King’s X – Out Of the Silent Planet [1988]

King’s X – Out Of the Silent Planet [1988]

Por Daniel Benedetti

Out of the Silent Planet é o primeiro álbum de estúdios da banda estadunidense King’s X, lançado originalmente em março de 1988 através do selo Megaforce Records. O surgimento do grupo remonta a 1979, em Springfield, Missouri, quando o baixista Doug Pinnick e o baterista Jerry Gaskill se uniram para participar de um projeto musical coordenado por Greg X. Volz, da banda de rock cristão Petra. Um mês após a chegada de Pinnick, oriundo de Illinois, o projeto foi encerrado e ele e Gaskill ficaram sem banda.

Logo na sequência, conseguiram um emprego como seção rítmica da banda ao vivo do guitarrista Phil Keaggy. Os dois excursionaram pelos EUA por vários meses promovendo o álbum Ph’lip Side, de Keaggy. Durante um show do grupo em Springfield, Gaskill foi abordado por Ty Tabor, que era membro da banda de abertura naquela noite. O baterista da banda de Tabor havia deixado o conjunto na noite anterior ao show e ele se ofereceu para assumir a bateria no show. No entanto, como não tinha bateria, foi forçado a pedir a Gaskill que emprestasse seu kit a ele para o show. Gaskill o atendeu e o show aconteceu. Quando a turnê terminou, Pinnick e Gaskill retornaram a Springfield e começaram a procurar mais trabalho. Gaskill conseguiu um emprego fazendo demos para a Tracy Zinn Band, que incluía Ty Tabor na guitarra. Os dois se tornaram amigos e se envolveram, esporadicamente, em diferentes projetos musicais.

The Edge. Pinnick, Gaskill, Tabor e Henderson. As raízes do King’s X

No início de 1980, Pinnick compareceu a um show musical no Evangel College e assistiu a uma apresentação de outra banda de Tabor. Pinnick ficou impressionado com as habilidades de Tabor e os dois logo começaram a colaborar musicalmente. Por fim, Gaskill, Pinnick e Tabor uniriam seus talentos em um único grupo. Chamando-se The Edge, eles inicialmente eram um quarteto com a inclusão de Dan McCollam na guitarra base. McCollam saiu após um breve período e foi substituído por Kirk Henderson, amigo de Tabor. O grupo se apresentou extensivamente no circuito de bares e casas noturnas de Springfield, especializando-se em rock clássico e covers do Top 40 da época. Em 1983, Henderson deixou a banda e Pinnick, Tabor e Gaskill decidiram continuar como um trio. Eles também mudaram o nome do grupo o qual foi chamado de Sneak Preview.

O conjunto vinha compondo e gravando muitas músicas originais até então. Eles escolheram dez delas para a gravação de um álbum homônimo, lançado de forma independente em 1983. Após o lançamento do disco, a banda continuou em turnê e aprimorou suas habilidades de composição. Em 1985, o grupo fez contatos com a Star Song Records, sediada em Houston, Texas, e foi incentivado a se mudar para lá. A primeira meta dos três era integrar a banda de turnê do artista da CCM, Morgan Cryar. Tabor e Pinnick também são creditados por co-escreverem várias músicas do segundo álbum de Cryar, Fuel on the Fire, de 1986. Tabor também tocou algumas partes de guitarra no álbum, e tanto ele quanto Pinnick são creditados pelos backing vocals. No entanto, quando chegou a hora de assinar um contrato de gravação com a Star Song, as negociações fracassaram e o acordo foi desfeito.

Jerry Gaskill, Doug Pinnick e Ty Tabor. King’s X em 1988
Capa do livro que influenciou o nome do álbum hoje resenhado

Out of the Silent Planet é o primeiro álbum de estúdio da banda sob o nome de King’s X. O título do álbum vem de um livro de C. S. Lewis, um autor favorito dos membros da banda Ty Tabor e Jerry Gaskill. “Out of the Silent Planet” também é o título da primeira faixa do álbum seguinte, Gretchen Goes to Nebraska, lançado em 1989. A arte da capa apresenta o horizonte de Houston com o contorno sul do estado do Texas. As gravações ocorreram no Rampart Studios, em Houston, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Sam Taylor, Jon e Marsha Zazula e do próprio King’s X.

