Melhores de 2012: por Diogo Bizotto

Melhores de 2012: por Diogo Bizotto
Testament: Greg Christian, Eric Peterson, Chuck Billy, Alex Skolnic e Gene Hoglan



Nesta semana, de segunda a sexta-feira, diversos colaboradores da Consultoria do Rock
apresentarão listas com suas preferências particulares
envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2012. Cada redator
tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios
critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e
uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o
desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros
itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e
apresentando impressões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar.
Como culminância da seleção, no sábado, os dez
álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos
os colaboradores, não importando o teor das opiniões.

Por Diogo Bizotto
A primeira impressão que tive, meses atrás, é que iniciaria este artigo citando o fato de 2012 ter reservado o lançamento de poucos discos daqueles que já nascem com cara de clássico. Comparando com três ou quatro décadas atrás, isso parece ser verdade. Porém, analisar em retrospecto sempre é mais fácil, pois a história nos ajuda a refletir melhor a respeito das mudanças e dos ciclos do mercado fonográfico. Difícil mesmo é correr atrás e tentar ouvir o máximo de música possível. Foi o que fiz ao longo deste ano. A cada vez que tive um tempo livre, procurei ouvir um novo lançamento. A cada acesso à internet, uma nova possibilidade de descobrir mais um disco sendo colocado na praça. Talvez, daqui a 20 anos, eu reflita e chegue à conclusão de que 2012 não reservou tanta música de qualidade quanto 1970 ou 1986, mas, desde já, posso afirmar sem medo de errar: discos bons não faltaram para aqueles que saíram da zona de conforto e foram atrás, não apenas de novos artistas, mas de ouvir aquela banda que soava sem graça e se revelou talentosa, buscaram o novo disco daquele cantor que há tempos deixou o mainstream mas continua fazendo música de qualidade e, obviamente, escutaram os novos álbuns daquelas bandas obrigatórias, que não têm o status de baluartes à toa. Da minha parte, cerca de 150 lançamentos passaram pelos meus ouvidos, alguns apenas uma ou duas vezes, outros com critério, repetidamente, a fim de evitar julgamentos precipitados, injustiças e arrependimentos. Acima de tudo, a lista compilada aqui é honesta, sem a intenção de agradar A ou B, apenas de refletir o que de melhor ouvi em 2012. Diversos discos dotados de beleza especial e peculiaridades dignas de nota foram escutados, mas aqui estão apenas aqueles que realmente provocaram tesão a cada audição, de fazer com que os cabelos da nuca arrepiem. Leiam, mas não deixem de ouvir!
Álbuns do ano
Testament – Dark Roots of Earth

O Testament é daqueles grupos que, mesmo sem termos ouvido seu novo lançamento, sabemos tratar-se, no mínimo, de material de muita qualidade. Dark Roots of Earth, porém, superou todas as expectativas e se transformou em pouquíssimo tempo no mais óbvio merecedor do título de disco do ano. Não contente em apenas lançar um álbum sensacional, o quarteto original ‒ Chuck Billy (vocais), Greg Christian (baixo), Alex Skolnic e Eric Peterson (guitarras) ‒, acrescido do animalesco baterista Gene Hoglan, que já havia gravado Demonic (1997), provavelmente registrou o melhor trabalho de sua carreira. É isso mesmo que você acabou de ler! Sem desmerecer marcos como The Legacy (1987) e The New Order (1988) e não esquecendo do magnífico The Gathering (1999), um dos melhores discos da década de 90, Dark Roots of Earth apresenta uma sequência tão absurda de músicas fantásticas que já nasceu com a pecha de clássico. O álbum seguiu a linha evolutiva demonstrada no antecessor, The Formation of Damnation (2008), mas ainda melhor explorada, explicitando a capacidade de compor canções ao mesmo tempo extremas e viciantes presente em The Gathering (ouça “Rise Up”, “Native Blood” e “True American Hate”), além de revisitar a raiz mais melódica do passado, vide a semibalada “Cold Embrace”, que conta com uma performance excelente de Chuck Billy. Repito: nasceu clássico!

