Time Requiem – The Inner Circle of Reality [2004]

Time Requiem – The Inner Circle of Reality [2004]

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Por André Kaminski

Richard Andersson é um tecladista pouco conhecido no restante do mundo, embora seja líder de alguns projetos dentro do Power/Prog sueco. Talvez seu trabalho mais conhecido sejam os dois álbuns que lançou com a banda de Power Metal chamada Majestic, no final dos anos 90. Após esse período ao qual deixou a banda de molho, o sueco resolveu montar um novo projeto chamado Time Requiem ao qual se focaria mais em um Progressive Metal com muita influência Power e umas pitadas de neoclássico em alguns momentos de fritação. Assim, lançou três álbuns com o Time Requiem, sendo The Inner Circle of Reality o segundo da banda.

Se me permitem uma historinha pessoal, aproveito para contar. Tenho um hábito de comprar alguns discos no escuro de alguns projetos que eu ouvi falar bem, sejam em resenhas ou em outros sites. As vezes, compro algo até mesmo sem ter ouvido nada. Quem lê isso deve me achar louco, ainda mais nessa era atual onde o disco inteiro da banda de rock mais desconhecida da Estônia está disponível no Youtube para qualquer um ouvir. Mas eu faço isso por uma única razão: quero sentir o que o pessoal do vinil sentia quando comprava discos sem sequer terem ouvido na época de ouro do vinil. Não raro as informações eram tão escassas que muitos compravam discos só pela capa devido ao fato que nem todas as lojas disponibilizavam o vinil para audição. Era comum você se surpreender com discos excelentes que jamais imaginava que aquela banda desconhecida pudesse gravar. Porém, é também capaz de levar uma bomba para casa da qual poderá se arrepender amargamente de ter gasto seu dinheiro naquele disco que provavelmente nunca mais irá ouvir novamente.

Apollo Papathanasio (vocais), Jonas Reingold (baixo), Richard Andersson (teclados), Magnus Nordh (guitarras) e Zoltan Csörsz (bateria)
Apollo Papathanasio (vocais), Jonas Reingold (baixo), Richard Andersson (teclados), Magnus Nordh (guitarras) e Zoltan Csörsz (bateria)

Na minha ainda modesta coleção, já tive os dois casos: discos excelentes e discos péssimos. Há também alguns que considerei medianos na época, mas que acabaram crescendo em minhas audições. Diria que de todos os discos que eu comprei no escuro, cerca de 70% me agradaram bastante. O restante variou entre médio e ruim.

Infelizmente, este disco do Time Requiem entrou nos 30%. É um álbum que varia do fraco ao médio, com alguns poucos bons momentos. Como eu acho que é importante para alguém que resenha discos escrever sobre aquilo que não gostou, então, tirei meu tempo para escrever estas linhas. A formação que gravou este disco era de Apollo Papathanasio (vocais), Richard Andersson (teclado), Magnus Nordh (guitarra), Jonas Reingold (baixo) e Zoltan Czörsz (bateria)

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CD

A primeira faixa do disco “Reflections” evidencia algo que é visível em todo o álbum: a produção horrenda. O som é abafado e as guitarras são fracas em praticamente todo o álbum e aqui isso se torna evidente. Esta música de abertura demonstra linhas de guitarra pouco inspiradas, um teclado sem graça dando um ar “árabe” aliadas a um vocalista sem força para levar os agudos que de vez quando tenta fazer. Na segunda música The Inner Circle of Reality, longa e com 11 minutos, me surpreendi com um baixo vivo e de ótimas linhas nesta canção. Depois de uma pesquisa rápida, fui dar-me conta que Jonas Reingold é também o baixista do The Flower Kings. Está explicado então o motivo do baixo ser tão bom neste cd. Mas tirando este instrumento, esta segunda música é mais um Prog/Power desinteressante e sem qualquer destaque dentro dos muitos minutos de duração.

A terceira música “Dreams of Tomorrow” se foca em emoções humanas na parte lírica e possui um melhor arranjo de guitarras, me lembrando os melhores momentos do Angra da fase Edu. É uma música também cujos teclados de Andersson dão uma atmosfera etérea interessante. Depois de duas faixas fracas, esta é a primeira que posso considerar como boa.

Mas as coisas voltam a um patamar inferior em “Attar of Roses”. A fritação de notas nesta canção, ao estilo Malmsteen, não empolga. Magnus Nordh ainda precisa trabalhar muito para pelo menos agradar aos fãs do gordão do neoclássico. A música segue nessa linha Malmsteen até o fim, sem melhorar. Seguindo, a outra música boa do disco é esta próxima “Definition of Insanity”.  Uma música que parece uma mistura de Prog Metal estilo Dream Theater com o Heavy Tradicional das bandas oitentistas, resultando em uma ótima música. Sem contar que os refrãos cantados por Apollo são muito bons e sua voz se encaixou melhor que nas outras canções.

Contra-capa do CD
Contra-capa do CD

Entretanto, as boas qualidades do disco terminam aí. “Quest of a Million Souls” é uma balada não mais do que mediana. Um ótimo baixo, já elogiado anteriormente, e um teclado com boas intervenções. Nada muito mais a acrescentar. “Hidden Memories” é outro Prog/Power Metal sem graça. Nota-se que Jordan Rudess é uma das influências de teclado de Andersson, mas que não altera muito o resultado das fracas guitarras presentes na maior parte do disco. A bateria então, infelizmente, não oferece nada daquilo que o Prog Metal costuma se destacar.  Fechando, “Bach Prelude Variation” são alguns segundos de um instrumental que não muda em nada o resultado do álbum em si.

É uma pena mesmo. Tirando o baixista Jonas Reingold, todos os outros músicos possuem atuações fracas com alguns momentos medianos e poucos momentos bons. Detalhe que a produção ficou a cargo do próprio Reingold junto a Andersson. Apenas duas músicas são aproveitáveis deste disco. A produção horrível piora ainda mais estas atuações apagadas por parte de seus integrantes. Tanto é que Richard Andersson dispensou toda a banda para a gravação do terceiro e último álbum do Time Requiem, que não cheguei a ouvir. Mas o que se vê é que The Inner Circle of Reality possivelmente ficará esquecido em algumas coleções por aí, tais como a minha.

Track list

  1. Reflections
  2. The Inner Circle of Reality
  3. Dreams of Tomorrow
  4. Attar of Roses
  5. Definition of Insanity
  6. Quest for a Million Souls
  7. Hidden Memories
  8. Bach Prelude Variation

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