“In the New Age” abre o disco com boas doses de peso e de intensidade, com um bom trabalho das guitarras. “Goldilox” é mais cadenciada, com melodias mais amenas. “Power of Love” flerta com o Hard Rock, trazendo ótimos vocais e um refrão pegajoso. “Wonder” traz um ótimo riff, com uma pegada bem metálica, sendo uma das melhores do disco. “Sometimes” também tem um riff interessante e é forte e criativa.

12″ promocional de “King”

“King” é bem legal, em uma sonoridade mais puxada para um Hard Rock oitentista. Mais sombria e densa, “What Is This?” traz excelentes vocais de Doug Pinnick em uma interpretação impecável. Outro bom riff de Ty Tabor está presente na agressiva “Far, Far Away”. “Shot of Love” é mais direta e conta com uma abordagem mais simples. “Visions” é uma canção bem metálica, com solos ferozes de Tabor, e muita intensidade, encerrando o trabalho.

De certo modo, penso que o King’s X poderia ser mais reconhecido. Out of the Silent Planet é um álbum com muitos predicados e uma amostra fiel do talento do grupo. Os vocais de Doug Pinnick e as guitarras de Ty Tabor são os destaques mais óbvios, porém os arranjos e a forma com que as composições são tocadas, ambos cativam. A sonoridade realmente possui uma base mais pesada, mais metálica, mas o grupo passeia por estilos diferentes durante todo o disco. O Rush é uma referência óbvia e toques de Prog, de Hard Rock e até de AOR podem ser sentidos. “Wonder”, “What Is This?” e “Visions” são as minhas favoritas.

Versão em k7 lançada no Canadá
12″ promocional de “Shot Love”

O King’s X promoveu Out of the Silent Planet com sua primeira grande turnê, tocando com nomes como Cheap Trick, Blue Öyster Cult, Robert Plant e Hurricane, bem como com os colegas de gravadora da Megaforce: Anthrax, Testament, M.O.D. e Overkill. Em 1988, a revista Kerrang! elegeu o disco como o melhor álbum do ano. A Classic Rock e a Metal Hammer colocaram o disco na lista dos 200 maiores álbuns dos anos 1980. Apesar de aclamado pela crítica musical, o álbum não teve um bom desempenho comercial.

Out of the Silent Planet atingiu a modesta 144ª posição da principal parada norte-americana de discos. As músicas “Goldilox”,  “King” e “Shot of Love” foram lançadas como singles (“King” também recebeu um vídeo promocional), mas não conseguiram atrair muita atenção. Conforme foi dito, o nome do álbum deriva do romance Out of the Silent Planet, de C. S. Lewis, e foi a primeira de várias referências da banda ao autor britânico.

Contra-capa do vinil Europeu

Faixas:
01. In the New Age
02. Goldilox
03. Power of Love
04. Wonder
05. Sometimes
06. King
07. What Is This?
08. Far, Far Away
09. Shot of Love
10. Visions

4 comentários sobre “King’s X – Out Of the Silent Planet [1988]

  1. Legal recuperar o King’s X, Daniel, uma banda que conheci de ler a respeito nos anos 80 mas só consegui ouvir alguma coisa na década seguinte, e que se mantém até hoje na ativa com a mesma formação, fazendo um trabalho bem interessante, ainda que insuficiente para gerar impacto nas paradas. Espero que quem não tinha dado atenção ao grupo se motive a ouvi-los após a resenha, e se puder fazer uma recomendação, sugeriria buscar também o “Ear Candy”. O que acha dele, Daniel?

    1. Massa, Marcello, muito obrigado.
      Então, o Ear Candy eu não tenho e faz muitos anos que não o ouço, deste modo qualquer comentário soaria muito artificial. Vou procurar ouvi-lo novamente. Confesso que me atenho mais aos 3 primeiros e qualquer um deles eu curto.
      Abraço!

  2. Ótima resenha, Daniel – conheço pouco a banda e o que eu já ouvi deles é mais recente, portanto mergulharei nesse álbum!

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