Bruce Springsteen – Wrecking Ball
Ok, eu sei que, sendo o fã que sou, a inclusão do mais recente lançamento de Bruce Springsteen soa bastante óbvia, mas não teria como ser diferente. Wrecking Ball é o melhor disco do Boss desde The Rising (2001), e isso não é pouca coisa. Muito tem se falado sobre o fato do álbum ser também o mais político desde The Rising, e isso é verdade. O tom messiânico, tão presente na música de Springsteen desde os anos 70, é sentido ao longo de todo o track list, que reforça seu caráter de porta-voz da classe trabalhadora, rótulo que o artista acabou recebendo e nunca renegou, elevado no disco e ainda mais na recente campanha presidencial norte-americana, na qual Springsteen apoiou abertamente o democrata e atual presidente Barack Obama, e nos acontecimentos relacionados à passagem do furacão Sandy pelo Nordeste dos Estados Unidos, incluindo sua New Jersey natal. Entre a grande quantidade de canções de alto nível, como “We Take Care of Our Own”, “Easy Money”, “Jack of All Trades” e “Land of Hope and Dreams”, a lamentar somente a frustrada experiência com o hip hop em “Rocky Ground”, que soa simplória e deslocada.

Van Halen – A Different Kind of Truth
Mais Van Halen do que nunca, contando agora com três membros da família ‒ além de Eddie (guitarra) e Alex (bateria), o jovem Wolfgang empunha o baixo ‒, a reunião do grupo com David Lee Roth frustrou as previsões agourentas, que duvidavam que o quarteto pudesse restabelecer a química e a coesão dos tempos de outrora em estúdio. Mais do que surpreender, A Different Kind of Truth supera qualquer disco lançado pela banda após a primeira saída de Roth, em 1985, além de ser, facilmente, seu álbum mais pesado desde Fair Warning (1981), vide as velozes “China Town”, “Bullethead” e “As Is”. A capacidade dos músicos, tanto na execução quanto na composição, segue na ponta dos cascos. Eddie continua sendo o gênio da guitarra que sempre foi e Roth não perdeu um milésimo da sua habilidade ímpar como irônico contador de histórias e performer invejável. O disco é equilibrado quase de ponta a ponta, mas ainda destaco “She’s the Woman”, “You and Your Blues”, “Blood and Fire” e “The Trouble With Never”. O Van Halen ressurgiu com um sopro do passado mais soando atualíssimo. Leia uma resenha completa aqui.
Candlemass – Psalms for the Dead
Se é pra se despedir, que seja em alto nível, não? Pois é o que o Candlemass fez em Psalms for the Dead, que, segundo o grupo e seu mentor, o baixista Leif Edling, trata-se do último lançamento de estúdio a ser registrado pelos mestres suecos do doom metal. Mais do que se encaixar nesse rótulo, a banda sempre foi para mim muito além disso: o Candlemass sempre foi, acima de tudo, rock ‘n’ roll. Um grupo que se destacou pela simplicidade complexa, cuja capacidade de criar músicas avassaladoras com um punhado de bons riffs sempre causou assombro, honrando como nenhuma outra formação a escola Tony Iommi (Black Sabbath) de composição. Muitos podem sentir a falta do antológico vocalista Messiah Marcolin, presente no período mais clássico da carreira da banda, mas o fato é que, desde a entrada do norte-americano Robert Lowe, em 2006, o Candlemass vinha experimentando um novo auge, talvez culminando em Death Magic Doom (2009), mas mantendo um nível altíssimo em todos seus registros. Infelizmente, o vocalista foi substituído recentemente por Mats Levén (Therion, Krux, Yngwie Malmsteen, etc.), em uma decisão creditada a supostas fracas performances ao vivo, algo pouco convincente. Ao menos uma despedida ao som de canções como “Prophet”, “Waterwitch” e “The Lights of Thebe” soa bem mais aceitável.
Stone Sour – House of Gold & Bones Part 1
Apesar de, nos últimos tempos, ter me tornado um grande fã do Slipknot, nunca havia prestado atenção suficiente no Stone Sour, que conta com seu vocalista, Corey Taylor, e um de seus guitarristas, James Root. Levando isso em conta, além do fato de considerar Taylor o melhor vocalista dos últimos anos, corri atrás do conceitual House of Gold & Bones Part 1 tão logo o álbum foi lançado. O que senti ao ouvir, logo de início, as avassaladoras “Gone Sovereign” e “Absolute Zero” foi um verdadeiro soco na cara. Peso, dinâmica, uma produção perfeita e a habitual performance irrepreensível de Taylor coroam 11 faixas que mantêm certa acessibilidade, mas ao mesmo tempo flertam com gêneros mais extremos, especialmente o thrash metal. As citadas, além de “RU486”, teriam lugar, por exemplo, nos dois últimos lançamentos do Slipknot, Vol. 3: The Subliminal Verses (2004) e All Hope Is Gone (2008). Está de saco cheio de álbuns conceituais que acabam se perdendo nas megalomaníacas aspirações artísticas de seus autores e deixam a música de lado? House of Gold & Bones Part 1 é para você! Agora é esperar pela parte 2 e torcer para que o mesmo nível seja mantido.

