: A prova de que essas listas de Melhores de Todos os Tempos caíram na mediocridade a partir dos anos 1990, porque, sinceramente… Bom, melhor nem falar nada… Para ouvir bêbado em uma praia paradisíaca cercado de lindas latinas, ou seja, sem prestar atenção na música.

Ulisses: Um disco gostoso de apreciar, muito por sua gravação, que mergulha o ouvinte na música cubana de forma vibrante, acolhedora e intimista. Me peguei gostando mais das faixas animadas, como “De Camino a La Vereda”, “El Curato de Tula” e “Candela”, mas o registro inteiro é muito bom. Um álbum riquíssimo como este me parece do tipo que já teria uma matéria completa e detalhada aqui na Consultoria…


08 Carnival of Souls

Kiss – Carnival of Souls: The Final Sessions (40 pontos)*

Alexandre: Sei que boa parte dos consultores e dos leitores que aqui comentam vão querer o meu fígado por isso, mas não tenho dúvidas em afirmar que este é o meu álbum preferido de 1997. O problema dele é que seu lançamento só seu deu pelo fato de ter vazado pela internet e aí a banda resolveu tentar ganhar algum trocado antes que mais ninguém o comprasse. Assim, Carnival of Souls não foi lançado, foi jogado no mercado, sem divulgação, com uma formação diferente daquela em que o Kiss se encontrava naquele instante, em plena “reunion tour” e faturando horrores com o tal revival. Como pra mim o que interessa é música, e citando um dos frequentadores do Minuto HM, o Daniel, eu adoro quase sempre quando o Kiss não soa como o Kiss. Foi assim com Dynasty (1979), no pesado Creatures of the Night (1982), no renovado Lick It Up (1983) e mais ainda no conceitual Music from “The Elder” (1981), todos ótimos trabalhos. Aqui eles resolveram seguir a proposta “grunge”, mas o lançamento foi tardio. Ainda assim, o disco tem ótimas canções e ótimos solos de Bruce Kulick, talvez em seu melhor álbum na banda.  As faixas cantadas por Simmons têm mais relação com a proposta, como a ótima “Hate” ou a soturna “I Confess”. Mas o vocal de Paul Stanley está em ótima forma, em especial em “It Never Goes Away”. E é dele também a única balada, “I Will Be There”, com cordas, violões e bandolins, que fizeram bonito no arranjo. No fim, uma ínédita e boa faixa com Kulick nos vocais, “I Walk Alone”, que ele acabou levando para tocar com o Union (projeto com John Corabi) quando foi chutado do Kiss. Gostaria apenas de ouvir mais da bateria de Eric Singer, um tanto apagado e simples. De resto, podem me chamar de doido, mas este CD furou de tanto tocar aqui em casa.

Alissön: Este é o Kiss tentando ser grunge. Apenas tentando mesmo, porque o resultado final é tão ruim que chega a doer. Disco lotado de ideias equivocadas, em que apenas “Childhood’s End” se sobressai em, vejam só, uma música que mais parece ter saído de algum lado B do Soundgarden. Faria sentido a citação deste disco se este fosse o fórum do Kiss Army.

André: Esta entrada aqui surpreendeu. Creio que o responsável tenha sido um certo judeu aqui que é fã da banda. Curiosamente, também tenho este disco, comprado há muito tempo quando eu queria ter qualquer coisa do grupo e o vi em promoção na internet. Comprado no escuro e só pelo nome Kiss mesmo. Uns dizem que eles tentaram pegar a boquinha da recente onda grunge, mas não vejo isso por aqui, exceto a banda tentando soar mais obscura e noventista. Nem de longe é destaque na discografia dos caras, mas ouvir “Master & Slave” (um dos raros momentos do Kiss em que Simmons se destaca com seu baixo) e “In My Head” é um alívio nesse ano tão bizarro que foi 1997. Felizmente, as coisas começaram a melhorar muito de 1998 para frente.

Bernardo: O momento grunge do Kiss. O último suspiro criativo da banda. Depois tudo voltou para o mesmo reme-reme de sempre.

Bruno: Kiss em 1997, é brincadeira, hein?

Davi: Este álbum do Kiss sempre dividiu opiniões, assim como Music from “The Elder”. Acredito que a razão seja a mesma. Os rapazes saíram de seu som tradicional para fazer algo fora de seu universo. Simplesmente amo este álbum. Carnival of Souls é ainda mais pesado que Revenge (1992). Traz um Eric Singer inspiradíssimo, conforme podemos comprovar já na primeira faixa, “Hate”, e um Paul Stanley extremamente endiabrado. Para quem quiser ter uma ideia da direção musical, diria que se aproxima da sonoridade que Bruce Kulick viria a trabalhar pouco tempo depois no Union. Faixas de destaque: “Hate”, “Rain”, “Master & Slave”, “Jungle”, “In My Head”, “I Confess” e “In The Mirror”.

Diogo: O pessoal gosta de colocar uns discos “meio meio” do Kiss por aqui, não? Primeiro foi Dynasty, depois Music from “The Elder” (alguns incluiriam Lick It Up também, mas esse considero ótimo) e agora este Carnival of Souls, cujo lançamento muito provavelmente não teria ocorrido em circunstâncias normais. O jeitão cru é até interessante e gosto de ver o Kiss explorando territórios diferentes daquele que consagrou o quarteto, mas o álbum exibe uma deficiência de composições realmente boas. Há canções interessantes, como “Rain” (Alice in Chains mandou um abraço), “Master & Slave” (riffzaço matador) e “Jungle” (Bruce Kulick mandando bem no baixo), destacando a boa forma de Paul Stanley, mas nenhuma delas chega a ser verdadeiramente memorável, coisa que o grupo atingiria um ano depois com algumas faixas de Psycho Circus, mais debochado, mais brega, menos noventista e sem medo de ser feliz.

Eudes: Mesmo no seu auge, nunca entendi o culto ao Kiss e nem mesmo jamais me senti impulsionado a comprar um de seus discos de rock qualquer coisa (de bandas qualquer coisa ainda prefiro os Rolling Stones) Para mim, o Kiss sempre foi um grupo de canções em que confundia rock básico com rock primário (do tipo batatinha quando nasce…). Agora, este disco com a banda em plena decadência (ou até mesmo no pós-decadência, já que a decadência propriamente dita se deu nos anos 1980) entrar em uma lista de melhores desafia todas as minhas faculdades de entendimento. A tentativa de soar como uma banda de Seattle é apenas patética, e a derivação em direção a diferentes vertentes do rock, inclusive o progressivo, apenas deixa à mostra a competência limitada dos músicos. Incompreensível!

Fernando: O Davi é fã mesmo de Kiss, hein!!! Afinal, só ele tendo colocado este disco fraquíssimo do Kiss em primeiro para que ele tenha conseguido entrar aqui. Com a iminente volta de ex-integrantes clássicos, o Kiss aproveitou restos de estúdio da formação até então atual e soltou Carnival of Souls. Até a capa dá a impressão de que as coisas foram feitas às pressas.

João Renato: Todos que me conhecem sabem que o Kiss é minha banda preferida, a razão por eu ter mergulhado de cabeça no rock. Porém, confesso que fiquei surpreso em ver Carnival of Souls na lista, até porque o deixei de fora da minha. Quem acompanha a carreira do grupo sabe que eles sempre gostaram de surfar na onda do momento, então, não era de se estranhar que fossem pegar carona no grunge. O problema é que a maioria das músicas não dá sustentação. Some a isso o fato de esta ser, nas palavras dos próprios, uma demo mal acabada, que só foi lançada porque cópias piratas se espalhavam pelo mundo. Poucas composições me agradam, todas de Paul Stanley, que estava em um momento vocal sublime.

Leonardo: Antes de tudo, confesso que sou um grande fã do Kiss. É, sem dúvida nenhuma, minha banda favorita, e confesso ser daqueles que colecionam todo tipo de produto lançado pela banda. E, até por isso, por se tratar da minha banda favorita, sou muito crítico em relação à mesma. No meio de tantos discos maravilhosos e canções extraordinárias, há coisas insuportáveis, como “No No No”, do álbum Crazy Nights (1987), ou “Read My Body”, de Hot in the Shade (1989), entre muitas outras. E este Carnival of Souls é, na minha opinião, o momento menos inspirado da carreira da banda. Tentando seguir a linha grunge/altenativa tão em alta na época, Paul Stanley, Gene Simmons e cia. compuseram um álbum insosso, grave e carente de músicas mais animadas e com bons refrãos, como a banda sempre teve. Há algumas boas canções, como a estupenda balada “I Will Be There” e as pesadas “Jungle” e “Rain”, todas de autoria de Paul Stanley. Mas, no geral, é um disco que não empolga. Com tantos lançamentos mais interessantes no mesmo ano, não sei como conseguiu emplacar na lista.

Mairon: Ótimo disco do Kiss, mantendo o excelente nível de Revenge. Depois do Unplugged (1996) e da coletânea You Wanted the Best, You Got the Best!! (1996), os fãs estavam esperando pelo retorno da formação mascarada, mas eis que veio Carnival of Souls, pegando todo mundo de surpresa. Tendo como maior sucesso a pesadíssima “Jungle”, o disco tem influências grunge, como atestam os riffs de “Hate”, “It Never Goes Away”, “Master & Slave”, “In the Mirror” e “Rain”, todas faixas pesadas e arrastadas, que, se fossem registradas alguns anos antes, teriam feito muito sucesso entre seguidores das bandas de Seattle. Destaque para o ritmo alternado de “I Walk Alone”, a linda “I Will Be There”, com o acompanhamento harmonioso dos violões, as pancadas “I Confess” e “Seduction of the Innocent”, e o quebra-pescoço de “In My Head”.  Não há nenhum resquício do Kiss festeiro dos anos 1970 ou do Kiss carregado de purpurina dos anos 1980, mas sim, uma versão genérica de Alice in Chains ou Soundgarden, e que de jeito nenhum deve ser desprezada. Não lembrei deste álbum quando fechei minha lista de dez melhores, e acredito que, se tivesse lembrado, estaria entre os cinco melhores. Flor de lótus desta lista.

