Melhores de 2012: Por Bruno Marise

Melhores de 2012: Por Bruno Marise


Nesta semana, de segunda a sexta-feira, diversos colaboradores da Consultoria do Rock apresentarão listas com suas preferências particulares envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2012. Cada redator tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e apresentando impressões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar. Como culminância da seleção, no sábado, os dez álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos os colaboradores, não importando o teor das opiniões.

Por Bruno Marise

2012 foi um ano positivo para a música. Porém, ao contrário do ano passado, tivemos muitos álbuns bons, mas quase nenhuma obra-prima. Além disso, a maioria dos melhores trabalhos lançados foram de artistas já consagrados ou retornos. No geral, não faltou música de qualidade em 2012, mas tirando algumas surpresas, pouquíssimos artistas saíram da zona de conforto. Pelos lançamentos anunciados, 2013 promete. Enquanto esperam, aproveitem pra fazer um balanço do que melhor teve esse ano. A seguir, os meus preferidos.

Álbuns do Ano
Baroness – Yellow & Green

Já conheço o Baroness há algum tempo e gosto bastante dos discos anteriores, mas aqui a banda atingiu o ápice com sua obra-prima que consegue misturar todo o peso do sludge caraterístico do quarteto com psicodelia, influências progressivas e melodias inspiradas. Um trabalho viajante e que mostra que o Heavy Metal não precisa ficar na mesmice de sempre. “Take My Bones Away” e a belíssima “March to the Sea” estão entre o que há de melhor no metal nos últimos anos.


Testament – Dark Roots Of Earth
Apesar de eu gostar e respeitar muito o Testament, a banda não está entre as minhas preferidas do Thrash Metal. Por isso, esse disco passou batido e só fui ouvi-lo alguns meses depois do lançamento, e que surpresa! Um trabalho pesadíssimo, inspirado e extremamente viciante! Chuck Billy entrega sua melhor performance e a dupla Alex Skolnick e Eric Peterson rasgam riffs um atrás do outro, com uma pegada melódica sensacional. Como uma bateria bem tocada é essencial pros meus ouvidos, a entrada de Gene Hoglan nas baquetas contribuiu muito para a sonoridade desse discaço, que é uma obra-prima desde a linda capa. Sem dúvida o melhor álbum do Testament em anos e um dos melhores de sua discografia.

RushClockwork Angels

Quando o Rush anunciou que estava gravando um novo disco, todos esperavam que fosse mais um na linha que o trio canadense vinha seguindo desde Test For Echo (1996), e eis que os caras nos pegam de surpresa com um trabalho pesado e calcado na fase de ouro setentista de pérolas como 2112  e Fly By Night. Brilhantemente executado como sempre e com uma garra surpreendente para esses veteranos. Simplesmente o melhor disco do Rush desde 1982.
The Gaslight Anthem – Handwritten

O Gaslight Anthem já é uma das minhas bandas favoritas da atualidade há algum tempo, e nessa estréia por uma grande gravadora os caras não decepcionaram. Um disco menos “punk”, mas com a qualidade de sempre, cheio de melodias e composições de primeira. Tenho certeza que em alguns anos a banda vai ser muito cultuada e terá o valor que merece.

GypsyhawkRevelry & Resilience
Descobri essa banda aos 48 do segundo tempo, e que achado! Fiquei ouvindo o disco por semanas. Em meio a tantos grupos que fazem um revival dos anos 70, o Gypsyhawk se destaca por não se focar apenas nos timbres mais graves e não se limita a ser uma cópia do Black Sabbath. Podemos ver uma influência de Thin Lizzy nas melodias das guitarras gêmeas, mas sem tirar a identidade do grupo. Disco pesado, grudento, e feito com muita garra.