The Gaslight Anthem – Handwritten
Em diversas grandes bandas, talvez em sua maioria, muitas vezes chega um determinado ponto de suas carreiras em que uma perigosa acomodação faz com que seus discos percam grande parte daquela energia que as transformou em sucessos, colocando-as em uma perigosa zona de conforto. É justamente esse tipo de vibração que torna o The Gaslight Anthem uma das mais saudáveis novidades dos últimos tempos. O grupo já está em seu quarto álbum, mas mantém essa energia fantástica, urgente, que torna Handwritten simplesmente o álbum mais paudurescente de 2012. É de se admirar que, com tantos queridinhos da imprensa alternativa de qualidade duvidosa recebendo atenção no Brasil, uma banda excelente como o The Gaslight Anthem ainda tenha pouca repercussão por aqui. Talvez sua sonoridade, que se assemelha a uma cruza entre o punk rock e Bruce Springsteen, não seja esnobe o suficiente para os indies nem tradicional o suficiente para os mais conservadores. Uma pena, pois canções como “45”, “Here Comes My Man”, “Too Much Blood” e a faixa-título teriam tudo para conseguir algo aparentemente muito difícil: agradar esses dois públicos.
Eclipse – Bleed & Scream
Enquanto a infestação de grupos suecos tentando emular os anos 70 e 80 musical e visualmente beira a saturação, o Eclipse executa seu hard rock com muito mais personalidade, beirando o heavy metal mas sempre com muita melodia, honrando a tradição local. Erik Martensson (guitarra, baixo, vocais) revela-se cada vez mais, seja no Eclipse, no projeto W.E.T. ou em álbuns de outros artistas, um compositor de mão cheia, usando as referências do passado como um guia, e não como algo a ser reproduzido incessantemente. Além disso, Bleed & Scream beneficia-se de uma das melhores produções ouvidas nos últimos tempos, fazendo com que músicas como “Wake Me Up”, “A Bitter Taste”, “Falling Down” e “Take Back the Fear” soem ainda mais intensas. Tem saudade de ouvir guitarras dinâmicas, com apurada técnica funcionando a favor de grandes canções? Ouça o trabalho executado por Martensson e seu parceiro das seis cordas, Magnus Henriksson, e se sinta transportado a uma época quando ases do instrumento como John Sykes, Gary Moore e Randy Rhoads estavam no auge. Leia uma resenha completa aqui.
Serj Tankian – Harakiri
O System of a Down é, com facilidade, um dos mais importantes grupos da década passada. Toxicity (2001), em especial, marcou para sempre o nome da banda na história do rock e constitui, por mais que os conservadores neguem, um dos discos que melhor representa o que foi o heavy metal no início do milênio. Em Harakiri, seu vocalista, Serj Tankian, soou muito próximo daquilo apresentado por sua banda, apesar de atenuar as interessantes excentricidades protagonizadas pelo guitarrista Daron Malakian. Assim como os trabalhos do System of a Down, o disco é exótico, mesmo assim bastante melódico, mas de uma maneira nada habitual, vide as inteligentes linhas vocais protagonizadas por Tankian, que traz um saudável toque oriental às melodias. A primeira metade de Harakiri não deve em nada aos melhores momentos do System of a Down, especialmente em “Cornucopia”, “Ching Chime”, “Occupied Tears” e na faixa-título, ajudando a torná-lo um dos álbuns mais viciantes do ano.