Ulisses: Não é a sonoridade clássica do Kiss, mas é bom. Na verdade, lembra um pouco o Alice in Chains. Várias canções têm qualidade acima da média, como “Master & Slave”, de baixo marcante e bom refrão, a viajante “Jungle” e o encerramento com “I Walk Alone”. Mas que é esquisito ouvir um Kiss assim, é!


07 Whoracle

In Flames – Whoracle (40 pontos)*

Alexandre: A banda é competente, não há dúvida, mas não consegui gostar do estilo do vocal. Assim, a análise fica de alguma forma prejudicada. Nos tons mais graves, então, acho quase inaudível o que é cantado, como no primeiro minuto de “Worlds Within the Margin”. Parece que há um vocal ali, mas ficou a dúvida… Dentro do trabalho, a quarta faixa, “Dialogue with the Stars”, instrumental, foi a que se destacou pra mim, com guitarras dobradas e violões fazendo a harmonia em cima da pancadaria bem construída. Achei que o álbum também tem alguns tracks baixos na mixagem, como o solos de “Morphing Into Primal” e “Jester Script Transfigured”, que foi justamente a música que destaquei entre as cantadas. Também não gostei da cover do Depeche Mode, embora também não goste de Depeche Mode. Pra resumir: não, obrigado.

Alissön: Ouvi menos este disco que o anterior – The Jester Race (1996) –, mas o nível de qualidade se manteve. Os vocais de Anders Fridén continuam sendo o contraponto perfeito para estruturas exuberantemente melódicas, complementadas com muita harmonia e senso técnico. A habitual influência medieval continua sendo o diferencial que coloca a audição de um disco do In Flames (noventista, não a porcaria de hoje em dia) entre as mais prazerosas do estilo. Belo disco e bela presença.

André: Houve uma notória queda de qualidade aqui se comparada com The Jester Race. Há músicas muito boas, como “Food for the Gods”, “The Hive” e “Worlds Within the Margin”, mas “Jotun” e “Everything Counts” jogaram o disco para baixo. Acho que quiseram soar como o anterior com o acréscimo de mais melodias, porém, as composições não empolgam como antes. Fica naquela categoria de álbuns razoáveis.

Bernardo: De novo? Bem, interessante, mas não me chama atenção.

Bruno: Uma cartilha de melodeath. Meu disco preferido do In Flames.

Davi: Disco bacana, pesado, com algumas faixas muito boas, muito bem tocadas. In Flames é uma banda que sempre teve personalidade e Whoracle demonstra um enorme avanço em relação a The Jester Race, inclusive no trabalho vocal. Entretanto, para o desagrado de muitos, minha fase favorita começa em Reroute to Remain (2002). Surpresa ver que a banda é tão amada entre os consultores. Não esperava por essa.

Diogo: A turma liderada por Jesper Strömblad estava mesmo inspirada na segunda metade dos anos 1990. A combinação de agressividade nos riffs e nos vocais de Anders Fridén com as melodias extraídas de sua guitarra continuaram dando certíssimo em Whoracle e continuariam a fazer bonito por ao menos mais dois discos, que também merecem dar as caras por aqui. Tanto quanto, ou até mais do que em The Jester Race, a banda brinca de ser o Thin Lizzy (ou o Iron Maiden?) do death metal, recheando as canções de guitarras que ficam na mente do ouvinte e ajudam a tornar o In Flames muito peculiar, mesmo que não tenha sido o único pioneiro daquilo que ficou conhecido como death metal melódico. Só sei que, quando descobri a banda, na época de Clayman (2000), achava isso tudo muito novo e excitante. Assim como seu antecessor, o álbum é equilibrado e a maioria das faixas é memorável, variando entre a porradaria mais direta (“Morphing into Primal”) e a saudável mescla entre passagens acústicas e agressiva eletricidade (“Dialogue With the Stars”, “Jester Script Transfigured”). Minha favorita mesmo é “Episode 666”, de riff forte e cheia de licks que a complementam tal qual o Judas Priest fazia em seus melhores momentos.

Eudes: Nunca havia ouvido a banda até a edição anterior. Heavy padrão, bom de ouvir e fácil de esquecer.

Fernando: O In Flames foi uma excelente novidade para mim nesses últimos meses. Já disse na edição anterior que foi um tempo perdido eu não ter conhecido essa banda lá na década de 1990. Acredito que Whoracle é até melhor que The Jester Race.

João Renato: Meus preferidos do In Flames são Colony (1999) e Clayman (2000), embora a banda não faça realmente parte do meu playlist. Whoracle tem suas qualidades, mas ainda soa um tanto quanto confuso para minha assimilação. Acho seu antecessor, The Jester Race, melhor, mais encaixado, especialmente nas partes acústicas.

Leonardo: Uma das bandas mais originais e prolíficas dos anos 1990, o In Flames lançou uma sequência de álbuns incríveis entre 1996 e 2000. E destes, Whoracle é um dos melhores. Partindo da base death metal melódico de seu disco anterior, o grupo expandiu um pouco seu som, adicionando algumas influências industriais e vocais limpos em algumas faixas. Mas os riffs e solos de Jesper Strömblad, principal compositor e solista da banda na época, continuavam certeiros, e o trabalho de guitarras continuava incrível. Escute “Jotun”, “Episode 666” e “Words Within the Margin”. O death metal melódico não fica melhor do que isso.

Mairon: Novamente, gostei do instrumental e não gostei do vocal. Conheci a banda através da lista de 1996, e não percebo nada de mais nela. Até me chamou um pouco de atenção a introdução de “Food for the Gods”, as passagens acústicas de “Jester Script Transfigured”, e, de novo, as melhores canções são as instrumentais, “Dialogue With the Stars” e “Whoracle”. Pior, ainda conseguiram estragar a linda “Everything Counts” (Depeche Mode). Peguei nojo depois disso, e, pelo jeito, estou realmente por fora dos novos bons sons, já que mesmo o CD tendo 40 minutos, quando chegou nos 20 eu já clamava pelo seu fim. Espero nunca mais ter que ouvir nada da banda.

Ulisses: De novo um disco do In Flames por aqui. Achei este bem menos legal que o antecessor, trazendo duas faixas fillers instrumentais e um cover do Depeche Mode (aff!), mas músicas como “The Hive” e “Jester Script Transfigured” salvam o registro.


09 Come On Over

Shania Twain – Come On Over (37 pontos)

Alexandre: Mais um tiro certeiro de Mutt Lange, o produtor que havia levado tanto o AC/DC quanto o Def Leppard, entre tantos outros, a venderem o que venderam com álbuns como Back in Black (1980), Hysteria (1987) e Pyromania (1983). O que é um tanto questionável para os puristas do estilo tido como de raiz de Shania (o country) é o caminho indiscutível que ela fez juntamente com Mutt em direção ao pop, mas, assim como Hysteria do Def Leppard, certamente foi exatamente isso que a fez vender os mais de 40 milhões de álbuns com este Come On Over. Não é o meu caso, já que não sou um purista da chamada country music. Assim, o álbum vai bem pra mim, o vocal da moça é muito bom e o instrumental impecavelmente conduzido por Lange, com arranjos feitos para arrebentar as paradas de sucesso. O cara é praticamente imbatível nisso. Os toques de pedal steel guitar, acordeão (ou sanfona, pra quem preferir), slide guitar, banjos, violinos (ou rabecas), o som “estalado” dos captadores single coil das Fenders Stratocasters estão aqui e ali, pra lembrar que Shania precisava atingir também o pessoal do country, mas o apelo pop é pra lá de latente. E eu nessa história? Bem, eu posso conviver com isso, sem problemas, como já afirmei. E gosto bastante das baladas também, “From this Moment On” em especial. Não votei no álbum, mas não vejo problemas nele estar aqui. Mas a gente podia ficar sem o videoclipe de “Man! I Feel Like a Woman!”, ô coisa horrorosa… E fica a pergunta: Será que a Paula Fernandes vai ter alguma chance aqui na Consultoria?

Alissön: Achei que nunca mais ia ter o desprazer de ouvir as músicas pavorosas dessa mulher. Popzinho sem vergonha com um ranço country da pior qualidade. “Medonho” ainda é elogio.

André: As meninas adolescentes da minha época de escola adoravam esse country pop da canadense. E, convenhamos, ela mereceu o sucesso. Shania tem um baita vocal, é carismática e as músicas aqui são bem grudentas, principalmente a carro-chefe “Man! I Feel Like a Woman!”. Não é meu estilo, mas dou crédito para a entrada dela por aqui.

Bernardo: Obrigado por me fazerem ouvir “Man! I Feel Like a Woman!” de novo – ainda é tremendamente divertida. Vão à merda por me fazer ouvir “You’re Still the One” de novo – ainda é melosa de dar diabetes.

Bruno: Não é minha praia.

Davi: Ótima surpresa ver este disco por aqui. Contando com a impecável produção de Mutt Lange (AC/DC, Def Leppard), o terceiro disco da lindíssima Shania Twain traz uma perfeita mistura entre country, rock e pop. Shania não era apenas um rostinho bonitinho, era uma cantora extremamente afinada e carismática. Seu trabalho vocal no álbum é muito bem feito. Característico, sem maneirismos e com refrãos que entram fácil no inconsciente para nunca mais sair. Com este trabalho, deixou de ser uma artista consagrada no universo country para se tornar uma artista mainstream (The Woman In Me, de 1995, já havia meio que aberto as portas para isso). O disco é repleto de diversos momentos memoráveis, como “Black Eyes, Blue Tears”, “Don’t Be Stupid (You Know I Love You)”, “That Don’t Impress Me Much”, “Rock This Country!”, “When”, “Love Gets Me Every Time”, “Man! I Feel Like a Woman!” e “You’re Still the One”. Para quem não ouve apenas porradaria, disco recomendadíssimo.

