Clássicos da Harvest: The Greatest Show On Earth – Horizons [1970]

Clássicos da Harvest: The Greatest Show On Earth – Horizons [1970]
Por Jose Leonardo Aronna 
No início dos anos 70, grupos de rock flertando com jazz tornaram-se a coisa do momento, influenciados por bandas americanas como Chicago Transit Authority e Blood Sweet And Tears. Um dos artistas da Harvest a fazer isso foi o The Greatest Show On Earth, um octeto liderado pelos irmãos Watt-Roy, de Bombaim. Garth, guitarrista e Norman, baixista, tinham originalmente uma banda de soul em 1967, que tinha a frente um cantor americano negro chamada Ossie Lane, que logo retornou a sua nativa New Orleans.
Audições foram feitas e logo acharam o excelente Colin Horton Jennings que também arranhava na flauta, guitarra e bongôs. Assim com Collin, mais os irmãos Watt-Roy, e Mick Deacon (teclados), Ron Prudence (bateria) e uma horn section constituída por Dick Hanson, Tex Philpotts e Ian Aitchison a banda assina com a Harvest e grava o Lp Horizons, o primeiro de apenas dois discos. Lançado em março de 1970, Horizons é uma pequena obra-prima, além de apresentar uma capa bem transada da Hipgnosis. Um pouco antes de seu lançamento, chegou às lojas, em fevereiro de 1970, o primeiro single da banda, “Real Cool World / Again and Again” que teve boa repercussão, principalmente em alguns países europeus, como Alemanha e Suíça (onde chegou ao n° 1). 
The Greatest Show On Earth
Horizons foi produzido por Jonathan Peel e gravado no célebre estúdio Abbey Road da EMI, em outubro de 1969. O álbum em questão é uma mistura única de rock, soul, psicodelia, jazz e prog! O Lado A começa com “Sunflower Morning”, com seu órgão proeminente num tema lento e arrastado, com exceção do refrão, e um inspiradíssimo solo de guitarra se faz presente. Nessa faixa os metais estão discretamente colocados. “Angelina” lembra um pouco o som psicodélico das bandas americanas dos anos 60, com uma brass section mais proeminente. “Skyline Man” começa com o baixo e bateria bem marcados, em seguida dos sopros e guitarra levemente distorcida e órgão, daí entram os vocais numa toada folk psicodélica. “Day Of The Lady” começa com um trompete choroso, parecendo uma lamentação, em seguida violões folk dão o tom da canção, uma balada triste e pungente, com um solo inspirado de harpsichord. “Real Cool World”, o hit single do Lp, é uma dinâmica e galopante canção, com riffs de órgão, refrão contagiante e solo de guitarra maneiro. 
Lado A de Horizons
Virando o disco temos “I Fought For Love”, que começa com um lamento lento com destaque para o órgão e vocais arrastados, para depois engrenar num prog-jazz. A faixa título, “Horizons”, um tema instrumental com quase 14 minutos de duração, é, sem dúvida, a melhor faixa do álbum. Órgão, baixo pulsante, solos de flauta, metais e guitarras, além de um solo percussivo mostram a qualidade instrumental da banda. O disco se encerra com “Again & Again”, que saiu como Lado B do single, que começa como uma balada folk ao som do violão e flauta e depois fica mais agitada e agressiva quando entra o órgão e a horn section. 
Capa interna do LP
A banda ainda lançaria mais um single “Tell The Story / The Mountain Song”, em setembro de 1970 e o último Lp The Going’s Easy, em novembro do mesmo ano. Como esses lançamentos não deram em nada, o grupo decidiu encerrar suas atividades no ano seguinte. 
Garth Watt-Roy se juntou ao Fuzzy Duck e, mais tarde participou como session man em trabalhos de East Of Eden, Limey e Bonnie Tyler. Também foi membro do Marmalade, The Q-Tips e The Barron Knights, e participou como vocalista do último Lp do Steamhammer. Ron Prudence, Ian Aitchinson e Tex Philpotts abandonaram o mundo da música. Colin Horton-Jennings juntou-s à banda Chaser e depois Tagett que lançou um disco pela EMI em 1974. Dick Hanson gravaria com The Blues Band, Graham Parker, Dave Edmunds, Kirsty McColl e Shakin’ Stevens. Mick Deacon se juntaria ao Vinegar Joe, e depois faria parte da banda de Suzi Quatro, além do grupo Darts. 
Norman Watt-Roy formaria a banda Glencoe lançando dois álbuns para o selo Epic. Depois formaria o Loving Awareness, lançando apenas um LP. Essa banda se tornaria o The Blockheads, que acompanhava o cantor Ian Dury. Atualmente ele atua com a Wilko Johnson Band. 
Capa dupla original de Horizons
Track list: 
1. Sunflower Morning 
2. Angelina 
3. Skylight Man 
4. Day Of The Lady 
5. Real Cool World 
6. I Fought For Love 
7. Horizons 
8. Again & Again 
Bonus track da versão em cd: Real Cool World (single edit) 

3 comentários sobre “Clássicos da Harvest: The Greatest Show On Earth – Horizons [1970]

  1. Banda fantástica. Ótimas linhas de metais, e uma harmonia musical fabulosa. A citação ao Bloody Sweat & Tears é meio estranha, pois vejo divisões na forma de criação das musicas (o BST explorava bastante os vocais graves de David Clayton-Thomas, além do Al Kooper mandar ver no primeiro disco). Acho o The Greatest Show on Earth mais melódico e voltado ao improviso, inspirado um pouco no BST, e talvez na fase inicial do Chicago, outra bandaça que tinha uma linha mais hardeira no início. Não sei qual das duas (Chicago ou BST) é melhor, mas são ótimas bandas. E pelo Horizons, só posso agradecer pelo resgate Jose Leonardo. A faixa-título é uma pérola!!

  2. Outra grande banda que “despontou para o anonimato” injustamente… Um trabalho muito interessante de metais, um grupo bastante coeso e músicos talentosos.

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