Kansas – Point Of Know Return [1977]

Kansas – Point Of Know Return [1977]

Por Daniel Benedetti

Point of Know Return é o quinto álbum de estúdios da banda estadunidense Kansas, lançado em outubro de 1977, através do selo Kirschner. Leftoverture, lançado em outubro de 1976, quarto disco do Kansas, foi um grande sucesso comercial, vendendo muito. Embalado por faixas como “Carry On Wayward Son”, “The Wall” e “What’s on My Mind”, o álbum atingiu a 5ª posição da Billboard 200. Desta forma, pavimentou o caminho do Kansas rumo ao sucesso mainstream.

As sessões de gravação de Point of Know Return começaram em junho de 1977, no Studio in the Country, uma instalação em Bogalusa, Louisiana, onde os dois álbuns anteriores do Kansas foram gravados. Devido à falha do equipamento da banda no Studio in the Country, o Kansas mudou o local de gravação, portanto, a maior parte da gravação de Point of Know Return foi feita no Woodland Sound Studios, em Nashville, durante o mês de julho. A banda contava com a seguinte formação: Steve Walsh (Vocal, Órgão, Sintetizadores), Kerry Livgren (Sintetizadores, Piano), Robby Steinhardt (Violinos, Vocal), Rich Williams (Guitarras), Dave Hope (Baixo) e Phil Ehart (Bateria, Percussão).

Kansas em 1977: Kerry Livgren, Phil Ehart, Rich Williams, Bobby Steinhardt, Steve Walsh e Dave Hope (da esquerda para direita)

O vocalista e compositor Steve Walsh deixou o grupo brevemente durante a gravação deste disco. Em uma entrevista no programa de rádio semanal In the Studio with Redbeard, ele admitiu que, neste ponto, ele era uma espécie de prima donna e foi atraído pela chance de uma carreira solo.

Compacto iugoslavo de “Point of Know Return”

“Point of Know Return” abre o disco com os teclados dominantes em uma abordagem cativante e acessível. “Paradox” traz uma faixa bem dinâmica, com ótimas presenças dos teclados de Livgren e do violino de Steinhardt. “The Spider” é uma música bem curtinha, instrumental, mas que remete à sonoridade inicial do Kansas, mais intrincada e mais complexa, com forte influência Prog. “Portrait (He Knew)” mantém a musicalidade mais rebuscada, embora flerte com o Hard Rock, sem perder seu caráter acessível. “Closet Chronicles” traz vocais de Steinhardt, em uma sonoridade bem mais acessível, com algumas passagens amenas contrastando a outras mais intensas.

Compacto espanhol de “Dust in the Wind”

“Lightning’s Hand” continua com os vocais de Steinhardt, sendo um pouca mais longa e mesclando Hard com Prog. Com Walsh de volta aos vocais, a clássica “Dust in the Wind” é uma bela balada. Ela é conhecida por sua natureza acústica esparsa. A linha de violão para a música foi composta por Kerry Livgren como um exercício de dedilhado. Sua esposa, Vicci, ouviu o que ele estava fazendo, comentou que a melodia era boa e o encorajou a escrever a letra para ela. Livgren não tinha certeza se seus colegas de banda gostariam da música, já que era um afastamento de seu estilo característico. No entanto, ele a ofereceu aos companheiros, e a música foi aceita e gravada. “Sparks of the Tempest” é mais pesada, sendo um Hard Rock com influência bluesy. “Nobody’s Home” é mais suave e introspectiva, com ótimos vocais e um clima mais ameno. O disco é encerrado com “Hopelessly Human”, a mais longa faixa do trabalho e que permite ao Kansas demonstrar suas raízes progressivas.

Compacto de “Portrait (He Knew)”

Fundada como uma banda de sonoridade bastante progressiva, Poin of Know Return já mostra o Kansas tentando conciliar estas raízes no Prog com passagens bem amenas e acessíveis, em um tipo de AOR em estado de desenvolvimento. Os flertes constantes com o Hard Rock só comprovam esta transição que seria confirmada em álbuns posteriores, qual seja, o Kansas deixando gradualmente o Prog e se abraçando com o AOR. E é neste contexto que temos canções com mais complexidade (e ótimas) como “Closet Chronicles”, “Hopelessly Human” e “The Spider”. Já canções acessíveis como “Portrait (He Know)” e a mais que clássica “Dust in the Wind” são mais ‘pop’, mostrando a dualidade presente na obra e que é deveras interessante – e cativante!

Encarte do LP estadunidense

Point of Know Return atingiu a excelente 4ª colocação da principal parada estadunidense de álbuns. O álbum foi aclamado pela crítica, especialmente os singles “Point of Know Return”, o qual foi uma adição tardia ao álbum, e “Portrait (He Knew)”, cuja temática versa sobre Albert Einstein. Durante esse período, o Kansas se tornou uma grande atração principal e esgotou ingressos nos maiores locais disponíveis para bandas de rock da época, incluindo o Madison Square Garden, em Nova York. A banda documentou essa era, em 1978, com Two for the Show, um álbum duplo ao vivo com gravações de várias apresentações de suas turnês de 1977 e 1978. O Kansas conquistou uma sólida reputação pela reprodução fiel, ao vivo, de suas gravações de estúdio.

Em março de 1978, o Kansas foi para uma turnê pela Europa pela primeira vez e, mais tarde, naquele mesmo ano, os caras foram nomeados Embaixadores Adjuntos da Boa Vontade da UNICEF. O álbum de estúdio seguinte foi Monolith. Point of Know Return supera a casa de 4 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

Contra-capa de Point of Know Return

Faixas:
01. Point of Know Return
02. Paradox
03. The Spider
04. Portrait (He Knew)
05. Closet Chronicles
06. Lightning’s Hand
07. Dust in the Wind
08. Sparks of the Tempest
09. Nobody’s Home
10. Hopelessly Human

3 comentários sobre “Kansas – Point Of Know Return [1977]

  1. Disco que encerra a ótima safra de lançamentos do Kansas, que vai do primeiro até este (e mais o ao vivo Two For The Show). Apesar de gostar do Monolith, creio que está abaixo do que o Kansas atingiu em criatividade durante Leftoverture e Point of Know Return. É óbvio que o disco ficou marcado por “Dust in the Wind”, mas minhas preferidas são “Portrait (He Knew)” e “Closet Chronicles”. A maior participação do Steinhardt nos vocais auxilia na diversidade musical que o Kansas emprega, e com certeza, fazer um Top 5 da banda irá ter este disco. Baita lembrança daniel

  2. “Dust in the wind” é maravilhosa, adoro essa música do Kansas; mas quem, senão Klaus Meine, poderia torná-la sua?

  3. Kansas não cansa e é fodástico de bom…”Two for the show” melhorou muito algumas músicas (coisa que parecia impossível) ,mas que também aconteceu com o “A show of hands” do RUSH…
    Abraços

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