Diogo: Fico feliz que eu não tenha sido o único a lembrar desta, que é uma obra que faz jus ao enorme sucesso obtido. Ao lado de seu marido e produtor, o lendário Robert John “Mutt” Lange, Shania compôs e interpretou uma coleção de canções muito bem resolvidas, executadas à perfeição (com a ajuda do excelente guitarrista Dann Huff) e, por que não?, em vários momentos realmente excelentes, e não falo apenas de seus maiores hits. “When”, por exemplo, que não foi lançada como single nos EUA e é a favorita da própria Shania, equilibra-se perfeitamente sobre o tripé que sustenta Come On Over: pop, country e rock de arena. “Black Eyes, Blue Tears” é outra, entre as menos lembradas, que faz bonito. Aliás, quem joga a responsabilidade pelo sucesso do disco mais para Mutt do que para Shania tem que ouvir seu belíssimo trabalho vocal, afinado, equilibrado, sem os exageros de tantas outras cantoras que querem chamar a atenção mais para si do que para suas canções. Em se tratando de baladas, gosto muito de “You’re Still the One” e “You’ve Got a Way” também tem seu charme, mas é em “From This Moment On” que se atinge o clímax do álbum, especialmente após o solo de guitarra, quando a canadense solta a voz de maneira emocionante. Além dessas, várias outras empolgam muito, caso de “Love Gets Me Every Time”, “Don’t Be Stupid (You Know I Love You)” e “Honey, I’m Home”, todas com uma pegada mais country, além de “Rock This Contry!”, mais arena impossível, e da debochada “That Don’t Impress Me Much”, que aparece em mixagens diferentes (todas ótimas) conforme os lançamentos, assim como outras canções de Come On Over.

Eudes: Delicado, bem executado e extremamente convencional, este disco tem como principal traço o fato de ter sido um best seller sem precedentes entre artistas mulheres do machista gênero country ‘n’ western. Afinal, dele se extraíram nada mais nada menos do que 12 singles, 11 dos quais chegaram ao top 5. Fora isso, que não é pouco se nossas listas levam o critério influência em conta, a obra não contém maiores atrativos. Mas parece que há quem goste!

Fernando: Rááá!!! Pegadinha do malandro! Fiquei esperando até o último minuto alguém dizer que a inclusão deste disco era zueira. Pelo jeito não era….

João Renato: Das 16 faixas, 12 foram lançadas como single. A produção do recluso Mutt Lange, marido da moça, é certeza de qualidade técnica. Mas tudo é muito comportado, certinho, no lugar. Você sabe exatamente onde chegará a próxima ponte, o próximo refrão, tudo bonitinho. De qualquer forma, vale para ver de onde boa parte das cantoras brasileiras atuais tirou a inspiração.

Leonardo: Robert “Mutt” Lange, produtor de bandas como AC/DC, Foreigner e Def Leppard nos anos 1980, sempre foi uma máquina de fazer hit singles, daqueles com enorme apelo pop. E ainda que tenha tido um retorno fenomenal com os artistas citados, foi provavelmente com a cantora Shania Twain que seu trabalho alcançou os maiores níveis de sucesso. A fusão de country music, soft rock e pop apresentada nas canções do disco catapultou a carreira da cantora canadense, que se tornou uma diva da música pop quase que imediatamente. Não é a minha praia, mas confesso que há diversos momentos interessantes.

Mairon: Ah para, né, vocês exageraram, hein? Tá certo que “Man! I Feel Like a Woman!” e “You’re Still the One” tocaram horrores em tudo que é lugar, mas, sinceramente, vocês realmente gostam dessa cópia pasteurizada de uma banda cover country do Dire Straits? Me surpreendeu a quantidade de álbuns que vendeu e as marcas históricas (mais de 40 milhões de discos vendidos em todo mundo é disco pra c@cete!), que sinceramente desconhecia. Então tá, fica subentendido que por ter vendido muito deve aparecer nos melhores de cada ano. Que seja. Eita disco chato da porr@.

Ulisses: Só conhecia Shania de nome. Minto: lembro de já ter ouvido “You’re Still the One” alguma vez na vida. De qualquer forma, conhecer Come on Over por inteiro foi uma grata surpresa, e fica bem justificada sua aparição entre os melhores do ano: uma mistura bem calibrada de country e pop. É hit atrás de hit, voz maravilhosa e refrãos memoráveis. O único problema do disco é a quantidade excessiva de composições – haja orelha para 16 delas… De qualquer forma, já virei fã.


10 Sobrevivendo no Inferno

Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno (35 pontos)

Alexandre: Não, não gosto. Por dois motivos principais: 1. Música deveria ser, pelo menos na sua maior parte, cantada. Para recitar, declamar, simplesmente falar, sei que não tem o mesmo impacto, mas gostaria que a proposta fosse dissociada dessa arte. 2. Não posso avaliar o trabalho instrumental, porque, pelo que entendi, ninguém executou nada do instrumental do álbum. Se há alguém responsável por tal, eles deveriam dar o crédito. Pelo jeito não há, e botar um som (gravado por outros músicos) em sampler, em loop, pra tocar e falar por cima dele não me agrada, não vejo mérito, seja isso considerado música ou não.  Não serei eu aqui a abrir uma discussão e dizer se é ou não é. Pra mim não é, mas esta é apenas a minha opinião. As letras são fortes e deve-se dar todo o crédito por entender que os caras saíram da onde saíram para conseguir a notoriedade e respeito por elas. No meu entendimento, é o que salva. O que é muito pouco.

Alissön: Cada canção é um detonador de sentimentos no ouvinte: indignação, comoção, assombro, entre outros mais obscuros. “Tô Ouvindo Alguém me Chamar”, da introdução da história ao seu desfecho inevitável, é um belo tapa na cara com uma história crua e um ponto de vista que não estávamos acostumados a ouvir até dentro da própria música rap. E tudo é dito com a franqueza e os vocais duros de Mano Brown, que vai entoando sua poesia das ruas de maneira direta e sem rodeios, falando sobre os mais diversos temas que a sociedade por vezes insiste em não discutir: sistema prisional, pobreza, a vida nas favelas paulistanas, entre outros temas nada sutis. Se existe um álbum que traduz, em sua totalidade, o que é o Brasil, é este Sobrevivendo no Inferno, um dos melhores discos que já foram feitos em terras brasileiras.

André: Céus… Me obrigaram a ouvir um longuíssimo álbum de rap do início ao fim… Por gentileza, voltem com os punk/indies/alternativos por aqui. Bem, pelo menos nessa época as letras eram melhores do que qualquer rap dos últimos dez anos. E finalmente descobri de onde o Cauê Moura do “Eu Sou 1337” tirou a referência para falar coisas como “sete em cada dez fãs de cosplay se masturbam para a Morrigan do Darkstalkers”.

Bernardo: Um dedo na ferida que ainda dói. “Tô Ouvindo Alguém me Chamar”, “Capítulo 4, Versículo 3” e o clássico “Diário de um Detento” demonstram não só a revolta dos Racionais mas também o talento do grupo para criar narrativas urbanas e violentas nas letras e reproduzir com seus samples e batidas um universo sombrio, opressivo, desesperador. Ainda hoje, um disco essencial e riquíssimo.

Bruno: As letras são geniais, mas musicalmente não me agrada. Ainda assim é um dos melhores representantes do gênero no Brasil.

Davi: Juro que não consigo entender o culto ao Mano Brown. Ouvi este disco que, se não me engano, é o mais famoso dele, e não me passou absolutamente nada. Não me fez rir, não me fez chorar, não me fez refletir, só me fez ir olhar quanto tempo faltava para acabar.

Diogo: Considerando que só comecei a ouvir rap com mais atenção de dois anos para cá, minha capacidade de avaliação de um disco como Sobrevivendo no Inferno ainda é bastante limitada. Se levarmos em consideração que minha preferência tem recaído pelo bem produzido rap da Costa Oeste norte-americana (mais especificamente o G-funk), cheio de influências funk e soul, é ainda menor a chance de que um álbum como este, focado em arranjos minimalistas, caia no meu gosto. Felizmente isso não ocorreu. São Paulo não é Los Angeles e artistas como Snoop Doggy Dogg e Dr. Dre diferem muito dos Racionais, apesar de suas narrativas terem intersecções, mas Sobrevivendo no Inferno funciona muito bem de seu jeito mais minimalista e até soturno, dando o destaque que as letras merecem, estimulando a concentração do ouvinte. “Capítulo 4, Versículo 3”, “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar”, “Diário de um Detento” e “Qual Mentira Vou Acreditar” são obras de um grupo que sabe transmitir seus relatos, mesmo que alguns achem exagerados os tamanhos das faixas. O disco transpira regionalismo, mas é capaz de conversar com o ouvinte de qualquer canto do Brasil, e isso é um grande mérito.

Eudes: Acho, de um ponto de vista puramente musical, o rap uma experiência frequentemente tediosa. Mas os Racionais MC’s ultrapassam quase sempre o limite estético do estilo. Este best seller (1 milhão e 500 mil cópias já na época do compartilhamento de arquivos na internet) é o disco da monumental “Diário de um Detento” e da regravação nota 10 de “Jorge da Capadócia”, na qual Mano Brown prova que a exploração de novas direções na música negra não é contraditório com retomar sua própria linha evolutiva. Um disco bacana e ainda fresco depois de quase 20 anos. Aqui os consultores acertaram em cheio.

Fernando: Sobreviver no inferno deve ser o mesmo que ouvir Racionais MC’s em loop eterno.

João Renato: Tenho sentimentos conflitantes em relação aos Racionais. Sem dúvida, o grupo se expressa de uma maneira nua e crua, expondo problemas e situações sociais pelos quais muitos passam e não conseguem ter uma voz ativa para expor. Mas não concordo com a postura intolerante de Mano Brown e companhia em relação a algumas pessoas. Sei que se trata de uma reação contra uma ação da qual foram vítimas a vida inteira. Mesmo assim, não acho que se enfrenta fogo com fogo, a não ser que se queira promover uma batalha infinita. Sobrevivendo no Inferno é o álbum referencial do rap nacional. Não houve nem haverá um mais simbólico para o movimento.

Leonardo: Não suporto rap, e muito menos os Racionais MC’s. Para quem curte, o disco deve ser um prato cheio. Para mim, é uma tortura sem fim.

Mairon: Nunca gostei de Racionais, apesar de também nunca ter ouvido com a merecida atenção. Dediquei meu tempo para embasar minha opinião e confirmei que, realmente, não gosto de Racionais. Esses raps com mistura de samplers e letras de protesto com palavrões não me dizem nada, e mesmo respeitando quem goste, jamais isso será um álbum para estar entre os melhores de 1997. Imagino o papa ouvindo os “FDP”, “C@R@LHO” e “VSF” que rolam a torto e a direito. Que baita presente de grego, hein, Haddad?