Joe Bonamassa – Driving Towards the Daylight
Apesar de não ser um grande apreciador do blues, o trabalho de Joe Bonamassa no supergrupo Black Country Communion possibilitou que o guitarrista expusesse sua capacidade a um público mais amplo, incluindo a mim, e resolvi conferir seu lançamento mais recente. E que bela decisão! Equilibrando versões de blueseiros famosos, covers que fogem à obviedade e excelentes músicas autorais, Driving Towards the Daylight acaba puxando, na maior parte do track list, para o rock, e apresenta potencial para agradar a uma parcela mais ampla de ouvintes. Registrado ao lado de uma banda magnífica, que inclusive inclui o guitarrista Brad Whitford (Aerosmith), o álbum esbanja feeling em canções como “Dislocated Boy”, “A Place in My Heart”, “Too Much Ain’t Enough Love” e na emocionante faixa-título. Recomendado para quem gosta de blues, hard rock… de música em geral! Leia uma resenha completa aqui.
Soulfly – Enslaved

Vergonha na cara. Parece ser um chá bem forte desse remédio que Max Cavalera tem consumido em grandes doses nos últimos tempos. Esquecidas as irritantes aspirações de brasilidade forçada e as experimentações de gosto duvidoso expressas eu seus últimos tempos de Sepultura e nos primeiros álbuns do Soulfly, sobressaiu-se novamente a capacidade de um dos arquitetos do heavy metal moderno, que compõe, toca e canta com personalidade ímpar. Em Enslaved, Max revisitou, em doses nada terapêuticas, seu passado mais extremo e cunhou um registro fortemente recheado de influências death metal, mas mesmo assim com muito groove, como atesta seu track list, que destaca músicas como “World Scum”, “American Steel”, “Redemption of Man By God”, a pancada incessante de “Treachery” e “Plata o Plomo”, cujos vocais ‒ alternando português e espanhol ‒ são divididos com o baixista Tony Campos, excelente adição ao line-up. É uma pena que o baterista David Kinkade tenha deixado o grupo recentemente, pois seu trabalho certamente é digno de nota. Resumindo a história, para aqueles que ainda não se convenceram e gostam de comparações: Enslaved é melhor do que qualquer disco do Sepultura após a saída de Max.

A ideia inicial era citar mais dez menções honrosas, a fim de não banalizar o processo. No entanto, a quantidade de bons discos lançados foi tão grande, que achei ser mais justo comigo e com os leitores citar 20, na esperança de que funcionem como incentivo para que sejam escutados com ouvidos atentos.

