Cinco Discos Para Conhecer: os renegados do Hard Rock

Cinco Discos Para Conhecer: os renegados do Hard Rock



Com a intenção de expandir cada vez mais o alcance da Consultoria do Rock e conquistar os leitores pela qualidade e diversidade dos tópicos aqui abordados, estreamos hoje a parceria com os amigos Igor Miranda e João Renato Alves, que editam o blog Van do Halen. Focada não apenas na música, a Van aborda outros temas presentes no nosso cotidiano, como futebol, cinema, curiosidades e diversos aspectos da cultura pop. Como o assunto primordial da Consultoria do Rock é música, publicaremos a partir de hoje, em todas as sextas-feiras, a coluna Cinco Discos Para Conhecer, trazendo dicas para aqueles que querem saber mais a respeito de determinado artista ou gênero musical. Apreciem!


Por Igor Miranda (originalmente publicado no blog Van do Halen)

Virou moda dizer que tal banda merecia mais sucesso, foi injustiçada, foi ofuscada pelo Grunge, entre outros, mesmo que ela faça apenas o mesmo de outros grupos que já fez sucesso. Nessa lista, estão cinco ótimos álbuns de bandas que, ao meu ver, apresentaram algo diferente e de qualidade, mas foram realmente injustiçadas por fatores como gravadora, cena musical (não quer dizer que foi o Grunge) ou até mesmo a beleza dos integrantes. (risos)

Y&T – In Rock We Trust [1984]

O Y&T enfrentou várias dificuldades até obter reconhecimento na cena roqueira estadunidense que emergia na década de 1980. Apenas com o sexto álbum da discografia, In Rock We Trust, lançado em 1984, o conjunto passou a ser realmente notado e a vender bem seus discos. Mais do que merecido, até por contar com Dave Meniketti e Leonard Haze, que estão entre os melhores frontmen e bateristas, respectivamente, do gênero.

Neste play, há um apelo maior para a ala mais comercial do Hard Rock, mas sem perder a classe, pois há uma pitada setentista até nas composições feitas para emplacar, como a grudenta “Don’t Stop Runnin’” ou a anthêmica “Rock & Roll’s Gonna Save The World“. O problema é que o Y&T nunca conseguiu captar, em estúdio, a energia de seus shows. E quando houve a oportunidade de gravar um disco ao vivo, o magnífico Open Fire (1985), a gravadora demonstrou descaso.

01. Rock & Roll’s Gonna Save The World
02. Life, Life, Life
03. Masters And Slaves
04. I’ll Keep On Believin’ (Do You Know)
05. Break Out Tonight!
06. Lipstick And Leather
07. Don’t Stop Runnin’
08. (Your Love Is) Drivin’ Me Crazy
09. She’s A Liar
10. This Time

Dave Meniketti – vocal, guitarra
Joey Alves – guitarra, backing vocals
Phil Kennemore – baixo, backing vocals
Leonard Haze – bateria

House Of Lords – Sahara [1990]

O House Of Lords foi a grande aposta de Gene Simmons na década de 1980, que estava investindo em bandas no momento. A banda, que se chamava Giuffria, foi reformulada a pedidos do linguarudo e passou a contar com (ainda bem) o ótimo vocalista James Christian. O primeiro álbum, auto-intitulado, lançdo em 1988, teve repercussão moderada. Esperava-se muito do sucessor (note a lista de músicos convidados), mas a gravadora RCA não parece ter feito um bom trabalho de divulgação.
 

Sahara apresenta um apaixonante Hard Rock melódico, que em comparação ao álbum antecessor, ganhou mais peso pela maior ênfase nas guitarras ao invés dos teclados. O instrumental impecável, a grande performance de Christian e músicas sensacionais como “Chains Of Love“, “Laydown Staydown” e o cover “Can’t Find My Way Home“, do Blind Faith, mantém uma incógnita na cabeça dos fãs do estilo, que carregam o House Of Lords como um de seus mais competentes representantes.