Ulisses: Não sou fã de Racionais, mas respeito. Algumas faixas são costumeiramente referenciadas por aí (“Diário de um Detento” tem uns versos clássicos) e, ouvindo o disco todo, é fácil entender o por quê: arranjos de bateria, baixo e teclado bem simples, porém eficientes, aliados a ótimas letras, cruas e verdadeiras narrativas da periferia.


* Carnival of Souls: The Final Sessions (Kiss) ficou empatado com Whoracle (In Flames), ambos com 40 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão sobre qual ocuparia a sétima posição foi tomada através de uma enquete na qual participaram todos os colaboradores da série.


Listas individuais

Alexandre Teixeira Pontes

  1. Kiss – Carnival of Souls11 Falling Into Infinity
  2. Bruce Dickinson – Accident of Birth
  3. Dream Theater – Falling Into Infinity
  4. Whitesnake – Restless Heart
  5. Megadeth – Cryptic Writings
  6. Queensrÿche – Hear in the Now Frontier
  7. Fates Warning – A Pleasant Shade of Grey
  8. Paul McCartney – Flaming Pie
  9. Creed – My Own Prison
  10. Radiohead – OK Computer

Alissön Caetano Neves

  1. Prodigy – The Fat of the Land12 The Fat of the Land
  2. Björk – Homogenic
  3. Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno
  4. Elliot Smith – Either/Or
  5. Nick Cave and the Bad Seeds – The Boatman’s Call
  6. Strapping Young Lad – City
  7. Electric Wizard – Come My Fanatics
  8. The Chemical Brothers – Dig Your Own Hole
  9. Radiohead – OK Computer
  10. Modest Mouse – The Lonesome Crowded West

André Kaminski

  1. Bruce Dickinson – Accident of Birth13 Stille
  2. Lacrimosa – Stille
  3. The Corrs – Talk on Corners
  4. Stratovarius – Visions
  5. StunLeer – Once
  6. Symphony X – The Divine Wings of Tragedy
  7. A Mind Confused – Anarchos
  8. Edguy – Kingdom of Madness
  9. Fatal Opera – The Eleventh Hour
  10. Von Groove – Mission Man

Bernardo Brum

  1. Radiohead – OK Computer14 Either - Or
  2. Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno
  3. Elliot Smith – Either/Or
  4. Nick Cave and the Bad Seeds – The Boatman’s Call
  5. Bob Dylan – Time Out of Mind
  6. Buena Vista Social Club – Buena Vista Social Club
  7. Foo Fighters – The Colour and the Shape
  8. Björk – Homogenic
  9. Primal Scream – Vanishing Point
  10. Daft Punk – Homework

Bruno Marise

  1. Nick Cave and the Bad Seeds – The Boatman’s Call15 Perfect from Now On
  2. Built to Spill – Perfect from Now On
  3. Buena Vista Social Club – Buena Vista Social Club
  4. Millencollin – For the Monkeys
  5. Radiohead – OK Computer
  6. Deftones – Around the Fur
  7. Motorpsycho – Angels and Daemons at Play
  8. Fu Manchu – The Action Is Go
  9. Modest Mouse – The Lonesome Crowded West
  10. D Generation – No Lunch

Davi Pascale

  1. Paul McCartney – Flaming Pie16 Jugulator
  2. Stratovarius – Visions
  3. Kiss – Carnival of Souls
  4. Shania Twain – Come On Over
  5. Judas Priest – Jugulator
  6. Bruce Dickinson – Accident of Birth
  7. Lynyrd Skynyrd – Twenty
  8. Fates Warning – A Pleasant Shade of Grey
  9. Foo Fighters – The Colour and the Shape
  10. The Corrs – Talk on Corners

Diogo Bizotto

  1. Shania Twain – Come on Over17 The Wake of Magellan
  2. Savatage – The Wake of Magellan
  3. In Flames – Whoracle
  4. Rammstein – Sehnsucht
  5. Kip Winger – This Conversation Seems Like a Dream
  6. Bruce Dickinson – Accident of Birth
  7. Megadeth – Cryptic Writings
  8. Strapping Young Lad – City
  9. Whitesnake – Restless Heart
  10. Radiohead – OK Computer

Eudes Baima

  1. Paul McCartney – Flaming Pie18 Shleep
  2. Buena Vista Social Club – Buena Vista Social Club
  3. Robert Wyatt – Shleep
  4. Bob Dylan – Time Out of Mind
  5. Spiritualized – Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space
  6. Radiohead – OK Computer
  7. Falcão – A Um Passo da MPB
  8. Tim Maia & Os Cariocas – Amigos do Rei
  9. Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno
  10. Teenage Fanclub – Songs from Northern Britain

Fernando Bueno

  1. Bruce Dickinson – Accident of Birth19 Somewhere Out in Space
  2. Stratovarius – Visions
  3. Gamma Ray – Somewhere Out in Space
  4. Saxon – Unleash the Beast
  5. Judas Priest – Jugulator
  6. Symphony X – The Divine Wings of Tragedy
  7. IQ – Subterranea
  8. Radiohead – OK Computer
  9. Savatage – The Wake of Magellan
  10. Foo Fighters – The Colour and the Shape

João Renato Alves

  1. Bruce Dickinson – Accident of Birth20 The Colour and the Shape
  2. Foo Fighters – The Colour and the Shape
  3. Stratovarius – Visions
  4. Hammerfall – Glory to the Brave
  5. Misfits – American Psycho
  6. Paul McCartney – Flaming Pie
  7. Megadeth – Cryptic Writings
  8. Paradise Lost – One Second
  9. Saxon – Unleash the Beast
  10. Rammstein – Sehnsucht

Leonardo Castro

  1. In Flames – Whoracle21 Fearless Undead Machines
  2. Deceased – Fearless Undead Machines
  3. Stratovarius – Visions
  4. Bruce Dickinson – Accident of Birth
  5. Emperor – Anthems to the Welkin at Dusk
  6. Hammerfall – Glory to the Brave
  7. Dimmu Borgir – Enthrone Darkness Triumphant
  8. Savatage – The Wake of Magellan
  9. Gamma Ray – Somewhere Out in Space
  10. Overkill – From the Underground and Below

Mairon Machado

  1. U2 – Pop22 Pop
  2. Bill Bruford with Ralph Turner and Eddie Gomez – If Summer Had its Ghosts
  3. David Bowie – Earthling
  4. Natiruts – Nativus
  5. Dream Theater – Falling Into Infinity
  6. Legião Urbana – Uma Outra Estação
  7. The Flaming Lips – Zareeka
  8. Madredeus – O Paraíso
  9. Deicide – Serpents of the Light
  10. Peter Hammill – Everyone You Hold

Ulisses Macedo

  1. Conception – Flow24 Flow
  2. Within Temptation – Enter
  3. Nightwish – Angels Fall First
  4. Symphony X – The Divine Wings of Tragedy
  5. Dr. Sin – Insinity
  6. Megadeth – Cryptic Writings
  7. John Fogerty – Blue Moon Swamp
  8. Stratovarius – Visions
  9. Misfits – American Psycho
  10. Judas Priest – Jugulator

 

130 comentários sobre “Melhores de Todos os Tempos: 1997

  1. Essas listas mais recentes de “Melhores de Todos os Tempos” dos anos 1990 só tem mostrado aberrações e atrocidades (tirando algumas coisas que eu gosto), inclusive por causa disso até perdi o ânimo para falar do Rei Roberto, do Richard Clayderman e da Gravadora Cometa. Imagino que isso deve continuar nas listas seguintes e durante a lista dos anos 2000 pra frente.

  2. Ufa, entrou apenas o Radiohead de bomba mor desse ano.

    E eu preferia o The Corrs (felizmente não votei sozinho) no lugar da Shania Twain, mas tudo bem porque ela também tem crédito.

    No mais, para um ano tão ruim como esse, até que a lista saiu melhor do que eu esperava. Ainda bem que as coisas melhoram muito de 98 em diante.

  3. Não concordo com essa conversa de que o ano de 97 foi muito ruim. Muito ruim para quem, cara pálida? Para o rock? Qual deles? Aposto que a molecada que gostava de indie se esbaldou nesse ano: o Guided by Voices lançou seu clássico Mag earwhig, foi o ano do segundo Belle and Sebastian (If you’re feeling sinister), o Spiritualized lançou o ótimo Ladies and Gentlemen we are floating in space, como apontou Eudes Baima (não átoa meu sócio). E por aí vai. Ou foi. E só para ficar nos medalhões, Robert Wyatt lançou o soberbo Shleep, um disco que tinha Philip Catherine, Brian Eno, Phil Manzanera, Paul Weller e mais uma pá de gente. Um disco assim é pra redimir qualquer ano ruim. Nesses “anos de merda” da década de 90 existiam alguns selos muito legais a serem conferidos. Um deles é a Voiceprint, uma espécie de ASPABROMI do Canterbury Scenne. O Daevid Allen lançou sua Clockwork Band pelo selo nesse ano, por exemplo. E pena que o Igor não se manifestou muito: para quem é fã dos dois RCs não tinha ano ruim.

    1. Só pra variar um pouco, concordo em gênero, número e grau com meu herói, Marco. Para mim, que sou um entusiasta e fanático por música eletrônica, os anos 90 foram inigualáveis e fantásticos e 97 foi um divisor de águas para o gênero. Tivemos o debut do Daft Punk, que trouxe toda uma nova forma de dance para a nova geração e que ainda é creditado como um dor precursores do big beat e por abrir as portas para artistas franceses no mesmo período. O Prodigy lançou nesse ano o The Fat of the Land, disparado o disco mais rock dos anos 90, mesmo sendo eletrônico.

      Pra fechar os EDM’s, teve o The Chemical Brothers com a sua obra máxima e o Portishead e seu disco de estreia, um dos mais importantes para o trip-hop como um todo. Isso sem falar nos discos do Modest Mouse, GY!BE, Mogway, Pavement, Arcturus e Blur, pra ficar nos óbvios.

      Posso estar enganado, mas vai achar ruim os anos 90 quem insiste em procurar os dinossauros que ainda estivessem na ativa lançando discos. Esses sim definhavam lançando um disco mais ruim que o outro (com algumas raras exceções).

