Shows Inesquecíveis: 15 Anos de Paul McCartney em Porto Alegre

Shows Inesquecíveis: 15 Anos de Paul McCartney em Porto Alegre

Por Mairon Machado

Quem aqui já teve a oportunidade de assistir a um show de um Beatle exatamente no dia do seu aniversário? Eu, com orgulho, posso dizer que sim, exatamente há 15 anos, em 7 de novembro de 2010. Pensei de todas as formas como escrever o que passei no inesquecível show de Paul McCartney (ou seria Billy Shears?) para você leitor da Consultoria do Rock, e passados 15 anos, as memórias são muito frescas daquele dia quente em Porto Alegre.

Ingresso do show e minha antiga carteira de identidade

Quero salientar que, como muitos sabem, eu não sou fã dos Beatles, apesar de respeitar e curtir diversas canções (principalmente a segunda metade da banda), e tenho uma boa admiração pelo Wings. Quando o show de Paul em Porto Alegre (o primeiro dele em terras gaúchas) foi anunciado, rapidamente me decidi a ir, por três motivos básicos: a compreensão da importância de Paul para a história da música; o show ser no Beira-Rio e o principal de todos: gritar para Paul: “Mick Jagger is the best””! Mas como brincadeira, obviamente, pois sou da linha dos que preferem os Stones e apenas faria isso para me dar de presente de aniversário o desafio de gritar o nome de um Stone entre milhares de fanáticos pelos Beatles.

Pois bem, aquele domingo, 7 de novembro, foi realmente inesquecível. O dia começou quente, em pleno novembro, e lembro de ir de ônibus até meu irmão Micael Machado para receber um abraço e fazer aquele velho comentário que fazemos (ainda hoje) há muitos anos: “não entendo como que as pessoas gostam tanto de Beatles”. Depois de trocar a rápida ideia com o Micael, liguei meu radinho (celular com streaming era impensável) e fui para o Beira-Rio caminhando, curtindo o calor e o ótimo dia que fazia. Na parada para comprar uma cerveja dentro do supermercado, eis que o rádio informou que Paul estava saindo do hotel, e para minha total surpresa ele havia mudado a rota inicial que faria em direção ao Beira-rio, indo por uma avenida que fica poucos metros de onde eu estava.

Peguei a ceva e sai correndo feito um louco, tropeçando em pessoas, em pedras, mas enfim cheguei na Avenida Beira-Rio e não havia ninguém lá, somente um policial e o barulho dos carros de polícia que vinham trazendo Paul. Os locutores da rádio falavam que o beatle estava abanando para todos, e eu ali, parado, apenas esperando. Foi quando vi o carro com Paul, que fez O MOMENTO do dia para mim. O carro diminuiu a velocidade e então eu tive a honra de presenciar algo que jamais pensei em ver: sentado do lado direito do carro, Paul saiu da janela direita e se dirigiu para a janela esquerda. De dentro do carro, ele me abanou e levantou o dedo com um positivo, enquanto com a outra mão batia no coração. EU VI PAUL E ELE ABANOU PARA MIM!!!

Vocês não tem ideia do que é isso! O cara é uma lenda! Ele podia muito bem ter seguido de “cano reto” e nem ter dado bola para um cara parado, com a camisa do Inter, uma lata de cerveja nos pés e uma câmera na mão. Mas não, ele saiu da posição onde estava e veio me dar um aceno. Não apertei a mão dele, não conversei com ele, mas como estava somente eu ali, naquele lugar, senti toda a emoção de saber que Paul McCartney me cumprimentou pessoalmente. Ali, valeu o dia, mas ainda tem mais! Registrei vergonhosamente o momento aqui, já que quando ele passou, fiquei filmando sei lá o que …

