The Night Flight Orchestra – Give Us the Moon [2025]
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Por Marcello Zapelini
A banda sueca surgida em 2006 como um projeto paralelo de dois integrantes do Soilwork, Björn Strid e David Andersson, retorna com seu sétimo álbum, Give Us The Moon, o primeiro desde a morte do guitarrista Andersson (por “doença mental” e excesso de álcool) e depois da saga dos dois Aeromantic. Além de Strid nos vocais, o grupo inclui Sebastian Forslund (guitarras e percussão, no grupo desde 2014), Rasmus Ehrnborn (guitarras, entrou em 2022 no lugar de Andersson), John Löhnmir (teclados, substituiu Richard Larsson em 2020), Sharlee D’Angelo (baixo, na banda desde 2007), Jonas Källsbäck (bateria, também no grupo desde 2007) e as backing vocals Aeromanticas, Anna Brygard (integrante desde 2017) e Asa Lundman (que entrou em 2022 no lugar de Anna-Mia Bonde).
Conheci o NFO por meio do Aeromantic II, que foi o primeiro disco que realmente dei atenção, mas já tinha tido contato com a banda quando o Fernando Bueno colocou o grupo no topo da lista de 2017 por meio de seu Amber Galactic (um álbum magistral, diga-se de passagem, mas que na época acabou ficando meio perdido nas minhas audições). A mistura de hard rock, pop, disco music, space rock, AOR, tudo o mais que os rapazes estiverem ouvindo ao gravar, acabou me cativando, e quando saiu Give Us The Moon, bastou uma audição para me fazer comprar o álbum.

Give Us The Moon traz treze músicas novas (a maioria escrita por Strid, com algumas parcerias), sendo uma delas a vinheta introdutória “Final Call”. A primeira música propriamente dita do disco, “Stratus”, lembra-me tudo o que eu detestava na primeira metade dos anos 80 e depois aprendi a gostar. A música coloca os teclados de Löhnmir em destaque, e as Aeromanticas complementam bem os ótimos vocais de Strid. “Shooting Velvet” tem um refrão irresistível, e “Like the Beating of my Heart” traz um ótimo solo de guitarra numa música com um forte acento de disco music (a música é um legado de Andersson, que escreveu a letra e a música). “Melbourne, May I” tem um riff que me lembra um pouco a clássica “Rough Boys”, de Pete Townshend, e é mais um exemplo do quanto as Aeromanticas são essenciais para o som do NFO. O solo de Löhmir no sintetizador me evocou momentos clássicos de Mark Kelly no Marillion dos anos 80.

“Miraculous” não chega a marcar muito, enquanto que “Paloma”, a comissária de bordo que aparece na arte da capa, é homenageada numa música que não faria feio num disco do Toto. “Cosmic Tide” põe a seção rítmica em destaque numa música diferente do resto do álbum (e mais uma vez tem-se um ótimo solo de guitarra, seguido por um de sintetizador muito bacana), ao passo que “Give Us The Moon” (com bela introdução no sintetizador – John Löhmir é um dos principais destaques do grupo neste álbum – e mais uma vez uma performance muito legal das backing vocals), “A Paris Point of View” (com seu baixo que deixaria Bernard Edwards, do Chic, orgulhoso) e “Way to Spend the Night” retomam o clima dançante, com influência de disco music de “Like the Beating of a Heart”.

“Runaways” tem um clima um pouco mais sombrio, um pouco diferente do resto do álbum e ajuda a lhe conferir variedade, mas “Way to Spend the Night” retoma a sonoridade pop da maior parte das músicas, e outra vez Forslund e Ehnrborn ganham destaque com a banda usando a técnica de guitarras gêmeas. O disco se encerra com “Stewardess, Empress, Hot Mess (And the Captain of Pain)” – espertamente, a banda deixou o melhor para o final com uma música que reúne praticamente tudo o que povoou Give Us the Moon para deixar o ouvinte com vontade de ouvi-lo novamente – ou então de revisitar outros discos do grupo que estejam à mão.
Give Us The Moon não é um disco que vai revolucionar a música, nem irá figurar nas paradas, mas é um álbum extremamente bem feito, com músicas excelentes e que provavelmente irá figurar na minha lista de melhores do ano. É verdade que o grupo já lançou discos melhores e este álbum está mais pop do que os anteriores, mas também conseguiu manter o alto nível de qualidade que a Night Flight Orchestra tem demonstrado desde seu álbum de estreia.

Track list
- Final Call
- Stratus
- Shooting Velvet
- Like The Beating Of A Heart
- Melbourne, May I?
- Miraculous
- Paloma
- Cosmic Tide
- Give Us The Moon
- A Paris Point Of View
- Runaways
- Way To Spend The Night
- Stewardess, Empress, Hot Mess (And The Captain Of Pain)
Grande Marcello! Excelente resenha que já me convenceu a ir atrás do álbum! Também os descobri na referência feita pelo Fernando a eles na lista de 2017 hahahahehaha! Confesso que os ouvi pouco desde então, portanto, segundo o seu texto, preciso ir atrás do tempo perdido.
Quando você fala “lembra-me tudo o que eu detestava na primeira metade dos anos 80 e depois aprendi a gostar” em relação à primeira música do disco, fiquei pensando que é exatamente isso: o jovem Marcelo, ali pelos anos 80, só queria saber de Black Sabbath com o Ozzy, Led Zeppelin, Deep Purple, Iron Maiden, Judas Priest, Rush e neca de pitibiriba dos sons AOR, Melodic Rock e quetais que hoje eu sou apaixonado, vai entender…
Lá por volta de 2013-2014 eu tinha uma rotina diária: Acordar, escovar os dentes, tomar café e ouvir West Ruth Ave e ir trabalhar… Isso durou meses. Sabe quando uma música fica tanto na sua cabeça que chega a atrapalhar. Aconteceu diversas vezes comigo isso com essa música por sinal. Os dois primeiros álbuns me marcaram muito e até por isso acompanho e compro seus discos todas as vezes. Confesso que os dois Aeromantics não fizeram muito a minha cabeça e até fui ouvir esse novo disco com uma certa preguiça, mas acredito que ele é melhor que os dois anteriores. Opinião minha, claro…
Ahhh…obrigado pela citação. Fico feliz que com conta da minha indicação vcs tenha ouvido e gostado de uma banda.