Lucifer’s Friend – Banquet [1974]

Lucifer’s Friend – Banquet [1974]

Por Fernando Bueno

Certamente os leitores da Consultoria do Rock conhecem o disco autointitulado do Lucifer’s Friend, aquele da capa sinistra com uma dupla que parece ter inspirado o filme Irmãos Gêmeos, com o Schwarzenegger (sim, tive que procurar no Google o modo certo de se escrever) e Danny DeVito. Pois bem, parece que a maioria das pessoas conhecem esse álbum e acaba parando por aí. Não que o disco seja ruim, muito pelo contrário, mas é que não vejo muita gente exaltando outros discos além do álbum de estreia. Leiam a resenha sobre o esse álbum que foi publicado na Consultoria do Rock nesse link aqui.

Muita gente chega a ouvir Lucifer’s Friend por conta de ser a primeira banda de John Lawton, que ficou famoso por ter substituído David Byron no Uriah Heep. O disco, gravado em 1971, é ótimo e não sei ao certo o motivo das pessoas não se aprofundarem mais em sua discografia. Posso até falar por mim mesmo. Conheço os quatro primeiros e acabei nunca ouvindo os outros. Muito disso se deve à classificação, no máximo mediana, que alguns lugares dão para os restantes dos discos. Mas é bom deixar claro que a impressão de que as pessoas não conhecem o resto da carreira do grupo é totalmente pessoal e baseada em conversas com várias pessoas.

Sempre tive intenção de escrever sobre o grupo e falei tudo isso acima para dizer que quem ouvir outros discos do Lucifer’s Friend vai se surpreender com a variedade musical da banda. Por isso escolhi Banquet como o foco dessa resenha. Além de contar com John Lawton, o grupo já está dentre aquelas várias bandas cult para os adeptos do hard rock setentista. Esse é mais um motivo para eu escolher o Banquet para apresentar o grupo. O hard rock é apenas uma das várias facetas musicas presentes nesse audacioso disco.

A banda criou uma obra bastante complexa com muitas influências de progressivo, passagens jazzísticas e uma profusão de melodias de fácil assimilação. A faixa de abertura, “Spanish Galleon” tem várias mudanças de andamento em seus onze minutos de duração, com muitos metais se aproximando do que fazia uma big band de jazz de algumas décadas anteriores. Seu refrão é bastante marcante com ótima atuação de Lawton. Destaque também para o alucinante solo de saxofone de Herb Geller, músico que foi adicionado ao grupo nas gravações do álbum.

“This Spoke Oberon” parece ter saído de um dos discos do Yes. Dá para imaginar Jon Anderson cantando a melodia da canção. Lá pelas tantas temos uma viagem sonora com solos de piano e novamente muitos metais. Por sinal todos os músicos que participaram da gravação estão creditados no encarte do disco. Nada menos que trinta e quatro pessoas tocando os mais diversos instrumentos: trompete, saxofones, trombone, oboé, flauta, violinos, violas, violoncelo, contrabaixo fora o grupo de coral. Tudo isso para se somar à John Lawton (vocal), Peter Hesslein (guitarras), Peter Hecht (piano e teclados), Dieter Horns (baixo) e o estreante Herbert Bornhold (bateria).

A faixa mais curta do disco, “High Flying Lady-Goodbye” é a mais rock and roll do álbum, mas sem deixar de lado o naipe de metais. Em “Sorrow” outra faixa com mais de onze minutos, mas uma vez temos o progressivo tomando conta da sonoridade do grupo enquanto Lawton, como um crooner, introduz uma linda melodia que vai crescendo até um ótimo solo de guitarra, algo incomum em Banquet. Para fechar “Cirty Olt Town” que inicia com um clima folk ao som de um violão e vozes dobradas quase como se Crosby, Stills & Nash tivessem uma produção mais grandiosa.

Não posso deixar de citar a capa que parece ter sido feita em um castelo medieval. Por mais o estilo musical não tenha nada a ver com o período histórico que o local representa a imagem combina muito com a grandiosidade que o Lucifer’s Friend tentou atingir com esse álbum. E se você notar direto a dupla da capa do primeiro disco está presente novamente, agora com uma espécie de mordomos.

Nesse período saiu um single com uma música que não entrou no álbum e nos relançamentos sempre está presente o que confunde bastante as pessoas. A faixa é “Our World Is a Rock’N Roll Band”, com “Alpenrosen” como lado B. Vale ouvir também esse single, apesar das faixas serem inferiores às que entraram no disco.

O resultado de Banquet é tão variado que podemos relacionar com o grupos como Kayak, Styx, Yes, Eletric Light Orchestra, Alan Parson’s Project e vários outros que de uma forma ou outra conseguiram trazer o clima das bandas de jazz rock, com muita melodia e um apelo pop muito bem-vindo. Em algumas resenhas até mesmo o Chicago foi citado como influência do Lucifer’s Friend para compor Banquet. Se você, leitor, é um daqueles que ouviu e parou no debut vai se surpreender com a guinada totalmente inesperada, passando do hard rock para o jazz fusion. Mas uma guinada positiva, ainda assim. Banquet é um álbum espetacular. Altamente recomendado!

   

 

3 comentários sobre “Lucifer’s Friend – Banquet [1974]

  1. Eu tenho aquele primeiro disco do LF e um ao vivo gravado no século XXI, e só – muita dificuldade de conseguir os discos do grupo por aqui. Fiquei curioso com esse “Banquet”, vou atrás para conferir, porque me parece ser uma experiência diferente do primeiro disco. E John Lawton é garantia de ótimos vocais!!

  2. Então ,meus dois discos favoritos do Lucifer’s Friend são sem o John Lawton…”Good Time Warrior” de 1978 e “Sneak Me In” de 1980 ,ambos com o fantástico vocalista Mike Starss…
    Hard rock de primeira qualidade com uma pitada de progressivo, muito distante do primeiro álbum…

    1. Legal, Johnny, bom saber dessas dicas para buscar conhecer melhor a banda. Eu cheguei no Lucifer’s Friend porque adoro Uriah Heep e curto muito o vocal do John.

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