Fila gigante e muito calor

Fui para o Beira-Rio e na chegada, uma impressionante multidão tomava conta dos arredores do estádio. Somente na final da Libertadores de 2006 vi tanta gente assim. Filas enormes rodeavam todos os lugares. Para dar uma noção de como a fila era grande, eu caminhei 30 minutos até chegar ao seu final. Lá, um grupo de pessoas vindas não sei de que lugar surgiu do nada, e entre eles um marido desesperado tentava trocar o ingresso de gramado por superior, pois a esposa e todo o grupo haviam comprado ingresso para pista. Prontamente troquei o ingresso com o cidadão, e fui direto para a minha nova fila. A confusão era grande. As filas se entrelaçavam, e era difícil identificar onde eu tinha que ir. Quando descobri onde começava a nova fila, caminhei mais alguns minutos em direção ao final dela, que já ia praticamente no início da história. Portanto, o imbecil aqui deu a volta no estádio sem ter necessidade, era só ter ido direto para a fila ao lado. Mas eu ia saber que ia ter tanta gente assim?

Enfim, fiquei torrando no sol durante um bom tempo, pois apesar dos portões terem sido abertos perto do horário confirmado (17:30 hs, sendo programado para às 17:00) a demora para entrar no estádio foi muito grande. Mas a espera teve momentos bons, já que foi possível ouvir toda a passagem de som de Paul, e claro, sentir que o bicho ia pegar, pois a gurizada ouvia silenciosamente cada segundo e aplaudia como se já estivesse vendo o próprio show.

Lenço memorabilia do show de 15 anos atrás

Entrada no estádio, todos recebem lenços com a assinatura de Paul, e se quisesse poderia deixar um presente para ele em uma caixa enorme. Ali, vi várias camisas do Inter, do Grêmio e também cuias, uma bombacha e muitas cartas. Vale se destacar: apesar do show ter sido no estádio do Internacional muitas camisas de ambos os times coloriram o Beira-Rio, provando que, sim, é possível rivais conviverem pacificamente. Então, depois de tudo, quando estou entrando, descubro que é possível sentar na social através do portão por onde eu entrei. Bah, eu que havia visto a montagem do palco exatamente da social dias antes, durante um jogo do Inter, que ficara imaginando como seria ver o show dali, podia agora ir para o lugar onde eu havia demarcado como o melhor para se ver de forma mais barata. Fui direto para lá e rapidamente achei lugar ao lado de um pessoal da serra gaúcha e de um casal de namorados de Porto Alegre.

Sentado, na sombra, com a brisa do Guaíba batendo de frente, fingíamos que estávamos na VIP (que era ao lado de onde eu estava). Então, eis que surge a palhaçada mor do dia. A banda Dublê sobe ao palco e destrói clássicos do rock com uma versão lounge-pop-pasteurizada terrível. Eles não tiveram nem vergonha de fazer aquilo, e fizeram uma apresentação de meia hora mais ou menos que não agradou em nada. Enfim, até aqui não comentei nada do show, e desculpe por essa longa introdução, mas esses pequenos detalhes foram inesquecíveis e eu precisava narrar eles para vocês. Agora, vamos então ao show em si.

Após o show da Dublê, os dois telões (que ficavam em cada um dos lados do palco) começaram a mostrar várias imagens da carreira de Paul e dos Beatles, passando-as como um filme. Essas imagens foram reproduzidas durante um bom tempo, até que as luzes se apagaram e eis que surge Paul McCartney, com dez minutos de atraso (raro para os britânicos) entrando no palco solenemente, vestindo terno e calças pretas, com uma camisa branca e acompanhado de sua banda. Depois de reverenciar o público, começam os acordes de “Venus and Mars”, seguida de “Rock Show” e “Jet”, onde já pude comprovar que, sim, eu gosto bastante de Wings. Ouvir “Jet” foi uma daquelas canções que você adora a versão que conhece, mas que quando ouve ao vivaço, pela lenda que a compôs, soa ainda mais forte.