Accept – Stalingrad
Baroness – Yellow & Green
Black Country Communion – Afterglow
Chris Robinson Brotherhood – Big Moon Ritual
Donald Fagen – Sunken Condos
Europe – Bag of Bones
Gotthard – Firebirth
H.E.A.T. – Address the Nation
Ihsahn – Eremita
Jack White – Blunderbuss
Joe Walsh – Analog Man
Kreator – Phantom Antichrist
Master – The New Elite
Overkill – The Electric Age
Richie Sambora – Aftermath of the Lowdown
Rick Springfield – Songs For the End of the World
Rush – Clockwork Angels
The Night Flight Orchestra – Internal Affairs
Tremonti – All I Was
Wigelius – Reinventions

A surpresa

Van Halen – A Different Kind of Truth

A divulgação do primeiro single e videoclipe extraído de A Different Kind of Truth fez a alegria daqueles que torciam para o fracasso da nova reunião entre a família Van Halen e o vocalista David Lee Roth. “Tattoo” pode até não ser uma música ruim, mas ficou bastante aquém do que se esperava de um grupo outrora tão importante, que precisava muito lançar um disco forte a fim de recuperar a credibilidade com os antigos admiradores e sonhar com uma renovação na base de fãs. A má impressão dissipou-se tão logo o álbum completo chegou aos ouvidos dos mais apreensivos. A Different Kind of Truth não apenas é o melhor disco desde 1984, como representou uma volta mais triunfal do que quase todos poderiam imaginar. Eddie confirma cada vez mais porque é meu guitarrista favorito em meio a uma dezena de gênios do instrumento dos quais sou admirador e alimenta meu desejo de que o grupo ainda passe pelo Brasil.

A decepção
Steve Harris – British Lion

Jamais vou renegar a responsabilidade de Steve Harris em ter transformado o Iron Maiden no gigante que é. Mais do que a voz de Bruce Dickinson, a competência empresarial de Rod Smallwood, as magníficas produções de Martin Birch e as peculiares guitarras de Adrian Smith e Dave Murray, foram suas composições que deram cara ao grupo e fizeram com que o sucesso sorrisse para os ingleses. É justamente por ter consciência da capacidade do baixista que British Lion frustra tanto. Unido a um grupo não mais que mediano de músicos, além de um vocalista que soa como se estivesse anêmico, Harris lançou dez faixas ‒ supostamente maturadas durante um longo tempo, o que torna tudo ainda mais injustificável ‒ que alternam bons momentos com outros totalmente descartáveis, avacalhados por uma péssima produção. Pior que isso foi ter lido, à época do lançamento, resenhas positivas que citavam uma suposta exploração das influências progressivas e hardeiras setentistas que o músico sempre alegou ter, algo totalmente forçado e risível, dado que os momentos que fazem jus a essas características são raríssimos, caso da boa “The Chosen Ones”. De positivo, há uma boa dose de Iron Maiden em “Us Against the World”, muito de AOR em “Eyes of the Young”, algumas guitarras interessantes em “Karma Killer” e não muito mais que isso. O resto do conteúdo é pouco memorável e inclusive revela algumas surpresas ainda mais negativas, como o ranço noventista da lamentável “This Is My God”, injustificadamente escolhida como primeiro videoclipe. Stevão, meu amigo, foca no Iron Maiden que é o que você faz de melhor…

As músicas do ano

Escolher as melhores músicas lançadas em 2012 foi ainda mais trabalhoso do que selecionar os álbuns de destaque. A fim de criar uma lista mais plural, cada artista recebeu apenas uma citação. Algumas vezes, foi dificílimo selecionar as melhores faixas de certos discos, e mais ainda estabelecer uma ordem que parecesse justa.

House of Gold and Bones Part 1



Stone Sour – “Gone Sovereign + Absolute Zero”

Ok, acabei de afirmar a intenção de selecionar apenas uma canção de cada artista, mas, em se tratando das duas avassaladoras faixas que abrem ‒ sem pausa ‒ o ótimo House of Gold and Bones Part 1, não havia como ser diferente. Para fazer valer meu subterfúgio, a própria banda editou o single com as faixas como um “duplo lado A”, além de ter lançado uma versão que une os dois videoclipes feitos para essas duas verdadeiras pauladas, que não devem em nada ao peso do Slipknot. Já citei quão fã sou do vocalista Corey Taylor, mas o fato é que a banda toda está soltando faíscas, especialmente na fantástica sequência de solos protagonizada pelos guitarristas James Root e Josh Rand na primeira faixa. Aprendam: é assim que se une violência e melodia!