                           Stone Sour – House Of Gold & Bones Part 1

Sou fã do Corey Taylor mas ao contrário do Slipknot, sempre achei os discos do Stone Sour bem fracos. Esse ano eles finalmente acertaram a mão com um álbum mais pesado, influenciado por Alice in Chains e com a pegada acessível de sempre. Aqui Corey mostra toda sua versatilidade e porque é um monstro como vocalista. O também membro do Slipknot, James Roots faz um excelente trabalho nas guitarras. Que a Parte 2 mantenha o alto nível mostrado aqui.
The Hives – Lex Hives

Os suecos do The Hives voltam depois de quatro anos com o melhor disco de sua carreira: divertido, grudento e até com umas pitadas de Stooges. Ótima trilha sonora pra uma festa.

ZZ TopLa Futura

O ZZ Top retorna em 2012 com Rick Rubin na produção e um discão de rock n roll simples e direto, regado a whisky e cigarros. A voz rouca de Billy Gibbons dá uma roupagem ainda mais cru às músicas e o timbre que o barbudo tira da guitarra é absurdo. Quem gosta de ZZ Top não vai se decepcionar. Quem gosta de Rock n Roll, também não.
Cody ChesnuTTLanding On A Hundred

Fugindo um pouco da barulheira, mais um disco que descobri na última hora. Cody ChesnuTT faz parte do time de revival da soul music que vem tomando conta da cena atual, com nomes como Charles Bradley, Michael Kiwanuka e Sharon Jones. O soulman entrega um trabalho extremamente gostoso de ouvir, cheio de groove e misturando tudo que há de melhor na música negra com uma pitada de rock e muito balanço. Discaço.

Serj Tankian – Harakiri

Enquanto o System of a Down não lança nada há um bom tempo, o vocalista Serj Tankian não para. Harakiri já é o seu terceiro trabalho solo e sem dúvida o melhor. Aqui ele se aproxima mais do som de sua banda, sem soar como uma cópia. As melodias vocais de Serj são impressionantes e falar de sua qualidade como cantor é chover no molhado. Mesmo sendo mais acessível, não deixa de ter as excentricidades habituais e as influências de música oriental do vocalista.
Como vocês poderão ver na lista abaixo, teve muita coisa boa em 2012, apesar de nenhuma ser uma obra prima incontestável. Mas recomendo que corram atrás de todos os discos listados a seguir, além do top 10, é claro.
Menções honrosas:
Toy Dolls – The Album After The Last One
Bnegão & Os Seletores de Frequência – Sintoniza Lá!
Bob Mould – Silver Age
CJ Ramone – Reconquista
Dinosaur Jr. – I Bet On Sky
Europe – Bag Of Bones
Imperial State Electric – Pop War
Jack White – Blunderbuss
Jimmy Cliff – Rebirth
The Sword – Apocryphon
Danko Jones – Rock And Roll Is Black And Blue
Accept – Stalingrad
El Efecto – Pedras e Sonhos
Kreator – Phantom Antichrist
Matanza – Thunder Dope
The Bouncing Souls – Comet
The Real Mckenzies – Westwind
The Sidekicks – Awkward Breeds
Torche – Harmonicraft
Witchcraft – Legend
Melhores músicas de 2012:

1. Baroness – March to the Sea
2. Testament – Rise Up
3. Serj Tankian – Harakiri
4. The Gaslight Anthem – Mullholand Drive
5. Stone Sour – Absolute Zero
6. Rush – Headlong Flight
7. Gypsyhawk – Hedgeking
8. CJ Ramone – Three Angels
9. The Hives – Wait a Minute
10. Cody ChesnuTT – Til I Met Thee

Decepção do ano:

Joey Ramone – “…Ya Know?”


