Guns n´ Roses – Allianz Parque (25/10/2025):

Guns n´ Roses – Allianz Parque (25/10/2025):

Por Davi Pascale

 

A banda mais perigosa do mundo está de volta ao Brasil para uma série de shows. E, como não poderia deixar de ser, as apresentações têm dividido opiniões. Isso acontece no universo do Guns n´ Roses desde…. Bem, desde sempre!!! Tá, mas, e aí? Será que ainda vale a pena gastar um bom dinheiro para ver a trupe de Axl Rose mais uma vez? Bem… vamos lá!

Quando assisti ao Guns ao vivo, pela primeira vez, foi nesse mesmo estádio, em 2010. Na época, o local atendia pelo nome de Palestra Itália e a banda estava em turnê para divulgar o polêmico  Chinese Democracy. Naquela fase, tínhamos apenas Axl da formação clássica, o que gerava inúmeros debates: “Será que essa banda pode mesmo se chamar Guns n´ Roses?”, “ciclano é um bom músico, concordo, mas sem Slash não tem graça”, etc etc etc. Atualmente, o grande debate está na voz de seu frontman. E aí vale alguns adendos…

Não é segredo nenhum que Axl Rose vem enfrentando dificuldades em relação à sua voz há alguns anos. A realidade atual é a seguinte. Sim, ele possui uma boa técnica e dificilmente dá uma nota fora. Sim, os médios e graves ele canta numa boa, sem dificuldades. A questão é quando precisa cantar as notas mais altas, onde ele usava e abusava de um drive que não mais existe. Vários cantores que estão entre seus 60 e 70 anos (Axl tem 63), têm jogado microfone pro público, colocado outros músicos dobrando a voz ou utilizado gravações. Axl Rose optou por deixar os drives de lado e fazer uso do falsete, entregando uma apresentação mais honesta.

E é justamente esse falsete que tem gerado críticas. Se no Youtube, a voz não soa tão bem, lá, na hora, a realidade é outra. Sim, há alguns momentos onde você espera uma força na voz que não vêm, mas a apresentação está longe de ser decadente e seu trabalho vocal está longe de ser ridículo. O que o público precisa entender é o seguinte. O Guns n´Roses estourou há quase 40 anos, o que significa que ele está 40 anos mais velho. Sem contar nos inúmeros excessos que cometeu ao longo dos anos (seja na voz, seja nos vícios). Meu ponto é: não teria como ele soar o mesmo. Se você sonha em ouvir o cantor do Ritz 88 ou de Tokyo 91, não vá. Se você entende que a realidade é outra e está afim de assistir um grande concerto de hard rock, é só cair dentro.

 

Slash: um dos grandes destaques da noite.

 

Outro motivo de polêmica é a duração do show. A apresentação em São Paulo durou 3h15 minutos. Sem pausas, sem bis. Um som atrás do outro. Foram apresentados um total de 30 músicas. E, claro, o público se divide. Há quem diga que o grupo é megalomaníaco, que não havia necessidade disso, que poderia ser enxugado para 2 horas. Há quem considere a apresentação épica. A realidade é: esse é um show para os verdadeiros fãs do Guns n Roses. No set, temos hits, lados B, covers, canções antigas e canções novas. Ou seja, não é aquele show estilo jukebox.

A noite teve início com o clássico “Welcome To The Jungle”, emendando em “Bad Obsession” e “Chinese Democracy”. E desde o início já ficou claro o que poderíamos esperar. A banda está afiadíssima, onde vale um destaque para o novo baterista Isaac Carpenter (Duff Mckagan´s Loaded, Adam Lambert) e para os guitarristas Richard Fortus e Slash. Os três estavam tocando com uma garra e uma precisão impressionante. Axl continua sendo um bom frontman e tem o público na palma de suas mãos todo o tempo.

Depois das empolgantes “Pretty Tied Up”, “Mr. Brownstone” e “It´s So Easy”, vieram as novidades. Os músicos trouxeram 3 de seus mais novos singles, sendo que minha preferida continua sendo “Hard Skool”. De todas, acredito que essa seja a que mais remete aos dias de ouro da banda. Houve ainda espaço para relembrarem “Slither” (Velvet Revolver), “Live and Let Die” (ok, essa é manjada) e uma ótima versão de “Wichita Lineman”, clássico de Glenn Campbell que ganhou uma versão bluesy que me remeteu um pouco às baladas do Rolling Stones. Inclusive, a linha que Slash criou na slide guitar me remeteu bastante à “Lady Jane”. Antes de retornarem aos seus clássicos, os músicos ainda prestaram uma homenagem ao Ozzy Osbourne mandando “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”.