Paul no palco do Beira-rio

Após a intro Wings, Paul fala em português com a plateia de mais de 50 mil pessoas dando “Oi, tudo bem? Boa noite Porto Alegre, boa noite Brasil!“, e mandando ver na clássica “All My Loving”. Ali, o baú de lembranças da minha infância, com minha mãe e meu pai ouvindo a Jovem Guarda em peso fazendo versões nacionais para canções inglesas (e a que mais eu lembrava era de minha mãe ouvindo Vips e meu pai Os Incríveis) já fizeram as primeiras lágrimas saírem dos meus olhos, mesmo eu não gostando da canção. Isso é importante demais, pois a música toca você mesmo que você não goste dela, já que é algo que quando você ouve você irá lembrar de uma fase da sua vida que não irá voltar mais.

Paul fala ao microfone “Obrigado gaúchos”, e aí o público vai ao delírio. Abrindo um sorriso enorme solta “Letting Go”, e depois começa com a sequência engraçadíssima “essa noite eu vou tentar falar português, mas vou falar mais inglês“, com um carisma e simpatia fora do comum, e solta “Drive My Car”, que fez o Beira-Rio tremer no famoso “bep-bep”. Paul então tira o terno em um modesto strip-tease, começando “Highway”, que foi seguida por “Let Me Roll It”, onde a banda improvisou sobre o riff de “Foxy Lady”, de Jimi Hendrix, e dali foi para o piano, onde interpretou a linda “The Long and Winding Road”. Os telões de ambos os lados funcionavam perfeitamente, mas achei estranho que o telão central funcionava (ou mostrava imagens) em apenas algumas músicas.

Enfim, a ótima e setentista “Nineteen Hundred and Eighty Five” (uma das melhores canções do Wings) sacolejou o esqueleto da gurizada, e “Let ‘Em In” baixou o pique de todos. Paul, emocionado, lembrou de Linda McCartney, dizendo que escreveu a próxima canção em homenagem a “minha gatinha, Linda“, mas que hoje ele dedicava “a todos os namorados presentes“, e então começou a bela “My Love”, com o refrão cantado por todos, seguida pelo country de “I’ve Just Seen A Face”. “And I Love Her” trouxe mais lágrimas para quem vos escreve, e a arrepiante sensação de cinquenta mil pessoas cantando ao mesmo tempo. Fantástico! Foi então que Paul soltou “Mas bah, tchê!!!!“. O gigante da Beira-Rio veio abaixo ao som de Paul, enquanto ele soltava gargalhadas e puxava “Blackbird”, sozinho ao violão. Outra arrepiante, com todos cantando sob o céu estrelado, tendo ao fundo do palco uma árvore iluminada sendo projetada no telão, enquanto uma lua descia sobre a cabeça de Paul, que já era abençoada pela gigante bandeira tremulante do Sport Club Internacional. Só quem estava lá sabe o que estava vendo!

Paul e os fãs em Porto Alegre

Lágrimas rolavam como pedras em colinas, e ainda vinha mais! Paul então comunica que “escrevi essa música para meu amigo John“. Nesse momento soltei meu “Mick Jagger is the best” apenas como presente para mim mesmo, pois a interpretação que ele fez para “Here Today” já era um presente mais que especial. A Terra então desceu atrás da lua, e ficamos com apenas Paul, a lua, a Terra e o violão, mas o que era mais bonito era o estádio inteiro em silêncio, ouvindo cada segundo sob aquela maravilhosa noite estrelada. Os celulares ligados pareciam formar mais estrelas no chão do Beira-Rio. É indescritível. Com o ukelele em mãos veio “Dance Tonight”, seguida por “Mrs Vandebilt”, para arrebentar de novo em “Eleanor Rigby”. Não dá para negar o poder de cada acorde desse clássico dos Beatles, que começou apenas com o violão de Paul, arrancando aplausos de todos, seguidos pela vocalização do grupo e com as cordas feitas pelo tecladista da banda. Aliás, esse foi um dos poucos pontos negativos. Paul em momento algum apresentou a banda.