Dizer que um disco é uma decepção não significa necessariamente que ele é ruim. No caso, eu criei muita expectativa para o álbum póstumo do vocalista da minha banda preferida de todos os tempos. Mas já deveria ter me preparado, afinal discos póstumos são um perigo. O irmão de Joey, Mickey Leigh compilou demos e sobras de estúdio do primeiro disco solo do falecido vocalista, e lançou “…Ya Know?”. Projetos assim são complicados, pois se o material não foi lançado ou nunca foi trabalhado pelo artista, isso pode significar que ele não considerava aquilo bom o suficiente para ser gravado e divulgado. E é assim que esse trabalho soa. Um amontoado de sobras. Tem uma meia dúzia de músicas legais como “New York City” (que ganhou um clipe genial) e Rock n Roll Is The Answer, mas é só. Sabendo da genialidade e sensibilidade melódica do Joey, esperei que poderia vir algo muito bom por aí, mas assim como à maioria dos fãs, o Mickey Leigh me enganou, e aproveitou da imagem do irmão pra arrecadar uns trocados. Uma pena.

Um comentário em “Melhores de 2012: Por Bruno Marise

  1. Apesar da decepção-mor ser, de longe, o disco "solo" de Steve Harris, tenho que admitir que esse álbum póstumo do Joey Ramone também ficou abaixo da expectativa. No geral, as canções são pouco memoráveis, com cara de sobras mesmo, material que, caso Joey estivesse vivo, não entraria em um de seus discos ou seria melhor trabalhado, vide "Don't Worry About Me", que, apesar de também ser póstumo, foi muito mais trabalhado pelo artista e, consequentemente, saiu muito melhor.

    Falando em decepções, aproveito pra citar mais alguns discos que ficaram aquém das expectativas em 2012. Não necessariamente são ruins, mas considerando a capacidade dos artistas, ficaram devendo:

    Aerosmith – "Music From Another Dimension": Loooongo e cansativo, clamando por alguns cortes, especialmente nas baladas, que não convencem mais há muitos anos, diria que desde "Pump" (1989)!
    Asia – "XXX": Lamentável ver caras tão absurdamente talentosos lançando um disco tão certinho e insosso. O Asia nunca foi tão bom quanto seus integrantes em separado, mas já fizeram muita coisa do meu agrado. Bregas, mas breguice da boa!
    Crazy Lixx – "Riot Avenue": O disco anterior, "New Religion", tinha no mínimo dois pequenos clássicos do hard atual, "Blame It On Love" e "Children of the Cross", além de ser todo muito bom. Aí saiu essa sequência fraquiiinha que mal deu vontade de ouvir…
    Dokken – "Broken Bones": A primeira música, "Empire", já nasceu clássica. Porém, o resto do disco ficou devendo, o que é uma pena, pois o guitarrista Jon Levin tá tocando um absurdo… Aos poucos o disco está melhorando e quanto mais ouço mais gosto, mas ainda assim decepcionou um pouco.
    Heart – "Fanatic": Ouvi uma vez e não quis mais escutar. Acho que isso já resume, mas ainda cito que senti um ranço noventista que não deu pra engolir.
    Lynyrd Skynyrd – "Last of a Dyin' Breed": Tem várias coisas legais, mas ficou tão abaixo de "God & Guns" que a queda acabou sendo bem grande. Forte passo pra trás.
    Madonna – "MDNA": No fundo do poço havia uma pá…
    Manowar – "The Lord of Steel": Sempre foi boba, mas aquela banda da primeira metade dos anos 80 era do caralho. Até "Sign of the Hammer" os caras compensavam o teatrinho com muita música boa, e depois ainda houve lapsos de material de qualidade, como em "Warriors of The World". Não é o caso de "The Lord of Steel"…
    Running Wild – "Shadowmaker": Desde meados dos anos 90, Rolf não lança nada realmente sensacional, mas eu ainda acredito, alimentado por todo o sentimento que rodeia uma volta à ativa. "Shadowmaker" é bom, traz referências a diversos momentos da carreira do grupo, mas é apenas isso: bom. Pouco pra quem já fez duas obras-primas do calibre de "Gates to Purgatoty" e "Death or Glory".

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