Dark Roots of Earth



Testament – “Native Blood”

Dark Roots of Earth conta com várias músicas que poderiam fazer parte dessa lista, mas nenhuma delas é tão viciante quanto “Native Blood”, uma exaltação às origens indígenas do vocalista Chuck Billy. A interação entre os guitarristas Alex Skolnic a Eric Peterson atingiu seu ponto máximo, cunhando linhas técnicas e dinâmicas, enquanto Gene Hoglan deu toques de extremismo ao resultado final através de bem postados blast beats. E Billy? Sua performance só melhora, demonstrando amadurecimento e bom uso de todos os recursos aprendidos em sua carreira como vocalista.

Wrecking Ball



Bruce Springsteen – “Land of Hope and Dreams”

Wrecking Ball trouxe uma boa quantidade de novos clássicos para a carreira de Springsteen. Canções como “We Take Care of Our Own”, “Easy Money” e “Jack of All Trades” têm tudo para, em questão de pouco tempo, serem lembradas com carinho por seus fãs, mas a melhor de todas as presentes no álbum atende por “Land of Hope and Dreams” e data de 1999. A faixa, que faz jus ao seu título, é a mais apoteótica no messiânico Wrecking Ball, e já era executada desde a época de sua composição nos sets do Boss. Merecia um lançamento de estúdio há tempos.

Aftermath of the Lowdown



Richie Sambora – “Seven Years Gone”

Para passar de decepção a menção honrosa, Aftermath of the Lowdown levou um bom tempo e muitas audições. Apesar disso, desde a primeira ouvida, uma certeza não mudou: o fato de “Seven Years Gone” ser uma das melhores canções registradas em 2012. Mesmo que o tom do álbum seja mais pessoal, menos comercial e aberto a experimentações, o guitarrista do Bon Jovi não perdeu a mão e cunhou uma música rica em dramaticidade, incluindo uma ótima performance vocal e solos do jeito que gosto de ver Sambora executando.

Enslaved

Soulfly – “Plata o Plomo”
Equivoca-se quem pensa que a Língua Portuguesa atenua a característica agressividade do heavy metal. Cantada no nosso idioma ‒ por Max Cavalera ‒ e em espanhol ‒ pelo baixista Tony Campos ‒ “Plata o Plomo” esbanja violência e destaca-se em meio a todo o extremismo colocado à frente em Enslaved. Sua letra versando sobre a vida do narcotraficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993, casa perfeitamente com o instrumental, que une thrash e death metal, muito groove e até violões tipicamente latinos.
Broken Bones

Dokken – “Empire”
Se com o Van Halen a primeira impressão frustrou e todo o resto supreendeu, com o Dokken ocorreu justamente o contrário. Apesar de muitíssimo bem executado e de destacar a performance do guitarrista Jon Levin, seu último álbum, Broken Bones, ficou devendo em termos de composição, exceção feita à primeira faixa, a heavy metal “Empire”. Rápida e pesada, a música grudou logo de cara e mereceu repetidas audições ao longo de 2012. Acompanhado de uma banda mais que competente, o vocalista Don Dokken demonstra fortes sinais de decadência, mas ainda tem grandes lapsos de inspiração.
Driving Towards the Daylight



Joe Bonamassa – “Driving Towards the Daylight”

Balada que dá nome a seu mais recente disco, “Driving Towards the Daylight” traz um Joe Bonamassa cheio de feeling, sem cair em clichês do blues e acompanhado de uma banda invejável. Além de tocar sua guitarra maravilhosamente bem, o músico demonstra em canções como essa que sua capacidade como vocalista também merece reconhecimento.