Novamente com o ukelele em mãos, veio “Ram On”, mais uma surpresa, e então ele dedicou a próxima para “o meu amigo George“, e aí começou a mais linda canção já composta por um Beatle, “Something”, a mais esperada por mim, e não teve como segurar as lágrimas. Somente com o ukelele Paul cantou toda a letra, para então a banda surgir tocando a versão original dessa pérola escrita por George Harrison. Todos cantavam em coro, e o arrepio corria como o sangue pelo meu corpo. “Obrigado gaúchos“, e veio “Sing the Changes”. Então Paul pergunta “would you think about my porrtugueis?“. Segue “vou tentar falar porrtugueix, portugueeeix, português“, a última perfeitamente, e o Gigante veio abaixo novamente. “Band on the Run” veio apoteoticamente, e então Paul anuncia que “todos vão cantar a próxima sozinhos, sendo que é a primeira vez que essa canção será tocada no Brasil“, surgindo “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, cantada em uníssono novamente.

Aqui o show verdadeiramente começou para os beatlemaníacos, pois a partir de então somente os Fab Four seriam revisitados. Paul soltou um “E aí? Tri legal?” e detonou na antológica “Back in the USSR”. Então veio “I’ve Got a Feeling”, com um desafio vocal feito por Paul pela plateia, que segundo ele o público venceu, e “Paperback Writer”, com todas as vocalizações que tanto marcaram a carreira dos Beatles. “A Day in the Life” lembrou-me David Bowie na clássica “Young Americans”, e foi encerrada com um coro espetacular cantando “Give Peace a Chance”. Então Paul foi para o piano e veio “Let It Be”. Não deu, cai em lágrimas novamente! Fracasso! Confesso, é fracasso, mas não adianta, a letra, a história, o dia, tudo levava para isso, e eu fracassei em lágrimas cantando cada palavra de mais um clássico, enquanto o Beira-Rio novamente era iluminado por celulares.

Se não tinha mais como me emocionar e surpreender, estava totalmente enganado. “Live and Let Die” surgiu calmamente, na linha da gravação do Guns N’ Roses, e então uma enorme explosão começou um show pirotécnico sem igual, com fogos e explosões atrás do palco. O volume era absurdamente apavorante, e eu sentado sentia o chão tremer apenas com a música. Os gritos do público eram abafados pelo volume altíssimo, que o próprio Paul reconheceu que estava alto demais. Mas isso não foi ruim, pelo contrário, foi extraordinário!

Espetáculo de papeis picados

A emoção e a tensão porque a bateria da minha câmera (sim, o celular para registrar vídeos cabia pouco tempo, e então, tínhamos câmeras fotográficas para registrar algo, e eu tenho o show registrado até hoje, o que ajudou bastante para fazer essa matéria) estava acabando me fizeram mais uma vez um fracassado. Embasbacado com o que estava vendo e ouvindo, preparei a câmera para aquela canção que a minha (hoje saudosa) mãe havia me pedido que gravasse, “Hey Jude”. Com tudo pronto, eis que Paul começa a canção que ele escreveu em homenagem a Julian Lennon quando este tinha cinco anos, e achava que John não gostava dele. Caraca … bastou a primeira palavra para minha face se transformar em um rio de lágrimas, e tão atordoado e emocionado fiquei que acabei não gravando a bendita canção.

Eu ali, com a câmera ligada, parecendo filmar e nada. Grande dã! Quando me dei conta já era a hora do “na-na-na” final, então apertei o botão e gravei o Beira-Rio rugindo como numa final, cantando o refrão mais fácil de todos os tempos durante quase cinco minutos. Lágrimas e abraços eram trocados por todos – eu disse TODOS – no Beira-Rio! O momento mais comovente da história do rock no Rio Grande do Sul estava sendo presenciado por mim no dia do meu aniversário!