 

Axl Rose entra no palco pontualmente e entrega performance honesta.

 

Outro ponto que merece ser mencionado – e aqui acredito que todo mundo concorda que foi positivo – foi a pontualidade da banda. Se naquele show de 2010, Axl Rose atrasou por mais de três horas (o show estava marcado para às 21:30h e ele subiu no palco 00:40h), no show do último sábado ele subiu no palco pontualmente às 20:00h, sem um minuto sequer de atraso. Vindo do Axl, isso é tão surreal que olhei o relógio 3 vezes para ter certeza que não tinha visto errado.

A segunda metade do show trouxe algumas curiosidades como o recente single “Absurd,  os covers de New York Dolls (“Human Being”) e Thin Lizzy (“Thunder and Lightning”, essa na voz de Duff Mckagan), mas o foco aqui foram os hits. Dominaram essa segunda parte canções extremamente marcantes do cancioneiro do grupo norte-americano como “Sweet Child O Mine”, “You Could Be Mine”, “Knockin On Heavens Door”, “Civil War”, “Nightrain” e, é claro, “Paraside City”, programada para encerrar a festa.

Antes do Guns n Roses, o publico que chegou mais cedo ao Allianz Parque pôde conferir uma apresentação bem competente do Raimundos. Iniciando com o novo single “Os Calo” (sim, com plural errado mesmo), o irreverente grupo de Brasília apresentou um set focado nos seus maiores sucessos. A banda fez uma apresentação extremamente competente, o público respondeu bem. No entanto, o show poderia ser ainda mais impactante se não tivesse ocorrido tantos problemas técnicos. Perdi as contas de quantas vezes, a voz do Digão sumiu, precisando que trocassem seu microfone. A qualidade do som deles também variava. Em algumas músicas, estava bacana. Em outras , sem definição. Seria legal a produção dar uma maior atenção aos grupos nacionais que participam desses eventos. O Raimundos é uma banda com mais de 30 anos de estrada, conhecida do publico rocker, e não merecia passar por isso à essa altura do campeonato.

 

Raimundos conquistou o público com seus maiores sucessos.

 

Agora… Voltando à pergunta inicial: E aí, vale a pena? A resposta é sim. O Guns n Roses está entregando um show vigoroso, profissional, bem produzido, com músicas que agradam fãs de todas as gerações. Sim, a voz do Axl Rose não é mais a mesma, mas ele soube driblar o problema com inteligência. Prefiro esse tipo de solução (utilizar falsete, ou baixar o tom, ou substituir algumas músicas do que ficar usando gente escondida dobrando voz ou utilizando gravações) e vamos combinar, tirando uma ou outra exceção, grande parte da turma dos anos 60, 70 e 80 estão com a voz comprometida. Enfim… Se você mora nos arredores de Cuiabá ou Brasília, ainda dá tempo de conferir o show. Se eu fosse você, não perderia…

 

Setlist Raimundos:

 

  • Os Calo
  • Esporrei na Manivela
  • Reggae do Manero
  • O Pão da Minha Prima
  • Me Lambe
  • I Saw You Saying (Thay You Say That You Saw)
  • Be a Bá
  • Puteiro em João Pessoa
  • A Mais Pedida
  • Mulher de Fases
  • Eu Quero Ver o Oco

 

Setlist Guns n´ Roses:

 

  • Welcome To The Jungle
  • Bad Obsession
  • Chinese Democracy
  • Pretty Tied Up
  • Brownstone
  • It´s So Easy
  • The General
  • Perhaps
  • Slither
  • Live and Let Die
  • Hard Skool
  • Wichita Lineman
  • Sabbath Bloody Sabbath
  • Never Say Die
  • Estranged
  • Yesterdays
  • Double Talkin´ Jive
  • Don´t Cry
  • Thunder and Lightning
  • Absurd
  • Rocket Queen
  • Knockin´ On Heaven´s Door
  • You Coud Be Mine
  • Sweet Child O´ Mine
  • Civil War
  • November Rain
  • This I Love
  • Human Being
  • Nightrain
  • Paradise City

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