      1. Sigur Rós manda um abraço com o enigmático ‘Von’,Mogwai manda um abraço com seu ‘Young Team’,ótima estréia.

        Espero,ESPERO MESMO,que na próxima lista,isto é,a lista dos melhores de 98,vocês,Consultores,não se esqueçam de um dos melhores álbuns dos anos 90,quiçá o melhor,o clássico inquestionável chamado ‘TNT’ do Tortoise.

        1. Citei alguns só pra dar um grau, Erik, relaxa. Realmente os discos do Sigur Rós e do Mogwai são excelentes.

    2. Gente, o que é isso????

      Deixam O The Wake Of Magelan do Savatage, um dos melhores discos da banda, pra escolherem Shania Twain?
      O Megadeth tinha, finalmente, conseguido se reinventar com Cryptic Writings, e vocês incluem Racionais MC nessa lista?
      E ainda teve o Conception com Flow, que foi deixado de lado em favor de uma coisas como Buena Vista Social Club, Carnival of Souls do Kiss?
      Não consegui entender essa lista.

        1. A única coisa que incomoda no Buena Vista é o fato de não ser rock. E quando Cuba tinha dignos representantes no rock, caso do Sintesis, que fez uma mistura inédita de santeria com rock’n’roll, ninguém por aqui deu bola. O fato é que os Consultores são todos modinhas.

          1. Achei que já tínhamos superado essa porra de desculpa de “pô, não podia estar aqui! Não é Rock!”

          2. Eu escrevi sobre bandas de Exótica, Alisson. Já esqueceu? E se há uma coisa que eu não supero é lugar comum, coisa que está cheio nessas listas desde o começo. E vão se fuder, vou sair do grupo.

          3. Não me referia a você, Marco. E me lembro de sua matéria sobre Exotica sim. Também tenho minha cota de culpa. Lembre que escrevi uma matéria sobre música eletrônica.

          4. Vamos fazer um site só nos dois, Alisson. Daí a gente escreve e publica o que quiser, sem ter que aturar a ditadura do Mairon mandando a gente escrever sobre o A-Ha.

          5. É pra já, Marco :D. Não to afim de me submeter ao sistema e ter de escrever sobre espadinha.

        2. Sim, umas coisas. Coisas que parecem ter entrado na lista mais por conta do Hype, ou pra darem um ar de descolado.
          Pô, até entendo que Shania Twain tenha feito um grande sucesso na época do seu lançamento. O problema é que, se for pra adotar isso como critério, a lista deveria ter nomes como Zezé Di Camargo e Luciano, Carrapicho, Claudinho e Buchecha etc.
          Se o objetivo de inserir um Buena Vista é aumentar a abrangência de estilos contemplados pelas listas, não entendo como o Portishead ficou de fora. Eles moldaram o som de muitas bandas que viriam a surgir.
          E mais uma coisa: em meados da década de 90, assim como rolava muito Power Metal Melódico, o tal do Gothic/Doom Metal estava a todo vapor, e em 97 o The Gathering lançou Nighttime Birds, um dos grandes discos do estilo.
          Enfim, tô enchendo o saco de vocês porque adoro esse site. Essa ideia das listas é ótima. Claro que gera polêmica, mas isso que é bom. rsrs

          1. Eu gosto muito da Shania, assim como gosto de Garth Brooks, mas acho o Zezé um porre. Nem vou falar de Carrapicho e Claudinho & Buchecha. A moral é que, justificativas pra lá, justificativas pra cá, o que guia os resultados é mesmo o gosto pessoal. Não fosse assim, é claro que o Radiohead mereceria estar no topo, não o Bruce. De qualquer maneira, obrigado pelos elogios. Abraço!

      1. Christiano, se você der uma olhada nas listas individuais, vai ver que o mesmo cara que tascou a Shania Twain em primeiro também lembrou do Savatage em segundo. Às vezes a gente constrói uma relação de oposição heavy metal x pop, mas na real tem muita gente mesmo que leva essa combinação para a vida de boa, sendo muito mais reticente em relação a subgêneros que seriam mais próximos do rock pesado do que do pop de uma Shania Twain da vida. Eu sou um baita exemplo disso.

        1. Diogo, eu também gosto muito de Pop. Só me incomodou um pouco uma lista que inclui a Shania Twain e deixa o Savatage de lado. Enfim, listas são pra gerar discussão. Isso é bom. A gente gosta muito de música, e discutir faz parte. rs
          Que venham as próximas listas. E já deixo uma sugestão para o ano de 1998. Air – Moon Safari, um lindo disco de Pop.

          1. Lindíssimo!

            Só não entendo uma coisa: rock não é música pop?

          2. Sobre o disco que o Savatage lançou em 1997, “The Wake of Magellan”, preciso fazer um comentário: houve quem pensou que esse álbum tivesse saído em 1998 – e nos EUA foi assim mesmo. Essa confusão prejudicou o desempenho do disco, que poderia ter dado as caras por aqui caso não houvesse essa confusão. Merecimento há, pois se trata de uma bela obra conceitual, talvez a mais bem resolvida do Savatage.

        2. Não sabia dessa confusão nas datas de lançamento do “The Wake Of Magellan”. Mas concordo que é um dos melhores do Savatage. Acho até superior ao Dead Winter Dead.

  4. Só lembrando que desqualificar o Buena Vista porque (obviamente) não é rock não vale. Faz muuuuuito tempo que os bosses aqui da CR decidiram que as listas não incluiriam apenas disco do estilo-tema do site. Portanto, outros argumentos, compays!

    1. Pô, Eudes! rsrsrs
      Se a gente pensar em termos de erudito X popular, Rock é Pop. Quase tudo é Pop. Mas, em nossa linguagem mais baseada no senso comum, são dois tipos de música bem diferentes. E Beatles, é Pop ou Rock????? Isso é assunto que dá uma bela discussão.

      1. Boa provocação, Cristiano. Veja, o conceito de música pop é mais restrito do que a ideia de popular. Tem a ver com uma música urbana, dirigida à produção industrial, marcadamente dirigida a jovens e com um pé na herança afro-americana. Nesta categoria tem muita coisa, e o rock não é a última delas. Assim, os Beatlws são rock e pop…mas o Metalloca, por ex, também. Aliás, o nome do primeiro grande festival de rock era Monterrey Pop Festival. Claro que sei que há 10 mil argumentos contra esta tese.

  5. Pergunta aos participantes. Keys to Ascension 2 (a parte de estúdio) poderia ter sido escolhido? Lembrando que Wheels of Fire foi eleito na lista de 1968 e também contava com um disco ao vivo.

    1. O problema é que o Keys tem material não inédito. Mas é um ótimo disco. Inclusive “Mind Drive” chegou a aparecer no Maravilhas do Mundo Prog

  6. Uma das listas mais interessantes e variadas dos últimos meses. Parabéns pela seleção. Finalmente demos um tempo no metal. Já estava saturando essa sessão de Melhores com tantos discos de um gênero só.

  7. Cara…Eu gostei da inclusão de Buena Vista Social Club,pois é um disco de clima gostoso,Marx provavelmente gostaria de ouvir…hehehehe…Mas falando sério,o nosso querido Consultor KCarão está ausente do site por qual razão?Pois faz um tempinho que não vejo-o..

    Concluindo,essa lista,como as outras dos anos 90,ficou meio pão com açucar,ou seja,chatinha.Já imagino como será as listas dos dourados – no pior sentido existente – anos 2000.

    1. Porque ele é um bundão, Erick (rizos). Ele chegou a participar da edição de 1988, depois de um tempo sem participar, mas foi só essa. A porta pra ele está sempre aberta.

      1. O André disse que de tempos em tempos eu venho insultar os membros da Consultoria. Não lembro de ter chamado ninguém de bundão. Só lembro de dizer a verdade que todos já sabem, mas tentam enfeitar até encobrir: a galera aqui tem a audição BEM limitada ao metal, e acham que tá tudo bem, que o rock (ou a música!!) tá bem representado nessas listas… Quanto à bunda de vcs, tô por fora, mas deve ser molengona, de tanto dançar só com o pescoço. rs

  8. Penso que eleição de melhores do ano e’sempre um tema bastante polemico, pois na maioria dos casos soa, no mínimo injusto, para quase a totalidade dos que leem. Sempre tem um disco que ficou de fora e tantos outros que nem deveriam passar perto do top 10. Afinal, tudo e’ uma questão de gosto pessoal dos corajosos que encaram a empreitada de participar dessas matérias.
    Particularmente senti falta de grandes discos como: Memento Mori – Songs for the Apocalypse Vol. IV (clássico!), o Jag Panzer – The Fourth Judgement, o fantástico Fair Warning – Go!. Mas como escrevi acima, e’ tudo uma questão pessoal, afinal, gosto e’ gosto… lista e’ lista.
    Também não poderia esquecer de mencionar dois detalhes: a lista do Ulisses Macedo, que tem como numero 1 o injustiçado Conception – Flow, que pra mim, apesar de diferente e’ um grande disco!!!
    E a coerência dos brilhantes comentários do Alexandre Teixeira Pontes, inclusive citando entre seus preferidos um disco denso, intenso e excelente, o A Pleasant Shade of Grey do Fates Warning.

    1. Valeu, Jose. Se bem que, se eu fosse mandar essa lista hoje, trocaria as posições do Flow e do Enter. Mas é difícil decidir qual dos dois é o melhor do ano…

    2. Queria novamente aproveitar e agradecer ao Diogo e ao pessoal do Consultoria pela oportunidade e responsabilidade de representar o blog amigo Minuto HM nesta ótima série que nunca deixei de acompanhar.
      Em relação à salada musical acima, antes de tudo é uma chance de aprender e expandir o conhecimento com álbuns que eu sequer sabia de suas existências.
      Em relação aos ” gostos ” e ” odeios “, é sempre muito engraçado ler esta sequência de comentários fervorosos e indignados. Alguns batem com os meus , outros passam longe, me sinto humildemente parte da trupe também. Em especial me chamou a atenção do comentário do Mairon sobre o álbum do Kiss, por vários de vocês trucidado, inclusive por alguns confessos fãs da banda.
      Por fim, agradeço também ao comentário acima do José Paulo, e já vou correr atrás deste Conception, que me passou em branco na seleção. E realmente o Pleasant Shades of Grey talvez merecesse uma menção maior.