A banda agradeceu o público e em 2 horas e 15 minutos deixou o palco pela primeira vez. Enquanto me recuperava das lágrimas, achando que já tinha passado por tudo, mal sabia eu que ainda tinha mais. Paul voltou, e do nada largou “Ah, eu sou gaúcho!“. Ninguém esperava aquilo, tanto que, de boca aberta, aos poucos todo mundo gritou o famoso coro que, felizmente, parece que caiu por terra, mas na época, era uma forma de mostrarmos o orgulho por nosso chão. Após alguns segundos veio “Day Tripper”, com uma pegada muito similar a original, e o estádio dançava em uma grande festa de aniversário em que eu era o aniversariante (modéstia a parte, não podia perder a brincadeira).

Impressionante era ver Paul trocando de instrumentos como quem brinca de jogar videogame, tocando guitarra, baixo, piano, órgão, violão e ukelele com uma naturalidade incrível. “Obrigado gautchos, Porto Alegre, Brasil, oh yeah“, e vamos de “Lady Madonna” para todo mundo seguir cantando e dançando como nos anos sessenta. Idosos, crianças, jovens, mulheres, homens, todos se abraçavam e vibravam no estádio, mas não era um gol, era um clássico do rock sendo interpretado pela lenda viva que o compôs! “Tudo bem com vocês?“, “Yeaaaaaaah!“, “Pra nós too!“. Essa “pra nós too” foi sensacional, e então veio “Get Back”. Aqui a antiga marquise do Beira-Rio dançou junto com todo o estádio, e Paul saiu novamente junto com a banda.

Paul feliz em terras gaúchas

Alguns minutos de “Paul, Paul, Paul” e ele volta apenas com o violão para interpretar “Yesterday”. Se eu não tinha mais lágrimas, chorei suor e sangue, por que não dava para não chorar com essa letra fantástica, que poderia ter se chamado “ovos mexidos”, e virou a música mais tocada e coverizada de todos os tempos. O arranjo orquestral feito pelos teclados, as estrelas, o público inteiro cantando, caraca, me arrepio só de lembrar. Sensacional! A versão “U2ana” de “Helter Skelter” levantou até os cabelos do suvaco. Aquilo era real!

Terminado “Helter Skelter”, Paul apontou para o meu lado, e sei lá por que cantou “Happy Birthday to You” (vá saber quem estava de aniversário naquele lado do palco). Então, apontou para duas meninas que estavam com um cartaz dizendo “Paul, por favor, assine meu braço para eu fazer uma tatuagem“. Paul fez a enquete se o público achava que ele deveria assinar o braço das gurias, e então como um bom comediante inglês falou que não seria uma falha dele fazer isso. Também brincou que tinha um cidadão dizendo que era baterista, mas que ele já tinha um baterista nessa turnê. Quem sabe na próxima!

Então as meninas subiram ao palco, e Paul fez elas se apresentarem. A primeira menina, Elisa, era de Porto Alegre, e a segunda, Annie (acho que é esse o nome da guria), de Florianópolis. Aqui o momento vergonhoso do público gaúcho: quando a menina falou Florianópolis metade do estádio vaiou. Uma vergonha! Apesar da “rivalidade” entre os estados, não precisava disso. Ainda bem que outros aplaudiram e o próprio Paul abraçou a menina e falou “não se preocupe, eu sou de Liverpool, c’mon“. Paul assinou o braço das duas garotas, e ainda deu a palheta para Annie, num gesto que somente um lorde pode ter.

Paul autografando o braço de Elisa

Então, veio “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band (Reprise)”, e infelizmente tivemos que ir depois de 3 horas de show (incrível, mas foram mesmo três horas!). Após a saída do estádio, entre abraços e beijos de felicitações dados pelas gurias da serra, comprei minha camisa do show e ainda recebi um jornal exclusivo do grupo RBS trazendo comentários do pré-show e do início da apresentação.