01. Shoot
02. Chains Of Love
03. Can’t Find My Way Home
04. Heart On The Line
05. Laydown Staydown
06. Sahara
07. It Ain’t Love
08. Remember My Name
09. American Babylon
10. Kiss Of Fire

James Christian – vocal, violão
Michael Guy – guitarra, violão, backing vocals
Chuck Wright – baixo, backing vocals
Ken Mary – bateria
Gregg Giuffria – teclados, backing vocals

Músicos adicionais:
Rick Nielsen – guitarra, backing vocals
Chris Impellitteri – guitarra
Doug Aldrich – guitarra
Mandy Meyer – guitarra
Mike Tramp – backing vocals
David Glen Eisley – backing vocals
Steve Plunkett – backing vocals
Steve Isham – backing vocals
Ron Keel – backing vocals
S.S. Priest – backing vocals
Billy Dior – backing vocals
Robbie Snow – backing vocals
Cheri Martin – backing vocals
Melony Barnet – backing vocals
Bruce Flohr – backing vocals
David Sluts – backing vocals
Shannon Wolak – backing vocals
Margie Rist – backing vocals
Erin Perry – backing vocals
Kimberly Gold – backing vocals
Aina Olson – backing vocals
Breta Troyer – backing vocals

Badlands – Badlands [1989]

Músicos relativamente jovens e muito talentosos que tocaram com grupos do porte de Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Lita Ford e Phenomena se juntam para montar uma banda de Hard Rock. O que poderia dar errado? Muita coisa. O Badlands surgiu ambicioso, unindo o vocalista Ray Gillen, o guitarrista Jake E. Lee, o baixista Greg Chaisson e o baterista Eric Singer através de um contrato da poderosa Atlantic Records.

O conjunto lançou o debut auto-intitulado, que chegou perto de ganhar disco de ouro nos Estados Unidos, mas não demorou muito pra que o projeto desmoronasse. Não pela música, pois o álbum apresenta Hard poderoso do começo ao fim, com influências bluesy e zeppelianas simplesmente incríveis. Mas Singer saiu no ano seguinte ao lançamento para integrar o Kiss, um álbum menos inspirado intitulado Voodoo Highway foi lançado em seguida e a disputa de egos entre Gillen e Lee afundaram o promissor quarteto.

01. High Wire
02. Dreams in the Dark
03. Jade’s Song
04. Winter’s Call
05. Dancing On The Edge
06. Streets Cry Freedom
07. Hard Driver
08. Rumblin’ Train
09. Devil’s Stomp
10. Seasons
11. Ball And Chain

Ray Gillen – vocal
Jake E. Lee – guitarra, violão
Greg Chaisson – baixo
Eric Singer – bateria

Tyketto – Don’t Come Easy [1991]

Danny Vaughn não era nenhum zé ninguém ao formar o Tyketto em 1987: já havia cantado no Waysted, banda do baixista Pete Way (UFO). Arrumou músicos excelentes – o guitarrista Brooke St. James, o baixista Jim Kennedye o baterista Michael Clayton – e descolou um contrato com a Geffen Records em 1990, que investia bastante no gênero até então. O problema foi a demora.

O debut do grupo, Don’t Come Easy, chegou às lojas quando o som triste de Seattle estourava pelo mundo do Rock mainstream, explicando a moderada repercussão na época. Mas o registro é impecável. Hardão melódico, com grandes linhas de guitarra, back-ups de violão responsáveis por um leve adoçamento do som, linhas de bateria diferenciadas e o vozerão único de Vaughn. E o melhor: todas as músicas tem potencial para ser hit, pois grudam melhor que chiclete.

01. Forever Young
02. Wings
03. Burning Down Inside
04. Seasons
05. Standing Alone
06. Lay Your Body Down
07. Walk On Fire
08. Nothing But Love
09. Strip Me Down
10. Sail Away

Danny Vaughn – vocal, violão, gaita
Brooke St. James – guitarra, violão, cítara, backing vocals
Jimi Kennedy – baixo, backing vocals
Michael Clayton – bateria, percussão, backing vocals

Hardline – Double Eclipse [1992]

Os irmãos Johnny e Joey Gioeli eram concunhados de ninguém menos que Neal Schon (Journey). Eles formaram uma banda com Todd Jensen e Deen Castronovo e Schon seria o produtor do debut, mas ele mesmo quis entrar para aquele que seria o Hardline. Tudo ficou ainda mias fácil, então, por contar com um nome conhecidíssimo na cena Rock.

