Review Exclusivo: Linkin Park (Porto Alegre, 12 de outubro de 2012)

Review Exclusivo: Linkin Park (Porto Alegre, 12 de outubro de 2012)
Por Micael Machado
Fotos por Micael Machado e Raquel Alvarez
O grupo norte-americano Linkin Park encerrou sua turnê brasileira (que também passou por São Paulo e Rio de Janeiro, com dois shows) na capital gaúcha neste feriado de Nossa Senhora Aparecida. Inicialmente marcado para o dia 11, no estádio do Zequinha, o concerto acabou transferido para o dia 12, no Gigantinho, em uma troca que foi prejudicial para muitos: perderam aqueles  que queriam viajar no feriadão, os que queriam ouvir o som com uma boa qualidade (o ginásio do S. C. Internacional é reconhecido localmente por sua péssima acústica), a produtora do evento, que, ao fixar preços absurdos para os ingressos (os mais caros chegavam a R$400 reais), deixou de vender uma quantidade bem maior, e a própria banda, que perdeu a oportunidade de se apresentar para no mínimo vinte e cinco mil pessoas, número que poderia ter sido atingido se o local original tivesse sido mantido e os preços fossem menos salgados.
Eu curto o Linkin Park desde que ouvi pela primeira vez seu primeiro álbum (Hybrid Theory, de 2000), e, apesar de considerar que a qualidade de seus discos vem decaindo gradativamente (chegando ao ápice negativo no recente Living Things, deste ano), não deixo de acompanhar os lançamentos do grupo, embora acredite que as melhores canções da banda estejam em seus registros mais antigos. Com o anúncio da turnê e a divulgação dos prováveis set lists, não me empolguei muito, devido ao grande número de músicas do novo álbum escolhidas para o show. Mas, após assistir pela internet ao show de São Paulo (que foi transmitido ao vivo pelo canal Multishow), meu ânimo para o concerto mudou, pois o espetáculo na capital paulista foi muito bom. Lembro de comentar que, se fosse igual em Porto Alegre, já estava de excelente tamanho, embora tudo indicasse que o repertório seria diferente.
Reação em Cadeia
Por volta das 21 horas, o Reação em Cadeia subiu ao palco para fazer a abertura da noite. Bastante conhecidos no estado gaúcho, e acostumados com grandes públicos (pois são presença constante no festival Planeta Atlântida, que ocorre todos os verões no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), iniciaram sua apresentação com “Inferno”, uma de suas canções mais conhecidas, com o vocalista/guitarrista/galã Jonathan Corrêa arrancando suspiros das (muitas) meninas presentes, e colocando o público na sua mão logo de início. Mas, após mais duas ou três músicas, o ânimo da galera foi caindo, com muita gente sentando para esperar pelo show principal. O som estava surpreendentemente com uma boa qualidade, e todos os instrumentos se faziam ouvir com perfeição, em algo raro de se presenciar neste ginásio.
A mistura de nu metal com emocore (com ênfase no último) que o grupo pratica nunca me agradou muito, e, para mim, o grande momento foi quando interpretaram “Plush”, do Stone Temple Pilots, após Jonathan declarar que era um prazer e uma honra estarem abrindo para o Linkin Park, do qual gostavam muito, e que fazia parte da mesma geração do Reação em Cadeia, sendo a noite uma celebração desta geração do começo dos anos 2000 (achei meio viajante essa frase, mas, tudo bem). Encerrando os cinquenta minutos a que tiveram direito, “Me Odeie” levantou novamente o pessoal, e a banda deixou o palco agradecendo muito à educação e ao respeito do público, e dizendo que o pessoal havia se comportado “como se estivesse no primeiro mundo”, significando sei eu lá o quê!
Enquanto a equipe técnica preparava o palco para a atração principal, alguém tentou colocar no teclado de Mike Shinoda uma bandeira do Brasil com o símbolo do Internacional no meio, e nossa ridícula rivalidade grenal deu as caras mais uma vez, com muita gente vaiando os roadies da banda, que rapidamente trocaram a bandeira por outra do Rio Grande do Sul, desta vez para aplausos de todos, que começaram a gritar um “ah, eu sou gaúcho” e a cantar o hino riograndense em uma demonstração bairrista que soou meio constrangedora naquele momento.