      Saudações à todos e Feliz Natal!

      Alexandre

      1. Nós é que agradecemos pela colaboração e pelo interesse em sempre levar a sério sua participação e realmente ouvir as “novidades” para tecer seus comentários, Alexandre. Abraço!

  9. ‘Consultoria do Rock’.Apesar do nome,Deus,vocês e o mundo sabem que aqui se fala de muito e muito mais gêneros musicais,graças a Deus.Sendo assim,eu acho que seria um projeto legal depois vocês fazerem uma matéria sobre o ASMR,que é sensações quase que orgásmica (!!!) que sentimos nas regiões da cabeça,nuca e no couro cabeluda.Para termos essas sensações é necessário que botemos fones de ouvidos e relaxemos ante sons ambientes minunciosamente perfeitos.No mais,seria interessante vocês abordarem esse assunto,sem contar que o mesmo está correlacionado a viagens astrais.

    1. Eu tenho ASMR e até sou inscrito de vários canais de ASMR no YouTube, além de, talvez um dia, escrever algo sobre o assunto para o meu curso, talvez no TCC. Agora, não acho que ASMR tenha nada a ver com o que se escreve aqui no Consultoria. É um fenômeno fisiológico, não tem a ver com música, se bem que o ASMR de algumas pessoas pode ser acionado via estímulo musical (exemplo: escalas harmônicas na guitarra), e ao mesmo tempo é algo diferente dos “arrepios” que qualquer pessoa sente nas suas músicas preferidas.

      Não sabia dessa relação do ASMR com as viagens astrais, mas faz sentido visto que traz um extremo relaxamento. Ah, e não é necessário fones de ouvidos, ASMR também acontece na vida real (costumeiramente no cabeleleiro), mas você já deve saber disso.

      1. Fato,Ulisses.Porém,na minha nem tão humilde opinião,eu acho que uma matéria sobre ASMR daria uma matéria bem rentável no CR,culturalmente,uma vez que,como você bem disse,nós podemos aciona-lo em momentos reais,mesmo sem notarmos.

        Em relação a correlação do ASMR ante o (nem tão) fenômeno das Viajens Astrais,só tenho a dizer que funciona e muito bem,pois quanto mais minucioso for o ambiente sonoro,mais resistente será o ambiente espiritual e psicológico.

    1. O Marise comentou.Estamos com problemas no wp que não atualiza as postagens. Esperamos corrigir essa semana ainda. Mas ele comentou sim.

  10. Discordo, 1997 foi um ano comum, nem muito bom e nem muito ruim… Eu realmente achei que veria o Foo Fighters na lista com o The Colour and The Shape, mas me enganei, apesar de alguns terem citado, é meu disco preferido de 1997 e meu preferido da banda.

    Foo Fighters – The Colour and the Shape
    Children of Bodom – Something Wild
    The Hellacopters – Payin The Dues
    Stratovarius – Visions
    Saxon – Unleash The Beast
    Radiohead – OK Computer
    Fu Manchu – The Action is Go
    Judas Priest – Jugulator
    Megadeth – Cryptic Writings
    Orange Goblin – Frequencies from Planet Ten

    1. Eu não acho esse “Unleash the Beast” digno de dar as caras por aqui, mas que a faixa-título é uma bela paulada, ah, isso é.

  11. Senti falta dos seguintes:
    1. Stardust We Are – The Flower Kings;
    2. Subterranea – IQ;
    3. Angels Fall First – Nightwish;
    4. The Will To Live – Ben Harper;

  12. Minha lista:

    01 – Savatage – The Wake Of Magellan
    02 – Bruce Dickinson – Accident Of Birth
    03 – Foo Fighters – The Colour and the Shape
    04 – Gary Moore – Dark Days in Paradise
    05 – Dream Theater – Falling Into Infinity
    06 – Axel Rudi Pell – Magic
    07 – Sammy Hagar – Marching to Mars
    08 – Cheap Trick – Cheap Trick
    09 – Jon Bon Jovi – Destination Anywhere
    10 – Paul Rodgers – Now

    1. Eu iria colocar Axel Rudi Pell na minha lista, mas ai lembrei do disco de estréia do Orange Goblin e deixei pra lá…

  13. Desculpem os consultores, mas praticamente só li o comentário do Eudes sobre o Buena Vista Social Club. Nunca tinha ouvido falar, e deu uma vontade MUITO grande de conhecer.
    Agora vou ler os outros comentários, hehehe.
    Senti falta do Angels Fall First…
    Nem o ANDRÉ colocou. :/ Pelo menos o Ulisses pôs

    1. Não sei se lembra Elardenberg, mas há tempos tinha dito que dificilmente Angels Fall First entraria na minha lista de 97, embora o ano tenha sido complicado. Ele estaria ali pela minha 12ª posição.

      1. Lembro sim. Torçamos para que a banda apareça por aqui nos próximos anos.
        Mas ainda acho o primeiro melhor.

          1. Eudes, passei mais de um ano praticamente sem computador (estudando), por isso não comentava muito por aqui. Acreditem que este ainda é um dos sites que eu mais acesso na internet. Daí vocês tiram.

    2. Eu também fiquei meio surpreso do André não ter citado o “Angels Fall First”. Não é tão bom quanto os dois subsequentes, mas não está tão abaixo assim. Inclusive, é dele a primeira música da banda que ouvi, “Tutankhamen”. Além dessa, gosto muito de “Elvenpath” e de “Astral Romance”.

    1. Essa lista eu achei boa. Tirando o Racionais e o Nick Cave que são torturantes, o resto é bacana. A de 1996 foi beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem pior…

    2. Em 1998 tem a trilha sonora de Zelda: Ocarina of Time. Bem que podiam votar nela estreando a primeira trilha sonora de games por aqui, né?

      Viu Bernando Brum? Só pra te lembrar que ano que vem tem Zelda.

      1. Se o enredo do jogo contasse como conteúdo da música, ficaria bem mais fácil…
        A propósito, em que ano foi lançado a trilha do Chrono Trigger? 95 mesmo?

    3. A lista ficou boa, bem variada, diferentemente das outras repletas de discos de Metal.

    1. Acho OK OK…só não acho essa transcendência que contam…mas, como dizem meus filhos, é por causa da data de lançamento…velhice é uma merda.

      1. Tenho quase a idade do album e achei chato (sou um pouco mais velho)…
        Talvez tenha preconceito com “data de lançamento”, mas gosto de Strokes, Kaiser Chiefs e Beirut.

          1. Gosto de Strokes e Kaiser Chiefs. E esse OK Computer é muito bom. Chemical Brothers também era legal.

        1. São talvez as bandas mais tocadas aqui em casa (filhos abaixo ds 20), mas de fato não curto o pós-punk de segunda mão de Strokes e cia. Chemical é bom para audições curtas.

  14. Um aninho complicado, mas teve outros bons discos, dos quais destaco

    B. B. King – Deuces Wild
    Cólera – Caos Mental Geral
    Days of the New – Days of the New
    Depeche Mode – Ultra
    Faith No More – Album of the Year
    Júpiter Maçã – A Sétima Efervescência
    Megadeth – Cryptic Writings
    Ney Matogrosso – O cair da Tarde
    Raimundos – Lapadas do Povo
    Rita Lee – Santa Rita de Sampa
    Saxon – Unleash the Beast
    Vitor Ramil – Ramilonga

    1. Só por “Home” já fiquei tentado a citar “Ultra”, mas na sua totalidade o disco não é taaaão bom assim.

  15. (Prometo que não vou malhar muito, porque é chato pra caramba produzir uma matéria e o pessoal chegar só para meter o pau, sei como é isso)

    Gostei das indicações de Radiohead e Paul McCartney, embora ache que o primeiro lugar deveria ser obviamente do Radiohead. Não gosto muito da banda, mas é inegável que OK Computer é, de longe, o disco mais forte de 1997.
    Achei curioso um dos consultores citar o Muse como um dos influenciados da banda, porque de fato o trio só conseguiu se desvencilhar dessa imagem um pouco depois. Mas depois de Black Holes and Revelations (2006), acho o Muse uma banda muito mais influenciada pelo Queen do que o Radiohead. A mania de grandeza e perfeccionismo, as produções over-the-top, e todos aqueles detalhes muita das vezes irritantes, para mim é Queen puro. Ou melhor, Matt parece buscar ser um combo de Freddie Mercury e Brian May. (The Resistance é A Day at the Races versão 2009) Tanto é que a mesma crítica que odiava Queen antigamente é a crítica que odeia Muse hoje, com as mesmas falácias, a mesma birra.
    Kiss numa lista de 97 é, digamos, uma bola fora daquelas. Sobre Bruce, ainda preciso vencer um “preconceito” que tenho com qualquer músico associado ao Iron Maiden. Conheço muitos fãs da banda que competem facilmente com os admiradores de Los Hermanos. Iron Maiden é que nem LH e Jesus: É até legal, mas alguns fãs estragam.
    Vi alguns citarem Megadeth e… brincadeira, né? Megadeth só merece entrar com The System Has Failed (2004) e olha lá.
    E Mairon, não entendo qual a sua: Quando só tinha metal, você reclamava. Quando surge algo diferente você reclama, ué…
    Sobre o Racionais, Sobrevivendo é um disco icônico, mas acho o Nada Como um Dia Após o Outro Dia bem melhor, muito melhor mesmo. Neste sentido, de discos nacionais, talvez A Sétima Efervescência do Júpiter Maçã poderia figurar (só não sei se ele é de 96 ou 97). As demais bandas do mainstream nacional não impressionaram. Raimundos lançou o trabalho mais fraco da fase clássica, Charlie Skate Brown Jr. é algo que eu não consigo engolir. Não sei se Os Cães Ladram mas a Caravana não Pára do Planet Hemp valha menção, mas A Invasão do Sagaz Homem Fumaça é um nome que talvez mereça entrar em 2000.

    1. The World Needs a Hero também não faz feio em 2001. Ouço sem (muito) sofrimento. United Abominations e Endgame são ainda melhores.