Harakiri



Serj Tankian – “Harakiri”

Foi um parto escolher qual música do mais novo álbum do vocalista do System of a Down merecia fazer parte desta lista. Em meio a “Cornucopia”, “Ching Chime” e “Occupied Tears”, acabou prevalecendo a faixa-título, que demonstra, como pouquíssimas outras ao longo de sua carreira, sua capacidade de, mesmo em meio a melodias exóticas, criar linhas vocais criativas e cativantes, atuando praticamente como mais um instrumento. Como não poderia ser diferente, a politização presente em sua banda também dá as caras nesse magnífico trabalho de Serj Tankian.

Handwritten



The Gaslight Anthem – “45”

Energia, urgência, sangue no olho… Todas essas características, presentes no excelente Handwritten, existem de sobra em “45”, que retrata tudo aquilo que uma banda de rock deveria ter e passa longe de ambições desmedidas e da burocracia que muitas vezes acomete as formações de sucesso. Além disso, Brian Fallon é um dos melhores vocalistas para se escutar nos últimos tempos, unindo, em seus melhores momentos, o feeling de caras tão diferentes quanto Bruce Springsteen e Paul Rodgers. Exagero? Só escutando…

Inside My Head

Richard Marx – “Like Heaven”
Richard Marx pode não gozar mais do sucesso que o levou ao topo das paradas no final dos anos 80 e no início dos anos 90, mas isso não faz a mínima diferença para o artista. Gozando de grande prestígio no meio musical e compondo para muitos outros, o cantor continua produzindo canções solo que podem não receber mais a mesma atenção midiática, mas que têm cara de hit. “Like Heaven”, uma das novas faixas presentes na coletânea Inside My Head, é uma balada clássica, levada por piano, cordas e pela bela voz de Marx. Brega sim, e daí?
Menções honrosas:
Donald Fagen – “Weather in My Head”
Gotthard – “Shine”
H.E.A.T. – “Falling Down”
Ihsahn – “Arrival”
Joe Walsh – “Lucky That Way”
Rick Springfield – “Our Ship’s Sinking”
Rush – “Caravan”

6 comentários sobre “Melhores de 2012: por Diogo Bizotto

  1. Falar mal de algo do Springsteen ainda mais com o Diogo é pedir para arrumar briga, mas tenho que dizer…não gostei desse álbum. Claroq ue conheço poucos álbuns do Patrão e pela perspectiva desses álbuns achei esse muito country e sem nada de mais…
    Diogo….amigos?

  2. Não curti o Handwritten tanto assim, mas fico muito orgulhosa com toda a pesquisa que tu faz e com teu comprometimento em escutar tantos álbuns com cuidado para inluí-los aqui. Dá vontade de escutar vários deles que ainda não tive a oportunidade.
    Ótimo trabalho, seu lindo! Grande beijo!

  3. Fernando, na verdade acredito que "Wrecking Ball" seja, muito provavelmente, o álbum mais soul da carreira de Springsteen, e isso certamente acaba afastando muita gente. Além disso, carrega um tom mais denso e "pesado" que os antecessores de inéditas, "Working on a Dream" e "Magic", discos de mais fácil digestão.

    Adriano, o The Gaslight Anthem tem tanto de metal quanto uma vaca tem penas. Mas sim, tem bastante metal na minha lista. Ouvi um caminhão de discos, mas os que me chamaram mais a atenção mesmo foram, na maioria, de heavy metal mesmo. Cite, por exemplo, algum discaço de progressivo lançado em 2012. Ah, esqueci, você tá estácionado em que ano mesmo, 1972?

    Mas o que importa mesmo é: COMENTÁRIO DA NAMORADA = GANHEI O DIA!!!! Valeu, minha Thusa, sua lymda!!!

  4. Então, tô lendo essas listas pra ter vontade de des-estacionar, mas cada vez mais o estacionamento se transforma em Paraíso, de tanto METÁU e coisas do mermo nível nessas listas.. O que mais me atraiu foram discos de bandas jurássicas, pra se ter uma ideia.. A menos jurássica é a do Chris Robinson.

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