Hoje, passados 15 anos, muita coisa mudou na minha vida, e também na forma como vemos os shows. Na época de Paul, íamos muito mais pela curtição e por aproveitar cada momento. Ok que as câmeras fotográficas insistiam em aparecer, mas não com essa grotesca força que são os celulares de hoje em dia. Além disso, Paul à época estava com 68 anos, e lembro claramente de uma ampla maioria dos fãs (e imprensa) ficarem impressionados que o “velhinho” aguentava ficar em pé durante 3 horas. Pois bem, ninguém até 2010 tinha visto um artista chegar aos 70, e hoje, ao vermos Bruce Dickinson (67 anos), Axl Rose (63 anos), James Hetfield (62 anos), correndo pelo palco, a visão já é outra. Rober Plant recentemente começou uma turnê pela Europa e América do Norte, do alto de seus 77 anos, e em fevereiro, veremos Angus Young (70 anos) pular sem parar pelo palco do Morumbis. E pior, se quiser ir além, vi este ano Biff Byford mandando ver com 74 anos, assim como Bernie Shaw, com 69 anos, cantar limpinho e sereno, enquanto Mick Box, então com 77 anos, tocou guitarra como um moleque de 20 durante quase duas horas. Espero daqui uns dia ver Glenn Hughes, com 74 anos, cantando a fina flor da música com sua voz espetacular. Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos com 83 anos, estão fazendo shows de despedida mas em ótima forma (assisti ambos hpa 2 anos, com 81 anos, fazerem shows cheios de energia), e saber que o Rush irá voltar com Geddy Lee e Alex Lifeson ambos com com 72 anos, e tantos outros artistas que admiramos, os 68 de Paul na verdade eram apenas uma normalidade.

Voltando à 2010, naquele fim de domingo, início de segunda-feira, lembro de ter chegado tarde em casa (com certeza já era dia 8), embasbacado, sem a mínima noção de que eu tinha ficado mais de 15 horas sem comer ou beber nada. Na real, eu fui alimentado por um mestre, que somente com sua música e carisma dá (e dará) para diferentes gerações algo que poucos conseguem, que é a capacidade de expressar o que você está sentindo através da música. Paul veio novamente à Porto Alegre em 2017, em um show que não fui por vários motivos, mas principalmente por que já tinha vivenciado os meus momentos inesquecíveis com um beatle, no dia do meu aniversário.

Fim de show

Set List

  1. Venus and Mars / Rockshow
  2. Jet
  3. All My Loving
  4. Letting Go
  5. Drive my Car
  6. Highway
  7. Let me Roll It
  8. Long and Winding Road
  9. 1985
  10. Let me In
  11. My Love
  12. I’ve Just seen a Face
  13. And I Love her
  14. Blackbird
  15. Here Today
  16. Dance Tonight
  17. Mrs Vanderbilt
  18. Eleanor Rigby
  19. Something
  20. Sing the Changes
  21. Band on the Run
  22. Obla Di Obla Da
  23. Back in the USSR
  24. I’ve Got Feeling
  25. Paperback Writer
  26. A Day in the Life
  27. Let it Be
  28. Live and Let Die
  29. Hey Jude
  30. Day Tripper
  31. Lady Madonna
  32. Get Back
  33. Yesterday
  34. Helter Skelter
  35. SGT. Pepper’s / The End

Um comentário em “Shows Inesquecíveis: 15 Anos de Paul McCartney em Porto Alegre

  1. Estava nesse show também, fui com minha esposa, irmãos e cunhada. Pouco tempo depois Macca veio a Florianópolis pela primeira vez, mas não fui assistir – esse é o tipo de show que a primeira vez é tão marcante que os outros não vão superar nunca. Showzaço, e a confusão nas filas realmente foi um problema.
    Lembro de ter ouvido Magical Mystery Tour na passagem de som, e fiquei esperando a música no show – e ela não veio! Mas, tudo bem, o resto foi bom demais

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