Double Eclipse, previsivelmente, não fez um sucesso estrondoso, por conta da época. Mas vendeu até mais do que esperado, obtendo um singelo disco de ouro em terras norte-americanas. O quinteto não apresentou nada parecido com o AOR do Journey, mas um Hard N’ Heavy preciso, visceral em vários momentos, com alguns hits e baladas clássicas do estilo. Uma banda que abre seu trabalho com uma música chamada “Life’s A Bitch” já merece respeito – com todas as outras faixas, então, nem se fala.

01. Life’s a Bitch
02. Dr. Love
03. Rhythm From A Red Car
04. Change Of Heart
05. Everything
06. Takin’ Me Down
07. Hot Cherie
08. Bad Taste
09. Can’t Find My Way
10. I’ll Be There
11. 31-91
12. In The Hands Of Time

Johnny Gioeli – vocal, guitarra e violão adicionais, percussão
Neal Schon – guitarra solo, violão, sintetizadores, backing vocals
Joey Gioeli – guitarra base, backing vocals
Todd Jensen – baixo, backing vocals
Deen Castronovo – bateria, percussão, backing vocals

4 comentários sobre “Cinco Discos Para Conhecer: os renegados do Hard Rock

  1. Badlands tinha tudo para dar certo e liderar a onda Hard do final dos anos 80. Os dois primeiros discos são maravilhosos e me arrisco a dizer que se a banda tivesse ganhado o disco de ouro no debut, seria muito dificil pará-la já que os músicos tinham capacidade de sobra.Isso sem falar do grande Ray Gillen, que fazia misérias nos vocais!
    Grande matéria, meus parabéns!

  2. Sou suspeitíssimo pra falar, mas devo reconhecer que essa seleção de bandas está ótima para representar aqueles que tinham mais talento que a grande maioria e não obtiveram o mesmo reconhecimento. Poderia até trocar o álbum selecionado para representar o grupo, mas a escolha dos nomes está adequadíssima.

    Como foi bem dito, virou lugar comum afirmar que certos artistas foram injustiçados, mas se há um guitarrista injustamente esquecido em sua geração é Dave Meniketti, do Y&T. Inclusive, ficaria em grande dúvida caso tivesse que escolher qual álbum para representar o grupo aqui, provavelmente "Mean Streak".

    Quanto ao "House of Lords", prefiro o primeiro álbum, auto-intitulado, mas admito qu talvez "Sahara" seja mais equilibrado. O que não se discute é a competência da banda na seara mais melódica do hard, e quão bom vocalista James Christian é.

    Sobre o Badlands, putz… um dos meus guitarristas e um dos meus vocalistas favoritos mandando ver em um belo disco, hardeiro, malandro, bem executado, cantado, composto… pena que as coisas não funcionaram fora dos palcos e estúdios…

    Como foi dito, o Tyketto surgiu um pouco tarde demais, mas é competência pura. O álbum seguinte, "Strenght in Numbers", é praticamente tão bom quanto, mas mais fora de época ainda.

    E o Hardline? Quem pensa que encontrará algo parecido com o Bad English (outro grupo de Schon fora do Journey) vai quebrar a cara, pois a guitarra ronca fortíssimo, em temas pesados e bem construídos, com destaque para a magnífica "Hot Cherie". Sem falar que conta com um dos melhores bateristas do show business, o excelente Deen Castronovo…

  3. o texto é muito legal, e confesso não conhecer a maioria das bandas, exceto o Y&T, que conheço apenas de nome e por participações de Dave Meneketti como no Hear and Aid . A única banda que conheço bem é o Badlands, e aí confesso gostar mais do segundo álbum ( mesmo sem Singer) do que o de estréia, que também é muito bom.
    Vou aproveitar as dicas e dar uma checada nas outras bandas
    Valeu,

    Alexandre

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