      1. Preciso ouvir de novo pra ter certeza, mas tenho a sensação que, depois do Youthanasia, a banda caiu bastante.

        1. Ah, sem dúvida alguma. O Mustaine não consegue recapturar a magia dos 6 primeiros discos. Ele quer ser thrash e comercial ao mesmo tempo e não consegue ser nenhum. Mas o novo álbum parece que vai ser bom, a julgar pelos dois singles já lançados.

          1. Eu ouvi os dois. Embora só me lembre do primeiro single, achei legal. Estou curioso em ouvir a faixa em que o Kiko toca piano.

    2. Concordo contigo Tiago, e bem colocado a observação ao Muse. Não é uma banda de sonoridade complicada, mas agrada a um seleto grupo de ouvintes (não é bem meu caso, que não ligo muito pra Queen e as manias de grandeza do mesmo).

      Quanto aos Racionais, realmente Nada Como um Dia Após o Outro Dia é uma evolução absurda dos caras, gerou um disco ousado e trouxe para o mundo dois dos maiores clássicos da música nacional, que são as duas partes de Vida Loka (a parte 2 é de chorar de tão linda).

      Já Megadeth acho exagero ter entrado qualquer coisa depois do Countdown. Pra mim os discos que vieram são muito ladeira abaixo. Talvez um que mereça reconhecimento seja o Endgame, um bom disco de heavy metal, mas que nem sequer lembraria do mesmo em uma listo de seu respectivo ano.

      1. Tenho ouvido o Muse e é daquelas bandas da qual não consigo ouvir as maravilhas que todo mundo ouve…

        1. Eu também não sou lá muito fã de Muse, mas tem alguns discos que são muito interessantes. Os meus favoritos são o Black Holes and Revelations e o The 2nd Law (que todo mundo odeia).

          1. Muse é pavoroso. Eles conseguem soar uma versão genérica – e ruim – de Radiohead, Pink Floyd, Queen e Coldplay; mas tem quem goste, né? Gosto é que nem cú. Ou não.

          2. Coldplay é horrível demais. Tem que ter muito saco pra aguentar aquilo. Comparar qualquer banda a Coldplay é um ultraje.

            Do Muse, o único álbum que acho realmente sólido é The Resistance. Mas tem algumas faixas interessantes de Black Holes pra frente.

          3. Coldplay, Giovanni? Radiohead sim, mas Coldplay? O som do Muse não é tão punheta e pseudo-depressivo igual a chatisse do Coldplay…

    3. Eu gosto do “Cryptic Writings”. Não é tão bom quanto os anteriores, mas acho que nele a banda conseguiu um equilíbrio interessante, destacando bem sua faceta pop sem descaracterizar-se como uma banda de heavy metal. Muitas melodias boas, refrãos bons, Mustaine em boa performance vocal… “Trust”, “Almost Honest”, “Use the Man”, “I’ll Get Even”, “A Secret Place”, “She-Wolf”… Vários musicões. Tem neguinho que venderia a mãe pra fazer um disco assim.

      1. O “Cryptic Writings” é o último grande disco do Megadeth. Concordo com o Diogo. Nele a banda conseguiu um equilíbrio perfeito entre uma sonoridade mais moderna e as raízes mais tradicionais. Depois disso, a banda acabou. Acho que o “The System Has Failed” é um bom album, mas é praticamente carreira solo do Mustaine.

        1. Eu até acho que o Megadeth recuperou um pouco seu caráter de banda com a volta de David Ellefson e a fixação de Chris Broderick e Shawn Drover por uns bons anos, mas isso já foi pro saco. Agora, “The System Has Failed”, esse sim foi concebido como manda o script de um disco solo. É até estranho pensar que o Vinnie Colaiuta gravou a bateria, mas capacidade é o que não lhe falta. E o baixista Jimmie Lee Sloas é muito mais ligado ao country do que a qualquer outra coisa.

          1. O Vinnie Colaiuta fez um ótimo trabalho. É até difícil imaginar que é o mesmo baterista que gravou com Sting (que é outro cara muito talentoso. Adoro a carreira solo), tocando de maneira totalmente mais solta e até mesmo suave. Grande batera.
            Infelizmente, não dei conta de acompanhar o Megadeth depois do United Abominations. Senti que a banda perdeu o interesse em fazer música e ser criativa. Parece que só querem gravar sempre os mesmos tipos de coisa. Por isso considero o Cryptic Writings o último suspiro criativo do Megadeth.
            Mas tem gente que gosta dos discos novos. Pode ser que eu seja chato demais. rsrsrs

    4. É engraçado, o Mairon tem essas queixas de “só metal”/”mais do mesmo” desde sempre nessa série… aí você vê as listas e comentários dele e tem lá discos do Queen, Ramones, Sabbath hauhaua

      O mais maluco nessa aqui é ele literalmente EXALTAR o Carnival of Souls por ser cópia do grunge (isso que achou o In utero um exagero na de 93) e na lista dele ter Zaireeka, que de fato é bem fora da curva…

      Desafio para a ciência o rapazote!

  16. Mais vezes na Primeira Posição:

    2 vezes na primeira posição: Deep Purple, Experience, Led Zeppelin, Pink Floyd e Metallica, Megadeth e Guns N’ Roses

    1 vez na primeira posição: Bob Dylan, Bruce Dickinson, Iron Maiden, Van Halen, Black Sabbath, The Beatles, Yes, Beach Boys, King Crimson, Rainbow, David Bowie, Rush, Charlie Mingus, Dio, Queensryche, Faith No More, Carcass, Angra, Dream Theater, Down e RPM

  17. Bandas que apareceram mais entre os 10 primeiros (em ordem)

    Black Sabbath – 10 vezes

    Rolling Stones – 8 vezes

    Pink Floyd, Beatles, Kiss, Rush, Iron Maiden e Led Zeppelin – 7 vezes

    Bob Dylan, David Bowie, Judas Priest e Yes – 6 vezes

    Bruce Springsteen, Slayer, Metallica – 5 vezes

    Neil Young, King Crimson, Megadeth, Deep Purple, Sepultura, Helloween – 4 vezes

    The Who, Yardbirds, Anthrax, Genesis, Experience, Rainbow, Ramones, Queensryche, Guns N’ Roses, Death, Faith No More e Bon Jovi – 3 vezes

    Angra, Dream Theater, Mötley Crüe, ELP, Cream, Gentle Giant, Zombies, Jethro Tull, Velvet Underground, John Coltrane, Beach Boys, Van der Graaf Generator, Jeff Beck, Kraftwerk, Queen, Accept, Manowar, Van Halen, AC/DC, Thin Lizzy, Ozzy Osbourne, Michael Jackson, Mercyful Fate, Alice in Chains, In Flames, Tom Waits, Dio, Marillion, The Cult, Pixies, Viper, Nick Cave, Skid Row, Nirvana, Pantera, Aerosmith, U2, Sonic Youth, Living Colour, The Smashing Pumpkins, The Byrds e Bruce Dickinson – 2 vezes

    Melvins, Buena Vista Social Club, Paul McCartney, Racionais Mc’s, Radiohead, Shania Twain, Stratovarius, Chico Science e Nação Zumbi, DJ Shadow, Glenn Hughes, Jeff Buckley, Marilyn Mason, Richie Kotzen, Runnig Wild, Mutantes, Secos & Molhados, Julian Bream, Funkadelic, Bad Company, Camel, Jorge Ben, Arnaldo Baptista, Wings, Captain Beyond, Tangerine Dream, Stevie Wonder, Joni Mitchell, Simon & Garfunkel, Derek & The Dominos, Free, George Harrison, Animals, Blind Faith, Hollies, Santana, Big Brother & The Holding Company, Moody Blues, Leonard Cohen, Small Faces, Crosby Stills Nash & Young, The Band, Buffalo Springfield, The Kinks, Donovan, John Mayall, The Ventures, Sam Cooke, Roy Orbison, Miles Davis, The Doors, Eduardo Rovira, Black Flag, Cock Sparrer, Carcass, Candlemass, Celtic Frost, Charles Mingus, Danzig, David Lee Roth, Def Leppard, Descendents, Depeche Mode, Dissection, Dinosaur Jr., Dokken, Down, Duke Ellington, Exodus, Gamma Ray, Joy Division, Journey, Kansas, King Diamond, Lynyrd Skynyrd, Madonna, Mamonas Assassinas, Minutemen, Morbid Angel, Motörhead, Overkill, Oasis, Paradise Lost, Prince, Rage Against the Machine, R. E. M., RPM, Scorpions, Soundgarden, Stooges, Supertramp, Steve Howe, Teenage Fanclub, Testament, Therion, Titãs, The Clash, The Replacements, The Smiths,Tygers of Pan Tang, Type O Negative, Waterboys, Whitesnake, W. A. S. P. – 1 vez

  18. Votos recebidos pelos primeiros colocados dessa série, em ordem. (sem contar 1990 e 1991 pois foram perdidos totalmente)

    Physical Graffitti – 173 (12 participantes) 1975
    Holy Diver – 162 (12 participantes) 1983
    Ride the Lightning – 155 (11 participantes) 1984
    Burn – 151 (12 participantes) 1974
    Close to the Edge – 147 (12 participantes) 1972
    Dark Side of the Moon – 142 (12 participantes) 1973
    Appetite for Destruction – 142 (11 participantes) 1987
    Led IV – 137 (10 participantes) 1971
    The Number of the Beast – 137 (11 participantes) 1982
    Moving Pictures – 136 (12 participantes)
    Heaven and Hell – 133 (10 participantes)
    Are You Experienced – 128 (9 participantes) 1967
    Accident of Birth – 121 (12 participantes) 1997
    The Wall – 120 (10 participantes)
    Master of Puoppets – 120 (11 participantes) 1986
    THe Real Thing – 118 (12 participantes) 1989
    Pet Sounds – 116 (8 participantes) 1966
    In the Court of Crimson King – 111 (8 participantes) 1969
    Operation: Mindcrime – 110 pontos (13 participantes) 1988
    Rising – 109 (11 participantes)
    Countdown to Extinction – 92 (12 participantes) 1992
    Awake – 92 (12 participantes) 1994
    In Rock – 90 (9 participantes) 1970
    Highway 61 Revisited – 90 (7 participantes) 1965
    Electric Ladyland – 81 (8 participantes) 1968
    The Black Saint and the Sinner Lady – 80 (5 participantes) 1963
    Van Halen – 77 (12 participantes) 1978
    Nola – 75 (12 participantes) 1995
    Heartwork – 72 (12 paticipantes) 1993
    A Hard Day’s Night – 70 (6 participantes) 1964
    Low – 67 (10 participantes) 1977
    Holy Land – 65 (12 participantes) 1996
    Revoluções por Minuto – 62 (11 participantes) 1985

    1. Uma pergunta para os participantes e seguidores: Os dez mais votados até agora representam bem os dez melhores discos de todos os tempos? Na minha opinião, com exceção do The Number of the Beast, os demais não fazem feio.