Linkin Park no palco do Gigantinho
Após muita enrolação (o comentário geral era de que teria acontecido algum problema com o voo que trouxe o grupo ao RS), pouco antes das 23 horas o Linkin Park adentrou o palco para iniciar o seu show. A intro “Tinfoil” me fez pensar que o repertório escolhido seria o mesmo apresentado em São Paulo, e “Faint“, a música de abertura, me confirmou este fato, fazendo com que eu me alegrasse imensamente e causando muita expectativa de que assistiria a um show memorável!
O que veio a se confirmar nos pouco mais de noventa minutos que se seguiram. Chester Bennington (vocais), Mike Shinoda (vocais, guitarra e  teclados), Brad Delson (guitarra), Dave “Phoenix” Farrell (baixo), Joe “Mr.” Hahn (DJ, samplers) e Rob Bourdon (bateria) têm muita experiência com públicos grandes (e as 12 mil pessoas – no mínimo – que encheram o Gigantinho são um público bem expressivo para uma cidade como Porto Alegre), e não deixaram a peteca cair um momento sequer. Com a qualidade do som ainda melhor do que a do Reação em Cadeia, emendaram com “Papercut” e “Given Up“, com a empolgação da galera indo lá em cima, e a banda parecendo se divertir bastante com a excelente receptividade do público gaúcho, que entoava as letras quase em uníssono. Mesmo canções do disco novo, como “In My Remains” ou “Lost In The Echo”, que não me agradam muito em suas versões de estúdio, acabaram soando muito melhores ao vivo, graças ao peso que ganharam em seus arranjos live, muitas vezes com duas guitarras onde no álbum quase não se escuta nenhuma.
Detalhe do show do Linkin Park
Mike Shinoda passou muito tempo ao teclado (que ficou adornado com a bandeira do RS o tempo todo), mas seus raps agradaram muito a todos, assim como as vocalizações e a incrível presença de palco de Chester (que até se arriscou na guitarra durante “Iridescent”, apresentada em um belo medley junto às “baladas” “Leave Out All The Rest” e “Shadow Of The Day”). Phoenix passeava pelo palco todo, e Brad ficou por várias vezes meio “escondido” perto dos teclados de Mr. Hahn ou dos de Mike (além dele mesmo tocar uma espécie de “teclado sem teclas” em “Lies Greed Misery” e percussão em “The Catalyst”), e ainda teve de enfrentar alguns problemas com o som de sua guitarra no começo de “Somewhere I Belong”, chegando a deixar o palco por instantes para trocar de instrumento. Rob é muito competente em sua bateria, e Mr. Hahn é uma figuraça, lidando com seus samplers, vinis e equipamentos eletrônicos como uma criança dividida entre vários brinquedos diferentes.
Detalhe de um dos impressionantes vídeos exibidos no telão
Os vídeos de animação exibidos no telão, especialmente durante as músicas de Living Things, são de uma qualidade impressionante, e efeitos como a pirotecnia de “Burn it Down” atraíram a atenção de todos. Mas o maior atrativo do grupo está na qualidade de suas músicas, e canções como “Numb” e “What I´ve Done” não deixaram ninguém parado, além de serem cantadas por praticamente todos os presentes. O final da apresentação com “One Step Closer” não desagradou a ninguém, até porque todos sabiam que logo eles voltariam para um pouco mais.
A citada “Burn it Down”, do disco novo, abriu o bis sendo bem melhor recebida do que eu esperava, mas a loucura foi geral com os primeiros acordes de “In The End“, música que apresentou o Linkin Park para muita gente (eu inclusive), e que ainda é minha favorita na discografia do grupo. Assim como nos outros shows da turnê brasileira, “Bleed It Out” veio mesclada a “Sabotage”, dos Beastie Boys (em uma bela homenagem a Adam Yauch, membro deste lendário grupo novaiorquino que faleceu este ano), e encerrou o espetáculo de forma quase catártica, deixando a todos com um sorriso enorme de satisfação estampado no rosto, com o grupo permanecendo no palco por longos minutos agradecendo à plateia (muito elogiada por Shinoda, que disse ser o público brasileiro um dos mais altos e barulhentos do mundo), sendo que a única coisa de que se pode reclamar é da curta duração do espetáculo,  que poderia tranquilamente ser aumentada em pelo menos meia hora, tal a quantidade de canções “obrigatórias” que não foram tocadas.
Linkin Park
Mas não há problemas, pois o que se viu (e ouviu) já serve para marcar este como um dos melhores espetáculos do ano até aqui. Que o Linkin Park não demore a voltar, e que possamos outra vez encarar este showzaço com toda a emoção e felicidade que ele merece. Que seja em breve!
When my time comes, keep me in your memory, and leave out all the rest…

Final da apresentação do grupo norte americano
Set list:

1. Intro/Tinfoil
2. Faint
3. Papercut
4. Given Up
5. With You
6. Somewhere I Belong
7. In My Remains
8. New Divide
9. Victimized
10. Points Of Authority
11. Lies Greed Misery
12. Waiting For The End
13. Breaking The Habit
14. Medley: Leave Out All The Rest/Shadow Of The Day/Iridescent
15. The Catalyst
16. Lost The Echo
17. Numb
18. What I’ve Done
19. One Step Closer

Bis

20. Burn It Down
21. In The End
22. Bleed It Out

4 comentários sobre “Review Exclusivo: Linkin Park (Porto Alegre, 12 de outubro de 2012)

  1. Adorei In My Remains e Victimized ao vivo. O final com Sabotage foi perfeito! Bom, eu atingi o auge da histeria nesse show.

    OBS: Sou a fã do Depeche Mode, só pra contextualizar, hehe.
    Não consegui contato com a Raquel, se puder me informa como falo com ela.

  2. Eu que não sou fã gostei muito do show e passei a ouvir bastante os sons dos caras. Me arrependeria amargamente se não tivesse presenciado tal espetáculo!
    Graças a minha ilustre e amada namorada, Viviane Brondani, que praticamente me obrigou a ir! haha (beijo amor! ;* )
    E ainda de quebra fazer uma amizade que espero ainda esbarrar em mais shows pela capital!

  3. Ananda e Gustavo, obrigado pelos comentários, e espero encontrar com vocês mais vezes pelos palcos da cidade!

    Ananda, me envia um e-mail que lhe passo o contato da Raquel! Tenho certeza que ela vai gostar de falar contigo de novo!

    Fiquem à vontade para perambular por nossas matérias antigas, e comentar onde quiserem!

    Abraços!

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