      1. Só sei de uma coisa,o melhor disco de 75 é o disco que fez Eno despontar musicalmente.O nome da obra mais intocável da carreira repleta de obras irretocáveis e intocáveis de Eno é “Another Green World”.Fripp faz misérias neste disco e Eno nem se fala.

      2. Mais ou menos. Por questão de gosto pessoal, CTTE não entraria como melhores de todos os tempos. Fora ele, sim, os mais votados são os melhores discos da história.

      3. Eu acho o disco do Led fantástico, mas 1975 teve dois outros discos que mereciam o primeiro lugar (Wish You Were Here e A Night at the Opera). 1973 é outro caso em que há vários álbuns excelentes merecedores do primeiro lugar.

    2. Dos 10 primeiros só concordo com o Dark Side e o CTTE. Se fosse contar todos os primeiros lugares, entraria o Pet Sounds (CERTEZA CERTA) e Highway 61.

  19. Não tenho idade para ter ouvido Dio, por isso talvez não entenda o culto ao vocalista. Mas uma coisa é certa, com a decadência da cultura em geral e da música pop em particular, Phisical jamais perderá o primeiro lugar! Como eu sempre disse: o melhor disco da história do rock…rsrsrsrsrsrsrsrs

    1. Isso é gosto pessoal. Coisa subjetiva. Me admira muito você pregar essa bobagem. Bem-vindo à besteiridade, Eudes.

      1. Então é natal…deixa eu curtir, Gaspari! Que razinice é essa, o bom velhinho não trouxe teu presente?

          1. Que legal, Mairon… isso era Lennon exibindo o torpedo quando embarcou no submarino amarelo.

          2. Bastou eu dizer que comia a Yoko e agora todo mundo quer…

          3. O John Lennon era um babacão. Foi enganado e manipulado pela Yoko que nunca o amou e só estava interessada na fortuna dele.

          4. Como a Yoko Ono é feia PQP! O Lennon devia sofrer de problemas psicológicos e mentais pra ter coragem de ir pra cama com essa coisa feia da desgraça! Existe meu Deus, existe o Satanás existe!!!!

  20. MEGA atrasado, mas lá vão minhas 20 menções honrosas pra 1997, outro ano complicado:

    Deceased – Fearless Undead Machines
    Deicide – Serpents of the Light
    Depeche Mode – Ultra
    Emperor – Anthems to the Welkin at Dusk
    Faith No More – Album of the Year
    Gamma Ray – Somewhere Out in Space
    Gary Moore – Dark Days in Paradise
    Genesis – Calling All Stations
    Harem Scarem – Karma Cleansing (11º colocado)
    Hypocrisy – The Final Chapter
    Jon Bon Jovi – Destination Anywhere
    Judas Priest – Jugulator
    Machine Head – The More Things Change
    Metallica – Reload
    Misfits – American Psycho
    Nightwish – Angels Fall First
    Saxon – Unleash the Beast
    Stratovarius – Visions
    Symphony X – The Divine Wings Of Tragedy
    Testament – Demonic

  21. Juro que eu tentei gostar do Carnival of Souls do Kiss mas não desce! É um álbum chato tentando soar grunge. O último suspiro de criatividade de Mr Simmons e cia foi o Revenge. Depois disso o Kiss poderia ter encerrado as atividades. Aquela volta deles com a formação original em 96(???é isso) foi patética, caça níquel total. O Kiss se tornou nada mais nada menos do que uma empresa. E depois tem gente que fala mal da fase Farofa do Kiss dos anos 80. O Crazy Nights que muitos fãs mais radicais odeiam na verdade é uma obra prima perto do Carnival of Souls.

  22. Leonardo, é questão de gosto eu sei mas sou obrigado a discordar. No No No é umas das melhores do Kiss. E aquele solo virtuoso espetacular da introdução feito pelo Bruce Kulick? Espetacular! Antes um Kiss virtuoso do que um Kiss grunge e arrastado. O Kiss é quase o mesmo caso que o Sabbath. Tem nego que odeia o Sabbath com o Ozzy mas adora o Sabbath com o Dio e acha a melhor fase. Como disse é questão de gosto.

  23. E ainda falando de Kiss, eu gosto da fase clássica lógico. Mas ultimamente sabe-se lá porquê eu ando tendo mais simpatia pela fase glam dos anos 80. E vou provocar polêmica aqui: O Bruce Kulick é um guitarrista muito melhor do que o Ace Frehley.

    1. Ou então podemos colocar assim: Bruce Kulick é tão bom quanto Ace Frehley. Tá melhor assim? rsrs

        1. Beleza então brother! Valeu! kkkkkk É porquê normalmente os fãs mais radicais acabam chiando quando expomos uma opinião diferente. rsrs

        2. Beleza então brother! Valeu! kkkkkk É porquê normalmente os fãs mais radicais acabam chiando quando expomos uma opinião diferente. rsrs Bruce Kulick criou solos memoráveis no Kiss. É sem dúvida o músico mais talentoso que já passou pela banda junto com o saudoso Eric Carr.

          1. Anônimo, li seus comentários sobre o Kiss e há entre nós alguns “discordos” e alguns “concordos”, o que é muito natural. O Carnival of Souls é do tipo ame ou odeie. Se você não curte o grunge, não vai gostar. Se você curte o grunge mas não acha que a banda fez um bom disco do estilo, idem. Mas se você não liga pra rótulos e gostou das composições, provavelmente vai adorar. É o meu caso, este último. E mais, acho que o Bruce Kulick está soberbo no álbum todo, não só nos solos, mas a nível de composição, o álbum tem muito dele. E observando o trabalho dele no Union, para onde ele foi chutado por $immons e $tanley, o estilo soa mais próximo ao Carnival do que em qualquer outro álbum do Kiss com ele. Pareceu-me então que ele estava À vontade no álbum.
            Em relação ao Revenge, concordamos e vou além. Os solos de Kulick são excelentes também.
            Em relação ao Crazy Nights, eu o considero superior ao anterior (Asylum), mas o álbum ainda apresenta um Gene Simmons deslocado da proposta, embora uma melhoria no nível das canções( em relação ao Asylum e também ao Animalize) que não se encaixaram no estilo. Paul Stanley é o dono daquele momento e acho suas músicas melhores que o Asylum. Não sou exatamente um admirador da época ( de nenhum desses álbuns – Asylum ou Crazy Nights), e aqui pra nós, é meio díficil defender o som bem ” hair metal” que ficou naquela época. Novamente é uma questão de gosto. Se você gosta do estilo, acho o Crazy Nights uma boa pedida. Bruce faz solos que encaixam nos modismos e maneirismos da época. Uso de Tappings ( como na citada No, No,No) entre outros truques da vanguarda ( daquele instante).
            Percebemos então em Kulick um guitarrista que se encaixou nos diversos momentos da carreira e proposta do KISS. Ta aí o seu grande mérito. Eu o acho mais à vontade na fase dos anos 90, mas ele entregou um bom trabalho na fase anterior.Mas particularmente não acho que o uso dos Tappings, por exemplo, é muito a sua praia.
            Ace Frehley foi fundamental nos riffs, frases e solos, em especial na primeira fase da banda ( até o Alive!). Seguiu criativo enquanto ainda teve motivação ( até talvez o Dynasty). Mas é um guitarrista dedicado a um estilo, jamais se poderia esperá-lo nos álbuns pós Creatures of the Night.
            Tecnicamente, não há dúvida, Kulick é melhor. E no conjunto da obra, talvez seja o melhor que passou pela banda. Ace deixou um legado, no entanto. É difícil uma escolha.
            Mas eu não vejo nenhum absurdo em você considerar Bruce superior ao Ace. Pra mim, tem toda a coerência.

  24. Gente, não sei como seria minha lista, dificilmente incluiriam Racionais ou talvez até o Radiohead e o Buena Vista (este menos improvável), mas são esses os 3 discos que salvam do nonsense total… (Minha lista provavelmente teria o Mogwai, o Prodigy, talvez The Verve e Supergrass…)Kiss como uma das bandas com mais álbuns entre os melhores, sendo que nem é uma banda de álbuns rs Shania Twain!!!!! Na moral, como pode tantos discos clássicos não-metal ficarem de fora e entrarem Shania Twain, Richie Kotzen e vários Bruce Springsteen?? Por que esses artistas que não revolucionaram nada nem são propriamente de grande influência (talvez menos que Echo & the Bunnymen, Oasis, Green Day, entre vários que nunca entraram) acabam aparecendo aqui? rsrsrs

  25. Não ouço rap, mas Racionais Mc’s é seminal na música brasileira. O cara que aplaude um disco onde o Kiss finge ser Soundgarden e só foi lançado porque vazaram e critica o Sobrevivendo no Inferno (pior, com o rídiculo “arjumento” de “nossa, tem um monte de palavrões e deram pro Papa!”) precisa rever os conceitos de importância e influência cultural que possui.

    Radiohead, Nick Cave (que disse na edição passada ter feito discos melhores, este é um), Buena Vista (outro que não merecia tantas críticas patéticas, especialmente de quem aplaudiu o disco grunge do KISS) são escolhas pontuais para o ano. Shania Twain não é minha praia, mas vendeu muito e ao menos não é um disco grunge do Kiss.

    In Flames acho que já foi bem representado em 96. Bruce Dickinson achei meio forçado, em 98 até daria pra entender…

    Stratovarius é pior que bater na mãe por não comprar o disco grunge do Kiss de natal.

    Paul McCartney e Kiss cota dinossaura, ao menos o Macca fez um disco simpático e não… bem, um disco grunge do Kiss.

    Piada, piada demais. “Flor de lótus dessa lista”.

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